viernes, 29 de octubre de 2021

NÃO MORRI...

 NÃO MORRI PORQUE NÃO ERA A HORA, como diziam os antigos.

TORRES (RS), PRAIA DA CAL, 18h59m3s. Um belo sol aquecia a todos, eu lá em cima tomando pinga num boteco no meio da escarpa, vendo lá longe embaixo as onças botarem os pés na água, após brigarem com um menino grande. Naquela vez em que, quando elas voltaram subindo o morro, desci pelo lado mais difícil, me machuquei nos espinhos, mas cheguei e entrei no mar. Fui nadando até a Baía da Guanabara. Antes de me instalar em Copacabana parei para um descanso em Paquetá.
Uma amada me disse que conhece "alguém" assim como o sugerido no cartaz. Fiz-me de desentendido, eu, hein? Fosse eu teria botado o horário certo: 9h41m33s.

martes, 31 de agosto de 2021

TEM UM GATINHO ALI

 Cansei de sair passear pelas ruas do Caiçara, do Savassi, tomar chope no Mercado Central, ver os perigosos onde não conto, ver amigas no Cafezal, com ele ali. Quando ia brincar com os mineirinhos na sinuca, ensinar coisas para a moçada do Alto Caiçara, deixava o blusão na cadeira da mesa do bar, ele de lá olhando. Ao andarmos pelas ruas o companheiro quando queria assistir o trânsito, a paisagem, me dava uma arranhadinha de leve, aí eu abria para ele ver tudo. Não levava o gatinho para tomar chope no Mercado Central de Belo Horizonte, claro, ele tomava água e comia na mão pedacinhos de peixe fresco, bem feliz.

No Mercado Central é (ou era) proibido entrar com animais, embora entre cada figura... O Gatolino Piu podia, ou os amigos mineiros e eu teríamos um sério problema. Nunca tivemos rusga nenhuma. Claro, sempre tem um boi corneta louco pra morrer, mas isso é assim em todo lugar.
Escrevi num conto que falava de crianças: o sinal, mortal, das que estão que estáo morrendo de fome é que perde a voz. Grita com os olhos. Esse eu salvei.
Como também morro de saudades de algumas mulheres da pensão onde morei. 



SÓ QUEM PASSOU SABE A DOR

Incompatibilidade de gênios ou... um sem número de possíveis razões. Cada um faz a sua leitura da obra do cartunista cubano Ángel Boligán Corbo.





III

i

viernes, 27 de agosto de 2021

DUERME NEGRITO

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"Duerme, duerme, negrito / Que tu mamá está en el campo, negrito..."

Na madrugada que passou eu cantarolando baixinho a canção de ninar para adormecer a Lucha Gatica e o seu hermanito Gardelito Le Pera. Seria o fim de um boêmio? Que nada, apenas me cuidando dos genocidas, espero o horror passar enquanto agrado os amados bichanos. Na segunda imagem uma obra de 2012 do querido Nani de Esmeraldas.

("Duerme negrito", canção de domínio público de séculos da América Latina , talvez no início da escravidão, onde também escravizavam os inocentes "indígenas" donos da América, recolhida em ermos povoados por Atahualpa Yupanqui).



martes, 24 de agosto de 2021

ALGUNS NA DITADURA

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A obra no desenho é genial, lamento de por não saber não dar o nome do autor.


Lembro de quando eu era criança. Na ditadura alguns professores podiam tudo. Volta e meia anunciavam que as provas seriam diferentes para os infantes. Parecia óbvio, eu era criança mas não era burro: para evitar que a meninada espiasse as provas dos colegas, pois com certeza eram todas iguais. Não, um dia descobri. Nesses casos só a minha era diferente, eu ia bem demais nas notas. Os canalhas além de passar a mão com carinho nos filhos dos chefões da cidade - tirou zero leva sete - tinham que me cortar as asinhas. Depois a turma dizia como eram as provas deles, iguais, só a minha com coisas não ensinadas em aula, eu ficava calado, algo me dizia que eles queriam que eu explodisse. Não mais lamento por ter demorado a fugir daquele inferno. Importa é que, cedo ou tarde, consegui fugir.
Dei-me mal, logo mais ou menos bem em terras estranhas. Ganhei amigos de rua, logo aprendi a tomar cuidado, estavam trucidando pessoas inocentes em porões de tortura. Adquiri grande amor por uma árvore da Praça Garibaldi, carinhosa que por um tempo me acolheu naquele verão de 1973.



viernes, 20 de agosto de 2021

ALI ONDE EU CHOREI QUALQUER UM CHORAVA. Vai ter volta.

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Ontem foi um dia corrido desde as 5h, acordei espiritado mexendo na cozinha para não pensar - não adianta - e às 8h fui a POA. Depois de tomografias e não sei mais o que andei horas pelas ruas de Porto Alegre, desde o bairro Medianeira até a amada Cidade Baixa. Meu Deus, tudo mudado em apenas... desde a efetivação do Golpe... uns 4 ou 5 anos, no último par de anos então nem se fala. Onde havia bares e belas lojinhas agora tem as placas "Vendo ou alugo", em muitas Briques e Brechós instalados, só em uma quadra vi uns dez trastes de roupas, móveis velhos e de tudo. Já na ida pra Av. Carlos Barbosa quase chorei ao passar pela Av. da Azenha e ver o Estádio Olímpico do Grêmio: o "Velho Casarão" de 1954 até onde a vista alcançava se corroendo atirado às traças, e isto que sou colorado, só imagino o que os irmãos tricolores sentem quando passam por lá, palco de tantas emoções no coração da capital. Ainda bem que não fui até o nosso Eucaliptus, esse vem de longe a venda, outros tempos, mas vá saber o que fizeram. Na Av. João Pessoa a Panambra parece que desapareceu. Andando em direção à Rua Sebastão Leão tudo fechado com Vendo ou Alugo, o único negócio que se mantém bem, asseado, pela aparência tudo certinho, ataúdes de boa qualidade à mostra além da porta de vidro, é a Funerária Santa Rita quase na esquina com a Sebastião, que sempre foi boa, aliás. Em quem estoura primeiro? Segui pensando na massa de desempregados e suas famílias. E assim fui até a Rua Luiz Afonso, onde entrei em direção ao meio da Cidade Baixa. Novamente precisei me controlar para não chorar na Rua da Olaria. Caminhei por tudo, fui parar na Rua da República, voltei pela Rua João Alfredo. Fui até a Praça Garibaldi visitar a "minha" árvore, tirei fotos dela e com ela. 


Ali pelas 16h voltei de Uber para o Convento das Freiras Libertinas. Libertárias. Tranquei-me na sala do som e chorei feito criança, sem ninguém ver, não iria deixar as religiosas verem, como todos já andam nervosas, poderia abalar os seus alicerces.

Depois dei de pensar no fascismo que o genocida deseja ao lembrar os 85 anos do assassinato de Federico García Lorca, em 18 de agosto de 1936. Até onde sei o seu corpo segue desaparecido. Alguns dizem que a foto é falsa. Pode ser, me contem como foi, pior?


"Lorca declamando o seu último poema em frente a um pelotão de fuzilamento fascista em agosto de 1936. Para que nunca esqueçamos o fascismo e as suas tesouras compridas. Para que nunca esqueçamos o que nos ceifou e continua a ceifar. Para que compreendamos o que faz à cultura e, como consequência, à mente e ao coração dos homens livres. Porque quando se janta com o diabo deve-se levar uma colher comprida...".

