domingo, 30 de septiembre de 2012

Dor de Corno

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João da Noite já se sente melhor do ataque de loucura de "tresontonte", como nosotros gáutios chamamos a trasanteontem, quando pretendia espetar todos os políticos da nação, a começar pelos de Porto Alegre, de modo que o psiquiatra Gira-gira o liberou para dar uma chegada no Botequim do Terguino, onde a tigrada faz o tradicional churrasco dominical no meio da rua.

Ele queria ir de a cavalo, mas o dissuadimos da ideia, argumentando que domingo os motoristas facão estão à solta, vai que me atropelem o pingo. Foi de carona com Miquirina Segundo e junto levou uma das fitas aqui de casa. Chegou lá, depois dos abraços pediu uma pinga com limão, seca, e mandou bala no som do buteco.

O Filósofo dos Pampas, Mano Lima (Mario Rubens Battanoli de Lima, Itaqui, RS, 26/8/1953), com a sua inseparável chorona.



sábado, 29 de septiembre de 2012

Contralouco se apavora, n'A Charge do Dias

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Numa mesa do fundo do botequim Lúcio Peregrino e Contralouco lêem no notibuc a notícia de que o parlamento espanhol está novamente cercado por manifestantes que querem derrubar o governo,  o Contralouco exulta:

- Tem que quebrar tudo mesmo, e pendurar aqueles direitistas na ponta de uma corda!

Os companheiros das outras mesas se aproximam e Lúcio lê a manchete que acabou de ser postada no El País online: Una multitud llena (la plaza) Neptuno en otra protesta ante el Congreso. Depois explica:

- O governo conservador quer empurrar a conta da roubalheira dos bancos no rabo do povo, é desemprego em massa, cortes nos direitos sociais, tá dando de tudo por lá, censura à imprensa, policiais infiltrados na manifestação para começar quebra-quebra e com isso justificar que baixem o pau na população.

Contralouco vai ao delírio:

- Bah, eu daria um dedo pra estar lá no meio, os milicos iriam ver o que é bom pra tosse.

- As classes armadas são iguais em todos os lugares: um monte de pobretão agredindo outros pobretões para proteger banqueiros, diz Jezebel do Cpers.

- Hijos de puta!, vocifera o Contralouco.

(Nos protestos de hoje por enquanto o pau ainda não comeu. Ainda não há nada no youtube, mas o vídeo de 4 dias atrás dá uma ideia do clima)




Wilson Schu entra no bar e diz:

- Ei, Contra, quer dizer então que tá em campanha pela Manuela Namorida pra prefeita?

- Eu não, tá doido, prefiro cortar o pau a fazer uma bobagem dessas. Eu vou votar no Érico do PSTU.

- Então o que é aquele cartaz ali fora, na parede da frente do buteco?

Vão todos lá para a frente e dão com o cartaz pregado, letras garrafais, em vermelho: "Eu vou votar na Manuéla Namorida, peço que os amigos me acompanhem, para o bem de Porto Alegre. Ass: Contralouco".

Pra quê, o Contra fica branco como cera e arranca o cartaz com violência, rasgando em pedacinhos, com os olhos saindo das órbitas, parecendo à beira de um ataque. Já com todo o sangue do corpo no rosto, berra:

- Quem foi o filho da puta que botou isso aqui?! Claro que não fui eu, gente, vocês viram, né, eu tava lá dentro, e o maldito anarfa botou acento no nome da onça, eu mato esse desgraçado, vou descobrir quem foi nem que tenha que virar a cidade do avesso!

De cara todos pensam no Clóvis Baixo, o bicho é tinhoso de sacana, mas ninguém fala nada.

- Alguém de vocês viu o Baixo hoje?!, pergunta o Contra.

Ninguém viu.

- Puta que me pariu, quando cheguei no buteco, ali pelas seis da tarde, não tinha esse troço aí, quantas pessoas será que passaram por aqui na última hora?, diz preocupado.

- Umas cinco mil, responde Tigran Gdanski, para deixá-lo mais louco ainda.

O Contra diz já volto e sai percorrendo o Beco do Oitavo, perguntando de porta em porta se alguém viu um vagabundo pregando cartaz com o seu nome. Estragaram o sábado do boêmio.

Com a chegada da Leilinha, que vinha de panfletagem pelos seus candidatos do Psol, a turma vai para dentro, precisam escolher as obras do dia. Leilinha fica chocada ao saber do que aconteceu:

- Isso não se faz, é muita maldade, tadinho do tio Contra, e logo com aquela Manuela...

Ficaram com o mestre Aroeira, de O Dia (Rio de Janeiro, RJ).






E com o mestre Nani.




Leilinha escolheu a obra do Rico, do Vale Paraibano (São José dos Campos, SP).




(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)






O pio do macuco

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Plínio Marcos  de Barros (Santos, SP, 29/9/1935 - São Paulo, SP, 19/11/1999). Clicando no seu nome cai no sítio com a vida e obra do espetacular brasileiro. Funileiro, camelô, palhaço de circo, ator, diretor, escritor, humorista, jornalista e dramaturgo.

O pio do macuco


Tu, que sempre pega a pior, tu, que só come da banda podre, tu, que mora nas barrancas do rio e quase se afoga toda vez que chove, sabe melhor do que eu que, com a vida custando os olhos da cara do jeito que está, a negada faz qualquer negócio pra defender o feijão de cada dia. Se agarram em fio desencapado, matam cachorro a grito, jacaré a beliscão, catam lata e os cambaus. Por isso, não causa espanto dizer que o Onorino vivia de matar macuco. Profissãozinha escamosa, uma vez que, nos esquinapos dessa vida, a fauna, a flora e a pesca da pátria amada estão sendo esculachadas e findando por causa de gente que, a fim de lucro ou de diversão, vão botando pra quebrar sem medir as conseqüências. E o resultado da presepada do Onorino está aí mesmo pra não me deixar mentir. Mas deixa isso de lado. O que pesa na balança é que o Onorino era caçador de macuco e todo santo dia se metia nas matas de Mangaratiba, pra ajudar a acabar com a espécie dessa ave e pra garantir a continuação da sua, que era, na sua consideração, sua mulher e quatro filhos.

