domingo, 11 de octubre de 2020

BOLINHO DE CHUVA

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Outro dia, naquela de nunca mais dar ração com T - todas são à base de T - para o Gatolino e o LF, fiz uma panelada de arroz com cenoura raspada. O raspada não é com aparelho de barbear nem com aqueles grudes nas pernas e em outros lugares, prezadas senhoras. É aquele utensílio de cozinha onde a gente esfrega o legume duro, arriscando ir um dedo junto, e este - o legume duro, não o dedo - sai em pedacinhos ou raspas por baixo, se bem que outro dia me levou a polpa do polegar com um pepinão. Qual o quê, só o LF comeu um pouquinho. Também, sem sal nem nada, nem gato comeria aquilo. Só se os deixasse a morrer de fome, aí o nego come até casca de árvore, guanxuma, lagartixa de parede e o que pintar, mas não sou tão ruim assim. Bom, hoje achei que as freiras ficariam em casa, afinal estou de aniversário, mas lá se foram trabalhar na boate. Sabem, né, boate com quartos nos fundos na verdade tem outro nome. Decidiram que o melhor presente que poderiam me dar seria dez mil reais, o que pretendem faturar hoje, por baixo, em cima de políticos direitosos. Meio a contragosto aceitei, afinal dez mil é dez mil, ainda mais sabendo que eles roubaram para gastar um pouquinho na boate, o grosso tiram do País. Acompanhei-as à porta e falei que hoje iria fazer bolinho de chuva, vez que uma chuvarada imensa está prometida para Porto Alegre nas próximas horas, conheço o céu. É bolinho de arroz, com a panelada que os gatos recusaram, mas passa por de chuva, gosto de chuva, vou botar sal, pimenta e salsa. Mariana de Rosário riu: "Ahahah, tu não sabe fazer bolinho, vai é fazer bagunça". Ora, se sei fazer até bacalhoada...

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