miércoles, 30 de enero de 2013

Tragédia de Santa Maria - A responsabilidade, n'A Charge do Dias

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- Gente: na hora da responsa, começou a nojeira -, disse Lúcio Peregrino, preparando-se para a leitura das "Notícias do Notibuc", como é habitual no Botequim, com a sua especial narrativa de âncora honesto. E dispara:

- Governador bota no do prefeito, de outro partido. Prefeito tira ligeiro o seu fora e bota no do governador. Prefeitura bota no do Corpo de Bombeiros. Corpo de Bombeiros tira da reta e atola no da Prefeitura, de quebra bota no do CREA. O CREA tira fora e bota a culpa na legislação, mas fica de averiguar o relatório do seu engenheiro que participou da meleca. Políticos que fizeram as leis ficam quietinhos, ninguém sabe seus nomes, não convém alertar os gansos.

- Puta que pariu, bem isso, a maldita política entra em ação -, diz Clóvis Baixo.

Segue Lúcio:

- Advogado do dono da baiúca bota no do Corpo de Bombeiros, diz que a operação de socorro foi desastrosa. 

- Ah, não, assim também não, diz a profa Jussara do Moscão, perdendo a paciência. - É muita coragem desse rábula de porta de cadeia, quer dizer então que os bombeiros tinham que ter o Super Homem, para chegar lá num minuto, quebrar a cara dos leões-de-chácara, abrir vias de fuga nas paredes e tirar mil pessoas de dentro do inferno, num zás?

- Se eu pego um cara desses... -, diz o Contralouco.

- Esse otário desde já é candidato ao troféu Pinóquio 2013. Tudo bem quanto ao direito de defesa, mas é por essas e outras que a nossa classe é tão desmoralizada, e depois a gente reclama -, diz Carlinhos Adeva, o advogado da turma.

- Pinóquio se não for coisa pior, podemos inventar uma mistura de Pinóquio com João Bafo-de-Onça -, corrige a doutora Jezebel do Cpers.

- É, aquele advogado de bandidos e sonegadores, que foi ministro do Lulaluf, o Márcio Thomaz Bastos, usa de todos os meios para defender seus clientes multimilionários, mas não me consta que fique atirando a esmo desse jeito -, lembra Aristarco de Serraria.

- Gente, vamos continuar, depois vocês comentam. E segue:

- Dono da boate Beijo do Diabo tenta se matar no hospital. O antro não está no seu nome, e sim da mãe e da irmã, há suspeita de lavagem de dinheiro, de onde viria o dinheiro sujo? Boa coisa não é.

Aí foi o Contralouco quem perdeu a paciência: - Imagino, enrolou um barbante fininho no pescoço e se fechou no banheiro. Nunca vi nesta porca vida alguém que quisesse mesmo se matar e não conseguisse. O bundão é tão incompetente que nem isso consegue fazer? Sai dessa. Ele é bom de se mostrar, ah, sou o Rei da Noite... Rei das putiangas dele, na base da grana, conheço esses caras de longa data, mafiosos de carrão, que ficam comendo abobadas e aumentando a fortuna, enquanto economizam em instalações, salários dignos, treinamento e extintores. Se fosse uma filha minha eu ajudava ele a se matar!... Tá cheio de gente assim, em todas as atividades!

Clamor dos boêmios: - Opa, calma, Contra, não é bem assim, diz um. Calma, meu irmãozinho, diz outro.

- Gente, já pedi, comentários depois. E talvez não seja bem assim, querido Contra, afinal não conhecemos o cara. Prejulgar não é bom...

- Não te mete, Lúcio: eu conheço essa raça, tu não sei, sempre ocupado em comer asponas finas -, diz o Contralouco, de cara feia para o amigo do noticiário.

Jezebel intervém com firmeza: - Pera aí, Contra, ninguém está defendendo o cara, mas o fato de ter sido irresponsável...

- Irresponsável não, criminoso! - explode Contralouco, tentando se segurar com os olhos em algum lugar.

- Tá... que seja, mas também não quer dizer que não esteja abalado... - concluiu Jezebel, já vencida.

O Contralouco inicia a resposta: - Está é se fazendo e tu sabe muito bem...

Wilson Schu, sempre sereno, muda o rumo de vez, dando uma amenizada no ambiente: - Gente, vamos com calma; Contra, dá um tempo. Ô Portuga, traz quatro geladas aqui, por favor, o pessoal tá muito quente. Lúcio, fala aí do Renan, como está o negócio em Brasília.

O Contralouco se levanta e vai lá para os fundos do bar, dizendo: - Param de falar num cabaré e vão pra zona...

Lúcio engata novamente:

- O sugismundo do Renan não larga do porco, vergonha é coisa que esse larápio não conhece, é o retrato vivo dos seus colegas, com as exceções de praxe, como o Suplicy, o Simon, o Cristóvão Buarque e mais um ou dois.

- Gostaria de saber o que o Paulo Paim declarou, se declarou alguma coisa sobre esse assunto -, diz Jussara do Moscão, cuja mãe é eleitora do senador.

Ninguém sabe da opinião do Paim, está quietinho, nego esperto, deve ter suas razões para apoiar essa gentalha. (Salito meteu o dedo, com o perdão dos amigos e da vó da Ju, que peço).

Lúcio não consegue tirar Santa Maria da cabeça, inventa:

- Amigos do Botequim do Terguino sugerem à Polícia conclamar, pelas redes sociais, todos os que compareceram à boate naquela fatídica noite, e os que viram outras pessoas, com ampla divulgação na imprensa. Já que esconderam o caixa para não entregar, assim não será difícil descobrir quantas pessoas estavam lá dentro, se 1.000 ou 1.200, para uma capacidade de 600.

- É claro que a polícia já pensou nisso -, diz Tigran Gdanski.

- Sei, mas tem que fazer já, daqui a pouco dá acomodação - responde Lúcio.

Silencioso até então, Nicolau Gaiola começa falando devagar: 

- Tem autoridade - uns analfabetos ganhando uma miséria, como as suas vítimas em geral - para multar e abusar do cidadão que bebeu uma cerveja. Vindo de longe, saudoso, estava indo pra casa, direitinho, numa naice. De tocaia, o atacam a meia quadra de casa. Assopra o bafômetro e teje preso. Tem autoridade para cuidar se eu ou você estacionamos o fuca 75 em lugar errado, mesmo que seja para socorrer alguém que está se afogando. Tem "otoridade" para tudo. E não servem para nada. Hoje, caminhando pela João Pessoa às 4 da tarde, vi um brigadiano gorducho, bota gorducho nisso, uma bola mal encarada, ele e o parceiro, vindos contra mim pela mesma calçada, o banha com uma bruta pistola preta engatilhada na mão, voltada para baixo mas nem tanto. Onde ele ia? Numa lotérica amiga, proteger sei lá o quê. Insultou-me, aquele porco, babando sua brutalidade contente, machucou meu íntimo. Se hoje quem manda são as empresas privadas, eu disse PRIVADAS, e não bastasse esses animais toscos de milícias, ex-militares, bandidos, que descem até com 12 na mão, na frente dos cidadãos e seus filhinhos ante a complacência e autorização do Estado, o que o gordão brigadiano fazia ali, se estava tudo em paz?

