lunes, 31 de octubre de 2011

A Charge do Dias

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Pelo Beco do Oitavo, o Zope encantou a turma, tirou daqui.




Pelo Botequim do Terguino, Newton Silva, do Jangadeiro Online.


domingo, 30 de octubre de 2011

Fred Bongusto - Cazzarola

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Depois de citar de passagem a cidade de Bento Gonçalves (RS), foi inevitável ficar com a grande colônia italiana rodando em doces lembranças.

O cantante é Fred Bongusto (Alfredo Antonio Carlo Buongusto, cantor e compositor, 6 de abril de 1935, Campobasso, Itália).

Cazzarola é do próprio Bongusto, parceria com José Mascolo e Luigi Albertelli.

Zélia Duncan: Doce de Coco

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Por falar em Doce de Coco (Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho), quem andou de niver outro dia foi a Zélia Duncan (Zélia Cristina Duncan Gonçalves Moreira, Niterói, RJ, 28 de outubro de 1964), o que aqui passou batido por culpa de Mr. F. Febraban.

Já é tempo de o pessoal colocar a Graça na rede mundial. A Graça que é de botar tudo abaixo, estilo oposto ao da Zélia, esta que aqui saiu-se muito bem, acompanhada do grande Hamilton de Holanda ao bandolim, e Mike Marshall e Zé Menezes nos violões.

Fim de noite no Beco do Oitavo

.Coco
João da Noite envia foto com vista parcial (o cantinho dos artistas) do Beco do Oitavo, às duas da matina. Com o micro na mão a Graça, a melhor cantora da Cidade Baixa (isto é, do mundo) cantando Doce de Coco (Jacob do Bandolim/Hermínio Bello de Carvalho), acompanhada pelos violões do maestro Massareti (à esquerda) e do Dr. Teixeira. Diz que o Dr. Teixeira, aliás, depois deu um show, interpretando A Banca do Distinto, do Billy Blanco. Pela tremura do retrato percebe-se que o fotógrafo já estava para lá de Bagdad. Na foto seguinte, alguns frequentadores que resistem em ir embora. Entre estes a atriz e poeta Piqui, com um palito nos cabelos.

Dizer o quê? Vai um abraço aos boêmios!




Moacyr Luz é Vasco!, n'A Charge do Dias

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Adolfo Dias Savchenko ressurgiu em grande estilo. Impôs a sua autoridade e escolheu as charges do Beco do Oitavo e do Botequim do Terguino. De quebra, uma toda sua. Começou por esta, dando um sinalzinho da sua imensa cultura com uma triste alusão à famosa peça En attendant Godot (Beckett, escrita no sagrado ano de 1952), da lavra do não menos famoso Pater, em A Tribuna (ES).



Pelo Botequim do Terguino, onde o assunto dominante é o futebol, veio com o Mário Alberto, do Lance (por que será que esse portuga nos lembra o Moacyr Luz?! Abraço, Moacyr!).




E pelo Beco do Oitavo, de braço dado com o Duke, do Super Notícia (Belo Horizonte, MG), vem a sua inconformidade com os moleques do Ministério da Deseducação. Fosse Itamar Franco o presidente, diz Adolfo, o filhinho-de-papai que se passa por ministro há horas estaria no olho da rua, com um bruto processo de incompetência nas costas.




A jogadora de volei e Carlito Yanés

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É hoje...

Mal Ju Betsabé concilia o sono (assim imaginamos acá), cai o silêncio na palafita, cortado apenas pelo som de Piazzolla que colocamos baixinho, quando subitamente...  entra uma ligação urgente.

Ele, o próprio, o filósofo João da Noite. Convidando para irmos todos para o Bar do Nito. Hummm... ele sabe que até movimentar homens e armas levaríamos uma hora. Entre fingimentos de sinceridade, mas sabendo que a gente sabe disso, zombeteiro, ficou enrolando. Eu disse: "Diz logo, João". Mesmo meio bêbedo se toca do tarde da hora, e do humor aqui, e diz a razão do telefonema. Para falar de Carlito Dulcemano, mano de Salito. Um cara, Dulcemano, de tremores nas mãos e secura no sangue.

Carlito mede 1,79 m e pesa 76 Kg. Pois João, entre gargalhadas - precisava contar para alguém - diz que Carlito aprontou. Grande novidade Carlito aprontar.

De encontro marcado com Gema Tulizon, uma gringa doida de atar que ele ganhou atrás de um "pareiral" no interior de Bento Gonçalves, encontro marcado no Galeão, ele vindo de Foz do Iguazu, no meio do caminho, na conexão em Viracopos (sim, o aeroporto de Campinas, também nunca entendemos isso de vira o copinho),  fazendo hora parou para comprar uma pinga cara na Cachaçaria no meio do aeroporto. Ele  lá, bem belo, chapéu puxado para trás, e eis que passa uma jogadora de volei da seleção brasileira.

A mulher com 1,95 m, boa pessoa, otariona mas muito querida, peitudinha e... João, eu disse, pouco me importa o tamanho da bunda, termine logo. Ele terminou: ela inventou de olhar atravessado para Carlito.

Para quê.

Diz João que Carlos Dulcemano perdeu Gema, esta vai ficar uma semana esperando no Leblon. Respondo secamente que Carlito sabe o que faz, enxerga de costas, deve conhecer bem a gringa que dispensou. Tiau, seu João.
João da Noite se apressa avisando para abrirmos o e-mail, mandou foto representativa (não dá para colocar foto de verdade por causa dos mercenários dos banqueiros, querem a caveira de Carlitinho). Kafil abre em tela grande. Independentemente da foto, já estamos com dó da moça.


Ninguém me ama

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Ju Betsabé está viciando em telefonar de madrugada. Nada de chorar mágoas, ela é uma mulher jovem, valente e otimista. Telefona porque entre outros estudos é pesquisadora da música brasileira, por alguma razão escapou da torrente alucinada do invasor assassino, os ianques que matam sem julgamento, se fora de suas fronteiras tomadas do México. Como escapou? Vá se saber. Escapamos aqui também, sem razão aparente. Humanistas?

