viernes, 24 de marzo de 2017

Carta às autoridades: não tem nada a ver com isso

;
Comunico às Varas Federais e demais autoridades que meus extratos telefônicos estão ao dispor.

Adianto que a única coisa duvidosa que tem é de uma vez em que o Bruno Contralouco tomou um fogo, pegou meu telefone convencional e ligou para Kampala, em Uganda.

Queria porque queria falar com o Idi Amin Dada. Deu uma confusão, ninguém se entendia, ele falando português e eles lá suaíli, chamaram um intérprete e o Secretário da embaixada brasileira, botaram no viva voz, os caras explicavam e ele não acreditava que Idi Amin já tinha morrido.

Foi um fiasco, no final o Contra mandou-os todos à puta que os pariu, não acreditou na morte do cara.

Também tenho as minhas dúvidas.

Espero que isso não acarrete a prisão do Lula, pois ele não tem nada a ver com isso, sequer o conheço pessoalmente e nunca falei com o cara nem bêbado, menos ainda o Bruno, os pobres de Paris não possuem o número de pessoas importantes que não estão no guia. 

Também nunca vi mais gordo o tal de Eduardo Guimarães. De gente fina aqui só tenho o número do telefone do Chicão, o Papito meu amigo lá no Vaticano, se metam comigo que ele joga uma praga, digo, uma reza, para cima de vocês.

Muito obrigado.

Salito 
Escrevinhador
.
.

Circular aos associados

.
AOS ASSOCIADOS DA AGB

Assunto: RESPEITO

Sem respeito, queridos amigos, nossos pais e avós já ensinavam, nada funciona, a sociedade vai por água abaixo.

A gente cresce e um dia descobre que nem cabaré funciona sem um mínimo de respeito. Em cabaré que mereça esse nome os homens se cumprimentam gentilmente com um sinal de cabeça, se de chapéu tocam a aba com os dedos.

Os homens se tornam até amigos, se ouvindo música na sala, aguardando a vez enquanto os quartos não liberam, se um deles tomar a palavra e falar de futebol, uma beleza, logo estão sorrindo amigavelmente.

Se no cabaré tem conjunto musical com pista de dança, Evódio na gaita, Conceição no microfone, Estevo na bateria, Luiz no contrabaixo, Ernesto ao violão, e outros, tiram a dama para dançar com elegância e polidez. E dançam na penumbra.

Claro, durante o tango ela abre as pernas e se esfrega para excitar o bailarino e arranjar um programa, mas isto faz parte do show, é com algum pudor, ela é terceirizada, precisa lutar pela vida, todos sabem.

Chamam a cafetina de D. Polaca, D. Luizona, D. Mimi, com estima e certa submissão. A Dona também os trata bem, com afeto maternal, conhece suas preferências, arranjará aquela loirinha especial. Hoje quero a novata Marcela. Oh, meu filho, é impossível, muita gente na frente, mas vou tentar dar um jeitinho.

O sujeito que se passa no ambiente, profere palavrões ou tenta arranjar briga, perde o respeito dos demais habitués do nobre recinto. Não pode agredir a trabalhadora terceirizada nem acusar sem provas que alguém bateu a sua cuba libre que havia deixado na mesa.

Em casos assim, a depender da gravidade, é jogado no meio da rua, ou leva um tiro na cara lá dentro mesmo.

O mesmo na vida além-cabaré, pois lá dentro aprendemos a conviver com os nossos semelhantes também lá fora.

É por este patrimônio de urbanidade que esta Associação luta incansavelmente.

Pelo seu presidente a Associação aproveita para emprestar a sua solidariedade e o respeito aos doutores Rodrigues Janota e Gilmar Porcão, contumazes visitantes de uma associada de Brasília. Ambos tem toda a razão naquilo que dizem um do outro, não é caso para providências de punição a um ou a ambos, foi uma mera briga de bugios, já passou.