Pára, pega o refri da Zilá, respira fundo, toma um gole no bico, olha pro chão, levanta a cabeça e vai:

- Não tinha engrezilha nenhuma. E eu, desarmado, ao passar por aqueles bichos, com uma menina de 7 anos pela mão, olhos arregalados, assustada... A "MINHA MENINA", estuprada assim, na hora me deu raiva do ex-ministro da Justiça que me desarmou. O ex-ministro desarmador de gente decente, quem era? O Tarso, em quem eu votei por falta de tu. Todos eles se entregam, quem manda são as armas da ditadura, e outras coisas.

- Meu Deus... -, murmura Silvana.

- Meu Deus nada, vai dizer que nunca viu?

Tigran engole em seco. Deixa as amigas e amigos consolando Nicolau e vaí até a sinuca nos fundos. Vê com prazer o Contralouco abrir uma partida atirando a preta de fiapo no canto, volta na mesa, o ás, a cinco, a cinco de novo, a dois, a seis, a cinco, a verde, ...aplaude o fecho do jogo antes que termine, sabe que o adversário não vai tocar no taco, e retorna. Pede uma gelada ao Portuga e diz:

- Putz, minha cabeça está doendo, Nicolau, você começou, agora termina, se te conheço tem mais um pouco, diz aí.

Nicolau se desembrulha do abraço da Jeze e responde:

- É simples. Por que isso não tem fim? Ora, porque molham a mão das "otoridades", claro. Salário de fome dá nisso, é incentivo à corrupção. Vai dizer que tu não sabe? No Rio ganham salário para proteger bicheiros. Em Porto Alegre há casos em que escoltam o dono do cabaré na hora da saída, 5 da matina, depois da espelunca incomodar os vizinhos a noite inteira, com música de estourar os tímpanos, brigas, gritos, garrafadas, para proteger a grana do "empresário da noite", como faziam, talvez ainda façam com um Clubinho da Venâncio. Brigadianos, carro oficial, com o TEU dinheiro, e o meu.

E segue encrencando, para desespero da Jezebel, que tinha conseguido acalmá-lo.


- Esse reizinho da noite que mereceu amores do governo é só mais um. Reclame para ver, ligue 190, para ouvir "Cidadão, anotamos seu nome e endereço...". Eu, hein? Não sei se molham a mão de funcionários de prefeitura, mas molham. Uma coisa é certa: a responsabilidade é das autoridades, secretário disso, secretário daquilo, representando "forças" que os elegeram... A grana para a eleição vem de onde? Se deixaram o irresponsável fazer e desfazer, é deles a responsa, com ou sem bola para seus amiguinhos, o resto é balela. E quem são os chefes desse mundo de mentira? O Prefeito e o Governador. 

De lá da frente se ouve a voz do Contralouco, o ouvido de cão da confraria: 

- Esses reizinhos da noite são donos da cidade porque a compraram, a bom preço e à vista. Políticos e polícia.

Leilinha Ferro, a luz dos olhos dos boêmios, que quieta a tudo via e ouvia de lá detrás do caixa, de repente desandou a chorar, com as mãos cobrindo o rosto. 

Só então se aperceberam, os homens e mulheres do Partido dos Boêmios, que Santa Maria ainda estava dentro da menina. Lembraram dos tempos primitivos de amor, de doçura, do quanto nos feriram, e de quanto a menina ainda estava ferida.

Jezebel, Silvana, Jussara e Zilá dispararam em seu socorro. 

Os homens também se levantaram e acorreram. A conversa continuaria mais tarde, quando Leila já tivesse ido embora, às nove da noite.

Leilinha não quis escolher as charges a que tem direito, delegou a tarefa às mulheres. Terguino, o seu pai, a mandou embora às sete. Na saída, levada por Jezebel e Jussara e um bando de homens, ela disse ao Terguino: Pai, tia Jeze, por favor chamem o Contralouco, quero que ele me leve em casa. 

Saíram e nada mais se disse. Dizer o quê. Que talvez a raiva, as bobagens, signifique que a ficha começou a cair, afinal são todos chefes de família. E dói.

Não há artista do traço e do pensamento que não tenha se derramado em lágrimas, no Brasil e possivelmente em outras paragens.

Os boêmios ficaram com:

Miguel, do vovô Jornal do Commercio (Recife, PE).




Jorge Braga, de O Popular (Goiânia, GO).




Amâncio, de O Jornal de Hoje (Natal, RN).




J. Bosco, de O Liberal (Belém, PA).



E Paixão, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR). 




As boêmias, rendendo Leilinha, não participaram da eleição anterior. Somaram-se a elas algumas estudantes da UFRGS que sempre pintam no botequim. Escolheram:

Lila, do Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB).




Luscar.




E Pater, de A Tribuna (Vitória, ES).



 A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.

martes, 29 de enero de 2013

Tristes dias em Santa Maria, n'A Charge do Dias

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Lúcio Peregrino dá início às "Notícias do Notibuc", enquanto a tigrada saí da fada verde para a cervejinha.

O Contralouco se antecipa: - Procura aí primeiro as notícias de Santa Maria, ouvi falar que o músico daquele gurizada medonha diz que não tem culpa do incêndio na baiúca.

- Certo, vejamos... aqui.

- Integrante da banda Gurizada Fandangueira diz que não é doido para levar pólvora para dentro daquele apertamento, o sinalizador seria de fogo frio, inofensivo, argumenta, sem pólvora. As autoridades não descartam essa possibilidade, mas testemunhas afirmam que foi o artefato que produziu o fogo, ao encostar no teto enquanto o vocalista pulava com aquilo na mão. Os donos dizem que não autorizaram o uso de sinalizadores.

- Ah, não autorizaram, e como é que usaram, diante do nariz deles? -, pergunta Zilá da Tristeza.

- De repente aconteceu no primeiro que acenderam, não deu tempo de impedir e incendiou tudo -, responde Jussara do Moscão.

- Mas todo mundo sabia do sinalizador, é o mote da banda, são famosos por isso -, lembra Silvana Maresia. 

Gustavo Moscão: - Então agora é que fudeu tudo, vai sobrar para a instalação elétrica, pois o fogo teria começado no teto de espuma.

Tigran Gdanski: - Seja o que for, não interessa, aquele joça tinha é que ter três saídas, a normal e duas de emergência.