E cita um inigualável clássico do maluco, abismado, fantástico, Antônio Maria, glória nacional. Tudo isso porque ela adorou o tom grave da voz de Nora Ney. Nora que somos apaixonados aqui na palafita. Kafil diz que a amaria até morrer. Consolei-o: o Jorge Goulart fez isso. Pois encontramos, de época, meados do século passado. Nora cantando Antônio.



sábado, 29 de octubre de 2011

Que honra?, n'A Charge do Dias

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Este final de outubro jamais será esquecido. No outro dia, novo milagre: o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino foram unânimes na obra do mesmo artista (única voz discordante foi o Lorildo, primo do Gustavo Moscão, que tem uma gringa que olha para... deixa para lá, mas como ele é aquisição recente a turma o perdoou). Ausente Adolfo Dias Savchenko, o titular do espaço, sabe Deus onde andará. Nas esquinas da emoção, como ele costuma dizer a cada vez que se apaixona pela pessoa errada.

Deu o fantástico Thomate, de A Cidade (Ribeirão Preto, SP). Tirou daqui.


Nelson Cavaquinho - Quando eu me chamar saudade

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A obra de Nelson Cavaquinho (o lembramos nos cem anos, claro, clique, é a postagem anterior a esta) é tão rica quanto extensa. Da sua vida, irmã gêmea da obra, o que dizer? Por mais que se diga, sempre será pouco.

Neste dia - com um trago e com a benção do seu Nelson, estamos certos -, aproveitamos para homenagear a grande Nora Ney (Iracema de Souza Ferreira, 20/3/1922 - 28/10/2003, Rio de Janeiro, RJ), que ontem assaltou os nossos sonhos o dia inteiro (não conseguimos postar nada à noite, Nora, estávamos ainda assediados pelos mercenários de Mr. F. Febrabran, mas mesmo diante do perigo tínhamos a sua voz no pensamento. Abraço ao Jorge Goulart!).

Este samba do Nelson é obra-prima de franqueza popular. Sentimentos indescritíveis, de quem viveu a vida por viver, solto, honesto, emocionado. O que provocam lá dentro os cabelos brancos de nosotros aos 14 anos... Dizer "Estou saindo... e não quero nem saber".

Parceria com seu camarada de primeira hora e até o mundo se acabar, Guilherme de Brito.

Letra e música, música e letra, o consternado e balbuciante lamento, a inconformada aceitação, a consciência da vida que nos foge, mostram um pouco da alma corajosa desses visionários de céus e infernos aqui na Terra. 

E a Nora...

Sorríamos. Aqui elevamos preces com muita seriedade. E lembramos!

E vivemos como se fôssemos morrer amanhã.

Tintim!
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Nelson Cavaquinho - Cem anos é pouco!

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A Lapa, todas as Lapas, em pessoa. Nelson (Cavaquinho) Antônio da Silva (29/10/1911 - 18/2/1986, Rio de Janeiro, RJ), filho de um contramestre da banda da Brigada Militar (tocava tuba) e de uma lavadeira do Convento de Santa Teresa, tudo gente decente e trabalhadora (longe de criminosos citados lá em cima, na "capa" deste blog por vezes raivoso), espantou e ainda espanta o Brasil.

Até lá pelos seus 20 anos tocava em cavaquinho emprestado, com dois dedos apenas. Um jardineiro português se compadeceu e lhe deu um de presente. Logo fez amizade com Zé da Zilda e Carlos Cachaça. Sem nenhum no bolso, fazia patrulha de a cavalo no morro para ganhar a vida, e logo conheceu Cartola. Tomou cadeia nesse dia, o cavalo voltou sozinho para o batalhão dos milicos onde trabalhava. Tinha um "grave defeito": não podia ver mulher. Daí a solidariedade espontânea que todos os habitantes desta palafita sempre lhe dedicaram, irmão é irmão. Claro, para ser irmão de alma, bebia a dar com um pau, sem jamais perder de vista infernos e céus. A voz rascante, queimada em batismos etílicos de buteco em buteco, ah que companheirada, ai que moça aquela, via-sacra sem fim, pelas madrugadas da vida.

Um pouco - o básico - da sua vida e obra a gente encontra no formidável dicionário do Ricardo Cravo Albin, AQUI.

Bravo, seu Nelson! Tintim!


(Juízo Final, parceria com Élcio Soares)



NE: Aos cinturas duras dos jornalões do Brasil: o moço não nasceu em 28 de outubro, e sim em 29, o pai dele puxou um dia (amigo no cartório... pai é pai) para poder arrumar-lhe um emprego de cavalariano. Lindo, cavalgando para evitar briga no morro, cavaco nas mãos e garrafa no bolso.

viernes, 28 de octubre de 2011

Dilma levanta peso, n'A Charge do Dias



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Milagre: unanimidade. Deu Manga.



Capa de ontem: Despachado a pau o lalau, contra a vontade do governo, Aldo Rebelo é o novo ministro dos Esportes. Prova de fogo, Aldo, pois essa Copa é como disse ontem na tevê o sobrevivente Sócrates: Da FIFA à CBF, passando pelos vilões que tocam o negócio - os políticos, aquilo é um antro de larápios, a Copa serve apenas para assaltarem bilhões.

jueves, 27 de octubre de 2011

José Miguel Wisnik (2)

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José Miguel Wisnik tem cada coisa... a gente começa a mexer e não quer parar mais.

Aqui a sua forte e pungente Se Meu Mundo Cair , na voz de Zizi Possi. O grande paulistano adotivo alude diretamente, sem hesitação - mas muitos tremores há de ter sentido ao dedilhá-la no piano, ao colocar a letra que sonhou, muitos uísques tomado - nesta obra-prima de amor,  à tristeza de Maysa.

Tintim.




Se meu mundo cair
então caia devagar
não que eu queira assistir
sem saber evitar

cai por cima de mim:
quem vai se machucar
ou surfar sobre a dor
até o fim?

cola em mim até ouvir
coração no coração
o umbigo tem frio
e arrepio de sentir
o que fica pra trás
até perder o chão
ter o mundo na mão
sem ter mais
onde se segurar

se meu mundo cair
eu que aprenda a levitar



José Miguel Wisnik

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José Miguel Soares Wisnik (27/10/1948, São Vicente, SP), é um dos maiores artistas contemporâneos (biografia AQUI).

