sábado, 29 de mayo de 2021

NOS MEUS VINTE ANOS


O valoroso poeta e outros bichos Josué Pereira Rodrigues, primo pelo lado dos Rodrigues, numa foto tirada com seus afetos e amizades, ele naquela noite vencedor, prêmio na mão, de um festival nativista. 

No isolamento aqui nos cafundós, Josué, dei de lembrar de coisas que achava que tinha esquecido. A idade ou a correria desta vida? Ambos, possivelmente. Conto uma, se já não contei, em livrinho inédito sei que sim, mas agora não recordo em qual, não importa.

Nos meus 20 anos eu tinha saído de outros lugares onde morei ali por perto, ai que felicidade, saí de lá, graças a amigos fui morar numa república na Rua Lopo Gonçalves, ainda na Cidade Baixa de Porto Alegre. Numa miséria desgraçada, mas o ambiente era muito melhor, tinha vagabundos podres, mas também algumas pessoas maravilhosas como Helio Oristín e Pedro Renz, estes que mesmo naquela miséria nunca me deixaram mal.
Desempregado ainda. Um dia apareceu lá o palmeirense Adelar, que já me conhecia de nome visto que ainda menino joguei bola em Palmeira, quem viu não esquece. Alguma conversa, naquela situação eu tímido, ele era ligeiro, o cara era bom e querido. Gostou de mim. Confiança. Um dia ele foi com a família passar um fim de ano em Palmeira e antes de viajar passou lá na Lopo, me pediu para ficar no seu apartamento, no Centro, tinha nego rondando para miau. Um belo apartamento, enorme, os quartos no andar de cima, geladeira cheia, garrafas... me senti um rei lá dentro. "Coma e beba à vontade, tem televisão, só cuide pra não entrar ladrão". Deixei um punhal à mão, ouvidos finos; que ladrões nada, sumiram do mapa, até porque andei dando umas voltas pela Bento Martins e cercanias. Sábado à noite, na solidão, acabei levando umas amigas que não deveria ler levado, ui que noite. Deu um rebu, enquanto uma me entretinha as outras roubaram até a peruca da sua esposa. Longa história, pulo, mas recuperamos tudo, ele e Caio Beck fazendo a frente, eu me vingaria depois das infelizes, tadinhas.
Bem, arrumei emprego e acabei perdendo todos de vista, Consta que o Adelar tempos depois faleceu em acidente de carro, indo à Palmeira, judiaria, e tinha no carro um primo que sobreviveu no banco de trás. Era tu ou um irmão mais velho, ou outro da terrinha?

(Josué respondeu: era o Armando Rodrigues, mais velho, que já partiu.)

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