jueves, 14 de enero de 2021

A EGIPCÍACA E EU - SOBREVIVENTES DA GUERRA

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Disse-me uma mulher, muito tempo atrás, ela uma desconhecida, ninguém sabia de onde veio, mas como nós era sobrevivente num cabaré de quinta classe da Av. João Pessoa: "A tua tristeza decorre da tua falta de iniciativa, homem. Na verdade tu cansou de ser Abel, deveria ser Caim e não se assume, mesmo vendo os horrores que eles cometem! Nesse caso seja Caim, que um dia serás um Abel de verdade. Eu cansei de ser Madalena, que não era puta como dizem. Vem de alma, eu queria ser a Egipcíaca". 

A mulher estava me chamando de covarde, segundo entendi. Foi quando começamos a incendiar aquele quarto, logo botando fogo na cidade, eu assaltando bancos e matando Cains, ela com navalha castrando os canalhas ricaços que iam ao cabaré em busca de sexo, anormais que queriam coisas que em casa não tinham, depois do talho na jugular. A Egipcíaca fez a cabeça das outras, cada uma com graves problemas na vida, sofridas, aconselhava. Então as outras cortavam, serravam e enterravam os corpos nos fundos, bem felizes. Eu me cuidando dela e ela se cuidando de mim.

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