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Reencontrei Maurita, antigo amor do século passado, no Dia
Mundial dos Gatos, no bar Gato Molhado, o bar lindo, dezenas de mesas lá fora
sob as árvores. Abraços, beijos, ela nem eu lembramos a causa da nossa
separação. Ela disse que não viveu um dia sem lembrar de mim. Igual então: não
vivi um dia sem lembrá-la, todas as horas, todos os minutos, em bonança ou
tormenta. Meu Deus, quantas tormentas.
Quando vi saímos de mãos dadas. Anoitecia. Sem combinar peguei e ela
segurou firme, trançando os dedos. Fomos conversando felicidades por uma
avenida arborizada. Não lembro da última vez em que andei passeando de mãos
dadas com alguém.
Como por milagre as autoridades de Viamão não me expulsaram
neste anoitecer de domingo. Eu não sabia, mas ela me disse que é amicíssima do
Galo Louco, do Coelho Branco e da Raposa Terezinha.
E Maurita sabe mais: vai-me apresentar a outros bichinhos
amados que não conheço, falou da Ovelha Rosa, do Gato Roxo, do Pardal Azul e
das aves da tribo de andorinhas - à frente a Faz Verão - que voam, volteiam no
céu e pousam na sua moradia.
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