viernes, 30 de noviembre de 2012

Rosemarys e porquitos, n'A Charge do Dias

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Lúcio, por fim, já altito do chão, lê as notícias do notibuc, aproveitando que o Contralouco foi jogar sinuca com alguns meninos que entraram no bar.
 
- Lula surpreendido com a Rosemary. Não fiquem pensando besteira, ele não é disso, tavam é rachando influências no escuro, amor de vinte anos.
 
Protestos, poucos. Lúcio sorri e segue:
 
- O motoqueiro Gérard Depardieu, um dos maiores atores do mundo, às vésperas dos seus 64 anos, cansa de mijar em corredor de avião e bate a motoca nas ruas de Paris. Depois tenta agredir os guardas, que, ao constatarem que estava podre de bêbedo, o levam preso.
 
Dez a zero pro Geraldo, é dos meus - grita o Contralouco de lá dos fundos.
 
Eta ouvido fino, Lúcio baixa a voz:
 
- A Judéia não quer saber o preço da banha. Mais três mil casas israelenses em território alheio, agora numa terrinha crucial, para se vingar da ONU e do Brasil. O gesto.... ora, gesto, o insulto, sepulta esperanças de paz, vai dar uma merda desgraçada, tomara que os judéios se fodam.
 
Se eu pego um judeu desses - grita o Contralouco de lá.
 
- Estuprador do FMI, o francês Strauss-Khan, vai pagar 6 milhões de dólares para a camareira do hotel retirar as acusações de me forçou a mamar a tapas.
 
Filho da mãe, tomara que morra - diz Jussara do Moscão.

Tirou daqui - berra de lá o Contra.
 
- Juiz concede habeas-corpus para os ladrões da operação Porto Seguro. Saem livres os amigos do Lula, Dirceu e Palocci. Tudo presidente de estatais, secretária da Dilma, altos mandatários da nação. Se eu pego um cara desses.
 
Se continuar com essa  leitura de merda, Lúcio, daqui a pouco volto lá na Redença e arranco tudo! - agora sim gritou alto o Contralouco.
 
Carlinhos e Aristarco sussurram e fazem sinais com as mãos, para o Lúcio parar.
 
Não adianta ficar de cochicho, Carlos, tou te vendo dentro da minha cabeça, jacaré não entra no Céu - diz o Contra. - E não pense que esqueci de ti, Aristarco.
 
Leila salva a pátria. Cadê as charges.
 
Ficaram com o Sid, do Metro1.
 
 
 
 

E com o Sinovaldo, do Jornal NH (Novo Hamburgo). Ah, também não aguentaram aquela do segundão vendido? Vai ter rachid na diretoria?
 
Silvana Maresia murmura: já tou achando que o Contra é bruxo...
 
Bruxa é tu!, diz ele de lá longe, encoberto pela porta.
 
 
 
 
 
Leila Ferro parou na obra do grande Dálcio, do Correio Popular (São Paulo, capital).
 
 
 


Ops, ato falho, essa também é do Dálcio, mas de ontem. Hoje Leilinha escolheu esta:



 
 (A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)




 

miércoles, 28 de noviembre de 2012

A devastação, n'A Charge do Dias

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Lúcio Peregrino pela manhã abriu o notibuc em uma mesa na calçada do botequim e ficou meia hora furungando na geringonça, enquanto a turma conversava sobre assuntos triviais. Depois disse:

- Gente, é um Deus nos acuda, estou me sentindo mal. Descobri que nós sustentamos em altos cargos - e altos salários - toda a parentalha e todas as amizades daqueles filhos da puta.

Olha para as moças que pararam para conversar com a Leilinha e prossegue.

- Com o perdão da palavra, meninas, mas é de tirar a gente do sério. Os bandidos compram mandatos, comprando o voto do povinho, e não ficam apenas em mensalões e negociatas com empresários lalaus: também se enfiam feito pulgas na folha de pagamento da nação, para depois andarem aí, carrão do ano, palacetes, com ares de doutor, avis rara, "competente", fazendo a gente se sentir uns merdas... De modo que hoje não teremos notícias, não estou bem.

- São minhas colegas da facul, tio Lúcio, não dá nada, elas sabem que filhos da mãe é pouco, só enganam a si mesmos e aos simplórios, Deus há de castigar - diz a Leilinha, ao que as moças, sorrindo, tratam de confirmar.

- O Lula novamente diz que não sabe de nada. Mente. Deveria saber, ora, qualquer um com mais de 40 anos, homem feito, deve saber, imagine um velho como ele, experimentado no mundo e na politicagem. Não adianta, ele sofre o defeito de todo político, supondo os políticos honestos, se os há, até o Brizola era assim: o deslumbramento, amam puxa-sacos... - ensinava o filósofo Aristarco de Serraria, quando foi interrompido.

- Malditos puxa-sacos! Se tentarem lamber o meu saco dou uma porrada! Me dá uma losninha, Portuga! - grita o Contralouco, entrando no bar.

- Para puxarem o teu, só se você pegar na loteria - diz Aristarco, e prossegue:

- Os caras que ousam lhes dizer verdades na cara são imediatamente relegados ao esquecimento, quando não à miséria, todas as portas se fecham, ainda que o político veja que ele tem razão e a seguir tome alguma pequena providência, logo deixada pra lá.

- De novo, camarada Lúcio, comparando as nobres trabalhadoras do sexo com esses aleijumes, já cansamos de falar nisso, não pode chamar de filho da puta, meu chapa, ofende as damas. São os "coisos", pronto, ou diz logo políticos - lembra Clóvis Baixo, apesar de a palavra "político" ter sido banida do bar, pela náusea que provoca nos boêmios.

- O pior é que o efeito sobre os caras concursados, honestos, patriotas, é devastador, uma humilhação inominável, a eles que são preparados, bons técnicos, sérios, tendo que obedecer a essas múmias com mão de gato, diz Tigran Gdanski. 

- Mais nocivo ainda é o ovo da serpente: para atingir os seus objetivos torpes, tentam corromper os funcionários de carreira, e muitas vezes conseguem, é dá ou desce - arremata Chupim da Tristeza.

- O mais triste, amigos, que vocês estão esquecendo: sempre foi assim - diz Carlinhos Adeva, hoje mais quieto que de costume. - Só que antes eram governos de direita, assassinavam quem discordasse, afogavam crianças em latrinas em centros de tortura, para os pais falarem o que não sabiam.

Com essa, o bar silenciou. Clóvis Baixo lembrou uma piada, contará depois.

Partem para a escolha das charges, dobrada, por ontem e por hoje.

Com o Ed Carlos.


Mestre Nani.




Simanca, de A Tarde (Salvador, BA).





E com o Frank, de A Notícia (Joinville, SC).




Leila Ferro parou na obra do Paixão, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).




E na do Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG), "para variar", como ironizou Clóvis Baixo.



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)

Lembranças do mensalão (III)

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Prosseguindo, temos um artigo publicado no JB em 22/11/2012, do escritor Paulo Rosenbaum, sobre a repercussão da Ação Penal 470. Um belo dia, quanto tivermos avançado mais no tema, colocaremos em ordem as matérias, com os fatos, a denúncia, o julgamento e a repercussão.


Mensalão: a responsabilidade nasce dos sonhos

Por Paulo Rosenbaum


Por que um dos julgamentos mais importantes da história contemporânea aconteceu em Nuremberg? E por que o processo que envolveu os genocidas nazistas foi selado sob o nome de “tribunal de exceção”? A cidade era uma escolha simbólica, e os fatos, sem paralelo na história contemporânea. Em 1935, naquele histórico sítio alemão, foram editadas as leis raciais e de “proteção do sangue” que inauguraram um dos períodos de sombra da humanidade. Sancionadas pelo chanceler eleito e pelos ministros do Interior e da Justiça a promulgação daquela legislação tornou-se prova de que a manipulação da razão pode tomar destinos equivocadíssimos, mesmo na democracia. Se esta razão vier escoltada por alguma ideologia, então é mesmo para tremer e esperar pelo pior, sempre! Dito e feito!
 
Se índios, negros e outras etnias não têm alma, por que os respeitaríamos? — rezava o consenso dos juízes da Inquisição. Por que povos inferiores devem ter os mesmos direitos que brancos europeus civilizados, reafirmavam os higienistas. Medições de crânios, a chamada “craniometria” dos cientistas que trabalharam pela e para a ideologia nazista apresentaram suas “evidências empíricas”: o encéfalo dos não arianos “era menos evoluído e tendia à degeneração”. Os arianos, “intrinsecamente superiores”, representavam a “raça pura, de ascendência sem vícios ou corrupção genética”. Era o apogeu político da eugenia, uma doutrina que, embora encontrasse raízes preexistentes nas ciências naturais, tomou corpo e se fortaleceu graças à causa organizada pelo terceiro Reich. Foi assim que profissionais liberais, especialmente médicos, pequenos comerciantes, o grande capital e professores universitários da Alemanha começaram a achar que poderiam acertar as contas com a humilhação decorrente do tratado de Versalhes e se safar da crise econômica com hiperinflação do final nos anos 20.
 
Finalmente, os juízes se prestaram ao papel e começaram a definir novas regras para a sociedade alemã: judeus, ciganos, homossexuais, negros, doentes mentais, mestiços— e alguém se lembrou de incluir gente politicamente desviada — mereciam tratamento especial. O cólume desta arquitetura, todos sabem, resultou no maior drama da história ocidental e, provavelmente, o mais sistemático e sem paralelo massacre da história recente.
 
A ideologia ariana forçou os cofres do Estado alemão a desembolsar milhões para divulgar e patrocinar a doutrina do Führer, e ali, muitos dizem, o berço da mentira como indústria e, portanto, do marketing político moderno. Centenas de milhões do opúsculo raivoso de Hitler circularam e não possuir um exemplar de Mein kampft tomado como séria ofensa ao Estado. A palavra nazista originária de nazional sozialism — literalmente nacional socialista, diferentemente de matizes à direita e à esquerda do fascismo, comporta uma designação precisa. Trata-se de um termo em franca vulgarização, que tem evocado banalmente o mal genérico e universal. A linguagem não costuma trair. Hoje em dia, se bobear, qualquer porteiro mal-educado, jornalista independente ou sujeito crítico corre o risco.
 
Quando o Estado, centralizado em poucas cabeças, obriga todos os outros a segui-las, e há obediência civil, está aberta uma trilha ao abismo. Na lista de aberrações, temos o livro vermelho de Mao, o livro verde de Khadafi, a obra marrom de Pol Pot, fora as outras tonalidades de muitos outros. O mínimo múltiplo comum é que todos eles se autointitulam salvadores; sim, claro, de si mesmos. Pois nascem, crescem e morrem com um só objetivo, narcísico, o culto à própria personalidade.
 
Pulo para o nada sóbrio relatório do diretório do partido governista acusando o STF de “tribunal de exceção” e comparando ambos, processo e julgamento, aos procedimentos nazistas. Dado o respaldo popular e apoio maciço aos juízes, deixaram para emitir a nota depois das eleições. Professores universitários e jornalistas decanos emprestaram suas habilidades e estilos à causa, dando os retoques finais ao documento. É aqui que nos perguntamos se a isso chamam honestidade intelectual?
 
Bastou para a enxurrada de pseudoartigos na web, e na grande, média e minúscula imprensa, classificando o julgamento da ação penal 470 “erro jurídico rotundo”. Depois espalharam rumores e insinuações gravíssimas contra a corte jurídica e o procurador geral da República. Além das calúnias, exageros retóricos e grotesca falta de acurácia terminológica, esses dirigentes partidários ficaram devendo às novas gerações uma versão verossímil dos fatos.
 
Poderiam ter afirmado, por exemplo, que as penas foram desproporcionais, que as provas deveriam ser mais consistentes, e até esbravejar para discordar da decisão do tribunal. Aliás, ninguém duvidaria de que fosse esse o papel do partido. Infelizmente, veio a imprecisão panfletária, a palavra de ordem, a conclamação das massas, o intransigente desrespeito à Constituição. Já que uma virada humanista e um governo de coalização parecem alternativas impensáveis, o único e involuntário aspecto favorável da ação dos dirigentes do partido hegemônico talvez tenha sido acelerar sua decadência.
 
Os magnatas do poder podem estar se aposentando coletivamente. Que durmam bem, e nem precisam mais mandar notícias. Não custa sonhar que nos novos postos de trabalho, gente mais crítica e mais disposta a ir além do sectarismo ranzinza, assuma responsabilidades e conceda nada além do que deveriam ser nossos direitos naturais: plena cidadania e direito à vida.
 
Viajei, sei que viajei! Mas, como escreveu o poeta irlandês Willian Butler Yeats, é nos sonhos que começa a responsabilidade. 
 
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NE: A foto-ilustração não é do original.

lunes, 26 de noviembre de 2012

Adeus, mundo cruel; n'A Charge do Dias

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Lúcio Peregrino, o terror das mulheres e asponas de políticos, com seu copito de dyabla verde e um prato de picadinho de pepino em conserva à frente, lê as notícias do notibuc:
 
- Joaquinzão segue comandando a dosimetria das penas, hoje vai atolar nos políticos. Ao abrir a sessão do Supremo, olhou uma charge do João Paulo Cunha (PT), Valdemar Costa Neto (PR), Pedro Henry (PP), Pedro Corrêa (PP), Bispo Rodrigues (PL, ex PR), Roberto Jefferson (PTB), Romeu Queiroz (PTB) e José Borba (PMDB), além do ex-tesoureiro do PTB, Emerson Palmieri, todos com pijama de presidiário, e exclamou: "Hoje eu vou afundar o calção de vocês, gurizada medonha".

Ora, gurizada medonha? Só isso, para esse monte de fezes? - diz o Contralouco. Disse isso e tocou o telefone, atendeu e saiu às pressas.
 
Os boêmios sabem que o Lúcio mais inventa que lê, mas preferem assim, cientes de que  os donos dos jornais são pouco ou nada criativos em relação aos seus amigos. Vai em frente:
 
- Polícia Federal segue encantando os homens de bem. Depois de deflagrar a Operação Porto Seguro, estourando os bandos da Secretaria da Presidência da República, AGU e ANAC, enquadrando as amizades do Lula, Dirceu e Palocci, agora traz a público a Operação Durkheim, prendendo 33 pessoas de duas quadrilhas e cumprindo 87 mandados de busca e apreensão. Os caras tinham um negocinho de compra e venda de informações sigilosas.
 
Como assim Durkheim, o sociológo? - pergunta Aristarco de Serraria, vivamente interessado.
 
- Já saberemos - responde Lúcio. Prossegue:
 
- Entre os que tiveram a casa invadida com ordem judicial, está o vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero. O inquérito policial foi aberto em setembro de 2009, a partir do suicídio de um policial federal em Campinas; esta a razão, dizem, para o nome da operação, Durkheim.
 
O filósofo Aristarco intervém:
 
- Agora tá explicado. O francês Émile Durkheim escreveu o clássico O Suicídio, lá pelos fins do século retrasado. Foi o primeiro a ensinar como se escreve uma monografia sociológica.
 
Lúcio recomeça a sua "leitura":
 
- Um babacão, dirigente do Inter, só ontem se tocou de que o time precisa ir para o último grenal do Olímpico com um técnico forte, para que eles nunca esqueçam da melancólica despedida do seu lendário estádio. Essa gente não aprende, quando cai a ficha é tarde demais. 
 
Peraí - interrompe a mestra Jezebel do Cpers, esquece esses otários, fala mais do suicídio, Aristarco, está por dentro, né?
 
- Mais ou menos, Jêze. Para ser breve, é o seguinte: até então o suicídio era relacionado à individualidade de cada um, e Durkheim defendeu que é fruto do meio social. Por exemplo, a pessoa sem companheira ou companheiro de vida, sem filhos, ou esquecida pelos filhos e parentes próximos, tá pela sete. Sem amigos, que além da família não existem, se existem é raridade, sem ninguém para desabafar, abraçar, chorar, deu. Se, junto a isso, estiver mal de grana, então, fudeu tudo.
 
Clóvis Baixo se viu dentro do exemplo e saltou:
 
- Sai, bicho ruim, eu fora! Tenho as minhas enfermeiras! 
 
Risos. Nicolau Gaiola chega ao bar e junta-se à turma, enquanto pede uma cerveja ao Terguino. A estudante Leilinha Ferro sai lá do caixa e se aproxima, interessada. Pedem que Aristarco prossiga.
 
- Bem, a rigor é isso aí, a partir disso todos podemos imaginar situações que levam o cara pro buraco, quer dizer, do buraco sentimental para o literal, sete palmos. O francês dividiu o suicídio em três tipos: egoísta, altruísta e..., pera, deixa lembrar, ah, anômico. O egoísta tá no exemplo que dei: o cara se mata pra parar de sofrer, já que ninguém se importa com ele, e ele sofre demais por ser ignorado, no mais das vezes por gentes sem dez por cento da sua cabeça, da sua sensibilidade. O altruísta é quando o sujeito se acha sem nenhuma importância, ou ainda por uma suposta causa maior, este último é o caso dos kamikazes ou dos atuais homens-bomba, naquela de eu vou mas levo um monte de malvados comigo. Lúcio, veja anomia aí no dicionário do nóti.
 
Lúcio encontra. Anomia: Processo ou estado da sociedade em que se perdem ou não se reconhecem valores ou regras normativos de conduta, ou de crença, o que dificulta a referência do indivíduo ante as situações comportamentais e éticas contraditórias com que se depara.
 
- É isso aí. O sujeito entra numa de que este mundo não tem nada a ver com ele. Ora, viver pra quê, pra ver os políticos e grandes corporações investindo em ignorância do povo, pura escravidão dos bobos alegres, e roubando e matando a não mais poder? Pra acabar preso nos belos presídios, se se rebelar? Aí já viu, pensa "Não aceito as regras desses filhos da puta, prefiro me matar". Aqui o cara pode optar pelo altruísta, parece mais agradável levar alguns bandidões junto consigo, mas muitos não atinam pra isso, ou não dispõe de recursos para tanto, então pega e sai fora logo. Claro, cada caso é um caso, muitas variáveis interferem, de repente junta as três, a depender da cultura de cada um, mas em geral é por aí. Dizem que há uma quarta, a ser estudada junto com as outras, mas chega.
 
Aplausos no botequim. Nicolau Gaiola, o ator e teatrólogo, que se manteve quieto até o final da fala de Aristarco, conta:
 
- Há uns dez anos andei estudando esse tema, acabei escrevendo uma peça que não terminei. O título era Adeus, mundo cruel. Ao cabo de um ano decidi abandonar o projeto, me bateu uma deprê muito forte, era muito novo, e empaquei na cena do suícídio. O cara se matava no exato momento em que, no outro lado da cidade, uma filha, já com 30 anos, vendo o mundo com outros olhos, começava a remoer seu arrependimento pelo descaso, quando não desprezo, que lhe dedicou, e levantava o telefone. A morte, eterna companheira, e o remorso das almas mais elevadas, aprofundei no remorso. Não pude mesmo, confesso, concluir, mas depois desta conversa, que me doeu menos, tantos anos passados, vou procurar a papelada lá em casa, talvez agora...
 
- Putz, deprê tá batendo em mim, com essa conversa, não podiam falar de coisas mais alegres? Minha família são vocês, gostaria que fosse as enfermeiras, mas não, são vocês... Segue as notícias, Lúcio - diz Clóvis Baixo.

A turma acorre em passar a mão, pára com isso, Baixo, imagine...

- Dilma tá fuzilica da vida, soltando fumaça pelo nariz, por saber que há apenas onze dias seus aspones lhe deram para assinar um decreto nomeando um dos indiciados pela Operação Porto Seguro. Tem gente que é cega. Cega é ela, os aspones são apenas burros, todo bandido é burro, acha que ninguém vai notar a mãozinha de gato. Ela merece os aspones que tem, ela os escolheu. Ela que vá a pu...

Pára, meu, só lê as notícias! - exclama Tigran Gdanski.
 
- Governo pretende botar mais água na gasolina...
 
- Por favor, pessoal, antes me passem as charges - pede Leilinha -, depois podem bater boca até quando quiserem, preciso ir.
 
Os empinantes ficaram com o Elvis, do Correio Amazonense (Manaus, AM). É um tourinho de merda!, grita Clóvis Baixo, ainda emocionado.

 
 
 

E com o Pelicano, do Bom Dia (São Paulo, capital).

 
 
 
Leilinha Ferro com o Duke, de O Tempo (Belo Horizonte, MG).

 
 
 
 (A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
 
 
 
 
 

domingo, 25 de noviembre de 2012

Bem-vindos à série A, Iarlei, de novo!, n'A Charge do Dias

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Os boêmios, em meio aos aperitivos dominicais, quando se deram conta discutiam as quadrilhas instaladas em cargos públicos, como a Secretaria da Presidência e a ANAC. Lúcio Peregrino lá pesquisando os nomes pelo notibuc. Não deu outra: tudo gente do Lula, do José Dirceu e do Antonio Palocci.
 
- Me caiu a bunda, é inacreditável, mas os lalaus seguem mandando - disse Walter Schiru -, esse Palocci não está preso?
 
- Preso nada. Aquele papo de ética, só mudaram as moscas, tá tudo igualzinho aos governos do Collor e do FHC - falou Clóvis Baixo.
 
Pelas dez da manhã Nicolau Gaiola chegou ao botequim. Implorou para não se falar em bandidagem, domingo ninguém merece.
 
Foi atendido, ufa. Pularam para o futebol. O Goiás, com direito a gol do grande Iarlei, 38 anos - o homem que foi o principal responsável pelo título mundial do Inter -, sendo campeão da série B.

Quando alguém falou que a CBF cogita contratar o Guardiola para técnico da seleção, o Contralouco saiu do sério:

- Mas são uns filhos da puta mesmo.
 
E miss Leilinha exigiu logo as obras, precisa se mandar.
 
Ficaram com o Dum, do Hoje em Dia (Belô, MG), dando as boas vindas ao Goiás, Criciúma, Atlético Paranaense e Vitória da Bahia.
 
 


E com o Elvis, do Correio Amazonense (Manaus, AM).




Leilinha Ferro parou na obra do Duke, do Super Notícia (Belô, MG).





A menina já estava enviando as escolhas para o blog, quando os boêmios conseguiram que ela admitisse uma extra, insistência do Clóvis Baixo. Do Sinovaldo, do Jornal NH (Novo Hamburgo, RS). Desse jeito não vai mesmo.



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)
 

viernes, 23 de noviembre de 2012

Nem te fresqueia, guri!, n'A Charge do Dias

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Motivos de força maior fizeram com que ontem os empinantes não enviassem as obras do dia. Isso anda acontecendo com frequência, daqui a pouco talvez tenhamos de passar a coluna para semanal. Por enquanto, resistimos.
 
Lúcio Peregrino deu uma repassada nas notícias do notibuc. Agora a turma descobriu que ele, ao ler, comete pequenas alterações nos textos. Ninguém reclamou, assim é que gostam.
 
- O Brasil pára, de coração na mão, acompanhando o Luiz Fernando Veríssimo no hospital. Exemplo para os boêmios: em buteco, exceto o Botequim do Terguino, só comam bife escolhido, depois de ver a carne crua, e saladas frescas, isto é, pasto. Além disso, só comida de atleta: massa ao alho e óleo. Falei de buteco, pois em restaurante cola-fina é muito pior.
 
Chupim da Tristeza comenta: comer fora é jogo duro para qualquer um, e para o cara idoso, então, é um perigo. Como diz o meu amigo Chico Hypólito: "eu tenho buchada mais forte que de cachorro de rua, acho que nem tenho mais estômago, tou que nem ganzo, diretaço, e ainda assim quase morri em Arequipa, certa vez, as bóias daqueles peruanos são fogo". Mas ele há de sair dessa.
 
- 200 judéios protestaram na avenida Paulista, pelos direitos de Israel em exterminar os palestinos trancafiados no gueto para onde foram empurrados. O chefe dos terroristas, depois de cantar músicas judias - aquele samba que diz "Judia de mim, judia..." - alegou que os brasileiros tem uma visão errada do que acontece por lá. Então tá.
 