Aristarco de Serraria: - Gente, proponho pularmos essas notícias, a gente acaba se irritando por nada; não adianta, agora é cada um querendo tirar o seu da reta. Paciência, a polícia já deve estar fazendo contato com o fornecedor dos tais sinalizadores, quem e quando instalou a rede elétrica, material utilizado, e, mesmo assim, só depois do laudo técnico para se ter uma idéia. Polícia, bombeiro, juiz, é tudo gente preparada, a gente pensa que são como nós, mas não é assim. Desde técnicas de interrogatório à investigação em si. Tem bombeiro que bate os olhos na cena de devastação e tem uma idéia de onde o fogo começou. Cada macaco no seu galho.

O bom senso do filósofo-boêmio é acatado. Lúcio prossegue em seu périplo:

- Bandeiras do Brasil a meio-pau em todo o território nacional e embaixadas pelo mundo.

- Denúncia do bode Marcos Valério contra o Lula, de que ele é o chefe da quadrilha, será enviada pelo Procurador Geral para o primeiro grau, vez que Lulaluf não tem foro privilegiado.

Jezebel: - Isto é, ficará cem anos tramitando e dará em nada.

- Tribunal Internacional decide: vagabos da Holanda e da Inglaterra não receberão de volta a grana das suas picaretagens na Islândia, país que há cinco anos, empurrado a pau pela população, negou a dívida externa, o que o PT aqui prometeu e não cumpriu.

- O desmoralizado Renan Calheiros, mais sujo que pau de galinheiro, que nosso amado governo quer para presidir o Senado Federal, além de possuir uma ficha de malfeitos que vai daqui até a esquina, agora é passador de notas frias. A Procuradoria Geral da República fincou-lhe mais um processo nas costas, que já está sob análise do Supremo Tribunal Federal. Dilminha, a refém do PMDB, festeja intimamente. O grande senador Eduardo Suplicy manda o elemento - o Renan - cachimbar formigas, e pede votos para Pedro Simon.

O Contralouco ergue o copo de cerveja e exclama: - Dá-lhe, Joaquinzão!

- Ricardo Teixeira, o mafioso brasileiro, ex-presidente e ainda funcionário da CBF, é acusado de vender votos para a eleição do Catar como sede da Copa de 2022.

- Grande novidade... -, diz Wilson Schu.

- Dirigentes do Inter piraram: querem comprar um perna-de-pau do Palmeiras chamado Luan. É assim que pretendem ganhar alguma coisa.

Clóvis Baixo solta um puta que me pariu e vai ao banheiro.

- E com esta chega de notícias por hoje, nem eu aguento -, diz Lúcio.

Partem para as obras do dia. Leilinha Ferro, que perdeu uma amiga na tragédia e ontem não trabalhou, liberou em dobro. Aristarco e todos apertaram o coração ao ver os olhos inchados da menina, ele sussurrou: - Que tristes dias...

Jezebel: - Hoje é que vai começar a cair a ficha, na hora da mãe pensar em dizer "Vai chamar o teu irmão pra almoçar, fica socado naquele computador...".

Os boêmios ficaram com:

Newton Silva, de Fortaleza (CE).




Paixão, da Gazeta do Povo (Curitiba, PR).



Aroeira não entregou os pontos, mas dizer o quê? Diz, à sua maneira, deve ter meninos/as. Cada um, cada um, eu não sei o que faria (Salito, se metendo).




E com o Sid, do Metro 1 (Salvador, BA). Pegamos carona com os boêmios: aí está, antes de qualquer fatalidade, a razão maior, na opinião desta palafita, que Tigran hoje mencionou e alguém ontem já comentou aqui neste espaço.




Leilinha Ferro, instada pelos empinantes, escolheu as suas. Escolheu botando o dedinho em cima, não conseguia falar, e saiu correndo para a rua.

Ficou com o Dálcio, do Correio Popular (São Paulo, SP).




E com o Cazo, do Comércio do Jahu (Jaú, SP).




A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.


(Alô, minha mãe e minhas irmãs, sobrinha, amigos, quase morri de preocupado. Alô, Santa Maria, alô povo de Formigueiro, Agudo, São Sepé, tantos, tantos, Rio de Janeiro, Carazinho, choro junto, que Deus nos ajude, fé).







lunes, 28 de enero de 2013

Pela grandeza política do parlamento

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A propósito das eleições para as presidências da Câmara Federal e do Senado, diante da séria ameaça de que aquelas casas venham a ser dirigidas por parlamentares sabidamente indignos, a bancada federal do PSOL elaborou o texto abaixo:



Por Bancada Federal do PSOL


Suas Mesas Diretoras e, em especial, suas Presidências, precisam fazer ‘a política que é História’, como já clamava, no século XIX, o senador Joaquim Nabuco – além de ter, por óbvio, uma história na vida pública coerente com essa visão. Nosso ordenamento jurídico-político, emanado da Constituição de 1988 em rico processo de participação popular, foi gestado por uma Casa Legislativa independente e sintonizada com os anseios das maiorias sociais. Toda mobilização cidadã agrega grandeza ao Parlamento brasileiro. Alheio a ela, ele se rebaixa.
É preciso voltar a fazer do Congresso Nacional o espaço do dissenso democrático e  da disputa de ideias. O Parlamento tem que ser uma usina de propostas para o país e de reflexão sobre os caminhos do mundo. É urgente resgatar valores hoje apequenados - como interesse público, igualdade de direitos, ética na política e equilíbrio ambiental -, derrotando a ganância particularista, o balcão de negócios, o fisiologismo, as discriminações e o ‘crescimentismo’ predatório.
Nenhum tema deve nos assustar: todos devem ser enfrentados e discutidos, sob pena de continuarmos perdendo nossa capacidade de legislar. E nem exclusivamente de legislar, pois há uma pletora de leis neste país: nos âmbitos municipal, estadual e federal são 3,7 milhões!  É também missão do Parlamento zelar pelo seu cumprimento efetivo – aí entendidos, inclusive na gestão da Câmara dos Deputados, os princípios constitucionais da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência (CF, art. 37), dos quais temos andado bem distantes. Urge regulamentar os 140 dispositivos constitucionais ainda sem normatização e fiscalizar o Executivo, ao invés ficar mendigando favores e pegando carona em suas Medidas Provisórias - ali colocando, vergonhosamente, as matérias mais estranhas -  e barganhando votações, até com chantagens.
Por isto, em sintonia com o movimento de senadores independentes, que se articula em torno da candidatura à presidência daquela Casa de Randolfe Rodrigues (AP) ou Pedro Taques (MT), apresentamos as propostas abaixo, na expectativa de que venham a ser assumidas por uma candidatura à altura da vocação de grandeza do Parlamento brasileiro, com o resgate de sua AUTONOMIA, INDEPENDÊNCIA, PROTAGONISMO, AUSTERIDADE e TRANSPARÊNCIA, hoje tão ameaçados.
1) Votação da Reforma Política – a partir do relatório Henrique Fontana, com financiamento exclusivamente público de campanha, convocação de plebiscitos e referendos para grandes temas nacionais, maior facilidade e prioridade para a tramitação de projetos de iniciativa popular e instalação imediata de uma mesa de diálogo com a ‘Plataforma dos Movimentos Sociais pela Reforma Política’ (www.reformapolitica.org.br);
2) Votação das PECs inconclusas, como a que extingue o voto secreto no Parlamento e a que garante a jornada de 40 horas semanais de trabalho, mesmo sem o consenso entre os líderes;
3) Cronograma para apreciação paulatina dos milhares de vetos presidenciais pendentes, sem atropelos, instituindo as 5ªs feiras para esta tarefa, até sua conclusão;
4) Prioridade para votações de PLs e PECs de parlamentares, com prioridade em função do seu alcance social, como o PL 3299/2008, do Senador Paim, que extingue o Fator Previdenciário;
5) Orçamento impositivo e realista, precedido pela votação dos projetos que vedam pagamento de emendas parlamentares a entidades cujos sócios sejam seus parentes ou assessores (PLP 21/2007, Paulo Rubem Santiago) e normatizam a execução das emendas (PL 3427/2012, Érica Kokay);
6) Vedação de contribuição de campanha para beneficiários de recursos da verba parlamentar indenizatória e votação do projeto que acaba com as doações ocultas de campanha (PL 4340/2012, bancada do PSOL);
7) Votação urgente do projeto que extingue o 14º e 15º salários, já aprovado pelo Senado;
8) Relação altiva com o Executivo, exigindo respeito aos critérios de real urgência e relevância na edição das Medidas Provisórias;
9) Garantia do direito das minorias, sem tratamento diferenciado entre parlamentares e bancadas, coibindo abusos como o de partidos usufruindo mais cargos que o estipulado, e democratização das relatorias dos projetos, com o fim da sua centralização em algumas personalidades e partidos;
10) Aprofundamento das iniciativas de transparência e controle externo do Legislativo, tais como: a) fixação de critério definitivo – no limite da reposição da perda inflacionária, a cada Legislatura – para a remuneração dos parlamentares e da alta hierarquia dos outros poderes; b) publicação de todos os gastos, de todos os setores, na Página da Câmara, inclusive abrindo o acesso às notas comprobatórias de gastos com a verba indenizatória; c) sinal de canal aberto para a TV Câmara; d) estímulo ao acesso popular às sessões de comissões e plenárias; e) redistribuição mais funcional dos espaços da Casa, coibindo sua ‘privatização’ por direções partidárias, e buscando racionalidade e economia no serviço de moradia aos parlamentares; f) fortalecimento da Corregedoria, da Ouvidoria e do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, para que funcionem como organismos mais atentos à população que buscamos representar do que de ‘defesa da corporação’; g) exigência de serviços de qualidade e respeito aos direitos trabalhistas por parte das empresas contratadas; h) agilidade na efetivação do que for determinado pelo STF, após o devido processo legal, quanto à perda ou suspensão de direitos políticos de parlamentares (CF, art. 55, inciso IV)". 

A tragédia de Santa Maria, n'A Charge do Dias

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O principal assunto dos boêmios foi a tragédia de Santa Maria, como não poderia deixar de ser. Principal não, único.

Muitos suspirando aliviados, não perderam ninguém, outros lamentando a perda de filhos de amigos e conhecidos. Sentimentos de tristeza e revolta. Não perderam ninguém é força de expressão, como disse Clóvis Baixo: 

- Que eu saiba não conhecia ninguém, e perdi todos.

Jussara do Moscão, que tem familiares naquela cidade: 

- Na cidade e arredores, não há quem não chore uma perda de amigo ou familiar. Incrível como ainda acontece esse tipo de coisa.

Silvana Maresia desata em choro com gritos de pavor. Jucão a arrasta para o banheiro. Soube agora que uma menina era sua afilhada. Seus gritos ecoam no bar e em toda a Cidade Baixa. Em seguida voltam, ela com o rosto feito cera, mole, trêmula, e saem, Juca acena em sinal de deixem comigo. Precisam viajar. Jezebel corre para fora, despedir-se e dar um alento à companheira. Correm todos.

Um longo silêncio se instala no botequim.



Lúcio Peregrino, com raiva na voz: 

- A gente que é da boemia sabe bem como são esses antros, já entramos de bobos, na primeira juventude. O Sr. Rei da Noite, como chamam ao dono daquela bosta, só quer saber é de tomar a grana da moçada. Veste uns leões-de-chácara como pastor da universal e a única coisa que os ensina é roncar grosso e dar porrada na moçadinha que exagera na bebida. Treinamento em caso de acidente, nunca. Nesses locais deveriam agir como fazem nos aviões: na decolagem a orientação sobre o que fazer em caso de problemas, a recomendação de calma, onde estão as saídas de emergência, etc, com gente preparada para lidar com isso.

Contralouco: 

- Que nada, é isso que tu falou no começo, só querem saber de tomar os caraminguás da turma. Se as autoridades derem uma geral nesse tipo de cabaré, fecha todos, é tudo assim. o lixo. Eu queria pegar um desses caras...

Contralouco tremia, levantou-se e foi para a sinuca nos fundos.

Wilson Schu: 

- Qualquer dono de bolicho sabe que é proibido brincar com fogo em ambiente fechado, e mesmo sabendo permitiram que o músico brincasse, com pedra cantada antes, a banda alardeava essa sua característica, logo naquele barril de pólvora.

Jussara roga: - Há de custar caro para esse bundão, mas qualquer que seja a penalidade, não trará as vidas de volta.

Aristarco murmura, tentando evitar a raiva: - É, não traz de volta, mas uma cana firme fará com que os outros pensem melhor na segurança de suas baiúcas.

Jezebel, já de volta, olhos vermelhos: 

- Esperemos que hoje, agora, neste momento, já, as prefeituras de todas as cidades brasileiras, do mundo, estejam providenciando visitas com fiscalização rigorosa nesses locais.

É, gente, também aqui na palafita a desolação é completa. Olhamos os nossos pequenos. O que dizer numa hora dessas a um pai ou mãe, que perdeu o filho, filha, netos? É brabo, mas coragem, pessoal. Deus é grande. 

Os artistas do traço e do pensamento choraram a desgraça. 

Sinfrônio, do Diário do Nordeste (Fortaleza, CE).




Regi, do Correio Amazonense (Manaus, AM).



Geraldo Passofundo.



Marco Aurélio de Zero Hora, (Porto Alegre, RS)




A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.

Teletransporte

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Meu anjo da guarda é um tantinho inquieto. Assim, às vezes, quando pego no sono em segurança, ele sai dar uma passeada pelo mundo.