Nós, amigos, que escolhemos esta nobre profissão, devemos estar muito atentos para que não ocorram problemas com os consumidores, sendo sempre solícitos e respeitosos para com os clientes.

Vai também a nossa solidariedade aos congêneres de Curitiba, onde as coisas andaram saindo de controle.

Lamentamos mortificados que em um dos congêneres curitibanos tenham ocorrido situações onde alguns ficaram merecendo o arremesso na rua ou o tiro na cara, isso é profundamente lamentável, um péssimo exemplo para os demais prostíbulos da nação.

Saudações e felicidades a todos.

João da Luzia
Presidente da Associação dos Gigolôs do Brasil - AGB
Rua da Olaria, s/nº - Porto Alegre (RS)
.

jueves, 23 de marzo de 2017

TERCEIRIZANDO

.
Não é bem a minha praia, mas parece que as implicações da Terceirização são muito mais graves do que vem se falando. Sei que é uma porcaria, todos sabem, tenho amigos altamente qualificados que são terceirizados, mas como donos de si, pessoa jurídica com nota fiscal, sem intermediário, o que perdem em férias, 13º, FGTS embutem no preço que cobram. Mas assim, dessa forma ilimitada, para todas as atividades, incluindo as mais modestas...

Isso é uma maldade inominável, só monstros sem coração e sem alma para sequer sentir remorso ao aprovar uma coisa dessas, ao contrário, defendendo o projeto sabendo da desgraça que trará, pois a maioria são mesmo burros, mas nem tanto que não possam entender o que um aspone lhes explique.

Estão friamente metendo o trabalhador no brete feito boi para o abate, e gostei da metáfora, já que frigoríficos estão na moda. Se tiver algo a reclamar, vai no sindicato, mas que sindicato? Que justiça de trabalho, se não é empregado? Aliás, um deles há tempos falou em extinguir a justiça do trabalho. De fato, perderá a sua razão de ser, a crueldade foi de cabeça pensada.

Pela consideração aos ofícios mais modestos, o Brasil era mais humanista (FHC tentou emplacar a lei e não conseguiu, se não me engano conseguiu passar pouca coisa), antigamente se tergiversava dizendo aos chacais, quando vinham com essa conversa de terceirização: "Esquece isso, meu chapa, terceirização é coisa de corno" (cuidado, Vampirubu), e os deputados, pela maioria, calçavam pé, não passava.

Aliás, convoco aos humanistas a fazermos um sacrifício, de touro e não de boi, e, digamos, namorarmos as mulheres dos chacais enquanto eles vão para os bordéis de Brasília, pois em casa não ganham ménage, suruba... interessante que esta palavra entrou para o rígido e elevado vocabulário dos atuais governantes, por que será?, sessão de espancamento, aquelas brincadeiras de queimar com cigarro, vela pingando, de arrebentar a socos até mandar pro hospital como fazia aquele senador, coisinhas simples de sadismo, masoquismo, elas ou a maioria não curtem, eles não ensinam as esposas, Deus o livre, a queridinha casada de papel.

Coisa estranha, falo em cabaré de Brasília e lembro de propina. Bem, continuando.

Na verdade eles nem tocam nas queridas esposinhas, que ficam lá num calorão danado em noites de outono, enquanto os dignos representantes do... povo, comemoram a aprovação de projetos divertindo-se com jovens coquetes, estas desde sempre terceirizadas.

Eu ia propor quebrarmos a pau as caras deles, mas para começar assim está bom, primeiro com carinho vamos gigolear as madames esposas, eles as terceirizarão sem saber. Quanto às senhoras deputadas..., bem, sobre isso falo com a turma outro dia.

Salvo funcionários públicos estáveis, não celetistas, uma discussão à parte que outros saberão explicar, possivelmente teremos uma onda de demissões terrível. 

