viernes, 12 de julio de 2019

ANOITECE NO PESADELO

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Onze de julho. Anoitece em Porto Alegre, um baixo astral daqueles. Dizer o quê? Tudo já foi dito, é uma sequência de crimes como nunca se viu. Quem não quiser ser escravo ou morrer que se mude para não sei onde, pois é uma avalanche arrastando terra, neve, gelo, árvores, bichos mortos, agrotóxicos, cadáveres humanos, que soterrará meio mundo. Os monstros não deixaram alternativa de meio termo: é ir para o ataque disposto a morrer ou bater em retirada.

Resultado de imagem para casinha no meio do mato

Cheguei há pouco da Zona Sul, hoje visitei o Boca Santa na sua casinha lá nuns matos depois do Lami, para ver como ele está de saúde. O Boca foi meu vizinho e companheiro de sofrimento nos tempos de morador de rua na Praça Garibaldi, quando adquiriu o poder que tem. Ele tem consciência do perigo, cuida o que fala. Voltei de lá pensando em pedir-lhe um favor: rogar pragas pela morte de algumas pessoas. Jamais imaginei que poderia fazer uma coisa dessas, mas talvez volte lá amanhã, ele não faz isso por ninguém, mas por mim fará, salvei-lhe a vida certa vez. Imagino o seu espanto quando eu disser que são mais de mil bandidos. Estou pensando.

Por enquanto recomendo que todos nos agarremos aos santos de cada dia, hoje é São Bento, pelo seu exemplo podemos nos enfurnar para sempre em alguma gruta no meio do mato, fugindo de tudo. Estou pensando.