Enquanto o Onorino matava macuco pra viver, Antoniel da Cruz e Adolfo de Castro eram esportistas. Gente bem plantada dentro da sociedade, mas nem tanto que desse pra caçar leão na África. E como não tendo tu vai tu mesmo, os dois iam, toda vez que podiam, pras matas de Mangaratiba, outrora paraíso dos macucos, inhaúmas, jacus, jaguatiricas e outros bichos, mas que hoje (a bem da verdade é preciso que se diga) se espiantaram daquele pedaço ou foram pro beleléu por conta dos caçadores de fim de semana. Mas o Antoniel e o Adolfo não queriam nem saber se havia ou não caça nas matas de Mangaratiba. Se enfeitaram de caçadores e meteram as fuças todo embandeirados.

Levavam na mochila tudo quanto era badulaque. Facão de mato, espingarda de grosso calibre própria pra derrubar elefante, repelente contra inseto, cerveja em lata e um apito de chamar macuco. A única coisa que os dois tinham a lamentar, quando, às primeiras horas da matina, entraram mata adentro, era o cano que o Nego Leléu deu neles. O Leléu, que não era otário, prometeu que ia, mas logo se mancou que seu papel na fita seria o mesmo que crioulo em filme de Tarzã e por isso não compareceu. Aqui, ói, que o Nego Leléu ia querer passar o dia carregando o saco dos caçadores, pra no fim ser isca de onça. Não foi. E fez muito bem. Mas nem por isso os otários se acanharam. Se enfurnaram na mata serrada e foram logo assoprando o assobio de fêmea de macuco pra atrair macuco macho.

Parece até que combinaram horário com o Onorino. Ele entrou no mato no mesmo instante que os dois caçadores de araque. Só que pelo outro lado. E foi o Onorino entrar, pra começar a piar como fêmea de macuco pra atrair macuco macho. E nessa, o Onorino foi avançando na selva de Mangaratiba, enquanto, do outro lado, o Antoniel e o Adolfo também avançavam.

Já disse aqui, e repito: do jeito que andam matando bicho no Brasil, daqui a pouco só vai ter caça na Praça da República, depois das dez. Nas matas de Mangaratiba, já anda difícil às pamparras. E a prova disso é que, com pio de fêmea de macuco e tudo, os caçadores bateram perna pra chuchu e não apareceu nada. Nem do lado do Onorino, nem do lado do Antoniel e do Adolfo. Mas nenhum deles afinou. Os três foram levando. E chegaram na serra do Rubião. Não recuaram. Sempre piando, subiram a serra. O Onorino, de um lado, movido pela necessidade, e o Antoniel e o Adolfo, do outro, movidos pela vaidade. Ninguém queria sair de mãos vazias. Se o caçador profissional chegasse no seu mocó sem, pelo menos, ter matado um macuquinho filhote, sua filharada ia espernear de fome. Se os dois caçadores esportistas chegassem em casa sem, pelo menos, um macuquinho filhote, iam ter que agüentar gozação de muita gente. E. nesse embalo, os três iam subindo a serra do Rubião nas matas da Mangaratiba. Gente de fibra estava ali. Subiam, assopravam o pio de fêmea de macuco pra chamar macuco macho e não perdiam o fôlego.

E nessa toada, chegaram quase no pico. O Onorino, de um lado, e o Antoniel e o Adolfo, do outro. Estavam quase próximos, quando o Onorino escutou o piado do apito dos dois caçadores. Saudou Seu Ogum, santo guerreiro da floresta, e caprichou no assobio de fêmea de macuco.

Do outro lado, o Adolfo escutou e alertou o parceiro. Os dois firmaram o pensamento, ligaram as antenas e ouviram o piado de fêmea de macuco que o Onorino soltava. Retumbaram de alegria. O Adolfo, que estava todo prosa por ter sido o primeiro a escutar o pio da ave, botou banca e escarrou regra:

— Tá perto. Vai com cuidado pra não fazer barulho, que esse macuco deve ser dos grandes.

E os dois, com todo o cuidado, se deitaram no chão e foram rastejando pelo mato, rumo ao lugar onde o Onorino assobiava como fêmea de macuco chamando o macuco macho. De vez em quando, um dos dois dava um assopro no apito de fêmea de macuco, esperavam o Onorino responder e avançavam.

O Onorino, caçador com mais experiência, de saída estranhou que a resposta ao seu pio de fêmea de macuco chamando macuco macho fosse outro pio de fêmea. Mas, como tinha sempre idéias de jerico, falou consigo mesmo:

— Tamos roubado. Até no meio dos bichos tá faltando macho. Vê se pode: macuco fêmea responder chamado de macuco fêmea. Mas, já que tá aí, deixa chegar.

Armou a espingarda de chumbo grosso e foi piando e armando a mira na direção em que imaginava que a caça ia aparecer. E não estava enganado. Se arrastando como cobra, o Antoniel e o Adolfo foram se chegando. E aí, não prestou. O ouvido apurado do Onorino escutou o barulho de galho quebrando e mato sendo espalhado pelos corpos dos outros dois caçadores. Assombrado com o esparramo que o Antoniel e o Adolfo faziam, apesar do cuidado, o Onorino imaginou que era uma jaguatirica que se aproximava. Não fez questão de conferir. Deu no gatilho e mandou bala. Acertou em cheio nos dois caçadores. O Adolfo foi falar com Deus direto. O Antoniel, mais feliz, ficou todo chamuscado e teve que ser guindado para um hospital.

E o Onorino vai ter que gastar muita saliva pra rachar essa mumunha, até se conformar que não tem mais macuco nas matas de Mangaratiba. O homem acabou com as aves. E, pelo jeito, pra se divertirem, vão se acabar entre si.

jueves, 27 de septiembre de 2012

Francisco Alves - Vivo na memória do povo

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Em um dia como hoje, no controverso ano de 1952, há exatos sessenta anos, o Brasil se quedou paralisado.

Voltando ao Rio de Janeiro depois de uma visita a São Paulo, dirigindo seu Buick, morria tragicamente Francisco Alves, o Rei da Voz, na rodovia São Paulo-Rio, próximo a Pindamonhangaba.

Vive na memória do povo e naqueles vinis, aqui primeiro com Foi Ela (Ary Barroso).





Havia no Treviso - o famoso bar-restaurante do velho Mercado Público (desde 1.869, o Mercado), onde os boêmios costumavam acabar a noite (na época não tinha hora para fechar), uma cadeira suspensa no ar: a cadeira onde o grande cantor sentou em uma das suas visitas a Porto Alegre e que ficou para sempre sua. O Treviso não existe mais, o Gambrinus tem uma réplica da cadeira. A original deveria estar em algum museu, mas não sei (este não sei, começando a misturar a primeira do singular com a do plural, é sério indício de que o modesto escriba se emociona, e, pior, não tem coragem de corrigir, o "eu" me coloca mais vivo, mais ansioso, mais lá). Pode ser sonho, mas eu creio que vi a cadeira, o Treviso ainda existia certa vez, quando apavorado de fome, em 1973, quando Amaral de Souza foi nomeado governador pelos milicos assassinos, fui pedir emprego a um dos açougues do Mercado. Ou não existia, sonhei que vi de longe, também recordo vagamente de que fui recusado no emprego, mas que ganhei, sem pedir, um prato de sopa de mocotó de um dos açougueiros, ele usava uma camiseta do Inter, se comoveu ao ver tanta raiva e tanto medo contido nos olhos de uma criança, escrevi um conto doído, doído para mim, sobre isso, 30 anos depois.

Há tempos não entramos nos antigos redutos da boemia que não vivenciamos, mas que adoramos imaginar, em sonhos estamos lá, de outra mesa olhando aqueles "velhos" maravilhosos e gentis. Poetas pobres, paus d'água sem perder o tino. Bem, médio...

Amanhã, além de aguentar os gritos da turma das peixarias (os bem velhos já partiram, mas os novos aprenderam com eles a me abraçar), que endoidecem ao ver "aquele menino" (no fundo querem dizer milagre que está vivo, às brincas, os sacanas), pararemos naquela onde foi o Treviso, tomaremos uma bebida comprada em qualquer lugar, ali mesmo na peixaria, olhando para o ar que ainda é o mesmo, o espaço sideral em quatro cantos, a cadeira ainda está lá, sim, sei que ela ainda está lá, como dentro do meu coração.

Cadeira Vazia é de autoria dos boêmios gaúchos Alcides Gonçalves, eterno injustiçado menos aqui, e Lupicínio Rodrigues, seus contemporâneos e companheiros de vida.

Aqui, na modesta postagem que fizemos, entraria Francisco Alves cantando Cadeira Vazia, mas conforme "Comentários" ao pé desta postagem, não resisto e puxo para cima o que suponho fragmentos de um texto de Júlio Conte, o notável diretor de teatro, ator e dramaturgo brasileiro, nascido em Caxias do Sul (RS), aqui reproduzido com a marca da sensibilidade de Jacqueline e Gaspar, falando de Francisco Alves, ou o Chico Viola, como era chamado carinhosamente pela população. O NE abobado e intrometido sou eu.

"Numa de suas passagens em Porto Alegre veio com Noel Rosa (NE: clique para ver um som neste blog) e Mário Reis  (idem) para uma turné de uma semana que durou um mês. As controvérsias transitam entre a temporada ter sido um fracasso, o que obrigou os artistas a permanecerem mais de um mês instalados em hotéis da Voluntários da Pátria (à época, o logradouro mais famoso devido aos incontáveis prostíbulos e inferninhos) à espera de numerário para pagar as passagens de volta, ou, a outra versão bem mais plausível, de que teriam se enrabichado por causa de mulheres. Prefiro acreditar nesta hipótese. Sabe-se que Noel teria uma paixão avassaladora por uma menina da vida fácil das redondezas do hotel e para ela teria composto um de seus clássicos (NE: O samba é Até Amanhã, se Deus quiser, se não chover eu volto pra te ver ó mulher...). Nestas andanças, bebedeiras e serenatas, o trio conheceu um soldado do exército que dizia compor musiquinhas. Este soldado de pele retinta e um pouco baixo, mostrou seu repertório e imediatamente Noel, Mario Reis e Chico Viola ficaram fascinados. Foi um mês de farra e poesia. O nome deste jovem (NE: 18 aninhos) compositor era meio estranho, um tal de Lupicínio.

(...)

O fato é que a contribuição de Chico Viola para a cultura gaúcha, levando em conta este estímulo ao Lupicínio Rodrigues, já seria o suficiente para ter uma cadeira no céu. Tudo indica que esta cadeira realmente existe e que tem uma réplica pendurada na parede do Restaurante Gambrinus do Mercado Público. Trata-se da mesma cadeira que ele sentava no Treviso. A doação foi feita pelo criador do Treviso, Tércio Kerber, para o Antonio, lendário criador do Restaurante Gambrinus. Quando minha filha era pequena, eu mostrava a ela a cadeira e contava esta história, porém nunca me dei conta, tanto quanto agora, da importãncia de uma cadeira suspensa. É como se a morte fosse vencida durante toda a eternidade em que se olha o tempo suspenso na parede."

Tintim!, Francisco, onde quer que esteja.




O Supremo Tribunal Federal, n'A Charge do Dias

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Na ausência de Lúcio Peregrino, que à tarde tinha um compromisso com uma assessora ministerial que está de passagem por Porto Alegre, a senhorita Leila Ferro conectou o seu nótibuc à televisão do Botequim, os boêmios resolveram assistir ao julgamento do Mensalão, pela TV Justiça.

Com o Contralouco também ausente a tranquilidade foi garantida, pois, como sabemos, o Contra não sossega o pito nunca, deixa todo mundo de cabelos em pé.

O filósofo Aristarco de Serraria é que volta e meia tecia comentários, exaltando a erudição dos ministros, justaposta ao conhecimento da feiúra e, por raras vezes, da beleza da alma humana, esta pela condoída humanidade dos julgadores, vez que nesse julgamento a beleza está em falta. Em certo momento disse:

- Não podemos esquecer que esses caras um dia foram juízes de primeiro grau lá onde o diabo perdeu as botas, já viram de tudo, mentiras, roubos, prevalecimentos, maldades e mortes, são homens e mulheres que vieram da luta, experimentados, para além do formidável conhecimento jurídico que lhes exigiu muitos, impagáveis, anos de dias e noites de estudo. Ainda assim podem ser falíveis, por isso não é tribunal de um só.

- Li que o Toffoli nunca foi juiz, a experiência dele reside em ter sido advogado dos caras do PT, disse Silvana Maresia.

- Sim, bem, tem razão, mas é caso único, acredito - respondeu Aristarco -, o que, em princípio, não o diminui.

As palavras da ministra Cármen Lúcia, um pungente desabafo, ela que julgou antes do Toffoli, com a aquiescência deste, quebrando a ordem das votações porque precisava participar da sessão do Superior Tribunal Eleitoral, em outra dependência, deixou a todos enlevados, pela crua e comovente explanação do valor da política e do seu reflexo em nossas vidas. Mereceu um brinde da tigrada, Aristarco puxou:

- À ministra Cármen Lúcia, vida longa!

Tintim. Depois acrescentou, sobre a escolha que temos, segundo a ministra, expressa na  sua máxima "É a política ou a guerra": - Acredito que esse "guerra" da ministra é em sentido amplo, o caos. 

Carlinhos Adeva resumiu objetivamente o pensamento de todos: - A gente deveria assistir ao julgamento todos os dias, isso faria com que não fôssemos levianos ao julgar precipitadamente, levados por paixões, alguns dos votos dos juízes do nosso Supremo.

Tigran Gdanski foi preciso: - Isso deveria passar nas tevês abertas, afinal são concessões do estado. Mas que nada, sequer transmitiram o discurso da presidenta Dilma na ONU.

- É isso que me dá nojo dessa bandidagem das nossas redes de comunicações, estão ainda no tempo do epa, resistem a onda de liberdade que logo será incontrolável; a pátria deles, que é o dinheiro, os tornam cegos, são tão burros quanto maus, escravagistas..., disse a mestra Jezebel do Cpers, abatida.

Chupim da Tristeza volta aos juízes:

- Vocês perceberam?, o que trabalham... eles não têm hora para ir para casa, são escravos. E dizer que aquele secretariozinho do petê queria que as sessões fossem secretas...

Aristarco de Serraria: - Esse cara deve ser um dos acorrentados da alegoria da caverna, um que nunca saiu de lá.

Gustavo Moscão: - Ã... que caverna?

Quando recebemos as observações e a gravação feitas por Leila Ferro, com as charges do dia escolhidas, os boêmios acompanhavam atentamene o voto do ministro Gilmar Mendes. Dizia ele que pessoas que se elegeram como oposição ao governo, ao receberem dinheiro para mudar de lado, ou mesmo se omitirem, mereceriam, antes de mais nada, a perda do mandato, pela traição ao povo que os elegeu.

Nesse momento chegou o Contralouco já meio alto do chão, mas foi imediatamente despachado lá para fora, hoje o senhor não vai incomodar, ora bolas. Ele se instalou numa das mesas da calçada, bem belo, à espreita da eventual passagem de algum carro de som dos políticos, os estoura-tímpanos, cheio de pedras sobre a mesa.

Aqui no blog ficamos contentes com os fatos do botequim, humildemente também achamos que é por aí.

Os empinantes escolheram a obra do Frank, de A Notícia (Joinville, SC). 




E com a obra do Myrria, de A Crítica (Manaus, AM).



A gatinha Leila Ferro abraçou a obra do Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).




(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)




João da Noite, a volta do boêmio

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João da Noite reapareceu, hospedando-se aqui na palafita. A vida na floresta lhe fez bem à saúde, já quanto a cuca estamos em dúvida. Chegou ao entardecer, de à cavalo, depois de uma jornada de uns 400 Km, mas aparentava boas condições. Inquirido sobre como foi a viagem, reclamou apenas das cercas de arame que dividem os campos, em certo momento precisou cavalgar pela beira das estradas. Concluiu: um dia ainda vamos botar abaixo todas essas malditas cercas, a terra é de todos e de ninguém. Não explicou quem o acompanhará nesse "vamos".

Nada comentou nem nada lhe foi perguntado sobre a deusa esquecida, o amor que conheceu naqueles fundões para lá do Espinilho, para onde tinha voltado há uns quarenta dias.

Ontem à noite assumiu o blog, a pretexto de enviar um abraço e uma música aos amigos. O deixamos em frente a um dos computadores, com o blog e uma garrafa de uísque abertos ao seu dispor, e fomos dar uma circulada pela cidade, rever uns amigos da Vila Cefer II. Ao retornarmos, pela madrugada, o belicoso índio havia passado para a cerveja com pinga, a garrafa de uísque vazia jogada no chão.

No blog não tinha abraço nem música, mas já havia arranjado encrenca com todos os políticos do Brasil, com seu estoque de ironias e verdades cruéis quase esgotado. Só não os chamou de santos. Em certo momento escarneceu de certo candidato metido a gaúcho, dizendo que parasse de se meter a fresco, e deixou escapar que ele, João, havia emprenhado a sua rainha da mata, descendente em linha direta de Sepé Tiaraju, não demora muitos anos e ele vai ver o que é índio taura, por enquanto o pai vai resolvendo as coisas, o outro que marcasse dia e hora e escolhesse as armas.

No instante em que chegamos ele descrevia o modo como iria dizimar cada um dos seus demais inimigos, já tinha meia-dúzia de políticos estripados a punhal, felizmente conseguimos afastá-lo antes que clicasse na palavrinha "Publicar". Ao tempo em que apressadamente deletávamos as poucas barbaridades já publicadas, relembramos ao ilustre boêmio que este bloguinho já tem processos demais, em breve divulgaremos quem são os processantes e do que se queixam. Em suma: não é no dele que vai estourar a incomodação de comparecer a juizados para repetir tudo, isto porque as nossas palavras são defensáveis, quanto às dele é cadeia no ato, porém ele parecia não compreender o que dizíamos. Eu, Kafil, Miquirina Segundo, Aristide Neptune e mais quatro companheiros sofremos mas conseguimos acalmá-lo, vestindo-o com uma bela jaqueta branca com as mangas amarradas.

Hoje à noite talvez já possa enviar o abraço e a música, supervisionado de cima. Por via das dúvidas o proibimos de sair e também de dar uma passada no Botequim do Terguino, vez que as ruas estão cheias daqueles elementos à cata de votos, um eventual encontro não faria bem aos nobres candidatos. Mr. Hyde hoje à tarde enviou um seu colega medicinal, para ver o que se passa no teto do gaudério. Por telefone Hyde antes nos disse: "Vai o Pascoal, é maluco como todos, mas um bom psiquiatra, chegadinho numa garrafa, vai se entender fácil com o João. É Pascoal mas pode chamá-lo pelo apelido, Gira-gira".

O médico de cabeça pediu somente uma caipirinha, quando viu os limões sicilianos logo à entrada, e privacidade com o paciente. Neste momento estão confabulando lá debaixo do abacateiro, João sem camisa, reclama de calor nesta tarde fria, com o Pascoal na terceira caipira, de vez em quando ouvimos os seus risos. O punhal de osso do João está bem guardado no cofre da palafita, mas pelo sim, pelo não, advertimos o doutor para se cuidar com o que diz a nuestro hermano, o indio não é de laçar com sovéu curto.

Com estas palavras creio que tranquilizamos a todos os amigos que estão preocupados com o futuro prefeito de Porto Alegre, pelo Partido dos Boêmios, em constituição.

Y así pasan los dias.



miércoles, 26 de septiembre de 2012

Joaquim Barbosa para Presidente, n'A Charge do Dias

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Pronto, o ministro Joaquim Barbosa só não será Presidente do Brasil se não quiser - disse Marquito Açafrão aos empinantes, ao chegar no botequim. Pediu um merengue ao Terguino: primeiro me dá um pré-sal, para firmar a mão, depois me traz a mais gelada.

Todos quietos, esperando o que viria, Marcos não costuma ser expansivo.

Sabem aquele verdureiro ali da José do Patrô, logo que passa a Perimetral?

Aquele fanático pelo PT?, disse Lúcio Peregrino.

O próprio. Fanático é apelido, o seu Hélio era doente, os filhos dele também, brigavam com qualquer um que ousasse falar mal do Lula ou do José Dirceu, mesmo que se esfregasse as provas na sua cara. Há anos bato papo com ele, quando vou comprar alguns legumes para a Marlene. Está outra pessoa. Conversa vai, conversa vem, hoje cedo ele me disse: "Sabe, seu Açafrão, posso não saber muita coisa, só fiz o primeiro livro, mas se o ministro Joaquim Barbosa se candidatar tem o meu voto e de toda a minha família, pelo que sei dos meus amigos, conhecidos e tudo. Eu continuo torcendo pela Dilma, ela não é como os outros, mas corrupção não é comigo, aqueles caras do mensalão me traíram. Custei muito a aceitar, mas aos 72 anos criei vergonha e deixei de ser o pior cego".

Jezebel: Não acredito, conheço ele há anos, o Helinho... ele disse mesmo?

Disse, e bem calmo. E acrescentou: "Falta ainda o financiamento público das campanhas, e proibirem as negociatas de tempo de propaganda na tevê, isso é uma barbaridade! Melhor ainda se a gente emplacar o voto distrital".

Bah, tchê, se proibissem essas cu-ligações na venda do tempo de propaganda na televisão Porto Alegre não teria 27 Secretarias Municipais, dava para fazer todo o serviço com umas 8, sentenciou o Contralouco, antes de sair para a frente do bar, exclamando "Preciso de ar!".

Aristarco, o filósofo da turma, intervém: é surpreendente, vindo dele, mas só quanto ao voto distrital, dado que os políticos e a imprensa evitam esse assunto em programas populares, pois no restante é geral a vontade de ter alguém como o ministro na Presidência, isso está se espalhando ao natural, o povão demora mas enxerga as próprias mancadas, aliás como todos nós.

Imagine na Bahia, onde uns 80% são afro-descendentes, disse Jezebel.

Ao povo simples não importa se é negro ou não, no Brasil sabemos quem são os racistas, e não são os pobres, com estes estamos no mesmo barco. Ao povo importa a sinceridade, a coragem e a seriedade, falou o polaco Tigran Gdanski.

Lúcio Peregrino, o auditor, suspira fundo, toma um gole da sua cerveja e diz: Neste nosso sistema podre só mesmo um juiz assim para conseguir se eleger, os múmios deram um tiro no pé, na ânsia de acabar com a esquerda colocaram o juiz em evidência. Mas nem isso é certo: logo que conseguirem o que querem vão inventar que o juiz bate na mulher ou coisa parecida. E deputado e vereador que preste nunca vai se eleger com as regras atuais, sem contar com o patrocínio de grandes empresas e corporações - que depois vão meter a mão com os esquemas de contratos superfaturados, as velhas licitações de mentira. Nesta sujeira dificilmente alguém vai se eleger sem comprar votos, ou sem fazer promessas mirabolantes. Se não se corromper, não entra. 

Mas é isso, disse Aristarco, aí entra o voto distrital, o povo vai votar em quem conhece, do seu bairro, quem mora na aldeia conhece os bugres, ora...

Janjão, que é negro: se o ministro Joaquim se candidatar vai ser uma lavagem como nunca houve no Brasil.

Antes que os boêmios salvassem o Brasil, Leilinha Ferro interrompeu exigindo as charges do dia, hoje ela tem novamente compromisso com o Psol, precisa sair.

Chupim da Tristeza brincou com ela: tá feliz porque vai ganhar a primeira prefeitura, né?

Era o assunto anterior, e Lúcio Peregrino confirma: é, em Belém do Pará o candidato do Psol à prefeitura disparou na frente, sem aceitar doações de grandes empresas e corporações.

Contralouco, voltando lá da frente do bar, diz sorridente: tinha que ser Belém, terra de Jesus Cristo. 

Escolheram a obra do Clayton, de O Povo (Fortaleza, CE).



E a do Nani.





Leilinha Ferro abraçou a obra do Lila, do Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB).



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)










Guacira, com Teca Calazans

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Hoje lembramos um clássico do cancioneiro popular. Guacira, de 1933, autoria dos espetaculares Joracy Camargo e Hekel Tavares. Desde os escritos originais é Guacira, embora muitos denominem Guacyra, não importa.

Joracy, letrista, cronista e dramaturgo (autor da obra de domínio planetário, Deus Lhe Pague, entre tantas). Hekel, pianista, compositor, arranjador e regente.

Tentamos inutilmente descobrir a razão do título, Guacira, que teria inspirado a um dos mestres. Que é nome de mulher ninguém tem dúvida. É que algum apaixonado saudoso teria colocado o nome da mulher em algum sítio, alguma casa, algum lugar. Que lugar era esse? Que mulher foi essa que lhe deu nome?

Na rede alguém diz que seria "uma colina romântica lá pros lados do fim da rodovia Castelo Branco, bem no interiorzão do Estado de São Paulo, onde as coisas são mais simples e as pessoas mais felizes. Fica próximo às divisas dos estados do Paraná, a caminho de Londrina ou Maringá, e Mato Grosso do Sul, onde o caminho seria entre Dourados e Campo Grande", porém sem evidenciar a razão, uma vez que Joracy nasceu no Rio de Janeiro e Hekel em Alagoas, e tocaram suas vidas no Rio.

Uma possível razão é que Hekel chegou a possuir uma fazendola em Ribeirão Preto (SP), que depois vendeu para poder viabilizar a edição de suas obras eruditas.

Enfim, de certo nada conseguimos. Se alguém souber que nos comunique, por favor.

Enfim, só sei que a cantiga me dava uma coisa, ainda dá. A frase final do Joracy, então, derrubava o menino de oito anos como derruba agora o homem de sessenta que a cada dia fica mais menino. Hay momentos na vida em que a gente pensa que nada há para lembrar, só coisa ruim, esquece... mas não, há coisas boas, uma música, um gesto, um carinho.

Pensando em ti. 

Não caio na cilada de recordar da fome ou brigas com saudades, e de coisas que não conto, ninguém merece verter sangue, não sinto saudade alguma dos meus erros, arrependo-me de muitos, desalmado é quem diz que faria tudo igualzinho, como pode? Salvo se nada fez, só seguiu os outros, não resistiu, não brigou, não se feriu, não morreu, de choro ou punhal, e de novo o choro de ensopar o travesseiro, não se cobrou, não enterrou amor naqueles assustadores cemitérios, não se sentiu o último depois de desferir palavras ferinas que cortam mais que faca de açougueiro, não fez o bem tirando de si parte do pouco que tinha, não entrou num presídio ou creche para ajudar, não entendeu mal e judiou da pessoa errada, não segurou a mão em tapa injusto, não deu um cobertor se tinha dois... não viveu. Mas há coisas boas, sim. No parágrafo abaixo vai uma.

No vídeo, ela, a fantástica "capixaba recifense" Teca Calazans, acompanhada do mestre Heraldo do Monte.

Eu era apaixonado pela Teca, desde aqui do frio deste fim de mundo, saindo cedo de sapato furado sob chuva fina pela rua José do Patrocínio, congelado e com fome, meu Deus, que frio, e aquele vento cortante, vestindo uma blusa de mulher, única alma que se dispôs a emprestar um pano, lãzinha que não segurava nada. Caminhando apressado para chegar cedo na fila de arranjar emprego imaginava a "russa", em vez de pensar holandesa pensava russa, culpa de livros, só rindo, né, ela bem bela lá na praia no calor de Recife, biquini, sorriso aberto, felicidade, lá na Boa Viagem sem tubarão que conheci muito, muito, muito, depois.

Que tempos.

Ora, era. Ainda sou apaixonado por ti, Terezinha João. Saúde, guria!







martes, 25 de septiembre de 2012

Dilma na ONU, na Charge do Dias

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Seis da tarde e os boêmios já lotavam o Botequim do Terguino, todos encasacados. Tempo bem louco, 13 graus e caindo, agora que estamos na primavera, até o amanhacer cairá a 5, disse Lúcio Peregrino, nótibuc aberto em sua frente.

Chupim da Tristeza: Pra mim essas variações bruscas, verão escaldante em pleno inverno, frio no verão, é culpa da motosserra. Aliás - volta-se para o Lúcio -, como foi hoje a votação do  Código Florestal?

Tigran Gdansk, último a chegar, ainda se acomodando, examina os copos dos demais empinantes e diz: Salta uma caipirinha pra mim também, Portuga.

Lúcio Peregrino: aprovaram o Código tal como veio, agora é com a Dilma. Pera aí, vou repassar as principais notícias:

- Uma pesquisa nacional diz que Porto Alegre, junto com o Rio de Janeiro, é o paquiderme do Brasil: tem 27 Secretarias Municipais, um horror.

Carlinhos Adeva o interrompe: putz, é para dar emprego aos coligados, de graça os caras não apoiariam, e isso que em 2008 eram só quatro ou cinco partidos que ganharam. Agora os que ganharam vieram com nove.

Quer dizer então que se o Fortunati ganhar vamos passar a ter 54 secretarias?, tomara que botem a Secretaria do Meretrício, cutuca o Contralouco.

- Um cineasta amigão do José Dirceu está fazendo um abaixo-assinado para reclamar do Supremo Tribunal Federal antes mesmo do julgamento, diz que se sente ameaçado como cidadão. A notícia está aqui, pessoal, mas confesso que não entendi qual é a dele.

Gigolô da Embrafilme! - vocifera Aristarco, deve estar devendo obrigação com o nosso, esses caras não tem vergonha na cara.

Gente, se vocês vão ficar interrompendo não vai dar, vou ler mais algumas:

- A senadora do DEM-ditadura pegou o guia telefônico e deu de telefonar para as pessoas, à cata de votos para a Manoela Namorida, só que não é ela, é uma gravação.

Gravação não vale, ora, como é que a gente vai mandar uma gravação à merda? Ops, desculpe, Lúcio, vai em frente, disse o Contralouco.

- O Fortunati andou fazendo a mesma coisa.

Contralouco: Pra homem em vez de mandar a merda eu diria outra coisa...

Eu ia falar da Dilma na ONU, mas desisto.

Clóvis Baixo se adianta: epa, Lúcio, essa eu assisti em casa de manhã, deixa que eu conto, esses jornais aí mentem demais mesmo, é tudo direitoso. Seguinte: às 10:55 h em ponto a nossa presidenta subiu no púlpito e abriu a reunião: "Senhor Presidente da Assembléia Geral...". Meninos, me deu um frio, era se como fosse uma irmã ou filha da gente que fosse se apresentar, dá um nervoso. Ela falou por 24 minutos, marquei, e todo esse tempo sem olhar pra nenhum papel, assim, no peito e na raça, sem se atrapalhar, e acabou com eles!

Como assim acabou com eles?, pergunta Gustavo Moscão.

Ora, acabou com eles, o mundo sifu do primeiro ao quinto. Primeiro que disse todos os que andam perseguindo a religião dos islamitas não passam de uns bunda-moles covardes, depois defendeu uma Palestina livre e independente, mandando a judéia parar de prejudicar e matar os palestinos. Nessas alturas a assembléia inteira dê-lhe a aplaudir, mas ela não queria saber de aplausos, seguiu firme, sem folga, isso de aplauso é para os caras que vão lá dizer o que não sentem, ela deu a entender que não queria aplauso, queria isto sim que algo fosse feito, sempre através da ONU, insistiu, que é a única instância autorizada.

Contralouco: mas bah, tchê, esse discurso eu queria ter assistido, pagava pra ver, por que não me avisaram? Dez a zero pra Dilma, conta mais...

Bem, em seguida caiu de pau nos terroristas financeiros, os donos de bancos e outros bichos, só não chamou de filhos da puta porque não é mal-educada como eles. E já xingou os caras que manipulam as moedas pra atrasar as nossas exportações...

Oigalê índia buena, não nega a raça!, grita Gustavo Moscão.

E tem mais: falou que esse negócio dos americanos invadirem o país dos outros dizendo que é para ajudar é puro fingimento, eles vão lá é pra se avançar nas riquezas daqueles países humildes, por isso que tem a miséria na África. Bombardeou os países que possuem terríveis arsenais de armas: as pessoas precisam é de comida! Disse isso na carinha dos americanos, os cadelos enfiaram o rabo no meio das pernas.

Parou e tomou um gole da sua caipirinha.

E depois?, perguntou Wilson Schu.

Bah, ali eu tava emocionado e fui fazer uma caipira lá na cozinha, com o ouvido preso no discurso. Vi que ainda sentou o pau nos americanos de novo, para largarem o pé de Cuba, aquilo de embargo não se faz nem pra cachorro-louco. Ela disse de boca cheia que judiar dos cubanos desse feitio era uma pouca-vergonha, um crime.

Quanto voltei da cozinha tava entrando para falar o presidente dos americanos, todo metido a artista de cinema, esse a gente nota de vereda que é político profissional mesmo. Mas não era mais negão, tava branco da carraspana que levou da Dilma.

Contralouco infla o peito e dispara: Nunca chamei e sei que não devo chamar, mas se quiser eu posso chamar a Dilma até de puta! Cosa que nunca foi. Ela sabe que é discussão de quem quer a mesma coisa. Mas que um americano desses toque nela, que qualquer um escoste nela... que diga um aizinho errado pra ela, pra ver o que é bom!

Wilson Schu exclama, levantando de copo levantado:  Viva a Dilma! Um brinde pra presidenta do Brasil! 

Ruidosos gritos com arrastar de cadeiras: Tintim!

Aristarco, com todos já sentados: Amanhã já estarão de novo às turras com a presidenta...

Clóvis Baixo: Sim, mas nas internas, briga de família, meu, familiar pode, te faz... tu não?

Aristarco num arranco se levanta com o liso de fada-verde na mão: Eu sim! Mais um brinde!

