martes, 31 de agosto de 2010

Amável

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Ainda fronteiriços, ontem já bem tarde encaramos um puchero uruguayo legítimo, com vinho da terra. Dolores adorou. A saudade antes me fez arriscar um pratinho de buseca bem lubrificada de oliva, e atolada de pimenta, dos deuses.

Chegaram os últimos seguranças para o ingresso no Brasil, estes vieram da África, têm experiência em serviços de proteção de arremetida (algo como se dizer que a melhor defesa é o ataque). Falta apenas conseguir o bunker na Grande Porto Alegre.

Enquanto Dolores e eu aguardamos a data do niver de mamãe, quando a casamata já deverá estar arranjada, aproveito para rever os muitos amigos, alguns vieram de outras paragens para me ver.

No restaurante do meu compadre Juanito Matabanquero (nome quase falso, naturalmente), na outra ponta da Av. Sarandi (ou da Florencio Sanchez, ou de outra, eu, hein), no jantar conheci um brasileiro sensacional, o Amável Pinto (nome verdadeiro).

Além de amável, muito divertido, como sua esposa Shahniz Abokhari. Disse que houve tempo em que cogitou trocar de nome, mas pensou bem, ora, com o nome que tem onde chega sempre é uma festa, serve para alegrar qualquer ambiente, para quê mudar. Cabeça aberta, além de espirituoso.

O Amável tem um negócio de armas blancas y negras em São Paulo, enrustido na 25 de março, em sociedade com um paquistanês irmão da Shaninha. Da fachada aos fundos a loja é de roupas, só bem lá no fundão se pode adquirir uma automática ou um missilzinho.

Descobri que também é muito criativo quando nos contou que a loja de roupas, roupas mesmo, não é nada desprezível, fatura alto, tudo pano chinês vindo pelo corredor oficial. Orgulha-se de dizer que sempre está inovando, gosta de inventar coisas, diversificar a oferta. Disse que em julho vendeu muitas carteiras especiais para políticos e assessores. Antes de continuar essa estória, com um sorriso nos lábios serviu-se de mais vinho. Estava se divertindo mesmo.
Logo soubemos que as tais carteiras especiais do gaiato são apenas cuecas samba-canção, produção sob medida. Explicou: cueca tipo aquela que o vovô usava, dividida verticalmente em duas vezes de dez partes sobrepostas, com encaixes para as notas. Hermeticamente fechadas, nas pernas e na cintura, sem machucar os ovinhos do ilustre portador. Cabe cem mil fácil, fácil.

Diz que o negócio não é novo, já tem alguns anos que a necessidade foi sentida, e as vendas massivas se concentram em ano eleitoral. Lamenta vender pouco no Rio Grande do Sul, o pessoal reclama do preço e diz que bota e bombacha é melhor, cabe bastante e não engorda o transportador. Aí ele teve outra idéia: para a próxima temporada já terá bombachas adaptadas, com diversos bolsos interiores da cintura até as botas. O mesmo para calças até os sapatos. Isso sim é utilitário, evitará constrangimentos, é feio nossos representantes andarem com as calças caindo.

Estávamos em umas vinte pessoas, ficamos até às duas da matina.
Vou rindo enquanto posso.

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lunes, 30 de agosto de 2010

Risco de morte


Ainda no lado uruguayo, na Av. 33 Orientales, a tevê me premiou com o horário político do Rio Grande do Sul.

Assisti aos blocos dos três com maior tempo: os programas dos políticos profissionais Tarso Genro, Yeda Crusius e José Fogaça.

Nos dois primeiros, do Tarso e da Yeda, precisei de um penico, pois vomitei o tempo todo.

Na vez do Fogaça, aconteceu algo tão anormal quanto terrível. Parei de vomitar e do meu íntimo repentinamente brotou uma morbidez estranha, uma angustiante alteração de consciência, um desespero cego, e apagou tudo.

Dolores depois me disse que precisou de cinco pessoas para ajudar a me segurar, eu tinha dado de mão num laço e ia me enforcar. Quando dei por mim novamente, já medicado, o psiquiatra falou que tive muita sorte, seria pior se tivesse chegado no ponto das propagandas ao senado.

Como não tenho histórico familiar, nem ando abusando do álcool, o doutor está trabalhando com a hipótese de suprema exaltação da emotividade, depois de excluir reação ao fracasso. Vamos analisar outras possibilidades, claro, mas fiquei preocupado. Ele me proibiu terminantemente de voltar a ligar a tevê naquele horário, advertiu-me de que o perigo de me suicidar não é nada, pior é se saio matando a cachorrada.

Depois dessa, aviso aos amigos que levarei mais uns dias para atravessar a fronteira.

Salito.

Dilma (3)

Dilminha.

Ficamos com um assuntinho pendente. Fui procurar a sua lista de doadores de campanha, os gastos, etc, afinal cada vez que a senhora abre a boca surge a palavra transparência.

Olha, me caiu a bunda, despenquei da escada, me esparramei junto a todos os butiás. Francamente, como sou crédulo e ingênuo...

Vasculhei a internet procurando a lista dos teus desinteressados doadores. Nada.

Que estupidez a minha, pois sequer estás inscrita no site Ficha Limpa. Como sabes, para inscrever-se no Ficha Limpa é necessário disponibilizar um endereço eletrônico para acesso público, com a prestação de contas semanal da campanha e com informações sobre os doadores, valores recebidos e gastos realizados.

É nos nomes dos abnegados benfeitores que a porca torce o rabo, não é?

O máximo que descobri foi que o "por dentro", até o final de julho, totalizou a merreca de 10 milhões. Um nada, em 2006 só os bancos deram bem mais que isso ao Lulalelé. Lá em 2006, isoladamente o maior doador foi a empreiteira Camargo Correa, seguida da OAS, belas organizações crim, digo, criteriosas. Tenho razões para crer que elas vão construir Belo Monte, pois são muito eficientes.

É praxe começar ganhando pouco. Os tubarões bem graúdos só soltam o grosso da prata quando a campanha dá sinal de para onde se encaminham os fados, a partir do horário gratuito nas rádios e tevês. Devo supor que agora deve estar entrando 10 milhões por dia. Por dentro.

Verdade que, salvo o Plínio de Arruda Sampaio (Dá-lhe, Plinião!), ninguém entrou para o Ficha Limpa nem abriu os nomes dos seus doadores. O Serra diz ter arrecadado somente 3,3 milhões lá em julho, acho que os nazis jogaram a toalha.

O dissipador Eduardo Dutra, chefete no teu partido, aquele com cabelos nas palmas das mãos, faz questão de ressaltar que todos os gastos do Lulalelé na campanha serão ressarcidos ao Tesouro Nacional. Entendo, em vez de nós arcarmos com as despesas, os bondosos empreiteiros e banqueiros farão isso, por amor ao povo, muito nobre da parte deles.

Sim, o Plínio está disponibilizando tudo, mas tu bem sabe: falando o que ele fala dos tubarões, é bom que essa gente passe bem longe da sua conta bancária, um assalto aos parcos vinténs não pode ser descartado. Eles só dão algum para os empregados fiéis, inimigos nem pensar. Faz sentido, muito justo.

Eu sei, moça, que assim é a lei que os políticos (bem pagos pelas empresas, of course) impingiram ao país. Uma coisa de doido, pessoas jurídicas sustentando campanha de políticos, o crime institucionalizado, mas é a lei. E somos cumpridores da lei, não? Bem, tem os Delúbios da vida que a descumprem sem a gente saber, mas faz parte do show, pois não?

O que se pede é que os políticos decentes como a senhora DIVULGUEM a lista dos seus doadores, no desenrolar da campanha, sem esperar que o TSE o faça depois de o páreo estar corrido.

Por falar nisso, mulher, me diz outra coisa: a senhora manda alguma coisa aí, ou é apenas laranja-de-amostra, como querem seus detratores? Se manda, comece por aí...

Eu não voto em quem não divulga. E afirmo que há motivos inconfessáveis por trás da ocultação.

Ah, eu soube que o  Boquinha de mamar, ahm, bem..., de mamar, será o seu todo poderoso ministro da Casa Civil. Corri ao banheiro vomitar. Saiu sangue.