O desemprego já está pela hora da morte, prejudicando a todos mas em um aspecto facilitando para os donos de tudo, na escolha entre o lucro e o empregado, já viu... agora vai piorar mais ainda: demite um que custa dois ou cinco mil para admitir um terceirizado por menos, mesmo que os empregados sejam técnicos especializados. O concorrente demite um bom lá, outro daqui, trocam de emprego, ambos ganhando menos. Obviamente que o cara altamente especializado constitui uma pessoa jurídica e vende a si mesmo, sem intermediário, mas a massa dos trabalhadores...

Em conversa muito informal o meu amigo Mário Eustáquio, que entende do riscado em terceirização, saiu-se assim:

"Discutir a Reforma da Previdência daqui para a frente, aprovar ou não, é chover no molhado, é malhar em ferro frio. O regresso aos métodos de trabalho do século XVIII já irá vigorar mediante a assinatura daquela mão ressequida. Acabou a CLT. Será a lei da chibata: reclamou, vai pro tronco. Depois das chibatadas, sem camisa, desnudo, um banho de salmoura e secagem ao sol.

Sei como é o esquema de "terceirizado". Se o terceirizado do terceirizado ver erros ou falhas de projeto/montagem que coloque em risco as instalações e pessoas, se quiser continuar trabalhando terá que fazer "vista grossa", consertar o que for possível ou será sumariamente dispensado sem direito a nada. Eu sei porque passei por tal experiência numa empresa que está indiciada na Lava Jato. Outra coisa: se adoecer e não puder trabalhar, foda-se, não trabalhou não recebe. Simples assim.".

E estamos assim. Correr para onde? O normal seria cada cidadão e cidadã - inclusive os que foram enganados e bateram panelas pela deposição sem crime da presidente eleita - se armar de pedaços de pau e quebrar tudo no cabaré maior, a cara deles também, mas o povo fica na dúvida, indeciso: "O nosso exército atiraria em nós para proteger a ordem e progresso dos chacais?".


-o-

Post Scriptum: Passei muito trabalho nesta vida, como tantos companheiros, esperava ir desta para outra vendo um país melhor, lutei por isso, e o que vejo? Golpe de estado, bandidos cometendo horrores... então não pude abordar o assunto acima, seríssimo que a mim toca fundo, sem usar de alguma irreverência, de outro modo não conseguiria. Relevem-me.

Post Scriptum 2: Os traidores do povo. Alceu Moreira (PMDB), Cajar Nardes (PR), Carlos Gomes (PRB), Danrlei de Deus Hinterholz (PSD), Darcísio Perondi (PMDB), Jerônimo Goergen (PP), Jones Martins (PMDB), Luis Carlos Heinze (PP), Mauro Pereira (PMDB), Renato Molling (PP) e tu, Yeda Crusius (PSDB).
.


VIA LÁCTEA (1)

.

"Foi, portanto, sentenciado como um herege contumaz, e entregue ao braço secular para ser castigado"

I – Arquitas

Cara Mary, falemos de magia artificial real na produção de efeitos reais. Sabes que há séculos em Nuremberg uma águia e uma mosca foram feitas do mesmo modo. No cosmos hierarquias e esferas, virtudes estelares, hoje sabemos, são pura ilusão. Vênus é uma velha sem serventia.

Se naqueles idos tempos a justiça em geral era ou deveria ser normal, podendo eventualmente ser alegre, expansiva, emocionada, a injustiça que vicejava na outra ponta era gelada, calculista, má, perseguia seus objetivos sem mover um músculo daquele rosto de madeira.

O monstro que assustava e martirizava aquela sociedade não foi criado ao acaso, é possível esculpirmos uma estátua de madeira com uma cabeça que fala com voz humana. Já passado o período dos trovadores e jograis da Idade Média, ainda estavam longe da telepatia, a comunicação mais avançada era eletrônica, e tudo começou com a comunicação a serviço e associada ao grande capital, este capital representativo dos bens comuns de que poucos Frios se apropriavam.

Os Frios constituídos de uma parcela dos humanos desde tempos imemoriais inimiga, oculta da imensa maioria, dos proletários, da escória descartável – na visão dos entes do mundo Frio - que os sustentava, mais os venais legisladores pagos a bom preço, na época com algo chamado papel colorido representando bens naturais.

Papel e legisladores não seriam suficientes para que os Frios atingissem os seus objetivos. Veio o conluio com os julgadores, estes dariam ares de legalidade à prática do terrorismo oficial, ao que os homens Quentes, até então contemplativos, pasmos cairiam de joelhos em reverências.

Reconsideraram: nos tempos em que viviam ainda era pouco para um golpe tão ousado. Refletiram: o que falta para tomarmos o mísero poder que restava aos Quentes pela força disfarçada de salvação?

Não precisaram pensar muito, a história daquela sociedade era pródiga de exemplos, vislumbraram o passado e lá estava: faltava a sensação de grandeza pelo herói e o ódio popular das massas aos chefes de sua própria escolha, estes deveriam tornar-se os culpados por todas as mazelas, com a milenar lavagem cerebral promovida pelos culpados: o combate à corrupção. Corrupção um desvio de conduta inerente aos Frios.

Não ria, Mary, era essa a atmosfera reinante, naqueles tempos os humanos tinham o cérebro muito pouco desenvolvido. Mais tarde falaremos de um povo intermediário, nem Quente nem Frio. Prosseguindo.

Primeiro o ódio, para que a cegueira da massa não se desse conta de que desvios se puniriam com as leis que possuíam, não rasgando leis.

Como difundir o ódio? Ora, a propaganda, que consistia no convencimento dos intelectualmente inferiores, pela mentira ou meia-verdade, inicialmente controlada nos grandes meios de comunicação, não poderiam ir ao ataque atabalhoadamente pelo risco de um revés, então nos grandes meios veio a exaltação do que e de quem interessava e a omissão do que e de quem não interessava aos seus fins.

Logo avançando, subindo o tom aos poucos, para a destruição do inimigo com velhas táticas, escolher e combater um inimigo de cada vez, culpá-lo de todos os males, o exagero ao transformar um delito em mil delitos, impingir a insegurança na comunidade, o bombardeio de notícias más de modo que o receptor não tenha tempo de assimilá-las, silêncio absoluto sobre eventuais boas ações do inimigo, essas e outras bobagens, e, principalmente, a disseminação de boatos inverossímeis, horríveis, com tal insistência que ficassem plantados no imaginário dos humanos mais simples com suas místicas imagens e talismãs.

Organizaram-se inúmeros contingentes secretos para atacarem pela rede mundial de computadores, o meio mais ágil naquele estágio da antiguidade, com calúnias absurdas, repetidas incansavelmente. Os inimigos passaram a ser donos de grandes extensões de terras, de grandes conglomerados de sangue e carne de animais, de instituições financeiras, de tudo o que na verdade pertencia aos Frios, que nas suas vis esperanças não percebiam que outro Sol se aproximava.

(...) 
.  


martes, 21 de marzo de 2017

A VIOLÊNCIA DOS CHACAIS

.
(Da série "Conjuminando")

Muitos de nós que já mexemos em grandes corporações de modo independente, e somos razoavelmente politizados, viemos dizendo o que diz o jornalista há quase um ano. Centenas, milhares de cientistas políticos e pensadores - não é o meu caso - pelo menos em tese sabiam disso tudo. Desde sempre, mas no último ano a preocupação atingiu níveis alarmantes pelo agravamento da ousadia e violência dos chacais. Rasgarem a Constituição com a cumplicidade do judiciário não passava pela cabeça de ninguém.

Algo aconteceu para que agora os comunicadores (poucos ainda, e contando somente com a internet) mostrem a cara e digam como as coisas funcionam, sem medo de represálias e perseguições judiciais da nova ditadura imposta.

São pessoas fora do sistema viciado mas famosas, como o Amorim, pela anterior atividade em rádio e/ou jornal e/ou TV. Mesmo assim é muito complicado, pois os donos de tudo dominam e fanatizam a massa, milhões de pessoas levadas como gado.

Tivemos uma amostra do que são capazes no ano passado, quando colocaram na Av. Paulista o que de pior temos na sociedade, com saudação nazista e tudo, minorias que juntas, insufladas pela Globo, são capazes de tudo.

Se o governo eleito vinha errando, faz parte, haveria que se corrigir o rumo. Se a situação se tornasse muito grave no contexto interno e externo então com o auxílio de todos, de qualquer partido que fosse, como ocorre em sociedades civilizadas.

Se alguns vinham roubando, que prendessem os culpados de eventuais desvios, ora, muito natural. Aliás, qual governo não erra? Antes sempre foi muitíssimo pior, o roubo então... mas aí eram eles, então nada de denúncias, nada de alvoroço. Aliás, denúncias até ocorriam, porém com destino certo: ao arquivamento, com o beneplácito do judiciário maior e de tristemente célebres engavetadores gerais da nação.

Logo teríamos eleições, poderiam ganhar no voto, com toda a grana que possuem seria fácil... Mas não, toda a riqueza roubada que eles possuem não aguentam verdades ditas ao vivo na campanha, na tela da Globo e de outros criminosos, esse tempo passou - a internet, seus tolos - e eles sabem disso.

Restou-lhes o Golpe por diversas razões, uma delas para muitos escaparem da prisão.

Algo está acontecendo, para além do movimento na Paraíba.

.

miércoles, 8 de febrero de 2017

NA CARA DA POPULAÇÃO

.

Vamos e venhamos: isso de ter candidata (se falam candidata é porque não foi eleita) a vereadora ladra, como no caso do PSDB do Espírito Santo, ora, isso pode acontecer com qualquer agremiação.

O problema são os eleitos e, pior ainda, os caciques dos partidos. Veja-se a cúpula do PSDB, PMDB e muitos outros: ali se rouba de dezenas de milhões, cada um mais sujo que pau de galinheiro, não roubam apenas uma sacola de mercadorias de supermercado, no que parecia mais diversão, uma aventura, do povo do que crime, embora crime seja.

Claro que todos fomos a favor dos primeiros movimentos da Justiça para enquadrar os ladrões ou os que de alguma forma agiam à margem da lei. Creio que todos aplaudimos a Lava Jato num primeiro momento, para logo alguns de nós darmos para trás, repensar: tinha algo de muito errado. Ainda tem.

Os visados eram apenas os quadros de um partido político, o partido com mais poder na coligação que venceu as eleições presidenciais.

Conversas entre meliantes de altos postos confirmam: o golpe serviria também para estancar a Lava Jato, pois a presidente Dilma assistia impassível, de consciência limpa, o avanço da Justiça sobre os que cometeram crimes. Naquele passo logo chegaria nos eternos inculpáveis.

Ficou claro que os processos, agilíssimos para uns, eram meros instrumentos para o Golpe que pretendia barrar processos semelhantes a posteriori. Se combinaram com a Justiça não se sabe, porém o Supremo lavou as mãos no que talvez tenha sido a pior e mais covarde decisão da sua história, quando chamado a atuar na ópera bufa que foi o impeachment.

Isso e mais a lavagem cerebral da grande mídia - sem esta não haveria Golpe, foi o que bastou para que os grandes ladrões rasgassem a Constituição e adotassem o plano de governo perdedor nas urnas, ao tempo em que esses grandes ladrões maquinavam para se safar das garras da lei.