Compositor, pianista, cantor e ensaísta. Também professor de Literatura Brasileira da USP.

No vídeo, ele e a turma de doidos maravilhosos do Zé Celso Martinez interpretam a sua "Verão".

Saúde!, José Miguel, tintim.




E quando vai chegando a estação
Da primavera virada verão
Da tragédia brasileira
Nasce a sua verdadeira
Cor e dor de carnaval
E tudo que podia dar mal
Nessa dor e na alegria total
Que nos guia e arrepia a céu aberto
Vem mais perto do coração gritar
Verão
O canhão de luz do sol enche a vista e avista a imensidão
Todo coro de pimbins tamborins vem na pista do verão
Quebra e se requebra a onda espumando a crista
Trovão
Tempestade no horizonte desaba e se acaba no verão
É só hoje é hoje só meu amor não me afogue no tesão
Templo de Apolo erguido a Dionísio andrógino



A Charge do Dias

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O Beco do Oitavo veio de Dálcio, do Diário do Povo (Campinas, SP).




O turma do Botequim do Terguino leva fé na justiça da ministra Cármen Lúcia. Optou pelo Cláudio, do Agora S. Paulo. Adolfo Dias, que está novamente em local incerto (atravessou a fronteira à cata de uma castelhana) não estaria assim tão seguro, a ministra é minoria nesse outro covil de politicagem.


miércoles, 26 de octubre de 2011

Quanto mais eu fico rico

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Belchior (Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes, 26/10/1946, Sobral, CE), depois de abduzido por alienígenas ao sul do mundo, agora anda por aí, lépido e gracioso.

Aqui com a sua Paralelas, de 1974.



A Charge do Dias

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É do Marco Aurélio, da Zero Hora (RS).

domingo, 23 de octubre de 2011

Chega de sangue

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Por Mauro Santayana

Diante da imagem de Kadafi trucidado, e dos aplausos de Mrs. Clinton e de dirigentes franceses, ao ver o homem seminu e ensanguentado, recorro a um testemunho indireto de Henri Beyle — o grande Stendhal, autor de Le rouge e le noir — de um episódio de seu tempo. Beyle foi oficial de cavalaria e secretariou Napoleão por algum tempo. Em 1816, em Milão, Beyle ficou conhecendo dois viajantes ingleses, o poeta Lord Byron e o jovem deputado whig John Hobhouse. Coube a Hobhouse relatar o encontro, no qual Beyle impressionou a todos os circunstantes, narrando fatos da vida de Napoleão. São vários, mas o que nos interessa ocorreu logo depois da volta do general a Paris, em seguida à derrota em Moscou.

Durante uma reunião do Conselho de Estado, da qual Beyle foi o relator, descobriu-se que Talleyrand havia escrito três cartas a Luís de Bourbon, que restauraria, dois anos mais tarde, o trono. As cartas, que se iniciavam com o reconhecimento de vassalagem, no uso do pronome “Sire”, revelavam que o bispo já conspirava contra o imperador. Os membros do Conselho decidiram que Talleyrand devia ser castigado com rigor — ou seja, condenado à morte. Só um homem, e com a autoridade de “arquichanceler” do Império, Cambacérès, se opôs, com voz firme: Comment? toujours de sang? Napoleão, que estava deprimido e com as cenas de seus soldados mortos no campo de batalha, ficou em silêncio.

O sangue que se verteu no século passado devia ter bastado, mas não bastou. Iniciamos este novo milênio com muito sangue e a promessa de novas carnificinas. O cinismo dos que exultam agora com a morte de Kadafi, ao que tudo indica linchado pelos seus inimigos após a captura, dá engulhos aos homens justos. Os que levaram a ONU a aprovar os bombardeios brutais da Otan contra a população líbia haviam sido, até pouco tempo antes, parceiros do coronel na exploração de seu petróleo, indiferentes a que houvesse ou não liberdade naquele país.

Mas Kadafi não era apenas o ditador megalômano, que vivia no luxo de seus palácios e que promovia festas suntuosas para o jet-set internacional. Ele fizera radical redistribuição de renda em seu país, mediante uma política social exemplar, com a criação de universidades gratuitas, a construção de hospitais modernos e assistência à saúde universal e gratuita. Quanto à repressão, ele não foi muito diferente da Arábia Saudita e de outros governos da região, e foi muito menos obscurantista para com as mulheres do que os sauditas.

Apesar das cenas horripilantes de Sirte, que fazem lembrar as de Saddam Hussein aprisionado e, mais tarde, enforcado, além das usuais que chegam da África, há sinais de que os homens começam a sentir nojo de tanto sangue. É alentador, apesar de tudo, que o governo de Israel tenha aceitado acordo com os palestinos, para a troca de prisioneiros. É também alentador que os bascos hajam renunciado à luta armada e preferido o combate político em busca de sua independência. E é bom ver as multidões reunidas, em paz, em todos os países do mundo, contra os ladrões do sistema financeiro internacional — não obstante a violência, de iniciativa de agentes provocadores, como ocorreu em Roma, e a costumeira brutalidade policial, na Grécia, na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos.

Há, sem dúvida, os que sentem a volúpia do cheiro de sangue, associado à voracidade do saque. A reação atual dos povos provavelmente interrompa essa ânsia predadora das elites europeias e norte-americanas — exasperadas pela maior crise econômica dos últimos oitenta anos e ávidas de garantir-se o suprimento de energia de que necessitam e a preços aviltados.

É preciso estancar a sangueira. O fato de que sempre tenha havido guerras não significa que devemos aceitá-las entre as nações e entre facções políticas internas. Como mostra a História, o recurso às armas tem sido iniciativa dos mais fortes, e diante dele só cabe a resistência, com todos os sacrifícios.