No ano passado o espertinho foi flagrado por câmeras de segurança na China. Vale a pena assistir.

Até onde sabemos, até agora, nenhum Instituto e cientistas especializados, mesmo a NASA, conseguiram sequer indícios de que seja falsificação. E bem que tentaram.






A cena finalíssima, do trabalhador de bicicleta deitando no meio fio, entregue, creio que é o que eu faria. Como exprimir um sentimento assim, de quem viu, sentiu o frio, o calor, e está vivo? Dizer, pensar, não vi, não entendi nada, putz, não sei, quase... Parece muito pouco, para aquele ser humano que desabou. Eu levaria a bicicleta mais para dentro, e dormiria um pouco, para só depois ir para casa,

sábado, 26 de enero de 2013

Scrivimi - Izabella Yurieva

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O tango-canção italiano Scrivimi (Giovanni Raimondo - Enrico Frati) foi gravado no mundo inteiro. A gravação original é de 1936, por Carlo Buti. 

Aliás, em 1936 Carlo Buti emplacou nas paradas de sucesso italianas e de Europa outro célebre tango-canção, Chitarra Romana (C. Bruno - Eldo Di Lazzaro), lindo, já tocado neste blog (AQUI). Gostaríamos de ir atrás dos brasileiros que gravaram, mas esta semana é russa. Noches de Moscovo.


Ainda passeando pela Rússia, temos o clássico na voz de Izabella Yurieva (Izabella Danilovna Livikova - Rostov-on-don, 7/set/1899 - 20/jan/2000), em gravação de 1938. Izabella era uma deusa para os russos, ainda o é na memória nacional, cantando canções ciganas no final dos anos 20 e na década de 30, até que a garra de Stalin tornou essas canções tabu, na perseguição aos ciganos tal como Hitler. Ela saiu de cena e somente reapareceu na década de 90, quando foi nomeada a Artista do Povo da sua pátria amada.


Na Rússia o tango ganhou novos "autores” (A. Ostrovsky - I. Arkadiev), mas não sabemos se estes novos foram forçados a isso. 

No espetacular filme Branded (Rússia-EUA, 2012) surge o tango aos 26m50s da fita, com a Banda Retrô Tatiana, na voz da moscovita Miriam Sekhon (olhem só, ela, belíssima e talentosa jovem, está em postagens de ontem deste blog), coisa estranha, numa produção cinematográfica que exigiu milhões, embarcaram nessa fria: o crédito, ao final, é dado aos russos que o tomaram por "empréstimo", com o título de “Jesli mozhesh, prosti” (Perdoa, se puderes).

Dizemos espetacular o filme, porém a crítica “especializada” dos norte-americanos odiou, dá vontade de rir dessas bestas monetárias, assista e veja por que não gostaram, AQUI

O tango é tão popular na Rússia (como o é na Polônia e em todo o globo) que há duas versões: a citada “Jesli mozhesh, prosti” e "Mne sevodnia tak bolno” (algo como É tão doloroso para mim hoje). No Brasil, pelo menos Roberto Paiva, Agostinho dos Santos e Osni Silva gravaram (os dois primeiros estão no youtube), com o  crédito aos verdadeiros autores, Giovanni e Enrico. 

Estreando neste blog, a maravilhosa cantante Izabella Yurieva.

As malditas múltis retiram o vídeo que alguém havia postado, alegando seus "direitos" de esconder boa música da atual geração (querem que consumam porcarias que lhes dão lucros), mesmo que seja assim tão antigo, mas sempre se acha outro:



jueves, 24 de enero de 2013

Noites de Moscou: Miriam Sekhon

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Voltamos com a sensacional cantante moscovita Miriam Sekhon, que ontem, que já era hoje, apresentamos com as malucas da Banda Retrô Tatiana (AQUI), agora com a Green Point Orchestra, no célebre Squat.

Um... show!




Dilma Apagã, Ivete SanGalo e outros bichos, n'A Charge do Dias

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Lúcio Peregrino abre as "Notícias do notibuc" a milhão, já  com algumas dyablas verdes dançando no teto:

- Os velhacos do gigante jornal de extrema-direita El País, da Espanha, publicaram uma foto de um sujeito entubado, dizendo ser Hugo Chávez à beira da morte. A Venezuela reagiu com vigor à calúnia. Constatada a evidente falsificação, tiveram que retirar o jornal das bancas. Morrer o Chávez vai, todos vamos, o problema é outro. A amada presidente da Argentina, Cristina Kirchner, chamou-os de canalhas. A chefã do Brasil não deu um pio. Gente, esses caras do El País são amicíssimos do chefão da máfia do Santander, a quem a Dilma Apagã concedeu audiência no Palácio (AQUI).

Leilinha Ferro, riquinha de comuna, de lá detrás do caixa diz: - Eu vi a notícia antes, tio Lúcio, bah, uma barbaridade, essa elite de direita não tem limites, se pudessem assassinariam o presidente Chávez.

Marquito Açafrão deixa no ar uma pergunta que seguiria noite adentro rolando nas cabeças dos boêmios: - E quem você pensa que botou essa peste nele, Leilinha? Pesquise como Fidel sobreviveu, você vai cair de costas, o pior emprego do mundo era ser experimentador da sua comida ou bebida, remédios, etc.

- Lucinho, não ficaria melhor Dilma Apagona? -, pergunta Jezebel do Cpers.

- Dá na mesma, não? Se o masculino é Apagão, o feminino tanto pode ser Apagã como Apagona, né, fessora? É que Apagona me parece muito pé de chinelo, esse "ona" me soa vulgar, e agora ela é gente fina, segue os passos do Lulaluf, concede audiências e gaita do BNDES a ladravazes e mafiosos que conspiraram contra, mas que são reis, possuem casas de agiotagem, exploram petróleo, boates ricas, minérios, energia eólica, transportes, gado, plantações transgênicas, têm jatinhos, iates, o mundo aos seus pés... Tudo roubado do povinho sem escola. Respeito o teu saber e doutorados, mas gosto é gosto, doutora. Outro dia o Walter Schiru chamou uma ministra da Dilma de cadela, um horror, machucou meus ouvidos. Esse "ela", como o "ona", não me desce bem. Eu já chamo, quando tenho de chamar, de cã: aquela Marta é uma cã, gosto é gosto, me regozijo com os nossos  senadores, quando dizem, cheios de pose lá no púlpito: Vossa excelência é um cornão de marca maior e espião do império ainda por cima, ao que o colega replica E vossa excelência é um espião do império e cornão de marca maior ainda por cima, e ambos têm razão, se senadoras seriam cornãs e espiãs, quer dizer, as regrinhas dos academicossauros no máximo podem servir como indicativos, certo?