Chorei de novo. E mais que aqui não convém, do medo disfarçado estampado no rosto das pessoas, dos pedintes cobertos de lona suja em farrapos. Velhas, mulheres, homens, crianças, a cada passo que dava, submissos pela ignorância, com a mão estendida "Uma moedinha, por favor". Não estou com medo, nunca tive mesmo em momentos de horror, e agora aos 68 anos é que não iria envilecer.

É outra coisa que se remexe em fogo por dentro, eu sei.

domingo, 1 de agosto de 2021

O MUNDO É UM MOINHO

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Domingo, ô beleza. O Convento silencioso e eu, ic, no décimo, digo, no segundo copo de vinho marca-diabo. Passei o dia encucado, pois preciso e não tenho um par de horas disponível para procurar os nomes dos deputedos e senadecos que defendem o voto impresso proposto pelo Hitlerzinho desvairado. Não consegui, pois passei o dia em outras urgentes atividades, primeiro na cozinha para encaminhar as refeições das religiosas, depois porque fui a Nova Pádua, o maior antro de nazifascismo do RS, um pouco pelo que disse Brecht sobre o analfabetismo político, tudo gente fina do Vêneto, para acertar umas continhas com o chefe de uma das tribos bárbaras de lá. Não encontrei o bozaico, mas na volta soube pelo rádio do carro que o infeliz havia partido para outra uma hora antes de eu sair da cidadezinha. Entrei em Porto Alegre e fui direto para o bairro Bela Vista hablar com um novo-rico sonegador que por tabela manda dinheiro para milicianos, que azar: outro que alguém momentos antes tinha mandado para outro mundo. Voltei pro Convento, aquecer o rango já encaminhado e dar os retoques finais para o jantar das onças. Tudo eu: cozinheiro, faxineiro, cuidador de gatos, guarda-costas, vingador - que alguém toque nelas pra ver, e só agora sobrou um tempinho. Ic, hummm... ainda vou me incomodar por esta mania de ir mudando de assunto: queria apenas perguntar se algum amigo ou amiga tem a relação dos deputecos e senaducas que apoiam o roubo impresso de antigamente, quem tiver mande.

Meno male, dei sorte e achei pronta a relação dos 407 dos municípios gaúchos, dos 497, que são nazifascistas de carterinha. Lembrando que sempre pela maioria, pois as minorias são compostas de humanistas, homens e mulheres de grande valor. No município antes citado o genocida, com todo o seu retropecto, fez 93% dos votos e hoje reclama de fraude, jurou mil vezes que iria provar o que disse, 407 cidades aguardam ansiosamente as palavras de profeta assassino.

Ufa, enfim consegui sentar. Vou botar uma música, o Ney está fazendo oitentinha, pois o dia inteiro, sem razão aparente, no fundo da cuca pensava em algumas filhas biológicas. Fiquem bem aí, tomem um vinhozinho, ora, ninguém é de ferro, e muito cuidado com os vírus lá fora. Abraços.

O mundo é um moinho (Cartola)



sábado, 31 de julio de 2021

GATOS À VENDA!

Lucha Gatica e Gardelito Le Pera, irmãos da mesma ninhada nascidos em Itapuã (Viamão, RS) em 19 de fevereiro de 2021, agora com 5 meses e alguns dias (162 dias). OFERTA ÚNICA, com 40% de desconto: de 500 por apenas 300 MIL reais cada um. Parcelo em três vezes de 100 mil, melhor levar os dois, que enquanto brincam entre si não incomodam arranhando o dono ou dona.

Quem tiver recursos para levar não terá os meus problemas, pois nesta dureza que ando agora às vezes deixo de comer para poder alimentá-los, andei pensando até em fazer uma visita não muito amistosa para algum banco miau multinacional, firme na máxima “Quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão”. O que comem sai da frente: ração que custa os olhos da cara e os complementos compostos que faço em casa e que realmente os deixam fortes. A rotina dos felinos, seis vezes por dia, é mais ou menos assim: derrubar os vasos de flores, comer, ir ao banheiro de “areia” de preço exorbitante, dar banho de língua um no outro, brincar de lutinha, comer, banheiro, se enfiar nos roupeiros ou onde der e rasgar qualquer pano que encontrem para afiar as unhas, como uma caríssima camisa verde-clara de seda que eu tinha, ir ao banheiro, comer e dormir um pouco.

Cartões de vacinas em dia, para tanto a mordida que levei das clínicas de cães e gatos dói até agora, urge que se crie um SUS para o gataréu, mas isto depois que os genocidas sejam afastados para uma residência de alta segurança tipo Bangu 1 ou Charqueadas, vez que por eles até as crianças omanas morreriam sem atendimento.

Contato pelas internas. Para senhoras, bem conversadinho, parcelo em mais de 3 vezes sem juros.

(Nas imagens o que mais gostam de fazer: dormir de pança cheia.)



 

sábado, 24 de julio de 2021

EU, HEIN?

 


Papai Google, posso dar cenoura pro gato?

"Especialistas explicam que, de maneira geral, não há problemas em oferecer esse legume para seu peludo. Não há nenhum elemento na cenoura associado à intoxicação em gatos. Pode dar cenoura para o gato, entretanto, esse não é um petisco indicado."

Não entendi, que "especialistas"? Achava que essa de especialistas inominados era só a Globo que aplicava nos pobres de Paris, e como não é um petisco indicado? Indicado por quem? Fui ver e quem diz é uma tal de Petize, que vende os seus "petiscos" em pequenas embalagens coloridas, a figura de um gatinho lindo bem feliz, pelos olhos da cara da gente. Bóia que tem "sustância" é uma coisa, bobagem é outra. Ora, amigos petizos, calma aí, ando Durango Kid, malandragem, querem me tirar o da pinga? Sei não, peguei uma lupa gigante e fui ver o que contém os seus petiscos, pelo menos é o que dizem: o de carne diz que tem compostos de milho, farinha de trigo, sebo (?) bovino, farinha de vísceras de aves, farinha de carne e osso bovino, etc, vem: cloreto de sódio, selenito de sódio, sulfato de cobre, cloreto de potássio e mais um monte de trecos que não conheço, sem especificar as quantidades de cada um, acho que é sebo enfeitado com cheiro artificial de algo que os gatinhos gostam. Tirando os trecos químicos tenho tudo "in natura" aqui, só vou evitar o sebo. Fervo e esmago tudo e tá feito o composto alternativo. Alternativo porque sabemos que eles gostam mesmo é de carne, como por regra geral são os felinos.

É fogo, daqui a pouco levo o Gardelito para a 2ª dose de vacina, lá vai barão, mas aí não tem como escapar. Outro dia coloquei os bichanos à venda, 500 mil cada um, mas vou baixar o preço em 20%, ninguém apareceu para comprar.

sábado, 12 de junio de 2021

QUANTA INJUSTIÇA NESTE MUNDO!

 NA RODOVIÁRIA lá dos matos uma imensa fila no guichê nº 2 para comprar passagem para Tramandaí, véspera de feriadão, três da madruga, já no feriado. Vi uma placa como essas de trânsito: "Reclamações: guichê nº 8". Saí da fila, vou reclamar, os caras da frente saíram no braço e não apareceu nenhum fiscal ou polícia. Lá no final da fila um bate-boca, o vendedor de passagens estava caindo de bêbado, e eu desarmado. Andei, estranho naquele lugar, era mais adiante, os guichês não eram em linha reta, procurei, até que achei, tinha que descer uma escada, vi mais gente procurando. Surpresa: só tinha até o guichê nº 7. Depois alguém pichou em letras miúdas nuns garranchos embaixo da placa lá atrás: "Vá reclamar para o finado Pompeu", sem dar o endereço do cemitério. Pelo que supus que naquelas alturas os bispos estavam desmoralizados. Eu não entro em igreja nem morto, bando de punheteiros, mas antigamente mandavam reclamar para o bispo.

Outro dia com estranheza na alma postei um quadro de alguém que dizia que lidar com mulher é fácil: basta você entender que metade das vezes ela tem razão, e na outra metade você está errado. Todo mundo como eu se arrepiou da inverdade que maldosamente sugeria que as damas sempre tem razão, tenham ou não. Agora esta. Não sou eu, nada tenho a ver com isso, acho que é tudo mentira só porque as donas tem razão mesmo. A rapaziada da boemia se diverte de provocação, só pode, ingratos. Posso ser horrível em outras coisas, mas nisso não: se algo corre mal chamo para mim a culpa, de algum modo errei, fui eu que, por burro ou distraído, medi mal com quem andava, por andar com quem andava. A outra pessoa é ela, eu sou eu que morri na guerra, água com cachaça não dá certo.



jueves, 3 de junio de 2021

TRIBUNAL DE SENTENÇAS IRRECORRÍVEIS

 

DEPOIS de ter sido ajudante de Sócrates, quase 500 anos antes de Cristo, aquele que um dia decepcionado com o mundo tomou veneno e morreu, sumi. Desapareci e voltei muitas vezes. Fui um rebelde que chamavam de Barrabás, mataram outro mas saí livre. Depois dei uma de cozinheiro do Nero, que mandou me pregar numa cruz, era moda naquele tempo, só porque me avancei nas putas do seu harém; ora, o sujeito não transava com elas, só ficava assassinando uma lira e pensando em fogaréu. Demorou, mas renasci numa casinha em Óstia, nas proximidades da foz do rio Tibre, aprendi a nadar naquela foz, é a mais clara lembrança que tenho. Das outras reaparições é uma névoa, tudo tão difuso, Voltaire que via os seus livros queimando, só coisa ruim, contra a evolução da humanidade, aos poucos irei lembrando. 

Logo que pude, menino ainda em Óstia, fui para Roma tentar a sorte, passei trabalho, sofri. Dedicado, lá por 1.590 aos 21 anos consegui um emprego do meu gosto, virei auxiliar nos escritos do filósofo Giordano Bruno. Eu revisava o seu latim escrito às pressas à luz de velas, às vezes ele até me pedia opinião, pedido que vindo do grande pensador me deixava emocionado. O cara sabia tudo, até de astrologia árabe. Um dia uma rede social da época, a Inquisição, levou o mestre Bruno à força, arrastado, um horror, chorei, onde já se viu, eu tinha me apegado fortemente ao grande homem. No dia seguinte me levaram e me atiraram num calabouço escuro e gelado. Logo o tribunal da Inquisição, composto por pessoas sem nome, o condenou a horrores de suplícios. No caso dele, único, tinha segunda instância, talvez por ser ele já famoso, que era amigo do Papa, já ex-amigo, foi-lhe dado o direito de se defender no TSI – Tribunal de Sentenças Irrecorríveis. Manteve tudo o que afirmava. O Papa mandou que o levassem até o seu palácio. “Se você se retratar, Giordano, sai daqui livre. Você tem razão, mas a política, o dinheiro, tu falou que somos miau... Então: se você se retratar eu faço uma bula te perdoando; a Globo, a Band e a CNN divulgarão o decreto, só cale a boca depois”. Bruno respondeu: “Quer me fazer um favor, camarada Papa? Antes de me matarem mande soltar o rapaz, ele nada fez, nada escreveu”. E seguiu reafirmando tudo o que havia dito, que o universo era infinito, que os planetas tinham suas estrelas, morria de rir da terra plana que eles afirmavam, rolava de rir daquilo de trans, que o pão e o vinho eram o corpo e o sangue de um cara, inclusive de que aquele papo de Maria Virgem era para boi dormir.

Soltaram-me, o Papa atendeu ao seu pedido. Ele foi queimado vivo no Campo de Fiori, “... o condenamos a morrer da forma mais misericordiosamente possível, sem derrame de sangue”. Morreu gritando sobre fogo que queimou seu sangue, sem se desdizer. Desde então não gosto de certos tribunais irrecorríveis de pessoas sem nome declarado, de censura, de diabos. Estou chegando de não sei onde, mas hoje sou outro, vingativo. Onde estou, em 1964? Espero que não, e que não haja um Grande Irmão eletrônico de que falava Orwell. Enquanto houver almas pestilentas assim serei punido sempre.


sábado, 29 de mayo de 2021

Cataratas del Iguazú - Misiones, Argentina


Maravilha da natureza, né? Copiei a foto da amiga portenha Alicia do bairro Caballito, pois lembrei da vez em que vim lá de cima meio bêbado, sozinho numa canoa emprestada por amigos de uma tribo de guaranis, donos da terra e de tudo. Eles me disseram não vai que é fria, mas eu eufórico me fui, azar, naquela de vamos ver o que vai dar lá embaixo. Despenquei. O barco já se arrebentou ao bater no andar de baixo, por pouco o remo que tinha nas mãos não me atravessou.

Meninos e meninas... Foi um estrago, eu já sabia com quantos paus se faz uma canoa, desta vez vi aos pedaços, o barco completamente destruído e eu com o pala em tiras. Felizmente com poucos ferimentos, só cinco fraturas, alguns arranhões e poucos cortes, nada muito grave, pois na queda voei para um lado para não cair em cima do que restava do barquinho, me agarrei nuns galhos que amorteceram a queda em cima de uma pedra, malito ainda consegui sair nadando pelas águas revoltas. Até hoje lamento a perda do meu chapéu bogart. 

NOS MEUS VINTE ANOS


O valoroso poeta e outros bichos Josué Pereira Rodrigues, primo pelo lado dos Rodrigues, numa foto tirada com seus afetos e amizades, ele naquela noite vencedor, prêmio na mão, de um festival nativista. 

No isolamento aqui nos cafundós, Josué, dei de lembrar de coisas que achava que tinha esquecido. A idade ou a correria desta vida? Ambos, possivelmente. Conto uma, se já não contei, em livrinho inédito sei que sim, mas agora não recordo em qual, não importa.

Nos meus 20 anos eu tinha saído de outros lugares onde morei ali por perto, ai que felicidade, saí de lá, graças a amigos fui morar numa república na Rua Lopo Gonçalves, ainda na Cidade Baixa de Porto Alegre. Numa miséria desgraçada, mas o ambiente era muito melhor, tinha vagabundos podres, mas também algumas pessoas maravilhosas como Helio Oristín e Pedro Renz, estes que mesmo naquela miséria nunca me deixaram mal.
Desempregado ainda. Um dia apareceu lá o palmeirense Adelar, que já me conhecia de nome visto que ainda menino joguei bola em Palmeira, quem viu não esquece. Alguma conversa, naquela situação eu tímido, ele era ligeiro, o cara era bom e querido. Gostou de mim. Confiança. Um dia ele foi com a família passar um fim de ano em Palmeira e antes de viajar passou lá na Lopo, me pediu para ficar no seu apartamento, no Centro, tinha nego rondando para miau. Um belo apartamento, enorme, os quartos no andar de cima, geladeira cheia, garrafas... me senti um rei lá dentro. "Coma e beba à vontade, tem televisão, só cuide pra não entrar ladrão". Deixei um punhal à mão, ouvidos finos; que ladrões nada, sumiram do mapa, até porque andei dando umas voltas pela Bento Martins e cercanias. Sábado à noite, na solidão, acabei levando umas amigas que não deveria ler levado, ui que noite. Deu um rebu, enquanto uma me entretinha as outras roubaram até a peruca da sua esposa. Longa história, pulo, mas recuperamos tudo, ele e Caio Beck fazendo a frente, eu me vingaria depois das infelizes, tadinhas.
Bem, arrumei emprego e acabei perdendo todos de vista, Consta que o Adelar tempos depois faleceu em acidente de carro, indo à Palmeira, judiaria, e tinha no carro um primo que sobreviveu no banco de trás. Era tu ou um irmão mais velho, ou outro da terrinha?

(Josué respondeu: era o Armando Rodrigues, mais velho, que já partiu.)

FICCIONES

"Não tarda e tu vai ver o que é lidar com gente mundo afora, menino, o horror, tome cuidado." (De um velho me abraçando na saída ao final de uma partida de sinuca com bocas brabas, isso antes de eu fugir, singelo e marginalizado sem jamais ter andado à margem das leis, ali já tinha uns 17 ou 18 anos).

Lembrei de duas ficciones:

(1) Da "grama" do prédio onde se instalou o Facebook no Brasil, no bairro Itaim Bibi em São Paulo (sei que tem outros lugarzinhos, não vem ao caso). Com toda aquela grana botaram grama de plástico lá embaixo, um luxo cercando o edifício, e ficam lá em cima seguindo e conferindo de acordo com o algoritmo de plástico da matrix. Falei isso pro diretorzeco americano deles (dizem que nasceu no Brasil), que mora num condomínio fechado no Rio de Janeiro com meia-dúzia de seguranças que não dão nem para a saída; não respondeu.

(2) Certa vez livrei muitos milhões de impostos, e o fiz tecnicamente, li e li, reli, procurei, três ou quatro dias e noites quase sem dormir, e consegui, dentro das leis, para uns caras, pessoas amáveis que antes tentaram consultorias famosinhas e não arrumavam solução; aliás, arrumavam de um modo que eles todos acabariam presos, os próprios amáveis sentiram o drama, não eram tão burros. Na hora de me pagarem os honorários de 20 mil, merreca, nada, perto do pepino que livrei, iriam sifu se não fosse eu, começaram a regatear o preço, tirar o meu dinheiro já rebaixado, eu que andava precisando muito, para crianças e asilos. Insistiram. Emputeci, rosto em pedra, sem levantar a voz: "Não quero mais, fica de graça, seus filhos da puta!", enquanto levantava para sair, e saí sem olhar. Depois uma advogada sócia de um advogado amigo, ambos super competentes, de primeira categoria, estavam presentes na reunião, eles em silêncio em tudo salvo se eu pedisse a opinião na língua juridiquês - silêncio que mantenho quando são eles a conduzir reuniões, ela mesma de berço rico, me disse: "É por isso que são podres de ricos, hoje erraram de homem, gostei". No outro dia os adevas me ligaram: "Mandaram os teus vintinhos, sem dar um pio". Pelo que esqueci vingança, pois batido não iria passar.


miércoles, 19 de mayo de 2021

TÁ TUDO VIRADO

Os vírus 17 e 19 estão me afetando. Meio levantado do chão vi uma gatinha no espelho, eu magro que é um diabo. Mais tarde, ao ouvir os maus e incultos da direita miau na CPI negando o boicote à vacina da China, vim pra cozinha fazer umas panelinhas de polenta e de arroz-doce. A cozinha fica bem longe, uns 50m da sala do som onde tem a TV, ufa, mesmo tendo ouvido fino não ouvia os canalhas golpistas, sorri me sentindo feliz. Entrei na cozinha cantando "Hoje tão longe dos teus lábios sedutores...", ao lembrar da Dolores de Barcelona. A Lucha Gatica saltou pro meu ombro, pra ver de cima a lida do cozinheiro-chefe, escravo das onças que devido à queda no faturamento ainda não me pagaram o 14º salário de 2019, para não falar no 15º, 16º até 20º. As freiras sumiram, marquei-as na paleta, aproveitaram-se que eu dormia com a gatinha por cima e saíram sem autorização, china é china, não adianta querer segurar, espero que voltem com o dinheiro dos otários neofascistas do psdb, ou dos nazis do pepê ou dem, de qualquer um desses miau de mão-fina que amam ganhar de otários no grito, naquela de hijitos de pápi: posso tudo, papai paga. Só rindo.

Comecei pelo arroz-doce: arroz branco fervendo com água e pauzinhos de canela - primeira mancada, botei muito pauzinho -, até secar, depois leite e ferve, ferve, mexendo. Mais um resto - meia lata - de leite condensado, não de milicos miau, leite condensado com o suor do rosto. Ferve, mexe, ferve, mexe, mais um bocado de creme de leite, colheres de açúcar, mexe, ferve.... Ao mesmo tempo encaminhei a polenta, esta é mole, água, fubá e azeite - fiz com manteiga, tempero verde... até os bozálios das catacumbas devem saber fazer.

Pronto, terminei, desliguei, ficaram no bafo. Aí fui botar a especiaria canela em pó da China no arroz-doce, lembrei da vacina da China e dos filhos da puta da Bozália, ainda cantarolando: "Beijando bocas como eu mas com saudades, dos beijos que eu roubei da tua boca."

Distraído, raivoso, errei e botei o pó da China na polenta.






domingo, 16 de mayo de 2021

BOM DIA, 16 DE MAIO

 

BOM DIA, amizades

Ufa, ontem saí pela manhã aqui dos cafundós e andei, andei, atravessei matos, sangas, banhados, subi e desci morros... só às onze da noite consegui umas florzinhas num jardim distante vinte km a noroeste, para presentear a freira Anna de São Borja pelo seu aniversário. Arrependi-me de ter levado a Lucha Gatica no ombro, tolheu-me os movimentos. Ainda bem que falo cachorrês, me entendi com os buldogues de guarda daquele jardim antes que nos destroçassem, a Luchita é doida, queria enfrentar os grandões, os pobres só estavam cumprindo a sua obrigação de evitar que roubassem as flores. Bem conversadinhos, na paz e amor, descolei duas sem agrotóxicos.
Faltando 5 pra meia-noite cheguei resfolegando numa bicicleta emprestada, mas trouxe as flores, jamais me perdoaria se não conseguisse. O maravilhoso perfume dos cravos branco e vermelho inundou o casarão. Naquela missão quase impossível acabei esquecendo um bolinho com velinhas, azar, importa as flores, bolo a sóror Mariana lembrou, ficou legal, botou só a metade das velas correspondentes aos anos de vida, não cabia mais. Bobinhas, ela e as outras: bastaria colocar 13 de 5, por baixo, e algumas de 1.
Vida que segue, vamos para outra. Bom domingo a todos, cuidado aí. 


sábado, 15 de mayo de 2021

A VIDA PAROU

 

BOM DIA, amizades. 14 de maio de 2021, nublado na Grande Porto Alegre. Que noite passei...

Os bichos maus que andam à espreita lá fora, o 17 e o 19, vão acabar me matando no cansaço. Meninos e meninas, para um índio rueiro, callejero como eu, o isolamento não é mole. Dá vontade de chorar só de pensar em quantas mulheres deixei de conhecer neste tempo de prisão. Se fosse só o 17, com cuidado para não pegar o seu amigão 19, até cabe uma punhalada na goela, de onde só sai lixo e maldade, mas o 19 não dá nem com metralhadora, o infeliz não mostra a cara dizendo bobagens como os outros. Ontem saí do sério: enchi a cara e desacatei o 17 e o 19 até cansar, fodam-se aqueles zumbis psicopatas, e ainda não terminei o serviço.

Hummm... tem gente de aniversário aqui no esconderijo, e a mil Km para qualquer lado não tem sequer uma floricultura, se não estivesse de ressaca iria a Porto Alegre comprar umas florzinhas no Mercado Público. Mais tarde vou tentar roubar uma rosa ou outra bonita em algum jardim das proximidades, azar, depois aviso o dono que roubei e dou-lhe uma garrafa de vinho como indenização, ué, não sou ladrão de centavo nem de bilhão como os bárbaros da Bozália, né, Guedes? Seu cagalhão boy de Chicago, tu é bom com "republicanos", comigo já tava morto, seu filho da puta. Ufa.

Conforto-me com recordações de um tempo recente, ainda sem o Golpe, embora este corresse sórdido na escuridão de feias madrugadas, urdido por olhos vermelhos de mentes maléficas. Antes a vida ainda era boa, média de erros e acertos.

Num dia como este em 2015 conheci pessoalmente (já trocávamos mensagens profissas) o célebre Nani, de quebra outros bambas como Cláudia Barcellos, Renato Aroeira e Tiago Recchia, também vejo as nobres e elevadas almas de altos estudos Marlene Robin, Síndia, Anita e Maria Landi, para citar alguns que aparecem numa das fotos naquele bar musical de Copacabana. Meu Deus, precisamos urgentemente nos livrar do 17 e do 19, pois a vida agora parece que parou.

Há de passar, afinal já é segunda-feira e... o que foi, Ju? Ah, é sexta-feira. Boa sexta a todos! Autorizo uma caipirinha como esta que acabo de ganhar da Ju, toda atenciosa pro meu lado, quer alguma coisa, no mínimo permissão para sair.

Abraços!


LUCHA GATICA!

 Cartórios abrem no sábado pela manhã? Acho que não, então irei segunda-feira ao Cartório de Nascimentos de Gatos ali na Rua da Paineira, vou de barco pelo Rio Guaíba, ali mais fácil do que ir de trem e subir até o outro cartório da Rua Andrade Neves. Para mudar o nome: não é Lucho Gatico, e sim Lucha Gatica.

Deu-se que com dois meses e picos de idade - a felina completará três meses em diecinueve de mayo, desde que nasció el diecinueve de febrero, ontem entrei na Clínica do Gataréu, para vacinas e tal, passava da hora, as religiosas foram atrás. Rindo falei pro sujeito: "Abre as perninhas dela e olhe, as religiosas insistem que é macho, bobinhas, conheço china pelo cheiro". Não deu outra, o cara olhou e disse para as freiras: "Ele tem razão, é gata". Eu, hein? As loucas são doidinhas por macho, não sei bem o que se passa. Para confortá-las falei: “A Luchita é bi como vocês”, aí ficaram bem felizes.
Em 20 minutos o elemento me tomou quase trezentos contos. Fincou-lhe injeção e comprimidos goela abaixo, a gatinha saiu mole de lá, bêbada no meu ombro. Na saída com ela mal se equilibrando não aguentei e disse calmo, amistoso, pro veterineco: se ela morrer pelas drogas que deste, tu morre também. Ele sorriu amarelo, mas avisei, ora, comigo ninguém morre sem aviso, basta prestar atenção na vida. Lembrei do Ôniquis, aquele mengele dos gatos do Menino Deus que me deve não uma pedra: um penhasco, por causa do finado e saudoso Gatolino -I. Isto mesmo, Gatolino menos um era o seu nome. Soube que agora o nazi está em Brasília, junto com o putão "médico" Osmar da Gaiola das Loucas, para ajudar a matar os chamados seres humanos da ralé que votou na Bozália. Tem volta, ao matarem a escumalha podem me levar junto, tenho ciência disso, sei olhar em torno, e podem levar a ti, amizade que lê estas mal-traçadas, não seja bobo, seja belo, rebele-se.
Deu tudo certo, enfim. Na fotinho há pouco ao voltarmos da rua - andamos bastante, tomei duas cervejas no Bar Gato Molhado, ela firme em cima de mim... Um frio lá fora... - a amada Lucha Gatica já querendo descer após o passeio, viu uma aranha se mexendo lá perto do Julinho jabuti.


viernes, 14 de mayo de 2021

QUANTOS MORTOS TEREMOS AO FINAL DESTE 13 DE MAIO?

Esses moleques não sabem subir para a área deles no escanteio. Não conhecem a antiga frase que diz que a melhor defesa é o ataque, para quem sabe a hora. Passou da hora um ano, pelo menos um ano de horas perdidas. Amorfos como o PT & Cia. quando o Golpe já vinha adiantado. E que ninguém ouse dizer que no Brasil não temos homens de fibra, né, Dilminha querida de cardeais? Temos muitos, né, Lulalelé de paloffis? Republicanos... os inimigos do povo em guerra aberta e os molóides fazendo reunião para marcar a data de outra reunião... Com a caneta à mão!

Claro que sempre é tempo, mas também agora é cinza.

Agora sequer os miaus, digamos, comuns, estão suportando o louco genocida que quer matar a todos, até aqui só quase meio milhão de pessoas mortas, uma tragédia inédita que sangra todas as almas do Brasil (computadores do Gabinete do òdio e poucos louquinhos fakes não contam), e na cabeça de todos aquele peso de "Amanhã poderá ser o meu corpo, ou de irmão ou filha, queimado longe, sozinho, sem choro num velório decente das crenças de cada um. sem direito dos familiares terem lágrimas de purgação". Se chegarmos ao ponto do horror total, que morram primeiro os bandidos do Legislativo, depois os do Judiciário, o Executivo é lixo vulgar, pode ficar por último, não valem nem uma punhalada.

Vide o caso do fazendeiro-médico Mandetta, que tinha e ia cumprir a missão de destruir o SUS para o Guedes roubar com planos de saúde - tentáculos dos bancos, o que mataria os pobres que não teriam como pagar. Foi quando viu a dimensão do abismo e saltou fora, com o imaginário: "Eu, hein, assim também não, genocídio não, tenho família, amizades, talvez alguns cobiçativos e miaus mas sem eles não vivo, não quero ficar sozinho no mundo." Aliás, acho que ainda não caiu bem a ficha para esse Punhetto, se tivesse caído abriria um bocão incisivo, dizendo na cara, sem eufemismos nem enrolação.

Militares: já para o quartel! Os que vieram das catacumbas da ditadura, pijama em tiras sujas, já de volta para de onde nunca deveriam ter saído.

(Ilustração do Carlos Latuff)




domingo, 18 de abril de 2021

SILÊNCIO OBSEQUOSO

Tenho mantido silêncio obsequioso em relação a muitos, em consonância com os nossos dirigentes "republicanos". A expressão é conhecida. Silêncio todos sabem o que é, exceto os pervertidos e loucos da Bozália que dizem besteiras diariamente. Já o obsequioso não é tão simples para alguns que se diziam meus camaradas. Vejamos.

Obséquio pelos dicionários quer dizer favor, serviço, fineza, benefício. Os franceses dizem codecu, présent, service. Os ingleses algo como courtesy, present. Os alemães geselligkeit, geschenk. E por aí se vai mundo afora, em todas as línguas dá para compreender o que se diz em português. O obsequioso, naturalmente, é algo como afável, amável, benévolo. um favor. Obséquieux, kind, polite.
A gente faz silêncio obsequioso de dó dos infelizes, por um lado. Por outro para não descer. Salvo se ameaçarem com dedos de arminha, porque aí a linguagem muda para a única que entendem.


lunes, 12 de abril de 2021

BOM DIA, amizades

Estou bem arrumado, meio-dia, ora se isto são horas de acordar, e já conversando fiado. Que tempos... Quando rapaz dizia-se que o sujeito tomou um balaço quando se embebedava. Pois é, ontem o sujeito que me olha no espelho tomou um senhor balaço. Na verdade acordei às 8h para tomar água. No caminho para a bica encontrei o gatinho.
- Bom dia, papai, já comi a droga de ração, depois tu me dá um pouco de fígado cru picadinho? - Disse-me o Lucho Gatico.
- Ué, que papai? Não sou gato.
- Tu mesmo diz que pai e mãe é quem cria.
Com esta ele acabou com o meu argumento. Foi quando me toquei que o gato falou comigo, em bom português! Pelo que tomei a água e achei melhor voltar a dormir.
Agora sim, bem dormido, desejo uma boa semana aos amigos e amigas, neste momento já morto de medo de ver as notícias dos insensatos que nos desgovernam. Antes disso vou dar um pouquinho de fígado para o meu nenê. Carpe diem. 


domingo, 11 de abril de 2021

CUIDADO COM O FELINO

 Acompanhado de Pablo López, Clóvis Baixo, Cesário Martinez, Pato Martins, Juanito Díaz Matabanquero, este de passagem para pegar umas caixas que me pediu para guardar aqui no Convento, e mais trinta amigos, fiz uma incursão no Parcão da Bozália no Moinhos de Vento. Quando voltamos, depois de entregar a mercadoria do Juanito, dar abraços de despedida nele e nos demais, tirei as roupas ensanguentadas e botei na máquina de lavar.

No primeiro giro da máquina ouvi um miau. Olhei para os lados, ninguém, as freiras andavam não sei onde. Outro miau e abri a máquina, quem vejo? Lucho Gatico, 50 dias de idade, metido como só, vai que tenham deixado a porta aberta.
Fiquem bem em casa, é sábado ainda, opa, já domingo. Se saírem, voltem ensanguentados e já pro banho, eles tem vírus 17. Ah, e antes de ligar a máquina de lavar vejam onde anda o gato.



SOCORRO EM RÉ MENOR

 O Lucho Gatico está de correria com as freiras lá na sala. Lembrei do Gatolino quando era novinho. Foi assim:


Socorro em ré menor

Resolvi testar os reflexos do Gatolino e o atirei aqui da sacada, sétimo andar. Caiu como bailarino, se agarrando no galho mais alto da arvore lá debaixo, ela se dobrou, envergou fundo, e voltou, ele junto. Cinco minutos pra se recuperar do susto e soltou um miau comprido. Como falo gatês, não perfeitamente, mas melhor do que falo esperanto, entendi, ele dizia: Agora tou por ti, desce pelo elevador e vem aqui me buscar, aí desço da árvore pro chão e tu me leva pra casa, não vou ficar aqui pendurado feito passarinho. Melhor não, teimei depois de dois copões de pinga mineira. Resolvi testar os meus reflexos, gritei tou indo aí meu neguinho e me atirei de lá de cima. Passei a mil por ele, quebrando tudo, me ferindo, mas os enroscos amorteceram a queda, não morri.

Quando vi tava no HPS, sem conseguir mover a cabeça. Soltei um miau engasgado, em gatês pedindo socorro pro Gatolino, e a enfermeira disse pro médico esse cara é louco. Lá de longe ouviu-se o Gatolino, todos ouviram, enfermeira, médico, o Pronto Socorro inteiro, com miau em ré-menor, som que entrou pela noite, dizendo já estou indo, Sala, aguente firme.

sábado, 10 de abril de 2021

O MENINO AOS 8 ANOS



O menino atracado num chocolate vem a ser o meu mais jovem priminho. Boniteza é mal de família, tirando eu. Gente fina o guri, como nosotros retribui amor e carinho em dobro, como devolve agravos em triplo. Os bárbaros da Bozália que se cuidem, por enquanto comigo e os 198 bugres que por amizade e gratidão me cuidam as costas, mas não tarda será com ele mesmo.

Ganha um doce quem chutar certo qual foi o primeiro presentinho que lhe dei logo que nasceu. Eu cheio de dedos, naquela de é só uma lembrancinha... vai que o seu papai fosse gremista.

jueves, 8 de abril de 2021

Aos mestres, com carinho

Do primário só lembro das brigas no pátio, não de todas as escaramuças, sim das graves que resultaram em ferimentos; alguns filhinhos de papai e outros brutamontes eram maus e eu bobinho tomava as dores dos mais fracos, mas era intolerável mesmo, para quem vinha de mãe boa. Do ginasial quase nada, salvo que eu era apaixonado por uma professora alemoa gostosinha de 18 anos, ela que era ou virou fascista; ah, e pela morena profa de música, gentil, amada. O seu marido também um gentleman. Tinha um advogado professor de português que não sabia o que ia fazer lá, de repente em péssimo momento na vida, o doutor; não me prejudicou, nunca estudei português de orações assindéticas e outras normas dos palhaços da ABL, se me expresso mais ou menos é por instinto, los libros viejos, noções de latim.

Depois tive uns três ou quatro professores que me ajudaram a abrir a cuca, doendo. Um numa pós em matemática, matéria elevada de rachar a compreensão do perdido na vida. Outro na Filosofia, lógica e outros bichos, começando lá por baixo, que duas asserções negativas nunca resultam em conclusão positiva e tal. Outro no Direito, circunspecto, rigoroso ao falar, se expunha, não tinha travas na língua do seu pensamento, este profe faleceu do coração nas sociais do Grêmio durante um jogo, lamentei muito, muito.

Em qualquer circunstância, TODOS, mesmo os que não gostei, valiam mil vezes mais que esses filhos da puta que o povo da Globo elege.

(O quadrinho peguei no Facebook, postagem dos “Professores Sonhadores” de 20 de março de 2019.)


lunes, 5 de abril de 2021

 A FILA ANDA

(...)

Momentos tensos, fumamos e tomamos um café num bar da Rua da Praia. Logo um tanto constrangida ela se foi. Mentiu-me problemas familiares, no outro dia viajaria para tentar a felicidade em Paris. Não me levantei, desejei-lhe boa sorte com um gesto.

Minutos depois arrasado andei, desci a Av. Borges de Medeiros e entrei no Chalé da Praça XV, precisava beber algo mais forte e pensar no que fazer da vida.

Sozinho numa mesa lá fora vi quanto entrou uma morena muito linda vinda do Mercado Público, uma pessoa comum como eu, aos meus olhos uma deusa, e ela me olhou com franca simpatia, sorrindo e com ares de quem sabe que de perto ninguém é normal.

(...)

El último café (Héctor Stamponi - Cátulo Castillo)



domingo, 28 de marzo de 2021

LUCHO GATICO

 (Fragmento de rascunhos do livro O CONVENTO)


É uma luta, mas a gente luta, eu lutei e luto. Vida que segue: fecha-se uma porta, abre-se outra. 
Enquanto as freiras dormem, vejam quem me acompanha nesta madrugada, quase seis da manhã, eu tomando um pote de trago, escrevendo um textinho para o NY Times a respeito do inominável alcaide de Porto Alegre e ouvindo um bolero com o Lucho Gatica?
O próprio, o novo morador do Convento, que emocionado ouve La Puerta na voz de Lucho, um dos reis dos boleros de antigamente. Pelo jeito ele também é abolerado, então vou sugerir que a freiras, na Assembleia Geral onde escolherão o nome do nenê, coloquem em votação o nome que indico: Lucho Gatico. Luchito, para os de casa. Sete da manhã e a noviça Ju Gemidinha me aparece à porta da sala do som, seminua. Pensei "Lá vem incomodação", com ela é sempre assim. O verão foi um inferno de desfiles das donas para lá e para cá com no máximo soutien e calcinha, em geral só de calcinha, a Ju e outras calorentas abusadas sempre peladas. Antes que dissesse algo eu lhe falei:

- Anda botar uma roupa, mulher, vai pegar uma gripe!

- Acordei pra fazer xixi e no banheiro vi a tua postagem dizendo que quer que o gatinho se chame Luchito. Eu quero "Abusado".

E se mandou dormir de novo., a abusada Deu-me o que pensar: se a maioria escolher outro nome vão sifu comigo. Ora, sou o "pai", eu que passei um trabalhão para trazer o neném. Se decidirem algo diferente saio às escondidas, vou lá no Cartório de Registro de Nascimentos de Gatos e boto o nome que eu quiser!

Mudando de saco para mala, conto outra. Eu era bem novinho, mui malito de vida. Mas esta foi boa, hoje todos riem da estória em que certa vez fui registrar uma filha, a sua mamãe queria o nome de Sofia, pois tinha visto um filme da história de Sofia, mas não me impôs, sugestão de moça como eu meio virgem no assunto. Sofia? Lindo nome. A nascitura tinha me dado um trabalhão, meninos e meninas, quase morri mas a salvei, nasceu viva e saudável. Fui lá, entrei na fila, peguei testemunhas ao acaso, negada que como eu com a boca nas orelhas ia registrar os seus, também assinei de testemunha de alguns que nunca tinha visto na vida, e voltei. Na certidão do cartório a minha filha se chamava Natividad, que em uma das acepções significa nascida viva.



martes, 9 de marzo de 2021

CAPRICHO CIGANO

 

Do projeto de livro com título provisório de "Meninos e meninas, eu vi.” Fragmentos de rascunhos em tempos de horror.

Ficciones, cualquier similitud con la realidad es pura casualidad.

 

CAPRICHO CIGANO

Já fiz tudo pra te dar / Vida mais feliz, até já quis te dar um lar / Teus carinhos não são meus / És volúvel, anda, parte, adeus.

 (...)

Um dia na cidade o seu Evódio tocou “Só para Você” para uns velhos boêmios excomungados pela sanguinária ditadura. Um menino enfiado entre os velhos se animou e cantou uma parte do dobrado, ao final o rapazinho com lágrimas nos olhos: "E eu fiz esta canção / Quando digo ninguém crê / Não importa, meu amor / Ela é só para você". "Dobrado" é o que diziam de canções assim, uma mistura de bolero, rancheiritas, caboclos sertanejos, paraguaios e não sei mais não o que. Que tempos aqueles. Lembro de muitas coisas. Na terrinha de onde fugi alguns rapazes mais velhos, hoje encanecidos fascistas, diziam que em tempos idos frequentavam a zona do meretrício, situada num morro afastado, uma subida que começava lá embaixo perto da matança de bois, no tempo em que o gado era enfiado no brete, levado a vara ou levando choques em fila indiana e morto a marretadas na cabeça do matador num patamar acima ao final do corredor. Antigamente, hoje é igual ou pior. Isso antes de a zona se mudar, pois depois soube-se que desceu, misturando-se à cidade que sempre foi sua, pois era na Vila Brasília que despejavam os seus verdadeiros eus. Grave erro dos habitantes da zona, que mal ou bem lá viviam, era um bairro imenso, mortes só para eliminar gente podre, intoleráveis na comunidade. Desceram e o bairro mudou de nome, devem ter sido forçados por alguma prefeitura, pois a Cidade lá embaixo, ela sim era zona de perigoso meretrício, traições muito piores que punhaladas ou garrafadas de ciúmes, garrafa cheia é quase como uma martelada vinda de cima para matar boi.

Bom, eles, os mais velhos, dizem que frequentavam a velha zona mas não lembram do boteco do Zé Careca, do bar do Titio, dos cabarés das senhoras D. Stanislava – a Polaca e de D. Bastiana, entre muitos famosos. Dos cabarezinhos menores nem sonham. Muito menos sonham de aos 14 anos dançarem com uma dama de vermelho, ela com vestido com corte de um lado, na penumbra da pista sem mais ninguém, madrugada alta, o cabaré quase vazio, os quartos nos fundos só com dois, um deles era o gigolô de uma das mulheres, dormiria lá. Os de boa família ladra, rica, fazendeiros e muitos outros, mentem, metem, pagam e vão embora. Perversão, dependendo dobra, triplica, até quintuplica o preço, se alguma topar, algumas eles pagando bem ensinaram, começando aos poucos, uma coisa de cada vez até que ficavam pervertidas, gostavam de agressão, de sentir dor, mais dor, gemiam pedindo mais com velas pingando nos seios já cheios de queimaduras, de cigarros apagados nas costas, nas nádegas e coisa pior. Logo tinham aquelas calcinhas de couro com um enorme pênis de borracha e plástico, e metiam neles dizendo o que eles queriam ouvir: “Abre bem a bundinha, cadelinha, vou meter tudo, diz que quer, diz putinha, meu viadinho...”. Os donos de tudo das famílias de bem da ditadura lá na cidade berravam “Quero, mete tudo!”. Como dizia um político asqueroso deles: “Mulher tem que pagar para não deixar rabo, se não pagar a infeliz vai querer amorzinho; pagando é uma troca, comércio”.

A moça de vermelho que antes olhava para o menino, este meio escondido numa mesinha escura do canto, ao voltar lá dos fundos olhou de novo e o rapazinho num ímpeto levantou-se e com um gesto a convidou para dançar. Ela foi para a mesinha com ar de dó, como quem diz tu nem deveria estar aqui, o que ainda está fazendo aqui? Sentou-se à frente, educada, pagando a cerveja, estava com grana, cobrou em dobro de um fascista pregador de moral que tinha idade para ser seu avô. Diálogos, silêncios, lágrimas, um brinde.

Logo a mulher de 27 e o jovem de 14 anos dançariam, quando as luzes multicolores da pista foram apagadas, o cabaré logo fecharia, restou uma luzinha azul por alguma consideração, era o aviso da dona lá dentro. O seu Evódio da Gaita, último dos músicos no pequenino palco, que ultimava o trabalho de se mandar, homem que já conhecia de vista o menino, abriu o acordeão: Capricho Cigano. A mulher levou o moço para a pista, ele muito sério. Ela bailou sorridente, gentil e amorosa, no fundo também uma pobre menina. Nada aconteceria, mas quem sabe um dia. Um dia que não tardaria tanto.

(...)

https://www.youtube.com/watch?v=4egGgVGUn34

https://youtu.be/WnBjAID7EFs

sábado, 6 de febrero de 2021

A CERVEJA

 


1. A CERVEJA MATA?

Depende. Em geral não, mas às vezes sim. Sobretudo se a pessoa for atingida por uma caixa de cerveja com garrafas cheias, se pegar mal, na fronte, o cara cai e bate com a nuca no meio fio, adeus. Anos atrás um rapaz, gente fina, ao passar pela rua foi atingido por uma caixa de cerveja que caiu de um caminhão, levando-o à morte instantânea. Também há casos de infarto do miocárdio em idosos, associados às propagandas de cervejas com mulheres boazudas.


2. O USO CONTÍNUO PODE LEVAR AO USO DE DROGAS MAIS PESADAS?

Não. O álcool é a mais pesada das drogas: uma garrafa de cerveja pesa cerca de 900 gramas.


3. CERVEJA CAUSA DEPENDÊNCIA PSICOLÓGICA?

Não. 89,7% dos psicólogos e psicanalistas entrevistados preferem uísque.


4. A BEBIDA ENVELHECE?

Sim. A bebida envelhece muito rápido. Para se ter uma ideia, se você deixar uma garrafa ou lata de cerveja aberta ela perderá o seu sabor em, aproximadamente, 15 minutos.


5. A CERVEJA ATRAPALHA NO RENDIMENTO ESCOLAR?

Não, pelo contrário. Alguns donos de faculdades estão aumentando suas rendas com a venda de cerveja nas cantinas da instituição, ou lá da esquina.


6. O QUE FAZ COM QUE A BEBIDA CHEGUE AOS ADOLESCENTES?

Inúmeras pesquisas foram feitas por laboratórios de renome e todas indicaram, em primeiríssimo lugar, o garçom.


7. CERVEJA ENGORDA?


Não. Qu
em engorda é você.


8. A CERVEJA CAUSA DIMINUIÇÃO DA MEMÓRIA?

Que eu me lembre, não.


sábado, 23 de enero de 2021

RONY


"yo aprendí filosofía... dados... timba...

y la poesía cruel

de no pensar más en mí."

 

NAQUELE TEMPO eu estava preso numa pequena cidade, sem ter como nem para onde correr, mas ouvia falar sobre os conterrâneos mais velhos que tinham se mandado. Eu queria me juntar a alguma célula de combate à ditadura, bobagem de menino mal saído da infância, não tinha idade nem para viajar sem autorização dos velhos, que eram pobres - classe média baixa - mas não tão burros para deixar o menino sair ao Deus dará. Só aos 18 adquiriria a maioridade legal e com esta a sonhada autodeterminação. Aos 18 estávamos no final de 1970, a ditadura ainda torturando e matando desenfreadamente, com a cúmplice Globo estuprando o cérebro do povo: "90 milhões em ação, pra frente Brasil, do meu coração...". Sem dinheiro eu seguia sem ter como nem para onde ir. Aos 20 não aguentei mais: fugi na raça para Porto Alegre, dormir em praça se preciso, cedo ou tarde tudo se ajeitaria, conseguiria um empreguinho que naquela cidade não me davam, era mal visto, pelos donos da cidade, jamais pelo povo, e o velho pai tinha razão: futebol não dá camisa para ninguém, lá não dava mesmo.

Não deu outra, até o primeiro emprego aparecer: de dia a Biblioteca Pública, de noite a praça. Não demorou muito achei uns caras e as coisas melhoraram um pouco, acabei me acomodando numa república com maioria de conterrâneos, vieram empreguinhos, hotel-pensão, até que um dia me vi de terno e gravata morando sozinho num apartamento JK. Foi por essa época que conheci um intelectual de quem ouvia falar na adolescência, irmão de um antigo colega de aula. Filósofo e outros bichos, uns 14 anos mais velho do que eu, cada bate-boca que tínhamos... Antes veio o Gilberto (Pato) Martins, meu querido amigo de infância que andava perdido por Curitiba, vieram amigos deles, a maioria da ala humanista dos funcionários do Banco do Brasil, de repente estávamos todos em mesas juntas no Pampulha e em outros bares, noites e noites de conversas sobre o Brasil, a maldita ditadura e o que veio depois. Ele no uísque e a maioria de nós no chope.

Ontem me fechei em copas, hoje despertei lembrando de cada conversa, de cada passagem que tivemos, de cada rosto dos demais amigos, das passeatas, dos protestos. Lembro que certa vez falei de alguns livros do Nietzsche e o Rony me presenteou com um livro do Immanuel Kant, o Crítica da Razão Pura ou Crítica da Razão Prática, um dos dois, depois comprei o outro. Acho que foi o Pura, pra mim "crescer" quase me rachou a cabeça. Com dedicatória: "Ao Salazar, com amor". Teria muito a dizer, mais uns dez ou vinte parágrafos, o tema dá um livro, mas entendo que aqui o espaço não é apropriado para textos muito longos, mormente quando o assunto neste momento interessa a poucos. Outro dia vai para livro.

Só soube ontem à noite pelo Ivoran Piazzetta que disse ter ouvido notícia de que RONY SILVEIRA teria falecido. Corri atrás. De fato, morreu anteontem, 20, de morte natural. Seu corpo foi cremado no início da tarde de ontem. Pelos desencontros desta vida não o via há muitos anos, a última vez que falamos foi ali por 2018 ou 19, por telefone, uma alegria imensa, me chamava de louco (quando queria detinha o poder de uma ironia cortante, finíssima, aí que o bobo aqui se irritava mais) por uma pequena decepção que lhe causei quando estava em marcha a luta pela construção do PT no RS (eu recém tinha me filiado ao antigo PCB lá em Niterói, RJ, não poderia me filiar para ajudar a atingir o número mínimo exigido pela lei). Estou meio longe e ainda bem que não tem uísque aqui, de outro modo teria brindado ao velho companheiro com uma garrafa inteira do seu trago então predileto.

É como me disse de lá da região das Missões outro seu grande amigo, o ex-governador Olívio de Oliveira Dutra: “São os sogaços que a vida nos dá: a morte - mesmo que previsível - de um amigo”.

Forte abraço a todos os familiares e amigos do Rony, fica o seu exemplo de dedicação e amor.

In memoriam vai um dos tangos que ele gostava (Marianito Mores - Enrique Santos Discépolo).