Ainda trabalham para isso, no desespero perderam completamente o tino, ao ponto de nomear um maluco para o STF, para que mais tarde revise a Lava Jato dos que tem fôro naquele tribunal. Como último recurso, ainda podem renunciar aos cargos, remetendo os processos - quando e se houverem - para a primeira instância, ganhando tempo; inútil recurso, nessas alturas a opinião pública não permitirá engavetamento.

Por outro lado, com tanto ladrão descarado, com pilhas de indícios de enriquecimento ilícito, e a Justiça, Procuradoria e Polícia sabem disso, e aquele juiz de Curitiba foi atrás do Lula, sem evidência concreta alguma. Até da mulher do cara, do filho...

Francamente, isto que dissemos não é nenhuma novidade em corredores e salões dos privilegiados. Ninguém é criança, passa da hora de começarem a respeitar as caras dos cidadãos e cidadãs.
.


viernes, 20 de enero de 2017

AVES DE RAPINA

.

Tento ser humanista, nada mais, que muita gente confunde com comunista, o que muito me agrada, afinal a palavra vem de comunidade. Todo mundo das minhas relações próximas sabe o quanto caí de pau no governo do Lula e da Dilma, via blog Ainda Espantado (que não tem patrocinadores).

Como caí de pau em todos, a gente sabe que nenhum governo é perfeito. Críticas em geral construtivas, apesar da acidez em certos casos.

Ora, se o síndico de um prédio se incomoda pacas, se prefeito e secretários de uma pequena cidade muito mais pelos interesses em jogo - o substrato material, imagine-se uma cidade maior, uma capital, um pequeno estado, um grande estado.

Imagine-se agora um país de dimensões continentais como o Brasil. Natural que bandidos se infiltrem nos governos, de quebra com esse escárnio de sistema eleitoral que temos, de coligações com assaltantes e com inimigos políticos.

Agora, bandidos de cara à mostra, em altos cargos da nação com o aval do dirigente eleito, não mesmo, não podemos admitir. É o caso de governos golpistas. Entidades que promovem golpes se regozijam, eternos larápios que são.

Os coitados que saíram às ruas, que bateram panelas para destituir a legítima mandatária não contam, pobres seres humanos, que vão sofrer na carne a bobagem que fizeram pensando em ajudar o Brasil. A Globo é o câncer do Brasil, não por acaso propriedade de pessoas que estão entre as mais ricas do mundo. Riqueza mal havida.

Há mais de dez anos anos venho pedindo a prisão do Palocci, mas ele se relacionava aos beijos com os supostos “inimigos políticos”, então acho que ainda está solto.

Um caso rumoroso de assassinato político (neste a mídia criminosa deu amplo espaço), o do Celso Daniel, nebuloso ainda, foi local, com requintes de crueldade. Visitei um acusado na cadeia, ele lá fazendo caravelas à mão, não deu um pio sobre o crime.

Só que as cadeias de uns tempos para cá estão cheias de petistas e a perseguição desde o primeiro dia da reeleição da Dilma foi terrível, maldosa, covarde, antipatriota, como prometeu aquele mineiro que de santo não tem nada.

Que eu saiba jamais caiu avião dos julgadores ou acusadores petistas. Aí a gente, que não é petista, como ser humano começa a ficar indignado. Os que sempre foram donos de tudo vêm matando desde que o mundo é mundo, e não falta o populacho para os aplaudir, este aplaudia até o Médici, ou quem a Globo quiser.

Para não falar em JK, Jango e mesmo Tancredo, que mandou o norte-americano pastar quando o Brasil foi ameaçado de retaliações, na viagem antes da posse da qual voltou com um bicho dentro do corpo.

Aproveito informações daqui e dali, entre outros casos:

1) Empresário que comprou avião de Eduardo Campos é encontrado morto.
2) Arthur Sendas, do Conselho da Petrobrás, morre assassinado.
3) Roger Agnelli, CEO da mineradora Vale, morre em queda de avião, após escrever carta com denúncia sobre corrupção na Vale endereçada à Dilma Rousseff (governo tenta substituí-lo desde 2011). Caixa preta do avião com dados do vôo não é encontrada.
4) Eduardo Campos morre em queda de avião. Caixa preta não é encontrada.
5) Executivos da Seguradora Bradesco, um dos principais acionistas da Vale, morrem, em queda de avião. Caixa preta é encontrada danificada, ilegível.
6) Ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, morre ao cair do 11º andar.

7) Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, morre em queda de avião, prestes a divulgar delações com mil nomes de políticos, muitos repetidos, imensa maioria dos partidos golpistas.

Se a gente parar para pensar... Pombas, já andei em tudo que é teco-teco, a gente sabe, o piloto muito mais, não entra em tempestade (os ventos...).

Ontem chovia manso naquele momento da queda, nada de tempestade. Como falei antes, chuva não quebra osso nem derruba teco-teco, como não destelha casa.

Dado que vivemos sob um golpe de estado dos criminosos empresários tendo a Globo como centro-avante, não vejo a hora de ler o laudo oficial da tragédia de ontem, ou do assassinato de ontem.

Perdoem-me os amigos crédulos, mas de há muito não creio em coincidências assim.
.

domingo, 27 de noviembre de 2016

UM SONHO DE AMOR

.
Ainda menino fiquei muito emocionado, quase febre, com os sons fantasmagóricos de tambores e cantos rítmicos afros, na Cuba de amor, que pulsavam enchendo a cidade de excitação e confusão, fogueiras crepitando na noite de Havana.

Lamentavelmente os bandidos de Fulgêncio Batista e os mafiosos dos cassinos e prostíbulos americanos tinham fugido quando descemos de Sierra Maestra.

Entramos na capital no primeiro dia do ano de 1959, eu no fim da fila, era um pobre caboclo, arma na mão e disposto a tudo. Lá na frente iam os heróis: Fidel, Che e tantos companheiros.

Incendiei cabarés já então abandonados, bebi rum, fui abraçado e beijado pelo povo.

Depois Che Guevara passou por mim na frente de uma cantina, parou, me deu um abraço e disse: “Guapísimo, hermanito!”.

Jamais acordarei deste sonho.
.


lunes, 21 de noviembre de 2016

O ACIDENTE

.
(Adaptei um pouquinho de nada a redação do caso original, documento obtido na companhia seguradora, posto que ocorreu na Portugália)

Excelentíssimos senhores,

Sou assentador de tijolos. No dia do acidente estava a trabalhar sozinho no telhado de um edifício novo de seis andares. Quando acabei o meu trabalho verifiquei que tinham sobrado 350 Kg de tijolos. Em vez de os levar à mão para baixo decidi colocá-los dentro de um barril, com a ajuda de uma roldana, a qual, felizmente, estava fixada num dos lados do edifício, no sexto andar.

Desci e atei o barril com uma corda, fui para o telhado, puxei o barril para cima e coloquei os tijolos dentro. Voltei para baixo, desatei a corda e segurei-a com força, de modo que os 350 Kg descessem devagar – note-se que o meu peso era de 80 Kg. Devido a minha surpresa, por ter saltado repentinamente do chão, perdi minha presença de espírito e esqueci de largar a corda. Desnecessário dizer que fui içado do chão a grande velocidade.

Nas proximidades do terceiro andar bati no barril que vinha a descer. Isso explica a fratura no crânio e a clavícula partida. Continuei a subir a uma velocidade ligeiramente menor, não tendo parado até os nós dos dedos estarem entalados na roldana. Felizmente já tinha recuperado a presença de espírito e consegui, apesar das dores, agarrar a corda. Mais ou menos ao mesmo tempo o barril com os tijolos caiu no chão e o fundo se partiu. Sem os tijolos o barril pesava aproximadamente 25 Kg – note-se novamente que eu tinha 80 Kg.