Não dá tempo para a Jezebel responder e prossegue, sem atropelo: 

- Certo, doutora, mas vá explicar isso para a UFRGS e congêneres..., a federal gaúcha certa vez me escamoteou três pontos na prova de português do vestibular, em vez de dez tirei sete, e eu tinha mais conhecimentos que eles e todos os seus antepassados juntos, e isso que nem apelei para o babacão - babacã, o que eles eram e ainda são. Como fui  mal em química e biologia, que detesto e contava acertar o mínimo de gato, marcando "A" em dois terços da prova, e consegui, matérias que nada tinham a ver com quem pretendia Direito e Matemática, estas desirmãs somente na aparência, uma de cada vez, para garantir a comida, e só depois cair no amor da Filosofia, então pelos três pontos de Português fiquei de fora da lista no gargalo, na época não havia cotas para miseráveis como eu. Bem, só na redação marchei com um ponto, não sei se pelo título, na verdade subtítulo que coloquei ao tema que determinaram, tipo fale da sua cidade, problemas e virtudes, por aí, com a "criatividade" de sempre daqueles analfabetos. "Tesão e o Frescotauro", assim chamei o texto, e usando da mitologia caí de pau na perfídia dos donos da capital gaúcha, com uma pontada de punhal na própria universidade, caprichando no vernáculo, com categoria. Nunca esqueci esse momento da minha vida, nos anos seguintes era comum acordar sobressaltado pela madrugada, urrando de medo. Um dia entendi: eu adoraria que discordassem das verdades que escrevi, poderíamos estender a discussão, até golpe pelas costas admitiria, reprovação por raiva, vingança no ora como ousa nos criticar. Não era isso. O medo maior, que me assombrou noites e noites, oculto no fundo do meu cérebro, era o que de fato tinha ocorrido: que eles não tivessem compreendido. Aí não tem jeito. Passou. Bem... seguindo, outra ministra, no caso ex-ministra, do Lulaluf, era chamada de ladra por uns, de ladrona por outros, eu a chamava de ladrã, muito mais agradável, olhem que elegância: "A ministra é finíssima ladrã, de antiga linhagem". O mesmo para outras grandes chefias. Não deixo nenhum nome para não despertar a ira de alguma senhora por algum imperdoável esquecimento, vai que tenhamos muitas em atividade.

- Lúcio, posso dizer uma coisa? -, pergunta Jezebel. 

- Claro...

- TODAS AS MINISTRAS DA DILMA E AS EX DO LULA SE ENCAIXAM! UMAS VÃO DE CASAL!

- Tá, mas não precisa gritar. Ahn, seguindo, já ouviu alguém dizer "esta é minha irmona"? Jamé. É irmã, né. Se o herói insurgente é afegão, ela é afegã, nunca afegona. O repórter da Zero Hora é anão mental, se mulher anã, não anona. Os aspones do governo sabes, né?: tudo babão. Como seria a Rose do Lulaluf? Babã, obviamente, mas nada a ver com atividades orais, antes que alguém pense. Por falar em babão, temos no governo um sujeito, "homem do Sarney", que até ontem era digno representante da ditadura, agora lidando com bilhões, chamado lobão. Se mulher, lobã, claro. Como no filme pornográfico aquele, "Lobã e as 3 porcas energéticas", uma suruba danada, nada de meter a mão, vai o braço inteiro.

- Tu é muito sabichão, Lúcio -, diz Jezebel, deixando, propositadamente, a bola picando.

- Apenas bacharel sabichão, enquanto você é doutora sabichã. Mas veja: o filhinho do papi von Minério diz Gata eu tou muito doidão, ela responde Uau, eu também, muito doidã. Superlegal. Tabelião, tabeliã; ancião, anciã; (a)pagão, (a)pagã; cagão, cagã; vilão, vilã; capitão, capitã; beberrão, beberrã; negrão, negrã; cidadão, cidadã; putão, putã; artesão, artesã; cirurgião, cirurgiã. O Eike Maravilha von Minério é ladrão e cornão, que já sabemos que se mulher seria ladrã e cornã, mas também é bobalhão, e caímos na bobalhã. Um dia li o blog Espantado indo de bundona pra cima da deputada; grave erro, mas fiquei frio pra não ferir a suscetibilidade dos redatores, pois trilegal é bundã, atentem para a sonoridade: Manuela Bundã, lindo. Dizemos Jussara do Moscão para a nossa companheira...

- Epa, me incluam fora dessa -, disse Jussara.

- Só pra explicar pra doutora, Ju... então..., ficaria legal dizermos Jussara Moscona? Horrível, nem para a mulher nascida em Moscou serve. Antes o blog colocou uma cantora russa, imaginem assim: E agora, senhores, a sensacional cantante moscona Miriam Sekhon... Não dá. Já Jussara Moscã é outro papo. Agora suponham o Gustavo Moscão, o amado companheiro que cobre... de carinhos a companheira, vai passando na rua numa boa e alguém comenta: Aquele cara é fodão, tem uma pegada de canhota... Beleza, a admiração pública ao nosso ex-boxeador, e homem de bem, nos enche de orgulho, e não apenas pela canhota, bate bem com as duas. Agora ela passando: Aquela cara é... fodona? Não mesmo, é fodã,  olha o charme: Lá vai a mulher do Gustavo, aquela boêmia é fodã. Bela. Para o mocetão, vai uma mocetã, não mocetona. Alguns você estranha, Jezebel, porque não está acostumada, lecionando doutorado tem muito figurão cagalhão, se professoras já viu: figurã cagalhã, mas há um pouco de teleonomia em tudo isto, dado que...

Com todo mundo na risada, Jezebel também ri e exclama: - Pára, pára! Socorro!, onde fui me meter! O Contralouco baixou no Lúcio, pessoal! Segue aí as notícias, meu caro.

De lá da sinuca nos fundos ecoa a voz do Contralouco, que ouve melhor que o seu gato: - Me incluam fora dessa também, mas quando meu gatinho crescer e ficar um gatão, vou arranjar uma gatã pra ele.

- Se vier a tornar-se um gatarrão, arranje-lhe uma gatarrã, nobre Contralouco -, responde Lúcio antes de prosseguir.

- Protesto de anteontem do médico Mr. Hyde sobre o estupro cometido pelo jornal de extrema-direita Zero Hora, do império RBS subordinado à Globo charlatã, repercute no blog Ainda Espantado, única voz, pela voz do Hyde, a mandar o jornal judéio do sul criar modos.

Agora foi o filósofo Aristarco de Serraria quem interrompeu a leitura: - Esperemos que alguém leia, pois Salito diz que o Sr. Google finge que ele não existe nas buscas, só por não lhe dar dinheiro e ser seu inimigo no caso das propagandas massivas y otras cositas más.