Tudo de novo.

Depois, o Contralouco falou de voz amena, quase triste, não tivesse a voz máscula tão bonita: Eu só reclamo que às vezes ela é meio burrinha. Eu aqui nesta maleza e ela não me contratou para segurança. Já pensaram?, eu de federal entrando na ONU com o tresoitão e a minha adaga embainhada nas costas, por cima do terno, os rambos dos americanos iriam se apavorar. 

Depois dessa, resolveram escolher as obras do dia. Antes das escolhas, passou no bar um mágico, que fez com que surgisse uma obra de depois de amanhã, dia 27, do Pelicano.


Passado o inusitado incidente, os boêmios partiram para as obras do dia. Ficaram com o Amâncio, do Jornal de Hoje (Natal, RN).





E com o Tacho, do Correio do Povo (Porto Alegre, RS).



  
  
Leilinha Ferro escolheu a obra do cearense Newton Silva. Pois é, dizem que certo instituto de pesquisa quer embolar o meio de campo por lá, como é de seu feitio.



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)



Fiorella Mannoia: O que as mulheres não dizem

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Quello che le donne non dicono (Enrico Ruggeri - Luigi Schiavone).

A cantante é a romana Fiorella Mannoia, que defendeu a canção no Festival de San Remo de 1987, ganhando o prêmio da Crítica.




lunes, 24 de septiembre de 2012

Político aqui não entra, n'A Charge do Dias

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Lúcio Peregrino parece recuperado da traumática experiência que teve, quando inventou de examinar as prestações de contas dos candidatos a prefeito (AQUI). Chegou no Botequim às 17:30  h, sentou-se, pediu uma cerveja e abriu o nótibuc.

Marquifo Açafrão disse: "Ei, Lúcio, liga aí na TV Justiça, vamos ver o julgamento do mensalão".

Lúcio: "Não vale a pena, hoje só fala o ministro Complikowski, a gente vai acabar se irritando".

Os boêmios não estavam a fim de assuntos pesados, então passaram a falar de futebol, a rodada foi boa para os gaúchos. "O Fernandão está todo pimpão, como se tivesse feito grande coisa: se o Inter não ganhasse essa, em casa, então tinha mais que pedir para morrer", disse Mr. Hyde. Pois é.

Clóvis Baixo conta que pela manhã um candidato a vereador entrou no bar, por desavisado, com a intenção de largar santinhos. Todo mundo ergueu aos mãos aos céus, agradecendo pelo Contralouco não estar presente.

Foi o Gustavo Moscão quem se levantou, pegou o sujeito pelo braço e mostrou a charge do Sponholz emoldurada na parede. Disse pro cara: "Entendeu o que está dito aí? Foi premiada com dez estrelas, a máxima honraria que damos. Se entendeu então chispa daqui, antes que eu te arrebente a cara, otário".

Terguino, um dos donos do buteco, depois reclamou: "Se fosse candidato do PSTU tu não faria isso, Mosca".

Gustavo Moscão: "Se fosse o Contralouco não teria pedido educadamente ao cara para se retirar, como eu fiz; teria partido para cima sem aviso e enchido de porrada, mas do Contralouco tu não reclama, né?".

Bem, recordemos a obra do Sponholz, é de 1º de março:






Em seguida, na mais santa paz, os boêmios passaram para a escolha das charges do dia. Ficaram com o Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).




E com o Amâncio, do Jornal de Hoje (Natal, RN).




Leilinha Ferro segue morrendo de pena do tatuzinho. Ficou com o Lute, do Hoje em Dia (Belo Horizonte, MG).




(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), devido a dívidas com o sistema bancário, ou agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)

São Paulo - Bilbao: V Grand Slam de Xadrez 2012

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Neste domingo, no Parque Ibirapuera, foi realizada a cerimônia de abertura do V Grand Slam de Xadrez, para os jogos de ida (em São Paulo). Os jogos de volta serão em Bilbao, na Espanha, em outubro. Presentes, os seis espetaculares guerreiros que ganharam o direito de participar: o campeão mundial, indiano Viswanathan Anand, o prodígio norueguês Magnus Carlsen - primeiro no ranking mundial, o campeão olímpico, armênio Levon Aronian, mais o italiano Fabiano Caruana, o russo Sergey Karjakin e o espanhol Francisco Vallejo Pons.

Os combates de hoje: Caruana x Carlsen, Aronian x Karjakin e Anand x Vallejo.

Entre os incontáveis sites onde as partidas podem ser acompanhadas ao vivo, aí vão dois: AQUI (com engine) e AQUI (com comentários em inglês e português).

Neste momento, 15 horas de segunda-feira, se inicia a primeira ronda do embate.

O Grand Slam é o maior acontecimento do mundo do xadrez, abaixo somente do embate direto pelo título.

Autoridades e organizadores abriram a Final de Mestres na presença dos 6 jogadores. O ex-campeão brasileiro Herman Claudius van Riemsdijk, árbitro principal do torneio, fez o sorteio das cores para dar início ao histórico acontecimento.

Novamente, a cidade de São Paulo se transforma no palco mundial do xadrez e durante uma semana, os amantes do jogo e o público em geral poderão acompanhar as partidas ao vivo, com os comentários de Gilberto Milos e da ex-campeã mundial Susan Polgar, ela que vem ao Brasil pela primeira vez.

O mestre de cerimônias foi o já lendário jornalista espanhol Leontxo Garcia, que transmitirá as lutas para o mundo.

Novamente será aplicada a chamada "regra Sofia", que estabelece que somente o árbitro tem autoridade para determinar se a partida pode ser considerada empatada, evitando pacto de empate pelos jogadores. Além disso, a pontuação será similar a do futebol, com três pontos por vitória, um pelo empate e zero pela derrota, sistema adotado na Final de Mestres de Bilbao, em 2008, já conhecido como "regra Bilbao".