viernes, 6 de marzo de 2020

Desamores e ameaças de morte

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Eu estava preocupado. Elas estavam muito ressequidas, vai que neguem fogo. Passei lanolina - sebo de carneiro, e as coloquei para dormir no sereno da noite. Depois as limpei bem com toalhas de papel. Logo as pintei com tinta preta, não sou bailarino para andar de amarelinho, azulzinho ou vermelho, e botei secar de novo. Depois passei graxa preta. Dei um tempo e as esfreguei com um pano seco para dar brilho.

Não vejo a hora de calçar as chuteiras para dormir, logo que as hipócritas saírem da minha vida. Saudades só tenho da Ramira do Bonfa, que pena. As chuteiras também servirão para me sentir renovado ao subir para a área dos inimigos, outros. Durante o sono elas se mudam, uma para a mão esquerda e outra para debaixo do travesseiro. Bem calçado sou outro cara.


Na subida para aparar o escanteio levarei o meu bando, ora, chega de apanhar. Combinei com eles nos treinos, falei pro neguinho meia-esquerda do presídio e para todos: eu faço o estrago lá na área deles, entrando a mil, recebendo e dando empurrões e cotoveladas, e um de vocês faz o gol, estarão desmarcados, a bola não virá pra mim. Se no aperto ou rebote ela vier pra mim, eu faço.
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