Ao ver a imagem dessa menininha a memória me trouxe algo.
Certa vez, num domingo vazio, quase sem trânsito, ali pelas três
da tarde uma das minhas - tinha uns seis ou sete anos -, ficou brabinha com
alguma proibição, fez uma mochilinha com duas ou três pecinhas de roupa, pegou a sua bruxinha e
disse que ia embora.
A sua mãe correu a dissuadi-la, mas não adiantou, estava
decidida. Falei: "Deixa ela ir". A moça sentiu que algo eu pretendia
e deixou.
A pequeninha abriu a porta, desceu as escadas e saiu. Ficou
parada lá na calçada, e agora? A gente espiando pela janela. Esboçou um início de
caminhada em direção à Av. João Pessoa e parou. Eu pronto para sair correndo e
buscá-la, se fosse mesmo.
Ficou lá uns bons quinze minutos. Então desci: "Querida,
vai abandonar o pai e a mãe, vamos ficar tristes, sozinhos...".
Salvei-a, mas respondeu: "Ta bom, vou
outro dia então". Voltamos para dentro de mãos dadas, ela super feliz. Teimosinha como só,
não deu completamente o braço a torcer, nem eu pretendia quebrar a sua coragem.
Mesmo assim depois fiquei me sentindo um bandido.
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