Por Alex Moraes *
Mormaço. É sete da noite em Porto Alegre.
No túnel, um barulho ensurdecedor de carros
que passam freneticamente.
Na universidade, vozes monocordes carregam o ar com conhecimentos seculares e mofados.
Numa esquina qualquer, um pedinte imundo estende suas mãos à gente que passa: "uma moeda..."
No Hotel Plaza, servem coquetel suntuoso e falam em alemão, inglês e francês.
O boliviano, na praça da Alfândega, entoa cantos folclóricos em espanhol.
Cada pessoa tem seu cheiro.
Os odores mesclados produzem o fedor
da grande cidade.
Velhas e escatológicas galerias subterrâneas
são as veias que transportam
os fluidos da metrópole.
Fluidos expelidos no imenso
lago turvo sobre o qual a cidade
dorme debruçada.
Esticada ao lado da sua fossa de urina e fezes, a urbe cai em sono perturbado.
Porto Alegre sonha com meninas violentadas em praças sombrias,
com presos seviciados nas celas do Presídio Central,
Com crianças entorpecidas pelo solvente,
com homens que, no interior dos seus
palacetes, sorriem sorrisos limosos
e brindam à barbárie da qual dependem.
*Alex Martins Moraes (foto à Carlito Gardel), 15/06/1988, poeta, gaúcho de Porto Alegre, é estudante de Ciências Sociais, com ênfase em antropologia. O Rei da cidade.
Salve, Sala!
ResponderBorrarpesquisando pelo Google deparei-me como essa atual e agradável surpresa. Não acredito que tinhas esta foto!
Agradeço pelos comentários sem dúvida exagerados.
Numa monarquia o delfim assume quando o rei absoluto definha e bem sei que tens decênios pela frente.
forte abraço!
E quando puderes, passa lá no Porta Prosas. Tem alguns poemas novos e meia dúzia de textos algo fajutos de minha autoria. www.portaprosas.blogspot.com
Agradável surpresa foi tê-lo conhecido, Alex Moraes.
ResponderBorrarGrande abraço.
Salito.