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Por Glenn Greenwald, Andrew
Fishman, David Miranda
Mar. 18 2016, 9:59 p.m.
(This is a Portuguese
translation of an article published earlier today)
AS MÚLTIPLAS E
IMPRESSIONANTES crises que assombram o Brasil agora atraem substancialmente a
atenção da mídia internacional. O que é compreensível, já que o Brasil é o
quinto mais populoso do mundo e a oitava economia do mundo. Sua segunda maior
cidade, o Rio de Janeiro, é a sede das Olimpíadas deste ano. Porém, boa parte
dessa cobertura internacional é repetidora do discurso que vem das fontes midiáticas
homogeneizadas, anti-democráticas e mantidas por oligarquias no Brasil e, como
tal, essa informação é enviesada, pouco precisa e incompleta, especialmente
quando vem daqueles profissionais com pouca familiaridade com o país (mas há
vários repórteres internacionais que trabalham no Brasil fazendo um ótimo
trabalho).
Seria difícil exagerar
quando se afirma a gravidade da situação no Brasil em várias esferas. O trecho
a seguir, publicado ontem por Simon Romero, o correspondente do The New York
Times no Brasil, evidencia o nível de calamidade da situação:
O Brasil está enfrentando
sua pior crise econômica das últimas décadas. Um enorme esquema de corrupção
tem prejudicado a empresa pública petrolífera nacional. A epidemia de Zika
espalha desespero ao longo da região Nordeste. E, pouco antes de hordas de
estrangeiros virem ao país para as Olimpíadas, o governo luta pela
sobrevivência com quase todas as frentes do sistema político sob uma nuvem de
escândalo.
A extraordinária crise
política brasileira apresenta algumas semelhanças com o caos liderado por Trump
nos EUA: um circo sui-generis, fora de controle, gerando instabilidade e
libertando forças sombrias, com um resultado positivo quase impossível de se
imaginar. A antes remota possibilidade do impeachment da presidenta Dilma
Rousseff parece, agora, provável.
Porém, uma diferença
significante em relação aos EUA é que a agitação no Brasil não se limita a
apenas um político. O contrário é verdade, conforme Romero comenta: "quase
todas as frentes do sistema político sob uma nuvem de escândalo". O que
inclui não apenas o PT, partido trabalhista de centro-esquerda da presidenta –
atravessado por casos sérios de corrupção – mas também a grande maioria dos
grupos políticos e econômicos de centro e de direita que agem para destruir o
PT, que estão afundando em uma quantidade ao menos igual de criminalidade. Em
outras palavras, o PT é, sim, profundamente corrupto e banhado em escândalos,
mas, virtualmente, assim também são todos os grupos políticos trabalhando para minar
o partido e obter o poder que foi democraticamente entregue a ele.
Quando a mídia internacional
fala sobre o Brasil, ela tem focado nos crescentes protestos de rua que pedem o
impeachment de Rousseff. Essas fontes midiáticas tipicamente mostram os protestos
de forma idealizada, com uma certa adoração: como movimentos de massa
inspiradores que se levantam contra um regime corrupto. Ontem, Chuck Todd, da
NBC News, retuitou Ian Bremmer (do Eurasia Group) descrevendo os protestos
anti-Dilma Rousseff como "O Povo contra A Presidente" – um tema
fabricado, condizente com o que é noticiado por grupos mídiáticos brasileiros
anti-governo, como a Globo:
Essa narrativa é, no mínimo,
uma simplificação radical do que está acontecendo e, mais provavelmente, uma
propaganda feita para minar um partido de esquerda há muito mal visto pelas
elites políticas dos EUA. A caracterização dos protestos ignora o contexto
histórico da política no Brasil e, mais importante, uma série de questões
críticas: quem está por trás dos protestos, quão representativos eles são em
relação à população brasileira e quais são seus verdadeiros interesses?
A atual versão de democracia
no Brasil é bastante jovem. Em 1964, o governo de esquerda democraticamente
eleito foi derrubado por um golpe militar. Oficiais norteamericanos negaram
envolvimento tanto publicamente quanto perante o Congresso, mas – nem
precisaria ser dito – documentos e registros posteriormente revelados provaram
que os EUA apoiaram diretamente o golpe e ajudaram em seu planejamento.
Os 21 anos de ditadura militar de direita pró-EUA que se seguiram foram brutais
e tirânicos, especializando-se em técnicas de tortura usadas contra dissidentes
políticos que eram ensinadas pelos EUA e pelo Reino Unido. Um relatório
compreensível da Comissão da Verdade, em 2014, informou que ambos os países
"treinaram interrogadores brasileiros em técnicas de tortura". Dentre
as vítimas, estava Rousseff, então guerrilheira da esquerda democrata, presa e
torturada pelo regime militar nos anos 70.