- O Sr. Google não passa de um cafetão! Se mulher a doutora embarcaria em cafetina, mas prefiro cafetã. Sei que a linguagem dita culta recomenda cáften e caftina, doutora Jêze, mas a palavra que os otomanos nos legaram, o seu qaftãn, leva til, mas... ah, bem, pra esses caras que tiveram a sorte do berço de ouro, piano e línguas em aulas particulares aos cinco anos, e usam covardemente essa vantagem para tomar as moedinhas dos infelizes, tem que ser no popular mesmo: cafetão de merda. Esse papo de gênio disso ou daquilo não tem nada a ver, no caso de Mr. Google, que são dois caras, um o pai era doutor em ciência da computação, pioneiro em inteligência artificial, com acesso ao que de melhor a ciência do seu país, os Estados Unidos, produzia. O outro é judéio fugido da Rússia para os EUA, com os pais - um fujão e uma  fujã - expoentes no mesmo ramo na época da fuga, sendo a mãe fujã ainda hoje especialista da NASA. Isso quem diz sou eu, pessoal, para chegar ao ponto: dêem condições, escolas de excelência, aos pobres da Vila Diabo, para ver gênio... Esse Google tem por trás o Departamento de Estado americano, que pretende vigiar o mundo, pois sabem bem o que fazem neste mesmo mundo, têm motivos fortes para receio. Enquanto vigiam, ainda tomam a grana dos otários. 

Contralouco, de lá dos fundos: - Se eu pego um cafetão desses...

Na mesa ao lado, Silvana cochicha para o Jucão: - O Lúcio está encapetado, alguma coisa andou acontecendo...

- Terroristas de Benjamin Netanyahu, os que vêm matando a tiros e de fome os palestinos e querem jogar bomba atômica nas crianças do Irã - era Irão, ficou Irã, e se por sinonímia chegarmos à Pérsia, e lá toparmos com um persão, a mulher seria persã, não persona, esta palavra que me traz saudades de umas tiangas com quem vivi na Calle Alzaibar de Ciudad Vieja, e nesse tranco me acordo de um golias ciumento de uma rubia, um uruguaião, que se mulher suponho que seria uruguaiã, jamais uruguaiana - seguem mandando em Israel, eleitos pela maioria extremista do povo judéio. Que Alá proteja os inocentes!

Silvana Maresia cochicha de novo: - Perfeito, andou pela Palestina, pela Pérsia, para acabar comendo a mulher dos outros em Montevidéu.

Lúcio pára e torna a implicar com a Jezebel: - Eu sei que pode ser "judeu" o habitante de uma Judéia fabricada que nunca existiu, doutora Jêze, mas prefiro judéio, espero que a senhora não se importe.

Jezebel, morta de medo de que ele começasse com um discurso sobre "deu" e "déio", sorri e se mantém caladinha.

Nicolau Gaiola, eterno descontente com a seção "Notícias do notibuc", se manifesta: - E eu quero saber de judeus ou judéios, Lúcio?, pula isso.

- Surpreende-me que um ator e dramaturgo da tua categoria, que só não é uma celebridade porque se recusa a submeter-se às regras dos biltres das redes de TV, queira se manter alheio ao que acontece no mundo, amigo Nicolau. Não se importa de os judéios estarem fazendo muito pior, ao povo palestino, do que o nazistão, se mulher nazistã, do Hitler fez com eles?

Contralouco exclama, voltando: - Se eu pego um judéio desses...

- Não é isso, Lúcio, não incomoda, tu sabe que não, é que venho ao bar para beber e relaxar, ora, e nunca tem notícia boa nessa bosta de notibuc, desliga essa porra.

- Então beba e pense noutra coisa. Se notibuc fosse grandão e mulher, grandã, esta a exemplo de computador que vira computadora para a morocha, amiga da rubia, estudiante da Escuela de Computación, sairíamos do notibucão e, pela regra do cão, pá, notibucã. Mais uma bem gelada aqui pro Nicolau, Terguino! E outro martini com azeitona pra doutora Jezebel! -, e vai em frente.

Silvana sibila para o Jucão: - Pronto, agora comeu a morena, amiga da loira, lá na Calle Alzaibar.

- Lula Algemas de Ouro diz que..., ah, não, essa nem eu aguento, foda-se o campeão - campeã - em deslumbramento. Taí, viu, Nicolau, pulei uma.

- Não imagina o bem que me fez, meu querido amigo, você é o guardião - guardiã - da minha tranquilidade -, responde Nicolau.

- Justiça de São Paulo extingue 12.434 cargos de assessores de porra nenhuma, todos aspones apaniguados de políticos. Se a moda pega Brasília ficará deserta. Sim, Gustavo, galã deriva de galão, galo, embora os entendidos digam que a origem se perdeu, que belos etimólogos temos. Galar vocês sabem, o empregado ganha uns dias de gala quando se casa, uma folguinha - folgadão, folgadã - um dia ou três, a depender do patrão - patrã, os escravagistas não dão nada, que se foda de madrugada, se o cansaço permitir. Ser galo é o sonho irrealizável dos aspones, pois a ave, além de comer milho pela mão dos outros e dormir empoleirada em pau duro, faz sexo com aquele buraquinho, satisfação dupla numa enfiada só, não precisariam andar caçando em ruas escuras à noite, e de quebra se equilibra com o bico nas penas da nuca da galinha que lhes dá guarida, nesta segunda parte eles são bambas, esses de Brasília.

- Por falar em galo, o governador do Ceará, Cid Gomes, nestes casos é bom dar o nomezinho do gatarrão, pagou 650 mil reais para a Ivete Sangalo inaugurar um hospital fodidão - fodidã -, como todos os hospitais públicos, no interior do estado. O Ministério Público quer que devolva a grana, com o dele, dele é só força de expressão, pois não sabemos de onde veio a pecúnia, pois à Sangalo pode ter faltado vergonha na cara, mas tem a desculpa de que o governo a contratou porque quis, salvo se ela, que na hora de receber deve ser pessoa jurídica, deu algum "retorno" aos políticos por baixo dos panos, no que não acredito.

O Contralouco e o Clóvis Baixo explodem em gargalhadas. Clóvis chora de rir, murmurando: - Não acredita, ahahah... não acredita, ahahah...". Os risos contaminam os presentes, a algazarra do bar é ouvida em Marte, os vizinhos comentam com as patroas - patrãs? -, Hoje a turma vai longe, vamos pra lá que tá bom. Lúcio fica com cara de trouxa.

Contralouco, sério, depois que todos se acalmam: - Se eu pego um cara desses... Povo bem desgraçado..., como é que elegeram esse bandido?