Boa semana.
Salito.

domingo, 29 de agosto de 2010

BÓIA, BOLA E BUNDA

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Logo que me alfabetizei, algo que ocorreu lá pelos 25 anos de idade, as meninas da Polaca ajudaram e emendei uns Supletivos. Depois tratei de ingressar numa universidade. Iniciei e logo abandonei Direito, Filosofia e Sociologia, não tive estômago para suportar a empáfia de alguns analfabetos com PhD que lecionavam nas puques da vida. Afinal, refleti, ainda existem autodidatas, e se nunca chegarei a ser um Milton Viola Fernandes, ao menos posso me virar fazendo qualquer coisa.
Não sabia ainda como tirar o monstro que morava dentro, até que li um conto do escritor Gilberto Kieling, chamado A Criação. Parece que o Gilberto decepcionou-se com a mutretagem no mercado das letras, onde só publicam lixo para fomentar a ignorância do povo, e se não me engano mora no interior do Rio Grande do Sul, na cidade de Santa Rosa. Morava, uns 10 ou 15 anos atrás, na primeira e única vez que conversamos. Quem souber dele me avise.
Como ia dizendo, a partir daquele momento dei de escrever contos, cheguei a publicar muitos, em livro próprio e em coletâneas, isto antes de pegar nojo de editoras movidas exclusivamente pelo vil metal.
Vou publicar aqui alguma coisa, isso de falar em política está me rendendo muita azia, se continuo logo terei uma bela úlcera ou coisa pior. Antes pretendia postar o conto do Gilberto, que me deixou muito emocionado, encantado, é aquela coisa que eu queria ter escrito, ele tirou daqui!
Enquanto não encontro o texto (com essa de andar para lá e para cá, Brasil, Uruguay e África, acabei escondendo de mim mesmo em algum sótão), começo com um continho engajado do Ariosto Augusto de Oliveira, que quando li achei muuuuito interessante, a começar pelas coisas que ainda acontecem em delegacias, para não falar no ambiente das nossas instituições destinadas a ressocializar as pessoas. O conto é de 1988. Hoje, com a superpopulação carcerária piorada, sabe Deus como andam as coisas. A partir do dia que li passei a visitar presídios, levar cigarros e conversar com a moçada, ganhei muitos amigos (é bom que Mr. F. Febraban saiba disso), parei há uns cinco anos, não aguentava mais, um dia contarei aqui a experiência. Aí vai, Ariosto Augusto de Oliveira:



Aqui dentro a vida é bóia, bola e bunda. De um alto funcionário da Casa de Detenção de São Paulo.

BÓIA, BOLA E BUNDA


Para os encarcerados: artigos e parágrafos.




Os homens me ganharam num mocó da Brasilândia. Tava dormindo e eles entraram com tudo. Deram seis tecos no Cara de Vaca e apagaram ele ali mesmo. Eu consegui pular a janela e chegar no meio da rua. Me abracei com uma velha e fiquei gritando: Não deixa eles me matarem. Eles querem me apagar. Eu me entrego, mas não deixa eles me apagarem não.
Tinha muita gente na rua e foi por isso que os caras não me fizeram a pele.
No distrito joguei redondo. Comecei dizendo que não tinha nada e eles foram me apertando. Umas porradas e eu dizendo que não tinha bronca nenhuma. No pau-de-arara larguei um pouco. Dois assaltos no Morumbi. Na maquininha preta larguei mais algumas. Choque dói pra caralho. Duas joalherias. Uma no centro e outra na Augusta. Quando mudou a equipe de plantão me fodi de verde e amarelo. Tinha um gordo, um puta cara forte e foi na mão desse que eu dancei. Me deu dois telefones que eu fiquei surdo uns dez minutos. No primeiro, quando as duas mãos dele acertaram meus ouvidos fiquei até cego. No segundo, eu caí da cadeira uivando. Ele me arrastou pelos cabelos e disse rindo: Então é esse que não quer ser apagado? Tá legal, então vou te acender. Apagar não pode, mas acender pode, é ou não é? E pegou um litro de álcool de dentro do armário, jogou na minha roupa, na minha cabeça. Puxou a caixa de fósforos e sentou na ponta da mesa: Eu vou jogar os palitos daqui. Se algum chegar aceso, você já era e a gente vai dizer pros repórteres que estão aí fora: Suicidou-se. Pode fotografar à vontade pra não dizer que a polícia tortura.
O filho da puta jogou bem uns seis palitos e eu tive que abrir as três mortes. Um japonês na porta do draive em Moema. Um coroa que quis me encarar num bar da Santa Ifigênia. O Tetela que quis me engrupir na divisão de uns troços que a gente tinha afanado em Santos.
Assinei as broncas e vim pra Detenção.
No meu xadrez tinha uma pá de caras. Três crioulos parrudos e um pernambucano gordo. O carcereiro disse pros caras quando me levou: Devagar pra não assustar a menina. Sentei encostado na parede e o pernambucano gordo veio falar comigo: Qual é a tua? Três 121 e uma porrada de assalto, eu disse. Ele quis saber dos 121 e eu tive que falar do japonês, do coroa e do Tetela. Depois da janta um dos crioulos se acocorou do meu lado: Como é que tá a barra lá fora. O de sempre, eu disse e fiquei em dúvida se tinha que matar primeiro ele ou o pernambucano gordo.
De madrugada um outro crioulo desceu pro beliche de baixo e enrabou um magrinho banguela. Geme, gostosinha, geme no pau do Gavião. O magrinho disse qualquer coisa que não pude ouvir e o crioulo deu um tapa na cara dele. Geme, putinha, geme ou te arrebento. E largou a mão de novo. O magrinho começou a gemer. O crioulo bufava grosso: Mexe, mexe a bundinha. Arrebita pra entrar tudo, arrebita a bundinha, gostosinha.
O Pernambucano sentou no beliche dele: Porra, Gavião. fico tesudo pra caralho de ver tu comer a tua mulher. Olha só o tamanho do meu cacete. Já tá babando. E chamou o cara que dormia no beliche de cima.

***

Na hora do café um cara veio falar comigo: Eu sou irmão do Cara de Vaca. O Nivaldo. Tudo bem, eu disse. Parece que tem uns troços dele que estão no teu nome, ele continuou. A conta do banco e a caderneta de poupança. É, eu disse. Só que a conta é meio a meio. E quanto tem na conta, ele perguntou. Uns oitocentos, eu disse. Legal, ele disse, vou querer a minha parte. Tudo bem, eu disse. É só arranjar o advogado que eu assino a procuração pra tu sacar os quatrocentos.
De tarde procurei o Nivaldo: Como é que eu faço pra saber quem é o cara que me entregou. O Nivaldo disse: O Chulé. O Chulé é quem cuida dessas coisas aqui dentro. E ficou me olhando de um jeito demorado. Tive de explicar pra ele: Com as minhas broncas eu não saio daqui tão cedo. E se vou viver aqui tenho que ser respeitado. E pra ser respeitado todo mundo vai ter que saber que eu não livro a cara de ninguém. E o primeiro que eu tenho que acertar é esse cara. Fomos ver o Chulé e ele pediu uma milha pela informação. Numa semana dava o nome do ganso. Eu quis saber como e o Chulé explicou: Tem ganso burro e ganso vivo. Ganso burro batalha pro lado dos homens. Além de ganhar uma mixaria vive no perigo de virar queima de arquivo. Ganso vivo trabalha pros dois lados. Entrega pouco pros homens e defende o deles com a gente. Sabe que o nosso pagamento é garantido e se garante na lei do cão. Nenhum ganso vivo entrega gente boa. Só pé-de-chinelo e assim mesmo pra fazer sala pros homens. Vivem é da grana que defendem com a gente.
No meu primeiro pátio o Felipe Sem-Pescoço encostou: O Pernambuco tá te vendendo. Olhei pra ele e ele disse: Dez pacotes de Minister. No teu xadrez tem um interessado, mas também tem gente de fora querendo negócio. No xadrez em frente o Norberto Pipeta. Eles já sacaram que tu dá uns cochilos compridos. Marca o cigarro. O dia que o Pernambuco tiver os pacotes ele te vendeu.
Falei pro Sem-Pescoço: Eu preciso de um estilete. Vou te emprestar o meu punhal, ele disse e foi buscar a arma.
Na hora da janta o Marcondes me ofereceu carne de picadinho: Se tu quiser as batatas pode pegar. Peguei também as batatas. Comi olhando pro Norberto do xadrez da frente.
Depois da janta o Pernambuco puxou assunto: tu tá muito triste, nego. Se abre aí com a gente, diz o que tu tá matusquelando. Levantei vagarosamente e fui pro beliche do Pernambuco. Ele deve ter pensado que eu ia pedir qualquer coisa, cigarro talvez. Dei a primeira porrada de viés e ele caiu de bruços no beliche. Puxei as calças dele pra baixo e meti o punhal na bunda. Uma punhalada em cada nádega. Apertei o pescoço dele no travesseiro. Não grita, eu disse abafado. O Marcondes pulou do beliche, mas eu consegui me desviar e ele bateu a cabeça na parede. Na queda eu já estava no pescoço dele. Não dava pra segurar direito no cabelo. Minha mão não afirmava no pixaim. Meti a ponta do punhal na garganta. Ele não conseguiu soltar o grito inteiro. No final saiu um meio ronco, abafado, junto com o sangue. Fui pro Pernambuco: Põe todas as tuas coisas em cima da cama. Ele levantou e as calças foram parar no tornozelo. Da bunda corriam dois regos de sangue que enlameavam as pernas. Chamei o cara do beliche de cima: Quer ele pra você, perguntei. O cara veio de estilete na mão. Acho que deu umas trinta estocadas. Na barriga, no pescoço, no peito, no pau deve ter dado umas quinze.
Olhei pro Gavião e disse: Aqui, negro filha da puta. Ele ficou de joelhos no beliche, o branco dos olhos se ampliando e o magrinho banguela gritou: ele é meu, só meu. E pegou o punhal da minha mão.

***

Puxei quatro meses de solitária. Eu, o Marreta e o Toninho Anta. Todo dia a minha bóia vinha reforçada. Vinha omelete, linguiça, contra-filé. Até sobremesa de pessego em calda pintou. A gente revezava. Um dia comia o Marreta, outro eu, outro o Toninho Anta. E a gente foi acertando o esquema pra quando saísse dali. Primeiro, gratidão pro pessoal que melhorava a bóia. Pro Chulé, pro Nivaldo, pro Felipe Sem-Pescoço. Pro carcereiro que trazia o rango e as notícias. Um dia ele tinha falado: Encaro esta porra porque tenho que viver. Tenho dois filhos e todo dia de manhã no ônibus fico pensando que posso não voltar mais. Um sacana desses pode me apagar no pátio, no corredor e tá tudo fudido. Que que a patroa vai fazer com a mixaria que eu ganho? Fico até pensando nos meus meninos aqui dentro. Filho de pobre tem que ir pra batalha.
Mandei um recado pro chulé: Espalha pra todo mundo que o nossa amizade é gente minha. O Marreta e o Toninho Anta reforçaram: Nossa também.
No outro dia pintou uma garrafa de Maria-Louca, uma cana de casca de laranja. Forte pra cacete.
***

Eu e o Marreta saímos no mesmo dia. Ele de manhã e eu de tarde. No corredor o pessoal bateu palmas pra mim. No xadrez os caras me receberam de pé. Apertei a mão de um por um. O magrinho banguela me deu os dez pacotes de Minister que tinha guardado. Mandei ele distribuir os cem maços de cigarro pro pessoal. Teve um cara que gritou no fim do corredor: Cara, eu tô na tua. Dê as ordens. Amanhã no pátio, eu disse.

***
O Felipe Sem-Pescoço me deu a notícia: Mandei apagar o ganso que te entregou. É um presente da turma pra ti. O Chulé completou: Esquece a milha que a gente tinha falado. Abracei os dois e o Marreta foi explicando o que a gente tinha combinado:
A primeira coisa que a gente vai ter que quebrar é essa de mulher. Tamos falando com os homens e eles vão deixar a gente se encontrar com o mulheril numa boa. Os caras tão querendo cinco paus por trepada e o pessoal de fora vai ter que entrar com algum pra ajudar. Quem tiver mina faturando não tem problema, quem não tem recebe a ajuda que eu falei. Vai ser no setor de brinquedos. Os guardas e o carcereiro já tão conversados. Cinco paus e tudo bem.
Tem mais: o chefe é que mandou oferecer pra quem é a fim: Três bichas novinhas, com peitinho e tudo, e mais duas garrafas de Maria-Louca por xadrez. Cinquenta paus adiantados. Pra semana já pode fazer a encomenda.












Porto Alegre é demais

Como se falou antes, o jornal Voz do Povo publicou uma bela matéria sobre Porto Alegre.

Olhe abaixo, senhor Presidente do Brasil, o que acontece enquanto o senhor fala em gastar 20 bilhões em um grotesco trem-bala, fora os 50 bilhões da hidrelétrica que será comandada pela Polaca.

Olhe, senhora Governadora do estado, o que ocorre enquanto a senhora diz ter equilibrado as finanças públicas, entre outras bobagens.

Olhe, senhor Prefeito que quer ser governador (tu também, Miudinho, que o sucedeu), o que o senhor fez da sua cidade.

Por que não mostram isto no horário político, como realização dos seus governos?

SITUAÇÃO É DEPLORÁVEL E DESESPERADORA. PAVOR NAS EMERGÊNCIAS
As emergências dos hospitais públicos de Porto Alegre estão em verdadeiro clima de guerra. Leitos espalhados por todos os lados, atendimento precário, muito sangue, falta de medicamentos, cirurgias suspensas, uma balbúrdia dantesca.


O acúmulo de macas, a falta de espaço para a circulação dos profissionais e o grande número de pacientes esperando leitos sentados em cadeiras - alguns há mais de 24 horas - foram observados com extrema preocupação pelo Coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos do Ministério Público e pelos representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil.

Ainda não se sabe o número de vítimas por falta de atendimento. TODAS as Emergências dos hospitais estão fechadas, os profissionais da saúde não sabem mais o que fazer para evitar mortes na rua, defronte às instituições. A Santa Casa chegou a reabrir a Emergência à tarde, somente para quem tem plano de saúde, mas à noite teve que fechar novamente. É proibido aos pobres quebrar uma perna ou ter um ataque cardíaco. É o caos absoluto, tudo por falta de investimentos. O Sindicato Médico vai pedir à Prefeitura que decrete situação de calamidade pública.E vocês, seus incompetentes, que possuem ricos hospitais particulares à disposição, ainda têm coragem de andar sorrindo e pedindo votos aos infelizes? Vocês merecem mesmo é levar uma... deixa para lá, não vale a pena.

Dilma (2)

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Esqueci algo importante que precisava te dizer, isto não pode esperar.

É o seguinte: andam falando que você, com as próprias mãos, obedecendo ordens da turma do Sarney e das empreiteiras, que obviamente vão encher os bolsos de mais dinheiro público (afinal, é o único modo que conhecem de roub, digo, ganhar horrores), desenterrou um delírio da ditadura militar que nem o Dirceuzinho, o López Rega tupiniquim, teve coragem. Sim, a Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu.

E as pessoas começam a falar da contrapartida. Dos bandidos políticos supõe-se os votos das pessoas que eles escravizam, compram ou iludem, mas e dos bandoleiros das grandes empreiteiras?


Inocentes "doações" para a campanha, tendo em vista o teu lindo sorriso de metalocerâmica?


A propósito, já está na internet a sua lista de doadores? Verifico depois.


Pois largue dessa bobagem, mulher, vai pegar muito mal. Já pegou, somente ainda não chegou aos ouvidos da massa ignara.

Já vi quem sugerisse alterar o nome da tal hidrelétrica para Puteiro Belo Monte, posto que se trata do cabaré da energia elétrica. Se isso se concretizar, recomendo para o conselho fiscal os probos Ricardo Teixeira, José Roberto Arruda e Delúbio Soares. Para diretor financeiro, ninguém melhor que o íntegro Marcos Valério.


Como auditores independentes, na falta da honesta Arthur Andersen, qualquer grande multinacional de auditoria, que monopolizam esse mercado no Brasil, ou uma das que auditam as contas da Petrobrás, do Banco do Brasil e da Caixa Federal, ou será que é a mesma? Deve ser norte-americana, disto estou certo, pois sei que os americanos adoram saber os nossos números, antes que o presidente do Brasil saiba.


Para a presidência do grande empreendimento, a recatada Sra. Stanislava Perkoski, a Polaca, pessoa com quem convivi na época em que consegui parar de morar em prédios em construção, posto se tratar de uma pessoa séria, madura, com muita prática em lidar com as pessoas que frequentarão a hidrelétrica, pois trouxe ao mundo muitos políticos e empreiteiros.

O Plinião, no debate da Bandeirantes, respondendo a um jornalista, com duas frases curtas liquidou o assunto, direto ao coração do problema: "Nós somos contra Belo Monte porque ele é um absurdo econômico. Ele (o local) está a milhares de quilômetros de distância do mercado". Pronto. Há um sem número de razões para não se construir aquele absurdo, mas devido ao tempo do programa ele matou com uma apenas, é bom esse guri.


Você, obviamente, ficou caladinha, preferiu dizer que os juros dos bancos estão diminuindo... Eu ouvi lá do Burundi, mas há quem afirme que ecoou na Sibéria a gargalhada que varreu o Brasil de uma ponta a outra.

Como falei, há uma penca de razões. O meu dileto amigo Rodolfo Salm, que sabe das coisas e a quem agradeço de público (Abração, Rô!), doutor em Ciências Ambientais pela Universidade de East Anglia e professor da Universidade Federal do Pará, e que faz parte do Painel de Especialistas para a Avaliação Independente dos Estudos de Impacto Ambiental de Belo Monte, me mandou mais algumas, pedi que não excedesse a dez, que aqui o espaço também é caro (como sabes, para mim as empreiteiras nunca ofereceram doações, ao contrário, estão ajudando o banqueiro DD a pagar a Camorra para me misturar ao cimento da construção da hidrelétrica). Aí vão:

1. Hidrelétricas não são energia limpa: elas emitem grande quantidade de metano, um gás de efeito estufa com impacto 23 vezes maior sobre o aquecimento global do que o gás carbônico. Assim, Belo Monte poluiria tanto ou mais do que termelétricas de potência equivalente.
2. Belo Monte seria uma obra faraônica que geraria pouca energia. O projeto geraria apenas 39% dos 11.181 MW de potência divulgados, devido à grande variação da vazão do rio.
3. A Bacia do Rio Xingu é única no planeta: mais da metade de seu território é formada por áreas protegidas e a barragem inevitavelmente causaria impactos irreversíveis na biodiversidade da região. São 27 milhões de hectares de alta prioridade para a conservação da biodiversidade, abrigando 30 Terras Indígenas e 12 Unidades de Conservação. Os impactos foram destacados pelos 40 especialistas das principais universidades brasileiras que analisaram o Estudo de Impacto Ambiental, assim como pela equipe de analistas ambientais do IBAMA que, apenas dois dias antes da emissão da licença prévia, afirmaram "não haver elementos que atestem a viabilidade ambiental de Belo Monte".
4. A barragem ameaça a sobrevivência dos 24 grupos indígenas, além de ribeirinhos e pescadores de peixes ornamentais. Canteiros de obras e novas estradas seriam construídos junto às Terras Indígenas dos Juruna da Boa Vista, Arara da Volta Grande e Juruna do Paquiçamba, com impactos irreversíveis para esses povos. E vários outros impactos indiretos igualmente graves sobre outros povos. Haveria mortandade em massa de peixes e a extinção de várias espécies. Inclusive de peixes ornamentais, que representam uma das mais importantes atividades econômicas da região e que morreriam sem oxigênio imediatamente após a formação do lago.
5. O Governo Federal, o Ministério de Minas e Energia e o IBAMA violaram a Constituição Federal Brasileira e a Convenção 169 da OIT. A Constituição foi violada em diversos pontos. Foi violada a Convenção 169 da OIT, que garante aos indígenas o direito de serem informados sobre os impactos da obra e de terem sua opinião ouvida e respeitada.
6. Haveria uma enorme imigração de trabalhadores atraídos pela obra. Mas, dos 18 mil empregos no pico da obra, só permaneceriam 700 postos de trabalho no final. A enorme migração, subestimada pelas empresas como sendo em torno de 100 mil pessoas, aumentaria a pressão sobre as terras indígenas e áreas protegidas e haveria desmatamento e a ocupação desordenada do território. O rápido crescimento populacional na região acarretaria o aumento da violência, da prostituição, dos acidentes, dos conflitos sociais e fundiários, das invasões. Por outro lado, nos 11 municípios que compõem a região da Transamazônica e do Xingu, somente 8 mil trabalhadores teriam condições de ocupar um emprego durante a construção da usina. O que acontecerá com essa grande massa de trabalhadores - mais de 100 mil - que estão chegando na região para ocupar estas concorridas vagas?
7. O empreendimento obriga o re-assentamento de cerca de 30 mil famílias. Ninguém sabe se serão reassentadas ou indenizadas. Quem quiser ser reassentado irá para onde?
8. A Licença Prévia foi emitida pela presidência do IBAMA apesar do parecer contrário dos técnicos do órgão; e as medidas condicionantes não compensam os danos irreversíveis e não representam garantia legal de responsabilidade do empreendedor. Alguns técnicos do IBAMA pediram demissão, outros se afastaram do licenciamento e outros ainda assinaram um parecer contrário à liberação das licenças para a construção da usina. Estão colocando senadores "ficha suja" para acompanhar a obra. Você confia?
9. O processo de licenciamento está sendo antidemocrático e está ferindo a legislação ambiental: as audiências públicas não tiveram condições para participação popular, especialmente das populações tradicionais e indígenas, as mais afetadas. As audiências são exigência legal, mais um aspecto da legislação atropelado pelos proponentes da obra.
10. Os impactos de Belo Monte são muito maiores do que aqueles estimados e, em muitos aspectos, irreversíveis e não passíveis de serem compensados pelos programas e medidas condicionantes propostas. O preço de Belo Monte sobe a cada dia. NINGUÉM SABE O CUSTO REAL DA USINA!


Está bem assim ou quer mais? Essa usina é mais que assassinato, Dilminha, dentro dela tem um código penal inteiro. A parte que os gatunos mais gostam é essa em maiúsculas ao final do décimo, festa garantida.

Um bundão colocado (por ti?) na Eletrobrás (ei, me diz uma coisa: é verdade que de ascensorista para cima, no Ministério de Minas e Energia e na Eletrobrás, é tudo capanga do Sarney?) agora admite que o custo da obra "pode superar" 20 bilhões. Pessoas do governo que ainda possuem 1,5% de pudor admitem 35 bilhões. Eu falo em 50 bilhões.

Viu a situação dos hospitais em Porto Alegre? Vi no jornal anteontem, menina, catástrofe digna de pedido de auxílio humanitário a países amigos...

Se me obedeceres, como compensação prometo que não te processo e também paro de te chamar de Mad Madam Mim. Do contrário, não largarei do teu pezinho nunca mais.

Até. Ferro neles, Plínio!

Salito
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Dilma

Espero que a caríssima ex-comuna, ex-ativista, ex-esquerdista, esteja bem.

Vez em quando me bate saudade daqueles nossos tempos, quando o dirigente da Telecom (aquela que, com a ajuda de uns políticos gatunos que sumiram do mapa, tomou a CRT dos gaúchos) andou me ameaçando.

Deves lembrar que tive que "expatriar" a criançada imediatamente, procurar no fundo do baú minha adaga missioneira e o velho tresoitão, antes de dizer: Então venha, filho da puta!

Pois é, agradáveis recuerdos... Aliás, me disseram que fincaram na cadeia aquele honesto dirigente de empresas, quando eu chegar tentarei confirmar isso.

Agora já em Montevideo, me aguarde, aos poquitos estou chegando... Por enquanto te escrevo somente para não ficares impaciente, em breve receberás a tua cartinha completa, logo que eu conseguir contratar os 20 guarda-costas que precisarei, além do aparelho (estou procurando um bunker) para me esconder.

Para segurar os matadores enviados pelos banqueiros que vivem a me escrever "cartas" ameaçadoras eu precisarei de apenas uns 10 seguranças armados até os dentes, mas decidi dobrar o número quando lembrei do Boquinha e do Dirceuzinho, além de outros parceiros seus (digo parceiros porque ouvi que Jader, Renan, Sarney, uma lista infindável de pessoas boas, estão coligadinhos contigo, consta até que muitos, como o Collor, são amigos de infância do Sr. Lulalelé).

Não sei por que de repente lembrei do Celso Daniel, tadinho, me contaram que o irmão dele teve que fugir para a Europa, para não ser trucidado. Sei, logo vão dar emprego para quem poderia contar a história.

Dolores veio junto, vai passar comigo os 87 anos da minha velha mãe, aqui no Uruguay. Talvez você venha a conhecê-la (à Dolores, não mamãe, esta tem umas implicâncias contigo, e tu não sabes como são essas velhas missioneiras que possuem sangue charrua). Se bem que o suave modo de falar e os doces olhos negros da Dolores não dizem do que é capaz o seu sangue gitano da Andaluzia, mais vermelho que a saia que lhe bate nos calcanhares e que agita um mundo ao dançar flamenco.

Releve a ironia do ex lá do começo. Odeio isso de ex-tudo, mas, enfim, até a mulher mais feia do mundo, a Zélia Besame Mucho, disse ter sido comunista na juventude. Alguns "amadurecem", como escrevi na cartinha para o José.

Até breve. Cuidado com o Plínio, o único que diz coisa com coisa nessa palhaçada que a tevê transmite, aliás, pelas idéias ele é o postulante mais jovem, com coragem para enfrentar os bandidos que denuncio e o único que tem um projeto de País. Dá-lhe, Plinião, ferro neles!
Salito
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jueves, 26 de agosto de 2010

José

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Prezado José Serra


Pronto, pronto, pára de reclamar, aqui vai o teu bilhete.

Era para estar chegando em Montevideo ainda nesta madrugada, e dentro de alguns dias no Brasil, porém um imprevisto me faz voar para a Espanha, preciso ver Dolores.

Bem, na verdade eu não pretendia te enviar bilhete algum, confesso estar triste, de ti eu esperava uma contribuição maior para o nosso país, discutir a nação, sem hipocrisia, apesar das tuas companhias. Com um debate sincero, profundo, sobre todas as nossas mazelas, pouco importaria o vencedor da disputa, o País ganharia. Quando vocês vão falar diante de todos aquilo que falam no vão da escada, ou de cochichos nos ouvidos?

Com o que então, José, a assistência paga para assistir a uma briga de galos, e..., espera aí, galos é inviável, o bufão do Jânio criminalizou, e com esta imagem irias acabar apanhando de uma fêmea galiforme (penosa, Zé, sem nenhuma conotação machista nem pejorativa), que por si só não briga nem voa. Voar galo também não voa, sem que Mr. F. Febraban e seus sinistros amigos o joguem para cima no efêmero desequilíbrio de algumas voltas no ar. Mas pode brigar.

Vejamos outra... com o que então o distinto público paga para assistir a uma luta de boxe, o teu adversário falta ao combate (na verdade foi desclassificado e, em insano desejo das luzes do céu, quer habitar outros corpos para lutar), se transforma em um Don King às avessas e assume a condição de promotor da luta. Ato contínuo, o Iluminado precipita-se à rua vazia e pega a primeira gordinha que vê passar, logo providencia consertos na fisionomia, na musculatura (muito corta e espicha, mas é preciso, os fins justificam, fizeram o mesmo com ele), leva-a no cabeleireiro, nas lojas de caríssimas roupas e adereços, depois o dentista enche-lhe os dentes de capas alvíssimas, e na data aprazada lá está ela, sorriso luminoso, ainda sem saber o que dizer, sendo carregada para o ringue no colo do benfeitor que agora também habita a sua alma.

Você está me entendendo, José? Preste atenção.

Ocorre-me neste instante que a melhor imagem seria a de um circo, o espetáculo favorito do populacho. Sob o vídeo azulado ou sob a tenda de lona colorida, muita música, dança, teatro, figurinos, e no picadeiro principal malabaristas, bailarinos, equilibristas, ilusionistas e, como sempre, os animais amestrados, com tão repetitivas quanto antigas gingas, em troca de restos de comida alguns, da alma vendida pela ilusão da fama outros. No nosso circo, José, o povo está apinhado nas arquibancadas, espoliado, palhaço de perdidas ilusões no chão de falsas estrelas.

Abdico da imagem circense pela melancolia que me invade, José, este meu bilhete era para ser uma rápida tentativa de brincar mais uma vez com assunto sério, para não perder o juízo. Abdico, mas neste circo, José, o leão estaria à mercê de animais menos nobres, traído por gente daquela selva onde ele optou por viver, e onde sempre foi um estranho.

Como pôde ser atraído dessa forma, feito o boxeador que entra para ser nocauteado, como não percebestes isso já pela inexistência de prévias? Aqueles prédios da avenida Paulista te fascinaram tanto? Ao ponto de ser engolido pelo Iluminado travestido de antílope fêmea?

E agora se foi até a vergonha: os teus amigos colocando a imagem do invasor de corpos em teu programa de televisão! Isso é uma indignidade, cadê o amor próprio, o adversário é ele! Enfrente-o! É rinha, José, contra pseudos amigos e oponentes (o Iluminado sempre assumiu a condição de adversário, pelo menos até baixar as calças com o Meireles goela abaixo), precisa atacar, mostrar, para não morrer.

Nenhum gênio desses marqueteiros de vocês pode ser deixado a sós perto da carteira alheia, e menos ainda com poder de decisão sobre qualquer coisa. Eles não têm limites, é gente vil que vive de vender gato por lebre, são perigosos. E nenhum teve a idéia de falar em manter o ajutório família porém desonerando a cesta básica para todos, os malditos impostos indiretos? Esses gênios são gatos, José, gatos burros. E o que dizer de quem os contrata?

Tanto o Ciro quanto o Neves poderiam incendiar os céus do Brasil, mas, me questiono agora, será que o fariam?

Ora, tantos erros, tanta bandalheira, e ficas te reunindo com aluninhos e professorinhas, em vez de agitar o horizonte com a força dos atos, da coragem, da verdade.

A mentira vai continuar, José, ninguém com chances reais, nem você, ousa falar nos lucros dos bancos, das empreiteiras, do criminoso monopólio das comunicações. Como falar de quem paga a conta? O Iluminado agora elogia os lucros estratosféricos dos bancos... Essa conversa é velha, ele "amadureceu". Sei, desde a carta de Recife. Eu afirmo que envileceu.

Mas você teve a chance. Seu partido nasceu circunspecto, lembra? Depois, na ânsia dos vinte ou trinta anos no poder, além de se coligar com os múmios vocês começaram a abrigá-los como quadros partidários.

Se eu dissesse mude, José, reaja, livre-se dos faraós em ouro que te cercam, coloque fogo no circo, adiantaria? Não se dê ao trabalho de responder.

Dolores me espera com um copo de uísque e o Blue Tango na vitrola.
Abraço e boa sorte.
Salito

miércoles, 25 de agosto de 2010

Marinando

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Prezada Marina

Caríssima, aproveito este tempinho de espera no aeroporto de Luanda para te enviar este bilhete, de fato mal traçado aqui no saguão. O tema me deixou encucado e não pode esperar.

Quer dizer, então, que vais mesmo fechar com a Mad Madam Mim na hipótese de segundo turno? Custo a crer, mas dizem que é isso que os expoentes do grande Acre, o Jorge e o Tião, meninos de recados do Iluminado, andam espalhando.

Não entendi. Ajude-me a raciocinar: se a memória não me falha, foi a Mad quem te deu um corridão do ministério do Meio Ambiente, acusando-a de retardar a liberação de licenças para o "progresso" desordenado. Foi, né? Bem, se como pajem do Iluminado ela fez isso, dá para imaginar o que poderá fazer quando for a Iluminada, algo na base do cala-boca e te arranca daqui. Estou certo?

Vai me seguindo: se você e a Mad divergem profundamente naquilo que te é mais caro, ao ponto de, com o teu despreendimento, o desapego a cargos, teres abandonado a carroça (mais apropriado que barco, não?), mandando-a cachimbar formigas, então qual seria o preço desse esdrúxulo apoio? Por amor não seria, né? O que os queridos ecocapitalistas pretendem, enfim?

Diga-me outra coisa: por que diabos o Iluminado tirou uma desconhecida da manga (uso manga e não cartola por motivos óbvios, minha cara, pois mágico aquele cidadão não é, está mais para carteador, mas... carteador com cartas na manga..., mudemos de assunto), se com um aceno poderia te trazer para o lado dele, facilitando as coisas. Afinal, como poucas pessoas, tens um nome respeitável "neste País". Não me mande perguntar a ele, é um enrolão, e você deve saber muito bem.

Seja sincera, fale agora, depois não vale, depois eu não vou e ninguém vai entender. A camarilha do partido de jaders, renans e eliseus vive de fazer isso, dando "apoios" para todo lado, de olho na divisão do butim, e o pessoal está acostumado, vem de onde se espera, mas de uma moça altiva, séria, capaz, especial, sofrida, como você, não passa pela cabeça de ninguém. Até agora me espanto com a lista de adeptos que o partido do Iluminado conseguiu. Menina, vai da extrema-direita ao centro, permeando todas as suas podres variações. O rombo é coisa de muitos bilhões. De fora mesmo somente a esquerda autêntica, eterna inimiga de Mr. F. Febraban e de seus cúmplices.

Sabe, essa de apoio em eventual segundo turno me caiu nos ouvidos ainda hoje, logo após eu ter discutido com a Rita Lee por telefone. A propósito... aquele negócio d'ela te chamar de fraca, combalida fisicamente... guria do céu, que coisa mais nojenta, parece que nada sabe da tua história, logo quem, com aquela carinha de rigor mortis. Comecei dizendo a ela para te procurar no Wikipédia, se orientar, em vez de ficar defendendo o salariozinho da Hebe (Deus do céu, falei na múmia)... Não me deixou concluir: explicou que foi brincadeira, jogo de cena para continuar parecendo maldita, tomar os bagarotes da moçada, isso dá dinheiro. E falou também que gracejou porque tinha cheirado, fumado e bebido tudo, pobrezinha da anciã, no fim reclamou que anda mal dos cobres, morando no mato. De tanta pena, prometi lhe arranjar uns showzinhos no lupanar da velha Stanislava Perkoski, a Polaca, desde que não ensine as meninas a cheirar e fumar o que não devem; beber eu já ensinei, podem tudo.

Sei lá, acho que atualmente é moda as coroas patricionas, que mal sabem os partidos das candidatas, darem de vomitar asneiras para aparecer. Viste a Maitê, escrava da plim-plim, a respeito da tua oponente: "Aaaai, precisamos que os machos selvagens nos salvem da Mad". Oh, senti uma vertigem, meus sais, meus sais... E eu ainda tenho a coragem de voltar ao Brasil... Talvez queira um aumento, mas, expressando-se dessa maneira, alguém pode pensar que quem está a perigo pelos selvagens é a própria Maitê, no apagar da vela, já que lamber a,.., ahm, as botas do patrão parece que não a está satisfazendo. Ou, se me permite a divagação, talvez o seu colega (dela, né), o mauricinho Bial, tenha monopolizado a lambeção da..., ahm, das botas. Aliás, falam por aí que o mauricinho é um excelente biógrafo, e já colocou mãos à obra para perpetuar em livro as biografias dos cães dos netos da D. Lily, em troca de algumas xixicas. Perfeito, aplausos a ele, vou madrugar para ser o primeiro na fila de autógrafos.

Bem, o tempo voou, ainda tenho de redigir um bilhetinho para o Plínio de Arruda Sampaio, soube que ele deu um banho no debate promovido pela rede católica do País (800 canais de rádios e televisões, exceto os de sempre, isto é, os canais dos amigos de Mr. F. Febraban), no qual faltou a representante do Iluminado, precisava repousar no ibope selvagem, e..., como eu dizia, depois sigo viagem, com o peito mais leve.

A gente se vê.

Abraço.
Salito

martes, 24 de agosto de 2010

Manipulação

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Mr. F. Febraban

Seu grande filho-da-puta

Oportunamente responderei a sua última carta. Por enquanto, espia só como é fácil desvelar as técnicas de dominação, suas, dos seus sócios, dos seus políticos e dos seus mandaletes. O difícil, você sabe bem demais, é a gente dar publicidade disso, levar ao povo a informação. As plim-plins da vida, suas amigas, com seus noticiários mentirosos, com faustões e outros neandertais antipatriotas, vomitando tolices diariamente, não permitem. Mas..., bem, voltaremos a falar disto. Por enquanto olhe.

1- A estratégia da distração

O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. "Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')".

2- Criar problemas, depois oferecer soluções

Este método também é chamado "problema-reação-solução". Cria-se um problema, uma "situação" prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3- A estratégia da degradação

Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4- A estratégia do deferido

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo "dolorosa e necessária", obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que "tudo irá melhorar amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5- Dirigir-se ao público como a crianças de pouca idade

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê? "Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver "Armas silenciosas para guerras tranqüilas")".

6- Utilizar o aspecto emocional muito mais do que a reflexão

Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos...

7- Manter o público na ignorância e na mediocridadeFazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. "A qualidade da educação dada às classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')".

8- Estimular o público a ser complacente na mediocridade
Estimular o público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto...

9- Reforçar a revolta pela autoculpabilidade

Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema econômico, o individuo se auto-desvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!

10- Conhecer melhor os indivíduos do que eles mesmos se conhecem

No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, física e psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer o indivíduo comum melhor do que ele conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

Viu?

Como neste momento estou voando para a América do Sul, esses 10 itens me foram enviados pelo meu amigo Noam. Sim, ele os escreveu pensando na matriz, mas serve para bandidos como você e sua catrefa, ótimos em copiar o que há de horrível por lá.

Hasta la vista. Quando encontrá-lo, tiver a sorte, eu espero não te encontrar comprando meninas, feio de se ver. Nem de beijos de língua com aqueles sujeitos de tatuagem em todo o corpo.

Numa viagem destas resgatarei a tua mulher, se é ainda aquela que imagino, uma menina doce que forçaste na Macedônia. Talvez me case com ela, pois me ajudou a fugir.

E lhe darei cinco tiros no rosto, se, agora tu, tiver a bela sorte de me encontrar.

Salito

martes, 17 de agosto de 2010

Júlio

Caro Júlio Flores

Por estas linhas, mais uma vez abro meu voto ao valente amigo, para o cargo de governador do estado do Rio Grande do Sul. Como tu, estou disposto a perder novamente diante do terrível poder econômico, se esse é o preço de andar de cabeça erguida.
Te saúdo enviando o poema A Mis Críticos, do teu homônimo, grande poeta colombiano Julio Flórez:

Si supiérais con qué piedad os miro
y cómo os compadezco en esta hora.
En medio de la paz de mi retiro
mi lira es más fecunda y más sonora.

Si con ello un pesar mayor os causo
y el dedo pongo en vuestra llaga viva,
sabed que nunca me importó el aplauso
ni nunca me ha importado la diatriba.

¿A qué dar tanto pábulo a la pena
que os produce una lírica victoria?
Ya la posteridad, grave y serena,
al separar el oro de la escoria
dirá cuando termine la faena,
quien mereció el olvido y quien la gloria.


Abraço
Salito

Orgias de banqueiros no Teatro São Pedro

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Prezado Mr. F. Febraban

Tens razão, aqui de longe, em Bujumbura, com os jornais que que só publicam o que você quer, me é difícil saber tudo o que acontece por aí. Grato por responder a minha carta, não precisava, assim raivoso, bichona. Digo isso de brincadeira aqui, para as crianças loiras do Burundi sentirem que o mundo tem solução, sim. Era a minha vez de dar aula.

Posso lhe dizer umas palavrinhas. Haja paciência.

Vejamos a sua estória de orgias sexuais (disso não falei à criançada).

Francamente: alguém andou lhe tomando o dinheiro com uma pesquisa de araque. Falemos sério, nessa tu marchou, otário.

Segundo a influente organização UNU-MERIT, em uma pesquisa que cobriu o período de 1981 a 2006, realizada em três anos pela equipe dos pesquisadores holandeses Derrick Naaktgeboren, Arent van der Pier e Aaghie Zeldenthuis, da Universidade de Maastricht, sobre a vida pessoal dos políticos brasileiros, detectou-se que todos, sem exceções, como os banqueiros, são impotentes.

Acredito que, quanto aos políticos, diz respeito aos manipuláveis, qualquer que seja o meio, uns 99,9%.

Para resumir, sem apelar para tecnicalidades, entram em ação os mecanismos psíquicos de defesa, que tanto prezam os psicanalistas (estes, todos discípulos de Onan): sublimação, deslocamento, substituição, etc., e o cérebro tende a descarregar a energia retida em outras atividades, que não as de alcova.

É aí que surge a insana busca por dinheiro, prestígio, bens, poder, premiações e maldades. O intenso gozo ao submeter seus semelhantes à miséria, à indignidade da fome. Esquecem (o mecanismo de repressão) que logo vão bater as botas e ninguém vai se lembrar, os filhos apenas se lembrarão na hora de brigar pela espoliação, digo, pelo espólio.

Percebeu que temos Homem do Ano para tudo? É Penico de Ouro para um, Mentira de Aço para outro - o açoneiro alemão, o Gerdau, já tem uma coleção subsidiada pelo Banco do Brasil dos seus deputados, com seus cavalos roubados, que valem mais que um deputadinho... Ah, Vibrador de Marfim para aquela outra, o Falo Pink para aquele mais fresquinho, Guampa Publicitária para os gatunos, e por aí afora. 

É assim que funciona, a velha hipocrisia, todos sabem do esgoto um do outro, aquela podridão preta vazando..., não passam de uns cacacas, mas se protegem uns aos outros, o importante é passar a vida mentindo, mas cheios de grana, o povo paga, que morram crianças, as dos infelizes. Ou não seriam os escravos a pagar? Comemoram vestidos de pinguins no teatro são pedro, aquela bosta ridícula, estátua do sistema perverso. Ai a dona Sofia... A dona Sofia, velha insensível, deveria entrar era num hospital, ou presídio, para aprender a viver.

Chamar de velha insensível dá cadeia? De idiota dá cadeia? Fiquei morrendo de preocupação, seria uma honra ser preso por isso. É pior que burra, mas isso não diremos. É uma merda ambulante.

A partir desta breve introdução, podes deduzir a reflexão inteira, o conjunto da obra. Já dos grandes empresários, somente 85% tem esse probleminha de broxura, os outros 15 sofrem de viadice, mas isto é mais complicado.

Porém nem tudo está perdido, pois detectou-se também que 69% de todos - políticos, banqueiros e grandes empresários, são adeptos do Voyeurismo (mecanismos da substituiçào e da fantasia, entre outros). Suponho ser essa a razão da existência de certas mansões aí na capital, e de um banqueiro, digamos, amigo meu, o Daniel, possuir um gigantesco harém, obviamente com muitos eunucos (do tipo 1, espada, sai da frente).

Eu não deveria, Mr. F. Febraban, mas vou-lhe colocar um pulguinha atrás da orelha, pequena amostra das represálias que virão. Anote aí:

Vocês estão enganados com aquela senhora, a Dilma. Sei porque houve época em que convivi com ela, profissionalmente, of course. Ela era séria, honesta, e destemida, ao menos quando vista de longe. Salvo se o inculto Lula tenha lhe feito um transplante de cérebro e de alma nos últimos anos, o que duvido, estou certo - por instinto de livros - de que ela está dançando a música deles, mas em breve rodarão outras, as dela, no toca-discos. Outra coisa, não dá para comparar.

A considerar a atitude raivosa do casalzinho de bolo de casamento da Plim-plim ao entrevista-la, parece que não. Resta o problema da invasão de corpos, sobre o que falaremos outro dia.

Então, smj, ela é muito diferente do apedeuta iluminado, deslumbrado, encantado, abobado, remendado. Depois de agüentar até pau-de-arara, quando menininha, você acha que ela agora, sexagenária, teria medo de vocês? Me conta, qual a garantia que vocês têm de que lá adiante ela não se encapete? Deixa de ser burro.

Vocês têm coragem... Morrem de medo do vampiro José, mesmo que os nazis o estejam apoiando, e vão cair nos braços da Mad Madam Mim.

O perigo que vocês correm é o seguinte: se o vampiro José com certeza poderia lhes dar um pé na bunda, mandando-os se acertar com Asmodeu, ela, a Mad, poderá lhes mandar direto para o chefão Satanás, que não é de luxúria, a coisa é mais séria.

Já que me contou que está recauchutando pneu velho, então diz tudo logo: quanto está gastando, só na compra de juízes e de votos, para recuperar o Boquinha de..., bem, o boquinha? Já pensou que daqui a pouco aparece aquela outra maracutaia, que eu sei, você não sabe, e a imprensa nanica e subversiva ainda não pegou?

Pretende recuperar o Dirceuzinho também? Ahahah...

Quem é que perdeu o sono agora?

Africanas saudações.
Salito


















lunes, 16 de agosto de 2010

E ele provoca...

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Odiado Salito

Perdeste uma boa, quem mandou se ausentar. É com prazer que dou a notícia. Está em todos os periódicos daqui: acionei o meu servo-mor, uma pessoa iluminada e desprovida de interesses econômicos, cujo filho trabalha de sol a sol como telefônico e agricultor, e anteontem ele disse..., você sabe o que ele disse? Sente-se. que essa é para te descadeirar.

Confrontado com os nossos lucrinhos, e sabendo que ainda queremos mais, disse:

- Graças a Deus que os bancos estão ganhando muito dinheiro.

Sem tirar nem pôr. Esse relutou, teve uma má criação, mas há uns 8 anos reconhece o meu valor, agora chama-me Deus.

Que presença de espírito! Foi aplaudido em pé pela massa ignara.

Está bem, vá lá, alguns servos menores, sim, reconheço que mereciam estar engaiolados, cometeram muitos desvios de conduta, quase estragam tudo. Mas estou recuperando o Paloti, aquele boquinha de chupar..., ahn, de chupar teta murcha, em quem muito investi, que seria o meu servo a substituir o iluminado, assim que dentro de pouco tempo estará com a reputação lavadinha, servirá novamente para alguma coisa, antes de ser descartado, talvez até para ministro, discreto como o Meireles.

Encomendei pesquisa e descobri que uns 2% dos meus servos políticos não são frígidos, então ensinei-os que não se deve misturar política com orgia sexual, quem nunca fez... você sabe bem como é, se lambusa, os abelhudos descobrem a mansão, acaba tendo que invadir extratos bancários de miseráveis.

Agora estão preparados, nunca mais repetirão tais obscenidades, os mais excitados voltarão a cultuar Onan, além da rapidinha com as patroas no aniversário de casamento. E avisei que mandarei ma, ahm,..., que farei desaparecer quem se comportar como punguista de feira.

Exijo concentração no trabalho, finesse nas negociatas, com as consultorias estrangeiras que lhes coloco à disposição.

Exulto, sei que com as boas novas te tiro uma bela noite de sono.

Volte para cá, volte para ver...

F. Febraban

martes, 10 de agosto de 2010

Recordando Tito


Há exatos 36 anos, prestes a completar 29 anos, morria o homem que foi o símbolo da luta pelos direitos humanos na ditadura militar: Tito de Alencar Lima, conhecido como frei Tito.

Enforcou-se na zona rural do convento de L’Arbresle, nos arredores de Lyon, França, já enlouquecido pelo trauma de ter passado 14 meses nos porões da ditadura militar.

A tragédia que tirou a vida do frei acontecera na noite do dia dez de agosto de 1974, quando a repressão da qual ele foi vítima ainda continuava a prender, torturar e assassinar no Brasil.

Pensei em iniciar este resumo com os nomes dos seus torturadores conhecidos, porém a náusea não me permitiu.

Desde muito novo Tito concluíra que só a vida religiosa daria sentido luminoso aos seus passos e que só na Igreja – consoante visões febris de Isaias – viria fazer justiça aos pobres da terra. Para ele, a Igreja não é templo dos ricos; ao contrário, é ainda a fraternidade subversiva das catacumbas romanas, sem profanações do dinheiro, e para sempre incumbida da construção de um futuro de justiça e liberdade, do futuro sem peias, quando Deus mesmo estará com seu povo.

Em 1969, Tito cursava Filosofia na Universidade de São Paulo e já tinha em seu currículo um histórico de militância: fora dirigente regional e nacional da Juventude Estudantil Católica, um dos movimentos de vanguarda da militância cristã da época.

Na madrugada do dia 3 para o dia 4 de novembro, Tito foi preso junto com outros dominicanos no convento em que morava pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, seu primeiro torturador. Nesse dia, a sua igreja lhe faltou.

Entre os presos estava Frei Betto, suspeito de participar de um esquema comandado pelo líder da Aliança Libertadora Nacional (ALN), Carlos Marighella, grande vulto brasileiro que pregava a luta armada. Começava, assim, o martírio de frei Tito e dos seus irmãos. Como instrumento de intriga, os agentes da repressão espalharam a história que os dominicanos traíram os participantes da ALN, sendo este mal entendido esclarecido apenas em 1982, com a publicação do formidável Batismo de Sangue, livro do frei Betto.

Foram vários meses de horrores e vilanias. “Se sobreviver, jamais esquecerá o preço de sua valentia”, disse-lhe um torturador. O frade dominicano passou pelo pau-de-arara, sentou na cadeira do dragão e recebeu choques elétricos na cabeça, nos ouvidos e nos tendões do pé. Deram-lhe pauladas nas costas, no peito e nas pernas, incharam suas mãos com palmatória, revestiram-no de paramentos e o fizeram abrir a boca "para receber a hóstia sagrada" - descargas elétricas na boca. Queimaram pontas de cigarro em seu corpo e fizeram-no passar pelo "corredor polonês". Apesar da intensa tortura que sofrera, frei Tito nunca falou. “É preferível morrer do que perder a vida”, anotou em sua Bíblia, depois que um de seus torturadores avisou que, se não falasse, seria quebrado por dentro.

Em janeiro de 1971, foi banido do país; voou para o Chile e, depois, para Roma, Paris e Lyon. Mas o sonho da morte o habitava. A tortura que sofrera no Brasil havia rebentado seu espírito e continuava atormentando-o sem parar. “Longe vem o retirante... vem dizer que nos esquecemos de amar”, ele disse nos poemas. Tito sentia “um silêncio de Deus”. Certa vez, escreveu: “Não busco o céu, mas talvez a terra, um paraíso perdido”. Mas, o paraíso na terra estava perdido para sempre: em agosto de 1974 Frei Tito livra-se da tortura e morre, na certeza de poder viver depois da morte.

Na cruz que lhe coube entre os bosques de L’Arbresle, está gravado: "Frei da Província do Brasil. Encarcerado, torturado, banido, atormentado até a morte, por ter proclamado o Evangelho, lutando pela libertação de seus irmãos. Tito descansa nesta terra estrangeira".
A inscrição termina com estas palavras cortantes de Lucas: “Digo-vos que, se os discípulos se calarem, as próprias pedras clamarão”.

Em 1970, sob custódia da “Operação Bandeirantes”, frei Tito escreveu sobre a sua tortura num documento que rodou o mundo, tornando-se um dos símbolos da luta pelos direitos humanos na ditadura. Quando foi solto, em dezembro do mesmo ano, pediu exílio no Chile, de onde seguiu para Itália e França.

As feridas de seu corpo cicatrizaram, mas as torturas deixaram marcas incuráveis em sua alma. Era constantemente atormentado pelos fantasmas do passado, via Fleury em todos os lugares, ouvia suas ameaças. Fez terapia, mas de nada adiantou: seus traumas eram demasiadamente profundos. Enlouquecido, sozinho, atormentado, Tito morreu sob a copa de um álamo. “Se minha alma está morta, quem a ressuscitará?”, escrevera ele pouco antes de morrer. Esse discípulo não se calou. Afirmou seus princípios no paraíso da meninice, nos longos dias de combate e no inferno que finalmente o consumiu.

Quando, só em 25 de março de 1983, o corpo de Frei Tito chegou ao Brasil, foi realizada em São Paulo uma missa de corpo presente acompanhada por mais de 4 mil pessoas.

"...
E agora? E agora? E agora?
Onde estavam o guardião, o ecônomo, o porteiro,
a fraternidade onde estava quando saíste,
ó desgraçado moço da minha pátria,
ao encontro desta árvore?
..."
(Adélia Prado, in Terra de Santa Cruz, 1986)
Fontes: jornais e Grupo Tortura Nunca Mais.














domingo, 8 de agosto de 2010

Llorar

Papito mío

Estoy en Casablanca, poco; hoy, pasando, me voy a Madrid. Vuelando.
Ah, escrevo na tua língua, viste? Me ajyudou, yo aprendi. Mira:
Estive em Nueva York, quando recebi tu telefonema en Hong-Kong nao tive tempo de dizer.
Que bobo, mas me encontrou.
Sim. Un papito bobo. Nao me esqueço, no.
Un desfile en la parte francesa (antiqua) de Shangay antes. Fui muchissima aplaudida, uma roupa blanca, linda. Nao gosto deles, pero sou modelo. Si, sei, "aqui nao". E nao mesmo.

Espero que antes, ah, tolinha yo.
Ao pasar por Montevideo irei a Porto Alegre, necessito descansar. Necesito verte.
Ahora calmita. So-men-te (no poner la).
Calmamente te digo que amo, solamente a ti. Nunca tive envidia de tus tantas mujeres, sé que es mío.
Somente!
Besos, mi viejo, meu menino.
Sempre tua hijita.
Anahí.

viernes, 6 de agosto de 2010

A revolução inconclusa

Apesar dos insistentes golpes reacionários, no curso dos últimos 80 anos, muitas das reivindicações daquele tempo foram satisfeitas, com Getulio, em 51; Juscelino, em 56; e Jango, em 61. Mas o retorno aos ideais de 30 foi impedido pelo golpe militar de 1964: o poder financeiro ainda prevalece sobre o capital produtivo e os trabalhadores rurais – como os cortadores de cana e os nômades contratados pelas grandes empresas do agronegócio – são tratados como semiescravos. Ainda estamos à espera da reforma agrária, que foi a base da sociedade industrial no mundo desenvolvido.
A Constituição de 1988 restaurou os princípios fundamentais de 30, mas os governos neoliberais, submissos à globalização da economia, mais uma vez interromperam o processo, mediante emendas constitucionais absurdas. Os estados, ofendidos, de fato, pelos interventores do governo militar, perderam, depois de 1995, com o governo tucano, o resto de sua autonomia política e administrativa, impedidos de ter seus bancos oficiais e suas empresas estatais. Dependentes dos recursos tributários federais, ficaram submetidos à força política de Brasília e ao poder econômico de São Paulo.
Para a Aliança Liberal não havia partidos, nem programas. Continuamos sem partidos, sem programas – e sem federação.

Essas palavras, que parecem ter saído agora dos lábios do seu Plínio Sampaio, é a parte final, hoje, de matéria do jornalista, escritor e pensador Mauro Santayana, publicada no JB.
Mas o circo continua, e não vai se incendiar.

jueves, 5 de agosto de 2010

Juremir, Juremil, Universal

.;
Em 8/fev/2013: Este texto foi dedicado a um enlouquecido jornalista gaúcho, Juremir Machado da Silva. Um bosta ao cubo. Chamar de bosta ao cubo é pouco (há dois anos não vejo nem leio, mas não deve ter mudado), que notabilizou-se desde moleque, que ainda o é, salvo mudança, veja adiante, em bater nos outros como forma de se promover, enquanto dava a bunda para a Universal dos santos! O ponto de exclamação é duro, falo, para quem tem. Explico isto pelos muitos e-mails de gente que, por incrível que pareça, como ele, não entenderam picas desta vida.

Se o cidadão mudou, digam-me. Se deixou de ser a besta deslumbrada, apaixonada por si mesmo ao falar para pobres crianças, me avisem. Com homem o papo é outro. Confusos correios eletrônicos não entendo. Pelo que vi e ouvi, é um bosta, disposto a machucar quem aparecer na frente, feito Renan Calheiros percorrendo cidades do interior, num périplo de falsidade, e segue o mesmo, agora sem aquela mentira de novidade.

Tente comigo, Juremil. 

Certo, amigos que enviam correios?




Bem, depois de hoje vou repensar esse negócio de cartas. Entre uma de mais um padreco me insultando (deveria estar bêbedo, o Dá a Deus, pois falou uns palavrões que as meninas da Stanislava esqueceram de me ensinar naquelas saudosas tardes de inverno, enquanto a clientela arranjava dinheiro pra trazer à noite pra gente) e a que segue, optei por esta de um desconhecido. Sempre gostei de malucos.


EU

Alvíssaras! Eu estou muito apressado, mas, como eu supus que amanhã ou depois acabarias escrevendo sobre genialidade, eu me antecipo (eu marco de cima, eu pulo junto, eu sou o Inter sonhado, uau!).

Antes, Salito, uma correção: meu nome não é mais Juremir, eu mudei. Uau! Agora eu sou Juremil. O perfeito Juremil. O sagrado Juremil. Tá, bota aí também o humilde Juremil, o singelo Juremil, para não prejudicar os negócios. Huhu! Eu explico: eu fiz uma retrospectiva da minha ultragrandiosa obra e eu concluí que eu sou nota mil em tudo. Ninguém me supera. Juremil-mil-mil! Ai...

Deixa eu respirar. 

Eu engambelo aqueles franceses imbecis por uma questão de estratégia. Prestígio e grana (ui que ameaço de orgasmo), me entende, não é, ninguém é de ferro, e também para viajar semanalmente a Paris, aquela cidadezinha mais apagada que a minha Dodô Desasada, o extinto pombal fronteiriço onde brotei bem no instante em que houve aquela conjunção (ui) planetária. Comparando com Jesus, dez a zero para eu, uau! As velhinhas me atacam na rua para me abraçar, huhu!, e isso que não viram meu pintão.

Sabe, Salitre, eu li tudo o que os gauleses escreveram, aliás, eu li tudo o que foi escrito no mundo desde os escritos dos alienígenas, me prestei até a ler os contos do ceguinho Borges, mas eu vou reescrever cem por cento em hieróglifos hititas, com a simplicidade e leveza do sacerdote Juremil, eu vou champoliá-los (oba) em 2011, eu vou cobri-los de rubor, eu vou fazer um barulhão, eu vou romper as fronteiras do pensamento, uau, rumo ao espaço, eu só imagino a cara do velho Fiódor Dostô, uau, e tem mais: eles que esperem eu publicar a minha nova obra-prima (chama-se EU, JUREMIL, trioriginal, hein?) onde eu provo, pela mesma dialética transcedental assassinada pelo Emanuel (o babaca do Kant) que aquele lero de imperativo categórico está invertido, e que o François-Marie Arouet era ridente devido à idiotice, espirituoso nada, ironia fina ele vai ver. Eu, eu... bem, naquele tempo não tinha livro meu na praça, eia, eu vou compor sonatas em braile para causar felicidade e espanto ao rústico Beethoven! Viva le futur antérieur!

Eu sou especialista em tudo: física quântica, filosofia, futebol, mais umas cem mil coisas só na letra éfe, tudinho, tudinho. Eu falo e eu traduzo todas as línguas conhecidas e desconhecidas! Uau!

Eu morei em Adis Abeba, em morei em Atenas, eu morei em Amsterdã, eu morei em Belgrado, eu morei em Berlim, eu morei em Bucareste, eu em Budapeste também. Uau! Eu morei no Cairo, eu morei em Copenhague, eu morei em Dublin, Estocolmo, Lisboa e Londres, eu morei em Luxemburgo, eu morei em Madrid, eu morei em Moscou, eu morei em Roma, eu... acho que pulei algumas, maldita memória, preciso tomar meus comprimidos... tá, comece aí todo o Abc até Viena! Uau! Em Bujumbura não, ahahah, desculpe, Saltito, uau!

Bem, eu ia falar de quê mesmo, deixa eu ver... Tá bom, eu... ahm... eu... eu... Bem, eu... eu... eu... eu... eu... eu... eu... eu... eu... Hummm, eu... eu... eu... eu... eu... eu... eu... eu... Uau! Eu quebro a rotina e hoje eu falarei de mim, mas só um pouquinho, eu estou meio atrasado para meus milhares de compromissos. Viu a economia no título que eu, o lacônico Juremil, botei agora lá em cima? Eu. Huhu!

Ah, eu tive uma namorada em cada uma daquelas cidades! Uau! Estranho... não recordo os nomes, ah, nome não importa. Uau!

Tu já leu o meu último livro? Cara, não é pra eu me gabar, eu não sou disso, mas é um clássico como nunca houve, na terra como no céu, aquele Shakeaspeare deve estar se revolvendo no túmulo, mortinho de inveja. Já na segunda página eu ensino o pessoal a conjugar os verbos. Eu me arrependi-me (ops) de publicar, está além do alcance da massa encefálica dos não escolhidos. Agora já era. Tu já comprou? Se não, compre logo, compre, compre, compre, compre, compre, compre, compre, compre, compre, compre, vai esgotar, para ti eu faço um precinho camarada, eu sou o dono do pedaço no Reino dos livros, escribo en el periodico Letters of the People, huhu! Agora eu sou Universal. Lá no outro, o reino da judéia, a concorrência fica promovendo aquele canhestro da última página, ahahah. E eu faturando. Faturando a fama, claro. Eeeeeuuuuuuuuuuuuu!

Lembra daquele portuguesinho inexpressivo, o José Sarraceno ou Salamargo? Mais cheio que o Luiz Fernando. Pois é, morreu o crucífero (oba), iupi, iupi, iupi, dou pulinhos, morreu, morreu, morreeeu, se apressou a bater as botas pra não ter que ver o saco de nobél que eu vou abocanhar, viva, viva, vivaaaa, eu vou sarambecar lá nas Canárias, uau!

Bem, eu... eu... eu, uau!, eu preciso ir, até a próxima, eu estou atrasado para um show que eu vou dar à tarde lá na universidade dos caras de preto, como você diz, Eu vou-lhes (gostou? Vou-lhes) contar umas estórias básicas que eu inventei sobre as estorinhas sem graça daquele baiano, o Amado. As gurias vão delirar, ui uau! Depois eu tenho de dar uma palestra sobre nanorrobótica medicinal a partir da experiência com cágados, en passant eu ainda vou proferir outra, uma teleconferência d'échecs para os meus amigos Veselin Topalov, Magnus Carlsen e demais top-twenty (sobre as falhas das análises dos computadores na variante Leningrado da Ninzo-Índia), sem deixar de apresentar meus programas de rádio e TV, depois ainda uma aula de direito aeroespacial, e lá pelas dez, enfim, uma aparição no São Pedro, eu vou estrear um novo solo de oboé, eu, eu, eu, eu, uau, eu não dou conta, eu não dou conta, eu não dou conta...

Eu preciso ir, eu preciso ir... dê uma chegada aqui pela Rua da Praia, eu preciso te mostrar (en passant que o tempo voa) meu penteado atual. Rapaz, lindooooooooooooo, combina com o jeans que eu comprei no Marrocos. Uau! Ei, já comprou um livro meu?
Uau!, uau!, uau!
Juremil

PS.: E tu, Salatiel, ainda ingere bitter purinho? E aquela tua chinoca de Rivera, uuuuuuuui, conta, conta, conta.