Fui dormir na casa do amigo
Potinho, os seus velhos pais estavam viajando. Tava só ele e a irmã em casa.
Bebemos, comemos, jogamos cartas até tarde. Modéstia à parte, com cartas sei
mexer, e de sorte tiro a carta que quiser de qualquer baralho viciado ou virgem.
A guria Jussara de saia
curta cruzava as pernas de um jeito... e depois me olhava com um olhar de
queimar, fiquei em chamas mas me controlei.
Irmã de amigo meu pra mim é
homem, eu fora. Dormimos tarde, nós dois num quarto, ela no outro.
Quando acordei pela manhã
ele tinha se mandado, pegar cedo no batente, deixou um bilhete: Tá em casa,
mermão, fique aí, vou levantar uma grana, ao entardecer eu volto, e vou falar
com uns caras pra ver se te arranjo um emprego. Minha mana gosta de ti, se ela
escorregar, execute, bem vindo à família.
Que filho da mãe o Potinho,
sou melhor em cartas mas ele sabe mais do que eu.
Li o bilhete, botei água
esquentar no fogão pra fazer café, e passei na frente do quarto da guria. Tava
nua na cama, agora os olhos em fogo me olhando, ela siriricando sem o menor
pudor.
Não lembro o que fiz, só
recordo dos gritos dos vizinhos pelo cheiro do metal da chaleira derretendo no fogo.
O Potinho é nosso padrinho
de ajuntamento, que virou casamento cinco anos depois, a gente lá casando com
as meninas gêmeas daquela manhã pela mão.
Mulher é bicho de Deus mas
também do Diabo. Até hoje quando chego em casa ela me olha, os olhos se
incendeiam, e de saia curta cruza as pernas daquele jeito.
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