Enquanto Jucão fazia contas em guardanapos de papel, Silvana Maresia tomou a palavra: - Gente, vocês ouviram o mesmo que eu, ou estavam rindo de outra coisa? SEISCENTOS E CINQUENTA MIL REAIS! Para dar pulinhos e cantar água com açúcar num hospital em que falta álcool e água boricada, onde volta e meia morre gente pelos corredores ou na fila lá na rua; onde falta médico, enfermeiro e material, falta tudo, de gaze para cima! Esse vagabundo - vagabundão, vagabundã, no rastro da bundã que se trata no Sírio Libanês - sabe muito bem que para garantir votos bastaria dotar o hospital de boas condições, isso o povo enxerga e reconhece. Por que isso, então, se não para ter retorno por baixo dos panos? Será que foi meio a meio? Com essa, a Ivete São Galo morreu pra mim.

Jucão: - Sendo show de duas horas, fazendo só dois shows por dia, e trabalhando só cinco dias por semana, a esse preço a São Galo ganharia 28.600.000,00 por mês, isto é, 14 Mega Senas comuns por mês, e 343.200.000,00 por ano. Pegaram o numerozinho? Trezentos e quarenta e três milhões e duzentos mil por ano. Não há cristão - cristã - que aguente uma fincada dessas, se isso não der cadeia às partes envolvidas, então os cearenses não são de nada.

Lúcio mete bala:

- Bandido que governa o Rio de Janeiro, aquele amigão, doutora, da Delta amigã do Carlinhos Cachoeira, não sossega, quer porque quer expulsar os índios do antigo Museu do Índio, para entregar a área - nobre pacas - aos seus amiguinhos da especulação imobiliária, possivelmente ao Eike Maravilha von Papai Minério. Primeiro mentiu que era exigência da FIFA, pois fica perto do Maracanã, mas a FIFA negou na carinha dele. A Rede Globo tá no meio da maracutaia. Por falar nisso, outro dia recebi um e-mail inacreditável de um amigo, pera... Me dá mais uma dyabla, Terguino, e uma Serramalte estúpida. ... Olhem aqui, vou ampliar... a Globo dizendo que os índios invadiram o local onde estão, os índios - indião, indiã -, há 150 anos, na área doada por um conde ou duque com o fim específico de abrigar estudos e a memória indígena:



Contralouco, de novo: - Se eu pego um cara desses... Povo bem desgraçado..., como é que elegeram esse bandido?

- Movimentos anticorrupção criam abaixo-assinado contra o frio arrombador de cofres públicos Renan Calheiros, amigo do Collor, do Lula, do Al Capone, do Ronald Biggs, do Maluf, do José Dirceu - trairão, trairã -, etc, nessa linha, que será o próximo presidente do Congresso Nacional, substituindo ao idem Sarney Neanderthal, amigo dos mesmos. Depois vamos todos assinar, pessoal.

(a quem interessar, o abaixo-assinado está no Avaaz, AQUI)

Nicolau Gaiola se interessou: - Depois nada, a gente acaba esquecendo, vamos assinar já! 

O botequim contava com 26 almas no momento, contando a Leilinha e o Terguino. Todos assinaram. As ausências mais notadas, até ali, eram as dos diretores das mesas centrais Aristarco de Serraria, Carlinhos Adeva, Mr. Hyde, Tigran Gdanski e Wilson Schu.

- Fascistas, digo, gremistas - gremistão, gremistã - da RBS, daquela Zero Hora, dizem que o Grêmio, que ontem sifu de 1 x 0 contra a LDU no Equador, já está classificado, é garantido que vence de goleada em Porto Alegre no jogo de volta. Então tá.

O Portuga, que chegou para dar uma mão ao Terguino, o  bar logo estará lotado, abre o tarro: - Não foi bem assim, ó gajo secador...

- OK, dei uma exageradinha, de goleada não falaram, mas precisam fazer 2 e juram que está no papo - papão, papã -, é jogo jogado. 

- Jogo jogado?, então tá, vão ver o que é bom no apagar da vela -, disse Clóvis Baixo.

- Apagar da vela me recorda a Dilma Apagã -, diz Lorildo de Guajuviras.

Parada na calçada, em frente à porta de vidro do botequim, uma quarentona, digo, uma quarentã, linda, dentro de um terninho vermelho, salto 10, com um sorriso de desmaiar a boemia inteira, acena para dentro.

Silvana torna a sussurrar ao Jucão: - Acho que chegou a "alguma coisa que andou acontecendo" ao Lúcio.

Lúcio em seguida a vê, se levanta rapidamente: - Volto depois, pessoal, hoje não devo demorar. 

Todos ficaram pensando a mesma coisa: de qual político ou empresário ricaço a madame seria esposa? Mas ninguém disse um ai.

Nicolau suspirou: - Salvo pelo gongo, gonga no caso, eu tava por aqui com essas drogas de notícias.

Seguem bebericando seus tragos, papeando amenidades do dia a dia.

Chupim da Tristeza entra no botequim, sorriso aberto, pandeiro encapado a tiracolo, e o Contralouco se adianta: - Ô negão, a partir de hoje tá proibido de chamar a Zilá de minha negona. É minha negã, muito mais fino, ela vai amar.

Uma hora e meia depois, com o retorno de Lúcio Peregrino, que chegou com a boca nas orelhas e não quis mais saber de notícias, partem para as charges do dia. Dose dupla, pela falta de ontem.

Elegeram as seguintes:

Nani, de ontem.



Nani. De novo! De hoje, só dá Nani.



Frank, de A Notícia (Joinville, SC).





E Erasmo, do Jornal de Piracicaba (Idem, SP). Aqui o Gustavo Moscão embatucou. Como diz o apelido, mosqueia em algumas coisas (para mulher é ligeiro como só). Na verdade todos custaram a sacar, não é tão simples, mas Gustavo foi o único a admitir de cara. Depois Lúcio o esclareceu.




Jezebel do Cpers: - Leilinha amadinha, acabamos escolhendo as 4 pensando que eram 3, ficou de fora uma fatal... Sei lá, erramos as contas, eu que conferi os votos, o martini me pegou. Deixa colocar mais uma, vai...

- Tá, mas só desta vez, tia Jeze, acho que vocês fingem que erram, eu, hein...

- Amorosa da tia. Sobre o milionário assunto do Ceará. Há um artista da terra que não quer nem saber, mete o pau sabendo do perigo direto, diferentemente de algumas unidades da federação, onde ninguém critica o poder. Deixo de ser hipócrita, ora: diferentemente do RS, que eu vejo, e  outros estados, segundo os companheiros ao meu lado. É o Newton Silva.

- Bah, pessoal, esse é meu amigo de Fortaleza! -, alegra-se Leilinha.




Leilinha Ferro ficou com o Lila, do Jornal da Paraíba (João Pessoa, PB).



E com o Boopo, da Tribuna de Amparo (Amparo, SP). Clóvis Baixo: - A Leilinha marcou mesmo, na paleta, esse elefante, digo, esse chefe de quadrilha.




(A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que há poucos meses se..., bem..., se fundiram (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro)