domingo, 18 de abril de 2021

SILÊNCIO OBSEQUOSO

Tenho mantido silêncio obsequioso em relação a muitos, em consonância com os nossos dirigentes "republicanos". A expressão é conhecida. Silêncio todos sabem o que é, exceto os pervertidos e loucos da Bozália que dizem besteiras diariamente. Já o obsequioso não é tão simples para alguns que se diziam meus camaradas. Vejamos.

Obséquio pelos dicionários quer dizer favor, serviço, fineza, benefício. Os franceses dizem codecu, présent, service. Os ingleses algo como courtesy, present. Os alemães geselligkeit, geschenk. E por aí se vai mundo afora, em todas as línguas dá para compreender o que se diz em português. O obsequioso, naturalmente, é algo como afável, amável, benévolo. um favor. Obséquieux, kind, polite.
A gente faz silêncio obsequioso de dó dos infelizes, por um lado. Por outro para não descer. Salvo se ameaçarem com dedos de arminha, porque aí a linguagem muda para a única que entendem.


lunes, 12 de abril de 2021

BOM DIA, amizades

Estou bem arrumado, meio-dia, ora se isto são horas de acordar, e já conversando fiado. Que tempos... Quando rapaz dizia-se que o sujeito tomou um balaço quando se embebedava. Pois é, ontem o sujeito que me olha no espelho tomou um senhor balaço. Na verdade acordei às 8h para tomar água. No caminho para a bica encontrei o gatinho.
- Bom dia, papai, já comi a droga de ração, depois tu me dá um pouco de fígado cru picadinho? - Disse-me o Lucho Gatico.
- Ué, que papai? Não sou gato.
- Tu mesmo diz que pai e mãe é quem cria.
Com esta ele acabou com o meu argumento. Foi quando me toquei que o gato falou comigo, em bom português! Pelo que tomei a água e achei melhor voltar a dormir.
Agora sim, bem dormido, desejo uma boa semana aos amigos e amigas, neste momento já morto de medo de ver as notícias dos insensatos que nos desgovernam. Antes disso vou dar um pouquinho de fígado para o meu nenê. Carpe diem. 


domingo, 11 de abril de 2021

CUIDADO COM O FELINO

 Acompanhado de Pablo López, Clóvis Baixo, Cesário Martinez, Pato Martins, Juanito Díaz Matabanquero, este de passagem para pegar umas caixas que me pediu para guardar aqui no Convento, e mais trinta amigos, fiz uma incursão no Parcão da Bozália no Moinhos de Vento. Quando voltamos, depois de entregar a mercadoria do Juanito, dar abraços de despedida nele e nos demais, tirei as roupas ensanguentadas e botei na máquina de lavar.

No primeiro giro da máquina ouvi um miau. Olhei para os lados, ninguém, as freiras andavam não sei onde. Outro miau e abri a máquina, quem vejo? Lucho Gatico, 50 dias de idade, metido como só, vai que tenham deixado a porta aberta.
Fiquem bem em casa, é sábado ainda, opa, já domingo. Se saírem, voltem ensanguentados e já pro banho, eles tem vírus 17. Ah, e antes de ligar a máquina de lavar vejam onde anda o gato.



SOCORRO EM RÉ MENOR

 O Lucho Gatico está de correria com as freiras lá na sala. Lembrei do Gatolino quando era novinho. Foi assim:


Socorro em ré menor

Resolvi testar os reflexos do Gatolino e o atirei aqui da sacada, sétimo andar. Caiu como bailarino, se agarrando no galho mais alto da arvore lá debaixo, ela se dobrou, envergou fundo, e voltou, ele junto. Cinco minutos pra se recuperar do susto e soltou um miau comprido. Como falo gatês, não perfeitamente, mas melhor do que falo esperanto, entendi, ele dizia: Agora tou por ti, desce pelo elevador e vem aqui me buscar, aí desço da árvore pro chão e tu me leva pra casa, não vou ficar aqui pendurado feito passarinho. Melhor não, teimei depois de dois copões de pinga mineira. Resolvi testar os meus reflexos, gritei tou indo aí meu neguinho e me atirei de lá de cima. Passei a mil por ele, quebrando tudo, me ferindo, mas os enroscos amorteceram a queda, não morri.

Quando vi tava no HPS, sem conseguir mover a cabeça. Soltei um miau engasgado, em gatês pedindo socorro pro Gatolino, e a enfermeira disse pro médico esse cara é louco. Lá de longe ouviu-se o Gatolino, todos ouviram, enfermeira, médico, o Pronto Socorro inteiro, com miau em ré-menor, som que entrou pela noite, dizendo já estou indo, Sala, aguente firme.

sábado, 10 de abril de 2021

O MENINO AOS 8 ANOS



O menino atracado num chocolate vem a ser o meu mais jovem priminho. Boniteza é mal de família, tirando eu. Gente fina o guri, como nosotros retribui amor e carinho em dobro, como devolve agravos em triplo. Os bárbaros da Bozália que se cuidem, por enquanto comigo e os 198 bugres que por amizade e gratidão me cuidam as costas, mas não tarda será com ele mesmo.

Ganha um doce quem chutar certo qual foi o primeiro presentinho que lhe dei logo que nasceu. Eu cheio de dedos, naquela de é só uma lembrancinha... vai que o seu papai fosse gremista.

jueves, 8 de abril de 2021

Aos mestres, com carinho

Do primário só lembro das brigas no pátio, não de todas as escaramuças, sim das graves que resultaram em ferimentos; alguns filhinhos de papai e outros brutamontes eram maus e eu bobinho tomava as dores dos mais fracos, mas era intolerável mesmo, para quem vinha de mãe boa. Do ginasial quase nada, salvo que eu era apaixonado por uma professora alemoa gostosinha de 18 anos, ela que era ou virou fascista; ah, e pela morena profa de música, gentil, amada. O seu marido também um gentleman. Tinha um advogado professor de português que não sabia o que ia fazer lá, de repente em péssimo momento na vida, o doutor; não me prejudicou, nunca estudei português de orações assindéticas e outras normas dos palhaços da ABL, se me expresso mais ou menos é por instinto, los libros viejos, noções de latim.

Depois tive uns três ou quatro professores que me ajudaram a abrir a cuca, doendo. Um numa pós em matemática, matéria elevada de rachar a compreensão do perdido na vida. Outro na Filosofia, lógica e outros bichos, começando lá por baixo, que duas asserções negativas nunca resultam em conclusão positiva e tal. Outro no Direito, circunspecto, rigoroso ao falar, se expunha, não tinha travas na língua do seu pensamento, este profe faleceu do coração nas sociais do Grêmio durante um jogo, lamentei muito, muito.

Em qualquer circunstância, TODOS, mesmo os que não gostei, valiam mil vezes mais que esses filhos da puta que o povo da Globo elege.

(O quadrinho peguei no Facebook, postagem dos “Professores Sonhadores” de 20 de março de 2019.)


lunes, 5 de abril de 2021

 A FILA ANDA

(...)

Momentos tensos, fumamos e tomamos um café num bar da Rua da Praia. Logo um tanto constrangida ela se foi. Mentiu-me problemas familiares, no outro dia viajaria para tentar a felicidade em Paris. Não me levantei, desejei-lhe boa sorte com um gesto.

Minutos depois arrasado andei, desci a Av. Borges de Medeiros e entrei no Chalé da Praça XV, precisava beber algo mais forte e pensar no que fazer da vida.

Sozinho numa mesa lá fora vi quanto entrou uma morena muito linda vinda do Mercado Público, uma pessoa comum como eu, aos meus olhos uma deusa, e ela me olhou com franca simpatia, sorrindo e com ares de quem sabe que de perto ninguém é normal.

(...)

El último café (Héctor Stamponi - Cátulo Castillo)