Jezebel do Cpers liderou os protestos: "Pula essa, pula".
 
- Advogado do Bruno, um dia antes de assumir o caso, disse pelo tuíter que os criminosos, seus clientes, deveriam confessar o covarde assassinato.
 
Esse aí parece advogado do mensalão, um trapalhão daqueles, acabou de arrumar 30 aninhos pro Bruno, disse Carlinhos Adeva.
 
- Palmeiras tentou tirar Luxemburgo do Grêmio. Então tá, o Luxa iria deixar o Brasileirão e a Libertadores 2013, mais a capital do mundo, Porto Alegre, para ir para a segundona e para a violência de São Paulo...
 
- Contralouco anuncia: se o capitão Dunga estiver na boca do túnel, retesado gritando com a moçada, o Inter vencerá na despedida do lendário Estádio Olímpico, no dia 2 de dezembro, 4 a 1.
 
Viva!, dá-lhe!, exclamam todos, e com essa pedem ao Portuga para renovar as bebidas.

- Criminosos de São Paulo pretendem demitir Mano Menezes, bem feito, quem mandou se vender. Hesitam entre Tite e Felipão, mas somente para enganar a opinião pública, pois Felipão não vai, salvo tenha se tornado ladrico.

Uuuú, vaias no bar.

- Mãe da vítima do goleiro: "Ficam falando em Macarrão, sopa e churrasco, mas a morte da minha filha só interessava a uma pessoa. A mesma pessoa que estava incomodada, a mesma que a levou, a mesma que tinha o dinheiro para matá-la". Na pinha.
 
- Eu não tinha muito o que dar. O que dei para o meu filho foi oração, rezei muito por ele (mãe do Joaquim Barbosa, o nosso rei da cocada preta).
 
Aqui os boêmios aplaudiram em peso, para depois brindarem.

- Dilma fica fria, carrancuda, ar de desaforada, na posse do Joaquim como presidente do Supremo Tribunal Federal. Por trás desse gesto arrogante e comprometedor, um fedelho chamado Lula. O grande Martinho da Vila, glória nacional, foi lá para abraçar o Joaquim.

Ú para a Dilma, vivas para o Martinho.
 
- Mocinha de 24 anos, militante anti-violência, é morta em chacina em São Paulo.
 
Esta a Jussara e outros já sabiam. O ambiente se transformou em velório, com imprecações de revolta. Ela pediu um minuto de silêncio no botequim. O Contralouco não esperou o minuto chegar ao fim: "Se eu pego um cara desses...".
 
- Documentos que comprovam que o deputado paulista Rubens Paiva foi covardemente assassinado pelo Exército, em 1971, serão entregues à Comissão da Verdade pelo governo gaúcho. Os documentos vieram à tona após o assassinato de um coronel, neste mês, em Porto Alegre.
 
Um brinde à memória de Rubens Paiva. Daqui da palafita, acompanhamos. Tintim.
 
Nesse momento a "chata" da Leilinha Ferro, como disse o Contralouco, exige as obras do dia. Os boêmios com direito a quatro, por ontem e por hoje.
 
De pronto, unanimidade, sem ter sido preciso apelar para a urna de votação, ficaram com o Frank, de A Notícia (Joinville, SC).
 
 
 
Aroeira.
 
 
 
 
 
 
Mário, do Tribuna de Minas (BH, MG).
 
 
 
 
Newton Silva.
 
 
 
 
Leilinha, a exemplo dos boêmios, também dobrou a sua participação.
 
Com o Nani, sobre o escândalo que foi o final da CPI que pegaria gente do governo, e seus belos aliados no crime.
 
 
 

E com o... Nani! Em dose dupla. A menina, como todos nós, ficou sem palavras com o crime de arquive-se. Ora enviar para o Ministério Público, foi de lá que veio! De estranhar que o ilustre Relator, aquele, aquele..., não tenha acusado a Salito, Jezebel, Contralouco, Nani, Lúcio, Newton Silva, e por aí...



(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos dias se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário, como eles dizem. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)