jueves, 11 de abril de 2019

OPERAÇÃO MIAU VII

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OS PARQUES E PRAÇAS DE PORTO ALEGRE: O ESPAÇO PÚBLICO ENTREGUE PELOS PICARETAS PÚBLICOS AOS PICARETAS PRIVADOS

Logo teremos os nominhos dos vereadores da elite ou capitães do mato. Parabéns aos eleitores do filhote da ditadura que sequer sabe bater punheta, com o perdão da palavra, mas que é “bem” assessorado pelos zumbis que querem arrancar a pele do povo. Miau.

Se é que serve de conforto, graças a uma emenda: “… será vedada a cobrança para ingresso nas praças ou parques urbanos concedidos...”, os pobres poderão entrar na Redenção e outros parques e praças.

Engraçada a palavra “urbanos”, ué, pensaram em terceirizar praças e parques fora da urbe? Bom, avisei outro dia que não poderiam cobrar para as pessoas entrarem, por exemplo, na Redenção, isso de cobrar foi só um bode que botaram na sala para conseguirem o que realmente queriam, pois se tivesse cobrança teriam que cercar e botar montes de guardas, daria preju e muita incomodação, revolta até.

Porém, sempre tem um porém: “… sendo permitido, porém, que o edital de licitação e o contrato prevejam a possibilidade de cobrança por serviços ou atividades específicas”. Falta os picaretas públicos definirem o que são “serviços e atividades específicas”. Sentar num banco de praça paga? Exercitar-se lá dentro paga? Se não for assim nenhum picareta privado vai querer ser concessionário.

Hoje já temos carrocinhas, bares e balanços pagos no meio e nas laterais da Redenção, o que pretendem, encher de bares lá dentro? Bobagem, o povo atravessa qualquer rua e compra sem pedágio.

O que os os sabidinhos pretendem? Aí tem coisa, de encomenda. Se não tiver eles irão abortar a Operação Miau VII, esquecerão o assunto até as circunstâncias se tornarem mais propícias. Predadores.


Foto de Elson Sempé Pedroso/CMPA)

Não consegui colar, mas tem matéria no Jornal Já, link abaixo.

martes, 2 de abril de 2019

MORRER EM PORTO ALEGRE

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Capítulo A RITA (Fragmento)

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Foi quando encontrei a Rita, bem vestida, mas bem mais velha, trinta anos se passaram... Desgastada, rosto sombrio, que Deus me perdoe: um caco de gente. No shopping onde fui fazer a entrega de uma arma para um maluco, maluco modo de dizer, um cara muito sério, que iria invadir uma das lojas, apagando o dono. Ela junto a um sujeito mal-encarado, ele com ares de “tenho dinheiro, sou bem sucedido”, conheço de longe bandidos bombachudos.

Ela tentava correr atrás, com dificuldade, muito pesada, de dois moleques atrevidos que cuspiam em qualquer cor vermelha, derrubavam coisas, julgando-se poderosos como o tipinho que deveria ser o pai, ou avô. A Rita... aquele lindo corpo sumiu levando junto o sorriso. Ela também me viu, no mesmo momento, e num átimo desviou o rosto numa instintiva careta de raiva ou sofrimento. Arrependimento? Vá saber. Ela foi para o lado direito na via, em direção à loja que seria dizimada, eu saí pela esquerda.

Entreguei a mercadoria, carregador, silenciador e tudo, falei pro cara "Mulher leve livre" e me mandei de lá a passo, logo caminhava devagar pelas ruas do bairro, mentalmente cantando uma música do Chico: “... não levou um tostão porque não tinha não, mas causou perdas e danos, levou os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos...”. Rolaram lágrimas, eu feito pedra sem mover um músculo, sem um ai. Toquei na Magnum na axila esquerda, para me sentir melhor.

Na metade do caminho esqueci o incidente. As mulheres, felizes, me esperavam na Cidade Baixa.

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