No fundo das disputas há sempre os grandes interesses econômicos, que se nutrem do trabalho semiescravo dos povos periféricos, como se nutriram grandes firmas alemãs, ao usar judeus, eslavos e comunistas, como escravos, em aliança com Hitler.

A frase é um lugar-comum, mas só o óbvio é portador da razão: os que trabalham e sofrem só querem a paz, para que usufruam da vida com seus amigos, seus vizinhos, suas famílias.

O odor do sangue é semelhante ao odor do dinheiro, e excita os assassinos para que trucidem e se rejubilem com a morte — como se rejubilaram ontem, diante do corpo humilhado de Kadafi, a secretária de Estado dos Estados Unidos e os arrogantes franceses. Há três dias, em Trípoli, a senhora Clinton disse a estudantes líbios que esperava que Kadafi fosse logo capturado ou morto. Nem Condoleeza Rice, nem Madeleine Albright seriam capazes de tamanho desprezo pelos direitos de qualquer homem a um julgamento justo. Esse direito lhe foi negado pelas hordas excitadas por Washington e Paris, com a cumplicidade das Nações Unidas — e garantidas pelas armas da Otan.

Não que Kadafi tenha sido santo: era um homem insano, e tão insano que acreditou, realmente, que os americanos, italianos e franceses, quando o lisonjeavam, estavam sendo sinceros.

Madrugada com Betsabé

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Betsabé telefonou às quatro e meia da manhã, a sua voz fininha um tanto rouquinha (mau sinal, conheço meu povo) e intimou: se você não colocar, meu, o Stan com o Mulligan, perde uma amiga e o teu Carlito Dulcemano Yanés perde um amor. E desligou.

Ordens são ordens.

Em 7 de julho de 2013: Este os criminosos tiraram, à guisa de "direitos autorais" que é querer que a gente compre os lixos que vendem hoje. Pena eu não ter registrado o nome da peça tocada. Azar. Lá embaixo vai outra! De teimoso. Viu, Ju Betsabé?

Agora registro: Anos de solidão.









sábado, 22 de octubre de 2011

Desgarrados

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Hoje o aniversariante é o espetacular compositor e cantor gaúcho Mário Barbará Dorneles (São Borja, 22/10/1954), que é o autor, entre muitas preciosidades, do clássico Desgarrados (parceria com Sérgio Napp), sobre um pungente drama social que ainda nos abala.

Saúde, Barbará, hoje mateamos por ti aqui na palafita.

O Beco em Bagé, n'A Charge do Dias

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O Botequim do Terguino hoje nos surpreendeu, costuma abraçar temas mais, digamos, ternos. É do André Marangon, de A Tribuna Piracicabana (Piracicaba, SP).




Adolfo Dias Savchenko desapareceu novamente, levando todo o Beco do Oitavo. Foram vistos pela última vez num buteco na entrada de Bagé (RS), uns bebendo enquanto outros, W Schu à frente, faziam serenata, em plena luz do meio-dia, para as moças da janela da casa do lado. Só imagino o escândalo quando chegarem à praça central.


Gerry Mulligan

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Falamos no homem antes. E aquilo ficou bailando na cabeça. O melhor saxofone do mundo em certo momento, para mim sempre. Infelizmente o perdemos há algum tempo.

Aqui com o bandoneon de... ara.

Um recuerdo de Olavo Bilac, do Juarez Lucas

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Juarez Lucas, um bageense (Bagé, RS) flor de amor e sinceridade, um dos poucos auditores sérios deste Brasil, pela coragem e destemor, inteligência pura mas também forjada em fogo de chão, e, coisa rara, honestidade, vem de nos lembrar Olavo Bilac.

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! 
Criança! Não verás nenhum país como este!
(...)
Boa terra! Jamais negou a quem trabalha
O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece.
Criança! Não verás nenhum país como este!
Imita na grandeza a terra em que nasceste!


A seguir nos dá notícia de que um Tribunal de Contas de Alagoas está seriamente contaminado.

Grande novidade, amigo Lucas. Tente me dizer o que é e sempre foi o do Rio Grande do Sul? Com as exceções de praxe, que apenas confirmam a regra.

Eu vi, Lucas, um gringo se fazendo de homem de bem,  escrevendo em jornais, ensinando honestidade.  Esse não pegaram, os seus negócios imobiliários morreram com a ditadura. Mas eu guardeo documas. Recentemente houve um caso envolvendo um sujeito de São Sepé, dono do campinho lá.  Dará em nada, como sempre, e se der escapa na lei dos velhos, além de certa idade não vai preso.

 
Políticos. Esses os habitantes dos tribunais de que falas. Iríamos esperar  o que dessa racinha. Por alguma razão, ao falar de negócios imobiliários recordamos do Amaralzinho Olho-Torto.


(Peço por favor às pessoas citadas para não mandarem me matar, pois além do povo da palafita tenho contrato, aquele blábláblá de Jacarepaguá, se mandarem iremos todos, sem respeito, os animais de estimação juntos. Respeitem-me, e aos meus, se uma filha minha for atropelada, por desatenção no trânsito, pensarei que foram vocês, e nada neste mundo me fará mudar de idéia).

Mudamos de assunto?
Sim.
Vai uma música ao amado amigo, que tanto admiramos. Os artistas dispensam apresentação.




viernes, 21 de octubre de 2011

Égua!, n'A Charge do Dias

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Ponto 1 - Das duas uma: ou ainda estamos com um humor de cão, resvalando na idiotice de culpar o maldito mundo quando no baile não toca a música que gostaríamos, ou quando "aquela" mulher não nos tira para dançar, deixando para trás a fila de babões que a querem (já é 3 da matina e ela dançou com 40, uminha e agradeceu, e lá de dentro do vestido vermelho fica me olhando, eu lá do fundo, última mesa, olho para o outro lado, vai ter que me tirar), ou são os nobres artistas que miraram com flecha em diagonal, pela física de ellos, exatamente como querem os verdadeiros criminosos. Vistas assim aqui da parte de cima da palafita (o exame e as escolhas não nos competem), é um grito de omissão, audível em todo o planeta.
Cada vez que escrevo Vista assim... recordo Hermínio Bello de Carvalho. Saravá, meu irmão, rei dos reis de amor, aí do alto.

Por alguma razão, a imensa maioria coloca no inferno o ditador capturado e a seguir assassinado a sangue-frio. Acompanhado do diabo, do Sadam, etc. 

Não vimos o Bush a caminho de tão agradável sítio. Nem o Tio Sam, aquele velho carniceiro.

Enfim...

Ponto 2 - No Botequim do Terguino os ânimos se exaltaram hoje, perto do meio-dia, por conta de uma charge infernal. O velho Terguino Ferro discutiu com Gustavo Moscão e negou-se a lhe servir bebida. Disse: "Agora as cervejas são todas minhas, não sirvo mais vagabundo". E começou a bebê-las, uma a uma, rosto fechado. Putz, chamar o Moscão de vagabundo..., foi para o espaço a lei maior dos boêmios, do respeito a todo custo. Todos os demais se prepararam para uma intervenção no braço, a qualquer momento. Mr. Hyde, que é do Beco mas estava de visita, simulou pegar uma seringa e injetar, para acalmar os malucos. Ninguém achou graça. O Gustavo abriu o jornal e ficou fingindo procurar algo, calmamente, mais sério que guri que fez arte. O Moscão calmo! Terguino ainda rosnou: "Gente que lê o Estadão tem mais que apanhar". Desceu aquele silêncio que grita. Algo não estava certo. João da Noite nos contou. João disse que nunca mais olharia para eles, se fossem às vias de fato. Briga de mão ou garrafa é para gentalha. Homem dá um tiro. Menos, João.

Às duas da tarde Terguino saiu detrás do balcão, Gustavo levantou-se da mesa 8, caminharam um em direção ao outro. A meio metro, alguns já se levantavam para intervir, quando os malandrões se abraçaram com ímpeto e desataram a rir, um levantando ao outro ao ar feito gangorra. Beijavam-se, os patifes. Era armação, os filhos da mãe estavam combinados, rir do nervosismo do pessoal. Não sabia dessa particularidade dos amigos: bons atores. Mas isso não se faz. Hijos de...

Ponto 3 - As obras escolhidas, às seis da tarde.

Os herméticos do Beco do Oitavo ficaram com o grande Cláudio, do Agora S. Paulo. Cláudio vem de dizer o que outro dia falamos: que ninguém aguenta mais a reprise do mesmo velho filme sobre gangues, o mesmo papo furado.





O Botequim do Terguino, em festa depois do inaudito fato, que deixou a todos tensos (agora entendemos, foi um treino sobre o que não se deve fazer, educativo), abraçou ao Renato, de A Cidade (Ribeirão Preto, SP).




E ele, Adolfo Dias Savchenko, que brotou na paisagem sem a negra Conceição e seu fusô enfiado (ninguém perguntou nada), pediu uma losna, olhou tudo, mirou o teto por duas horas e depois disse seco: "Fico com o  Niuton", referindo-se ao Newton Silva, do Jangadeiro Online (Fortaleza, CE). Égua bicho!




Compay Segundo e Omara Portuondo: Veinte años

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João da Noite corre a me dizer, depois desta noite triste: "Os predadores, Salito, podem viver cem anos. Jamais serão felizes, em cem, o que és em um minuto".

Faz sentido. Mas recordo os tempos de fome, os horrores de crianças com muita, rememoro o que vejo na tevê a cada vez que entro para sentir como está o clima,  e, ainda triste, vingativo, respondo: "Não sei. Só sei, João, que estou doido para que algum deles tente tocar em mim". Dando as costas em direção ao toca-discos senti a alma de Juanito Diaz Matabanquero, querendo que eu saia do sério, que vá ao ataque. Não, não sou feliz. E não pego em armas.

Ainda não. E ofereço a canção, ao João, a Juanito e a todos de casa. E a ti, que por acaso esteja passando.


Valsinha (Para Mr. Google)

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Esta noite nunca esquecerei.

Com saudades, digitei no Google Zezé... antes de terminar pulou uma tropa de..., deixa pra lá, um mau gosto dos infernos, Zezé e Luís, Luciano, Alfredão, conjunto Ai doeu o meu, conjunto Ai mete amor, conjunto Guampa Grande é Bom, Zézão e Camargo, tudo sertanojo. O lixo em peso, toneladas. Só faltou Chotaozinho e Xorori, grandes empresários de churrascarias caras, uma bosta feita para otários, com pobres bois do mato grosso. Lá só vai boi.

Por que essa ânsia, Mr. Google? Por que querer adivinhar o que eu quero? Por que querer que eu queira o que você quer?

Pombas, seu Google, pare de apostar que todos amam lixo. Sei que o dinheiro é importante, é toda a tua vida, teu amor, mas o senhor tem responsabilidades, este mundo... vai-lhe cobrar amanhã ou depois. Esperteza demais prejudica, como dizia Vinte e Um de Lima.

Não está vendo os povos sofridos aos poucos se levantarem? (Na foto, Li Betsabé, prima da Ju,  protestando em Waal Street). Não está vendo que precisamos de mudanças? E fica programando seus computadores apenas visando... lucro, indo pela "maioria" dos infelizes com lavagem cerebral realizada pelos outros tentáculos do monstro, as tevês assassinas da cultura, das almas terrunhas.

Não percebe, Mr. Google, que o senhor está se matando, enquanto mata o povo? Outro dia o mundo festejou a morte de um cara assim como tu. Ninguém falou sobre quem era, como tratava os empregados, apenas sobre o seu "sucesso". Nós, que já morremos, sabemos como odiosamente isso se faz, na verdade todo assalariado sabe, salvo os chupa-ovo, que dão até a mulher para o chefinho mão-de-ferro. Isso se faz de um jeito que o senhor está tentando, o mesmo jeito dos barões do atraso. Aquele já foi tarde. Que mundo: predadores são festejados.

Imagine-se um Chico Xavier (o homem que mais livros vendeu no mundo, toda a grana para instituições de caridade, ele só tinha um paletó surrado), com uma inteligência cósmica, se fosse predador... iria ser muito mais que o assaltante de maçã, pois não? Há muitos além de Chico, vendo o mundo por um prisma oposto ao dos mercenários que roubaram e se apoderaram de tudo. Gente insegura, ruim pela formação do levar vantagem, gente que dá dó, a nosotros humanistas.

Chico e muitos outros homens de bem estão acima de homem comum. Eles perdoam os insensatos. Eu não. 

Eu teria dó, se não soubesse do dano que causam, que vi e vejo em ignorância, na falta de saúde, no... horror.

Hoje o mundo sabe como foi que aquele outro cara construiu a Microsoft, aquele "gênio". Roubando e mentindo, as ideias dos outros e ao mundo, apoiado... pelas redes. Para um mundo de mentira (as redes de comunicações) que se ajoelhou a um pedófilo drogado, o Miko Jaco, norte-americano (qual artista deles não é), de um país que assassina e tortura quem quer...

No Brasil temos muitos exemplos, copiados deles. A Xuxa é um, mas não vou sujar o blog hoje. O tal de Eike, deixa para lá.

O senhor, e quem o assessora, Mr. Gugle, são uns filhos da puta. E pagarão por isso. Um dia não haverá buraco onde possam se esconder.

Só porque toma dos pobres de paris, não pense que toma de todos, um destes pode te matar um dia, ao falar apenas.

Era Zezé Gonzaga, ufa, custei mas achei, após dispensar o auxílio do porteiro do cabaré Google, o esperto. Eu não queria putaria, queria apenas uma música do Chico e do Vinícius. Perdi o tesão, Mr. Gugle, mas respiro fundo.

Ai que linda vals.

Sebastião em Paris

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Sebastião é o nome de um cidadão sobre quem ontem tentei escrever, falar, e não consegui. Mal começava a teclar Sebas... e desandava uma enchente. Corri ao banheiro muitas vezes, lavar o rosto, enfiar a cabeça no chuveiro frio, gritar comigo ao espelho. Apavorado, não consegui. O mundo cai sobre a gente, caindo em si.

Depois sentar no chão da sala e chorar, horrível choro de arrependimento, novamente assustei os vizinhos.

Sebastião Rodrigues Fagundes nunca foi a Paris, nem ao Rio de Janeiro. Era uma alma de aparente calma, sufocava a revolta. De vendedor de doces (Ói o doooce...) em cestas de vime no braço para ajudar em casa, depois jóquei, até a telegrafista dos Correios e Telégrafos, quando o Correio ainda não era um antro de ladrões. Bamba em código morse. Sem ter o curso primário. Lia gibis.

Briguei muito com esse senhor, eu menino, ouvidos ouvindo e sentindo apenas um lado. Dos lábios dele jamais ouvi depreciação a ninguém. Às vezes bêbedo tentava falar, desabafar, mas nos diziam que aquilo era feio.

Esse moço que pagou a minha comida, e a roupa para frequentar a escola pública onde me olhavam e julgavam pela roupa. Que levava comida para os pobres, sem ninguém notar, como se a gente não fosse. Esse cara que não multiplicava, mas repartia o pão.

Ah, tantas coisas. Contrariando os poderosos políticos (hoje sei, seu Seba, que quando contrariados tiram o emprego da gente, quando não mandam matar), acender velas para os maragatinhos, saindo dando voltas para enganar a polícia dos canalhas, até chegar naquele emaranhado de vegetação, lua sumida no céu, unhas de gato, hiedra, cemitério clandestino e esquecido, em franca solidão, só para ver o breu da noite se transformar em mágica que bruxuleia em sentimentos, uma ode às ilusões, velas acesas num matinho escuro e verde, com velhas cruzes de pau, carcomidas. Um menino grande com um pequeno pela mão. Tal o silêncio que não ouvimos o vento. Naquele ambiente, um túnel verde na madrugada do pampa, iluminado por pequenos archotes que são velas de cera, olho para cima, para ele, está baixando a cabeça em reverência. Baixo a minha também.
Hoje sei que era em respeito aos que morreram assassinados. Como esquecer?

Por ironia do destino, lembro de um tango muito especial para homenagea-lo, trêmulo que estou neste início de madrugada. O João Rodrigues Fagundes, outro injustiçado mais à frente, pela Rádio lhe ofereceu esse tango no dia em que o senhor se casou, dedicatória aos nubentes. Como eu soube? Ah, outro dia lhe conto.

Eu morri mil vezes, seu Sebastião, mas jamais me vendi. E não temo morrer mais mil. Ainda não peguei em armas, mesmo assistindo ao horror da exploração, de pobres almas se iludindo com riqueza mal havida, achando que enganam... Aqui o insulto. Pobres homens. Que mundo.

Eu hoje o vejo no espelho. Mas outro Sebastião, um pouquinho lido agora.

Onde quer que esteja, tente me perdoar, meu pai, porque eu não consigo, leve em conta que eu era uma criança.
Antônio









jueves, 20 de octubre de 2011

A Charge do Dias

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E a saga dos comedores de criancinhas, digo, de bolas, prossegue.

O Beco do Oitavo ficou com o Bruno, do Valeparaibano (SP).



O Botequim do Terguino optou pelo Pater, de A Tribuna (ES).



Adolfo está desaparecido.


Nelson Gonçalves e Mallu Magalhães, abolerados

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Todos os artistas que conhecem o coração dos boêmios gravaram o bolero. Reconhecem corações num átimo, maior simplicidade: "Igual ao meu".

Então Luiz Melodia, Maria Creuza, Cauby, Tânia Alves, gravaram, e segue-se uma lista que no youtube não tem.

Mas na rede mundial tem uma mocinha, linda, em plena ascendência, andando para o seu lugar na música que embala os corações deste mundo, que aqui se apresenta depois do velho Boêmio. É isso, morremos uns, o brilho voa no espaço, neutrinos ansiosos, e ilumina outra alma de amor.

Quem conseguir notícias de Hermano Silva, por favor nos envie, uma incógnita até aqui, pela rede.




Mallu Magalhães (Maria Luiza de Arruda Botelho Pereira de Magalhães, São Paulo, BR, 29 de agosto de 1992).
Bravo, Mallu.




Música na madrugada

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Não pretendo mais percorrer os bares. Uma que são poucos, outra que é uma via-sacra inútil. Tudo ilusão. Queimo o meu chapéu. Meu mundo morreu sem ter nascido, porém extasiado eu o vi, tentei alcançá-lo, bêbedo de vida. Mas já tinha passado. Outra dimensão.

Louco? Sim.

Um louco hoje acompanhado. A canção, que é samba, valsa, bolero, e mais, é do Hermano Silva e do Vinícius. Tintim, hermanos.


miércoles, 19 de octubre de 2011

Vinícius

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Bem, o melhor a fazer é recordar o Poetinha, para passar a vontade de esbofetear algum predador.

Gato engavetado, n'A Charge do Dias

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Adolfo Dias Savchenko e seus companheiros, os boêmios do Beco e do Botequim, cedo expressaram toda a sua indignação. Este espaço era para ser apenas da charge, mas a contrariedade dos amigos é muito grande.

Por quanto tempo, perguntam, terão que tolerar esse papo de “Nós não só presumimos a inocência do ministro, como ele tem se manifestado com muita indignação sobre as acusações feitas”, como falou a Dilma. No caso do Gato Gordo Palocci - apesar da ficha corrida do elemento e de vinte milhões de acintes - aconteceu a mesmíssima coisa. 

Este que agora é a bola da vez não é aquele cara que já deveria ter caído por pagar o que não devia com cartão corporativo? Oh, ficou chocado com as denúncias dos cúmplices, o pobre homem? E a tal base aliada, o monstro horroroso, sem a menor vergonha na cara, dê-lhe a elogiar o indivíduo no suposto depoimento à Câmara dos Deputados. Que depoimento? O cretino não disse nada aos cretinos que deveriam lhe interrogar.

O filme foi reprisado tantas vezes que ninguém aguenta mais: os caras morrem jurando inocência, insultando a inteligência alheia, até que se esfregue um vídeo nas suas fuças. Aí desaparecem de cena. Ricos.

Ora, bolas. A nomenklatura ou assume a herança do Lula e procede igual, fingindo que não vê, ou faz uma faxina de verdade.  Queria o quê, Dona Dilma? Dividem os cargos no governo entre essa corja que chamam de aliados, para ganhar uma droga de eleição, e quando vem a inevitável gatunagem fica aí como mosca tonta. Ou pretende dizer que mora na aldeia mas não conhece os bugres?

Tantas as charges sobre o político (ministro do Brasil, mais um...), que Adolfo, em nome de todos, disse: "Ah, coloque qualquer uma desse sujeitinho, todas estão boas". Mande o homem embora, Dona, já, que vá se defender. Enquanto isso, meta uma bruta auditoria na toca dos comunistas.

Vai a do Waldez, do Amazônia Jornal.




Pensando bem, vai também a do Nani, antes que a casa caia.




Lá em cima a charge é do M. Borges, aludindo ao Parecer da Procuradoria Geral da República com o qual tentaram manter o Boquinha no cargo.

Som na madrugada

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Madrugada alta em Porto Alegre. No último bar só vimos boêmios da antiga, gente que tem mais horas de buteco que urubu de vôo.

O último trago deixamos para tomar em casa. Com música em volume adequado, sem o estrilo da vizinhalha.

Tintim.





Ponto final (José Maria de Abreu - Jair Amorim)
Meu sonho é você (Altamiro Carrilho - Átila Nunes)


martes, 18 de octubre de 2011

Ser e também parecer

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Nossa amiga Dorucha vem de acertar em cima, mas na superfície. Pena que a escriba tucana não queira, ou não possa, dizer tudo, pois assim fica parecendo que o PT inventou a roda. Dora está há muitos anos em Brasília, sabe que não é nada disso, sabe que o PT, com a sua escandalosa "base aliada", apenas imita (mal) um sistema que remonta ao Descobrimento. Foi a esse inédito sistema, iniciado com a Carta de Recife, que os competentes ícones petistas, como o Lula e o réu Cara-Cortada, recorreram para chegar ao poder. Claro, o esquema sofreu modificações, afinal os tempos mudaram, agora os pés-de-chinelo têm alguma vez na hora de meter a mão, não são apenas os filhos da "elite".

Ser e também parecer
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Por Dora Kramer, hoje, num periódico de direita (todos o são, pois não?)





A denúncia de corrupção contra o ministro do Esporte, Orlando Silva, feita por um policial investigado pelo mesmo crime e ex-militante do PC do B, impõe à presidente Dilma Rousseff o dilema de sempre.

Ou ela leva a fundo o caso ou adota a tese da "casca grossa" defendida por Lula: arquiva a acusação no escaninho dos episódios nebulosos sem desfecho e segue em frente.

É uma escolha com a qual o governo está acostumado a lidar, conforme demonstrado no ensaio da faxina que não resistiu aos reclamos dos partidos ameaçados e ao desconforto do PT com as inevitáveis comparações de tolerância entre Dilma e seu criador.

Mas, em se tratando da pasta que estará à frente da próxima Copa do Mundo, as coisas ficam um tanto mais complicadas: para muito além das conveniências da coalizão governamental, há a repercussão internacional e todas as implicações decorrentes de um acontecimento que envolverá tanto dinheiro que nem os órgãos públicos sabem ao certo quantos bilhões serão gastos.

Uma amiga muito arguta fez a seguinte observação: "É tanto dinheiro envolvido, são tantas as possibilidades de desvio nessa Copa que o mínimo que se pode fazer é pôr à frente disso alguém acima de qualquer suspeita".

Madre Teresa? Em matéria de imagem, algo por aí.

Tenha ou não culpa nesse cartório, esteja sendo vítima ou não de uma falsidade, seja o testemunho do policial veraz ou não, fato é que o ministro Orlando Silva não tem o atributo principal para encarnar o poder público na Copa: confiabilidade.

A denúncia de seu ex-companheiro de partido não é a primeira. Já foi personagem de outras acusações e está longe de representar uma unanimidade sob qualquer aspecto, interna ou externamente, política ou administrativamente falando.