O golpe em si e a ditadura
que se seguiu foram apoiados pelas oligarquias regionais e por suas grandes
redes midiáticas, lideradas pela Globo, a qual – de forma notável – apresentou
o golpe de 1964 como uma nobre derrota de um governo esquerdista corrupto (soa
familiar?). Tanto o golpe quanto o regime ditatorial foram apoiados também pela
extravagante (e absurdamente branca) elite econômica do país, além de sua
pequena classe média. Como opositores da democracia geralmente fazem, as
classes altas viam a ditadura como uma proteção contra as massas de população
pobre, composta majoritariamente por pessoas negras e pardas. Conforme o jornal
The Guardian publicou sobre informações da Comissão da Verdade: "Assim
como em toda a América Latina dos anos 60 e 70, a elite e a classe média se
alinharam como o regime militar para afastar o que elas viam como uma ameaça
comunista".
Essas divisões severas de
classe e raça no Brasil continuam como dinâmica dominante. Segundo a BBC, em
2014, baseada em vários estudos: "o Brasil apresenta uma das maiores
níveis de desigualdade de renda do mundo". O editor-chefe do Americas
Quarterly, Brian Winter, em reportagem sobre os protestos, escreveu nessa
semana: "O abismo entre os ricos e pobres continua sendo o fato central da
vida no Brasil – e nesses protestos, isso não é diferente". Se você quiser
entender qualquer coisa sobre a atual crise política no Brasil, é crucial
entender também o que Winter quer dizer com essa afirmação.
O partido de Dilma, PT, foi
formado em 1980 como um partido socialista de esquerda clássica. A fim de
melhorar seu apelo nacional, o partido moderou seus dogmas socialistas e se
tornou, gradualmente, mais próximo dos chamados social-democratas da Europa.
Agora, existem partidos populares à sua esquerda; de fato, Dilma, por vontade
própria ou não, defendeu medidas de austeridade para resolver problemas
econômicos e passar confiança aos mercados estrangeiros, e justamente nessa
semana assinou uma draconiana lei "anti-terrorismo". Ainda assim, o
PT se mantém na centro-esquerda do espectro político brasileiro, e seus
apoiadores são, surpreendentemente, as minorias raciais e classes pobres.
Enquanto no poder, o partido promoveu reformas sociais e econômicas que levaram
benefícios governamentais e oportunidades para tirar milhões de brasileiros da
pobreza.
O Partido dos Trabalhadores
está na presidência há 14 anos: desde 2002. Sua popularidade foi um subproduto
do antecessor carismático de Dilma, Luis Inácio Lula da Silva (universalmente
referido como "Lula"). A ascensão de Lula à presidência foi um
símbolo poderoso da luta da classe pobre no Brasil durante a democracia: um
trabalhador e líder sindical, de uma família pobre, que deixou a escola na
segunda série e não sabia ler até os 10 anos, preso pela ditadura por atividade
na luta sindical. O ex-presidente foi motivo de riso para elites brasileiras
por meio de um tom classista no discurso sobre seu jargão trabalhista e sua
forma de falar.
Depois de três tentativas
infrutíferas de chegar à presidência, Lula provou ser uma força política
imbatível. Eleito em 2002 e reeleito em 2006, ele deixou o cargo com taxas de
aprovação tão altas que foi capaz de garantir a eleição de Dilma, sua
sucessora, antes desconhecida pela população, e que foi reeleita em 2014.
Há muito tempo se cogita que
Lula – um político que se opõe publicamente a medidas de austeridade – pretende
concorrer novamente para a presidência em 2018 depois de completo o segundo
mandato de Dilma, e forças anti-PT se sentem petrificadas com a ideia de que
Lula vença novamente.
Embora a classe oligárquica
da nação tenha usado o PSDB, partido de centro-direita, de forma bem sucedida
como um contrapeso, o partido foi impotente para derrotar o PT em quatro
eleições presidenciais consecutivas. O voto é obrigatório, e os cidadãos de
baixa renda garantiram as vitórias do PT.
A corrupção entre a classe
política Brasileira – incluindo o alto escalão do PT – é real e substancial.
Mas os plutocratas brasileiros, a mídia, e as classes altas e médias estão
explorando essa corrupção para atingir o que eles não conseguiram por anos de
forma democrática: remover o PT do poder.
Ao contrário da descrição
romantizada e mal informada (para dizer o mínimo) do Chuck Todd e Ian Bremmer
de protestos sendo levantados "pelo Povo", esses são, na verdade,
incitados pela mídia corporativa intensamente concentrada, homogeneizada e
poderosa, e compostos por (não exclusivamente, mas majoritariamente) pela parte
mais rica e branca dos cidadãos, que por muito tempo guardaram rancor contra o
PT e contra qualquer programa social que combate a pobreza.
A mídia corporativa
brasileira age como os verdadeiros organizadores dos protestos e como
relações-públicas dos partidos de oposição. Os perfis no Twitter de alguns dos
repórteres mais influentes (e ricos) da Rede Globo contém incessantes agitações
anti-PT. Quando uma gravação de escuta telefônica de uma conversa entre Dilma e
Lula vazou essa semana, o programa jornalístico mais influente da Globo,
Jornal Nacional, fez seus âncoras relerem teatralmente o diálogo, de forma tão
melodramática e em tom de fofoca, que se parecia literalmente com uma novela
distante de um jornal, causando ridicularização generalizada nas redes. Durante
meses, as quatro principais revistas jornalísticas do Brasil dedicaram capa
após capa a ataques inflamados contra Dilma e Lula, geralmente mostrando fotos
dramáticas de um ou de outro, sempre com uma narrativa impactantemente
unificada.
Para se ter uma noção do
quão central é o papel da grande mídia na incitação dos protestos: considere o
papel da Fox News na promoção dos protestos do Tea Party. Agora, imagine o que
esses protestos seriam se não fosse apenas a Fox, mas também a ABC, NBC, CBS, a
revista Time, o New York Times e o Huffington Post, todos apoiando o movimento
do Tea Party. Isso é o que está acontecendo no Brasil: as maiores redes são
controladas por um pequeno número de famílias, virtualmente todas veementemente
opostas ao PT e cujos veículos de comunicação se uniram para alimentar esses
protestos.
Resumindo, os interesses
mercadológicos representados por esses veículos midiáticos são quase que
totalmente pró-impeachment e estão ligados à história da ditadura militar.
Segundo afirma Stephanie Nolen, correspondente no Rio para o canadense Globe
and Mail: "Está claro que a maior parte das instituições do país estão
alinhadas contra a presidente".
De forma simples, essa é uma
campanha para subverter as conquistas democráticas brasileiras por grupos que
por muito tempo odiaram os resultados de eleições democráticas, marchando de
forma enganadora sob uma bandeira anti-corrupção: bastante similar ao golpe de
1964. De fato, muitos na direita do Brasil anseiam por uma restauração da
ditadura, e grupos nesses protestos "anti-corrupção" pediram
abertamente pelo fim da democracia.
Nada aqui é uma defesa do
PT. Tanto por causa da corrupção generalizada quanto pelas dificuldades
econômicas, Dilma e PT estão intensamente impopulares entre todas as classes e
grupos, mesmo incluindo a base trabalhadora do partido. Mas os protestos de rua
– como inegavelmente grandes e energizados – são direcionados por aqueles que
tradicionalmente apresentam hostilidade contra o PT. O número de pessoas
participando desses protestos – enquanto milhões – é muito pequeno em relação
aos votos que reelegeram Dilma (54 milhões). Em uma democracia, governos são
eleitos pelo voto, não por demonstrações de oposição na rua – particularmente
quando os manifestantes vem de um segmento social relativamente limitado.
Como Winter informou:
"No ultimo domingo, quando mais de um milhão de pessoas foram às ruas,
pesquisas de opinião indicaram que mais uma vez a multidão era
significantemente mais rica, mais branca e com maior educação formal do que a
média dos brasileiros". Nolen afirmou algo similar: "A meia-dúzia de
grandes demonstrações de movimentos anti-corrupção no passado foram dominadas
por manifestantes brancos e de classes altas, que tendem a apoiar a oposição
representada pelo PSDB e a ter pouca apreciação pelo partido trabalhista de
Rousseff".
No último final de semana,
quando uma grande massa de protestos anti-Dilma tomou diversas cidades brasileiras,
uma fotografia de uma família se tornou viral, um símbolo do que esses
protestos realmente são. Mostrava um casal branco e rico vestidos com adereços
anti-Dilma que caminhava com seu cachorro de raça, acompanhados pela babá negra
– vestindo o uniforme branco que muitas famílias brasileiras ricas exigem que
suas empregadas domésticas usem – empurrando um carrinho de bebê com os dois
filhos do casal.
Como Nolen apontou, essa
foto se tornou uma verdadeira síntese, da essência altamente ideológica desses
protestos: "Brasileiros, que são hábeis e rápidos com memes, repostaram a
foto com centenas de legendas sarcásticas, como 'Apressa o passo aí, Maria, nós
temos que ir ao protesto contra o governo que nos fez pagar um salário mínimo
para você'".
Acreditar que as figuras
políticas agindo para o impeachment de Dilma estão sendo motivadas por uma
autêntica cruzada anti-corrupção requer extrema ingenuidade ou ignorância. Para
começar, as partes que seriam favorecidas pelo impeachment da Dilma estão pelos
menos tão envolvidas quanto ela por escândalos de corrupção. Na maioria dos
casos, até mais.
Cinco dos membros da
comissão de impeachment estão sendo também investigados por estarem envolvidos
no escândalo político. Isso inclui Paulo Maluf, que enfrenta um mandato de
prisão da Interpol e não pode sair do país há anos; ele foi sentenciado na
França três anos atrás por lavagem de dinheiro. Dos 65 membros do comitê de
impeachment do congresso, 36 atualmente enfrentam processos judiciais.
No congresso, o líder do
movimento pelo impeachment, o líder extremista evangélico Eduardo Cunha, foi
descoberto que possuía múltiplas contas secretas em bancos na Suíça, onde ele
guardava milhões de dólares que os promotores acreditam ser dinheiro recebidos
como suborno. Ele também é alvo de múltiplas investigações criminais em
andamento.
Enquanto isso, o senador
Aécio Neves, o líder da oposição brasileira que foi derrotado por muito pouco
na eleição contra Dilma em 2014, teve pelo menos 5 denúncias diferentes de
envolvimento com o escândalo de corrupção. Uma das mais recentes testemunhas
favoritas dos promotores acusou-o de aceitar suborno. Essa testemunha também
implicou que o vice-presidente do país, Michel Temer, da oposição do PMDB iria
substituir a Dilma caso ela fosse cassada.
E ainda tem o recente
comportamento do juiz chefe que está supervisionando a investigação de
corrupção e tornou-se um herói popular por sua atuação agressiva durante as
investigações de algumas das maiores e mais poderosas figuras políticas do
país. O juiz, Sérgio Moro, essa semana efetivamente divulgou para a mídia uma
conversa gravada, extremamente vaga, entre Dilma e Lula, o que a Globo e outras
forças anti-PT imediatamente retrataram como criminosas. Moro divulgou a
gravação da conversa apenas algumas horas depois de ter sido feita.
Mas a conversa gravada foi
liberada pelo juíz Moro sem nenhum processo e, pior, com claras intenções
políticas, não judiciais: ele estava furioso de que sua investigação sobre Lula
seria finalizada pela nomeação dele ao gabinete de ministro feita por Dilma
(ministros só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal).
O vazamento
planejava humilhar Dilma e Lula e dar vazão para protestos nas ruas, e, no
entanto, acabou recebendo críticas, incluindo dos seus próprios fãs, de que
estava abusando de seu poder tornando-se uma figura política. Pior, a gravação
em si parece ter sido ilegalmente obtida porque foi feita depois da expiração
do mandato feita pelo juiz Moro. O chefe da Ordem dos Advogados do Rio de
Janeiro, Felipe Santa Cruz, chamou a ação de Moro de "um nauseante
constrangimento".
Tudo isso deixa claro o
perigo de que a investigação criminal e o processo de impeachment não são
exercícios legais para punir líderes criminosos, mas mais uma arma
anti-democrática usada por adversários políticos para remover uma presidenta
democraticamente eleita. Esse perigo ficou nitidamente em destaque ontem,
quando foi revelado que um juiz que emitiu uma ordem de bloqueio a nomeação de
Lula ao gabinete feita pela Dilma tinha postado mais cedo no seu Facebook
inúmeras selfies dele marchando num protesto contra o governo no final de
semana. Como Winter escreveu, "Convencer o público de que o judiciário
brasileiro está 'em guerra' com o Partido dos Trabalhadores é uma tarefa mais
fácil agora do que duas semanas atrás".
Não há dúvida de que o PT é
repleto de corrupção. Existem sérios indícios envolvendo o Lula que merecem ser
investigados de maneira imparcial e justa. E o impeachment é um processo
legítimo em uma democracia quando provado que o suspeito é culpado de vários
crimes e a lei deve ser seguida claramente quando o impeachment é efetuado.
Mas o retrato emergindo no
Brasil em volta do impeachment e os protestos nas ruas são bem mais
complicadas, e muito mais ambíguas, do que vem sendo dito. O esforço para
remover Dilma e seu partido do poder lembram mais uma clara luta
anti-democrática por poder do que um movimento genuíno contra a corrupção. E
pior, foi armado, projetado e alimentado por várias forças que estão enfiadas
até o pescoço em escândalos políticos, e que representam os interesses dos mais
ricos e mais poderosos segmentos sociais e sua frustração pela falta de
habilidade em derrotar o PT democraticamente.
Em outras palavras, tudo
isso parece historicamente familiar, particularmente para a América Latina,
onde governos de esquerda democraticamente eleitos tem sido repetidamente
removidos por meios não legais ou democráticos. De muitas maneiras, o PT e
Dilma não são vítimas que despertam simpatia. Grandes segmentos da população estão
genuinamente irritados com ambos por várias razões legítimas. Mas os pecados
deles não justificam os pecados dos seus antigos inimigos políticos, e
certamente não tornam a subversão da democracia brasileira algo a ser
celebrado.
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