Como podem imaginar eu comecei a descer rapidamente. Próximo ao terceiro andar encontro o barril, que vinha a subir. Isso justifica a natureza dos tornozelos partidos e das lacerações nas pernas, como em toda a parte inferior do corpo. O encontro com o barril diminuiu a minha descida o suficiente para minimizar os meus sofrimentos quando caí em cima dos tijolos e só fraturei três vértebras.

Lamento, no entanto, informar que, enquanto caído em cima dos tijolos, com dores, incapacitado de me levantar e vendo o barril em cima de mim, perdi novamente a presença de espírito e larguei a corda. O barril pesava mais do que a corda e então desceu e caiu em cima de mim, terminando de me partir as duas pernas. Espero ter dado a informação solicitada sobre o modo como ocorreu o acidente.


(Alegações do trabalhador diante do Tribunal de Justiça de Cascais, Portugal, onde pedia indenização por acidente de trabalho devido aos ferimentos que sofreu)
.

viernes, 11 de noviembre de 2016

O SONO DA ESCRAVIDÃO CONSENTIDA

.
Carlos Lúcio Gontijo (27/4/1952), poeta, escritor e jornalista, grande vulto das letras das Minas Gerais e do Brasil.

Não importa se nos Estados Unidos, no Brasil ou nas cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte, pois o quadro político é o mesmo: candidatos ruins e, portanto, incapazes de dar real opção para o eleitor, uma vez que a decantação dos nomes termina passando pelo filtro esburacado do radicalismo, no qual vive o mundo nos dias de hoje, onde é flagrante o empobrecimento intelectual generalizado.

Assistimos ao avanço de programas televisivos especializados em propagar (repetida e diariamente) a subcultura, por intermédio da exaltação à superficialidade e do noticiário policial, que termina por colocar a violência como algo natural e inerente ao ser humano.

Esse panorama, conjugado com educação voltada para a formação de especialistas, levando alunos de curso médio e estudantes de ensino universitário a se diplomar sem jamais ter lido um livro de literatura, um romance ou uma obra de poesia, o que resulta na formação de profissionais completamente desprovidos de sensibilidade no tocante ao trato com o ser humano, com a pessoa, com o semelhante, com o cidadão.

Devemos evitar a todo custo cair no conto da criminalização da política ou no discurso de que todo político é vagabundo, pois é dessa maneira que se abre a porta aos oportunistas, aos grupos fundamentalistas e reacionários, os quais se aproveitam do esvaziamento da ação política para assumir o poder e cometer as maiores barbaridades em nome da moral, dos bons costumes e até de Deus, que desde o surgimento da ideia de algo mais alto a nos guiar habita o fio da navalha (e da língua) de muito sanguinário e pregador da sagrada palavra.

Há uma intensificação avassaladora da disseminação do medo, como se a meta fosse manter a população acuada e desesperançada, a ponto de imaginar que o mal venceu e não há mais por que lutar.

É tempo de o bem dizer a que veio e passarmos a enaltecer aqueles que o praticam, uma vez que os semeadores do mal ganham manchetes em letras garrafais nos meios de comunicação, a ponto de possibilitar a malfeitor notório a conquista de admiradores e seguidores fanáticos, com direito a se inscrever em partido político, ser candidato, votado, eleito e tomar assento no centro do poder, legitimado e ungido pelas urnas democráticas.


A nosso ver carecemos urgentemente de uma reforma humana capaz de cessar a cultura hedonista que nos rege e nos brutaliza, conduzindo-nos ao açougue dos balcões e vitrines iluminadas, às quais sob a sanha de consumir (para existir) entregamos a nossa alma e perdemos o dom da convivência em sociedade, que muitos idealizam melhor e mais promissora se estiver nas mãos de um capataz abençoado pelo divino poder dos reis e que, dispondo de chicote e pelourinho em praça pública, como se fosse senhor da vida e da morte, adote toque de recolher e ponha todos para dormir o sono letárgico da escravidão consentida.
.