Esse não é um caso que a presidente possa se dar ao luxo de tratar como algo trivial ou sob a ótica da governabilidade negociada reinante. Nesta, o que está em jogo ao fim e ao cabo é a questão da sobrevivência de um grupo político, no transcorrer do governo ou no momento eleitoral para confirmação do poder.

Em relação à Copa do Mundo há muito mais. Por isso mesmo, se a presidente decidir mudar de ministro, conviria que não o fizesse no mesmo molde das substituições anteriores em que prevaleceu o critério da troca de seis por meia dúzia.

Dilma não pode errar: além de agir com presteza precisa também conferir grandeza ao gesto, mostrar que está ciente das implicações, transmitir, enfim, a mensagem de que não apenas sabe o nome do jogo em tela como compreende as regras e tem capacidade para comandar esse espetáculo levando em conta o interesse do Brasil em sair-se bem da empreitada.

Evidentemente não conseguirá isso com as mesmas manifestações de confiança que nas vezes anteriores logo foram substituídas pelo ato explícito de desconfiança das demissões, nem poderá tentar resolver o problema com um "bom desempenho" do ministro em depoimentos arquitetados pela maioria governista no Congresso ao molde da conveniência do depoente.

O buraco, aqui, é maior e mais embaixo. Apareceu uma oportunidade para o governo começar a acertar o passo na formatação da Copa de 2014. É decisão da presidente: pode aproveitá-la ou deixar passar a chance de se afirmar.


Grande Otelo

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Grande Otelo, um ator completo, dos maiores que o mundo já viu, no vídeo aos 62 anos.

A Charge do Dias

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Os boêmios do Botequim vieram de Miguel, do Jornal do Commercio (Recife, PE).



O Beco do Oitavo com o Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).




Adolfo não quis fugir ao tema, e abraçou o Pater, de A Tribuna (Vitória, ES).





Só rindo

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De uma coisa estamos certos: seja qual for o ilícito, não foi o Gilmar Dantas. Muito menos o Sarney.

lunes, 17 de octubre de 2011

Os réus, n'A Charge do Dias

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É do Tiago Recchia, da Gazeta do Povo (PR).


Jota

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Por acaso, a meia-noite em ponto (eta horário novo bem chato, já tão tarde), deixemos por onze, encontramos um amigo treinando. Sem roupa de gala, em casa, de camiseta.

A palafita esperava um choro, saiu-se com Antonio Vivaldi.

Treino é treino, jogo é jogo, diz o ditado popular. Mas João Pedro Germano Pagliosa (Bagé, 23/6/1990), ao treinar juramos que é jogo.

O vídeo diz. O fino. Fomos às lágrimas todos aqui.

Abraço, Jota! Salve!




domingo, 16 de octubre de 2011

Capiba

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Hoje, por alguma razão, lembramos do fantástico pernambucano Capiba (Lourenço Fonseca Barbosa, Surubim, 28/10/1904 - Recife, 31/12/1997), autor da famosa "Valsa Verde".

O homem fez de tudo, um músico completo. Musicou Garcia Lorca, Maquiavel e Vinícius de Moraes. Pra não falar nos frevos. Teve tempo para ser artilheiro do lendário Satélite, time do Banco do Brasil. Do Brasil..., se alguma vez esse banco foi do Brasil, nosso, faz tempo, décadas. Hoje os diretores são cabos eleitorais e... deixa pra lá. Ah, o Capiba. Sua maior herança de família foi a sinceridade, honestidade, pessoas respeitosas. Um cara desses merecia novelas, se tivéssemos redes nacionalistas, e não entreguistas e ladras.

Em 1929, Capiba ainda muito moço, com 25 anos, sabem o que inventou de fazer, na boa? Compôs um tango!, intitulado... "A Flor das Ingratas" (bem que fez, seu Capiba, pras ingratas aprenderem), e tirou o primeiro lugar num concurso. Poucos anos depois uma marcha chamada "Dona, não grite!", que algumas damas hoje tidas como cantoras fazem por merecer. Também é o autor de "Maria Bethânia", que o seu Nelson Gonçalves eternizou em 1944 e acabou dando nome a famosa cantora brasileira. É tão comprida a lista de clássicos que nos deixou, que só vendo no monumental Ricardo Cravo Albin, fonte em que bebemos, além de livros sobre a sua vida.

Aqui o pessoal, Zé e Zélia, interpreta sua "Amigo é Casa" (parceria com ele, eterno, Hermínio Bello de Carvalho). Ai que choro chorado lindo.





Amigo é feito casa que se faz aos poucos
e com paciência pra durar pra sempre
Mas é preciso ter muito tijolo e terra
preparar reboco, construir tramelas
Usar a sapiência de um João-de-barro
que constrói com arte a sua residência
há que o alicerce seja muito resistente
que às chuvas e aos ventos possa então a proteger
E há que fincar muito jequitibá
e vigas de jatobá
e adubar o jardim
e plantar muita flor toiceiras de resedás
não falte um caramanchão pros tempos idos lembrar
que os cabelos brancos vão surgindo
Que nem mato na roceira
que mal dá pra capinar
e há que ver os pés de manacá
cheínhos de sabiás
sabendo que os rouxinóis vão trazer arrebóis
choro de imaginar!
pra festa da cumieira não faltem os violões!
muito milho ardendo na fogueira
e quentão farto em gengibre
aquecendo os corações
A casa é amizade construída aos poucos
e que a gente quer com beira e tribeira
Com gelosia feita de matéria rara
e altas platibandas, com portão bem largo
que é pra se entrar sorrindo
nas horas incertas
sem fazer alarde, sem causar transtorno
Amigo que é amigo quando quer estar presente
faz-se quase transparente sem deixar-se perceber
Amigo é pra ficar, se chegar, se achegar,
se abraçar, se beijar, se louvar, bendizer
Amigo a gente acolhe, recolhe e agasalha
e oferece lugar pra dormir e comer
Amigo que é amigo não puxa tapete
oferece pra gente o melhor que tem e o que nem tem
quando não tem, finge que tem,
faz o que pode e o seu coração reparte que nem pão.