(...)
Depois de dez cervejas e de ao amanhecer botar as freiras em seus ninhos, dormi
de mau jeito no sofá, com a cabeça torta na beirada. Acordei cedo, três da
tarde - elas acordam às quatro, e no ato percebi que não conseguia mexer o
pescoço, doía na alma, um lado ficou duro. Ao despertarem contei alto: estou de
pescoço duro! Elas correram para me acudir. A sóror Mariana de Rosário, a índia
da Serra do Caverá, disse: não se mexa, vou te esfregar rabo de foguete. Pensei
outra coisa, mas é como ela chama arnica do campo. Esfregou a pomada e não
adiantou. A noviça Raquel Welch quis mostrar serviço e me esfregou outra
porcaria que a avó dela ensinou, nada. Queriam me levar para o hospital,
hummm... com enfermeiras sempre me dei bem, mas só de imaginar um médico bozo –
detesto esses filhos da puta, hei de matá-los um dia – tocando em mim, enojei:
só vou se me levarem inconsciente ou morto. Isso ali pelas seis da tarde, já
noite, antes delas saírem para o trabalho às sete. De tanta dor chegou um
momento em que enchi o saco: saiam daqui, piranhas, vão trabalhar, eu me viro.
Disse eu me viro e virei o pescoço, quase morri de dor. Tudo nesta vida tem
remédio, para quem sabe. Depois de beijos cuidadosos e recomendações elas se
foram para a batalha, fiquei sozinho. Sozinho não, com a Raquel Welch, que
ainda está em fase de treinamento. Então abri uma garrafa de vinho e servi uma
dose de veneno. Estou na terceira de vinho, quinto veneno, dançando feliz, que
pescoço nada, a Raquel então... a escandinava nasceu sabendo, eu que estava sem
paciência, o seu remédio funciona. Não é só rabo de foguete: é boca de foguete,
frontal de foguete, uma maravilha.
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