viernes, 5 de octubre de 2018

Boca de urna na Cidade Baixa

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Por Carlinhos Adeva

Com o moral que andam os institutos de pesquisas, bem, andam não, o povo talvez antes não soubesse, mas o que se diz é nunca tiveram moral, os chefões, não os escravos, atualmente se inventarem de perguntar pro cara em quem votou vai receber um "No teu cu", ou em algo envolvendo a mãe do elemento, ou, pior ainda, de sacanagem o cidadão diz que votou em A enquanto na verdade foi em B. Bem, como ia dizendo, com o moral que não tem os tais institutos, a turma do bar resolveu fazer por conta própria a pesquisa de boca de urna na Cidade Baixa.

Não há risco de serem insultados ou de apanharem dos entrevistados, esse perigo quem corre são os de sempre, pois dirão pertencer ao Contradata, e são rostos conhecidos no bairro, quem não conhece os famosos boêmios, lendas vivas, os moradores lembrarão do rei Bruno Contralouco, ficarão contentes em ser convidados para aparecer no boteco, uma grande distinção: valeu, amigo, nos vemos lá mais tarde e tal. Com as mulheres quererão tirar selfie, pedir o número do telefone e nome no facebook, quem sabe à noite dar uma escrutinada prévia, quiçá até botar o voto na urna, deixa pra lá. Não haverá nenhum problema.

Os pesquisadores tomando mate, claro, sem erva na cuia e com caipirinha na térmica, ou uísque, qualquer trago, até cerveja cai bem se fizer um dia quente. Seis endereços para cobrir: um na Rua da Olaria, dois na República, um na Venâncio, um na João Alfredo e mais um na José Honorato, no total 46 salas e 16.784 eleitores. Com 18 boêmios e/ou boêmias, 3 por endereço, será mole, nenhuma seção ficará fora da pesquisa, cem por cento. 

Para assegurar um resultado também cem por cento fidedigno o pessoal bolou uma técnica infalível: vão pedir a colinha das pessoas à saída das salas de votações. Não precisa dar o nome nem nada, só a colinha. Quando a tarde estiver morrendo, no encerramento dos trabalhos, já com a térmica vazia e de posse dos sacos de colinha, os exaustos pesquisadores, meio altos do chão, irão se encontrar no bar.

A apuração do resultado será como antigamente faziam os bicheiros da Vila Isabel, lá no Rio: vão juntar as mesas do bar, despejar tudo em cima e conferir os papeizinhos na frente de todo mundo, até de polícia se entrar. Lá pelas dez da noite teremos o Presidente, pelo menos pelos votos do famoso bairro boêmio de Porto Alegre.

Imagina-se que a soma de Haddad e Ciro beirará cem por cento, mas o Boulos poderá surpreender. É necessário uma movimentação forte nos últimos dias, com esperança, alegria, para compensar os fascistas do Parcão, dizem os boêmios entendidos. Entendidos em pesquisas e campanhas, bem entendido, não como aqueles que só entendem de armário.
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