miércoles, 23 de agosto de 2017

DO FUNDO DO POÇO

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Bati no fundo do profundo poço abandonado que eles pensavam seco, onde me atiraram depois de me espancarem pelas costas. Uns trinta metros de fundura.

Tinha um metro d'água lá embaixo, o poço não era tão seco. Caí em cima de um pneu velho sem revestimento, apenas a borracha lá boiando. Por milagre só quebrei uma perna, além de ganhar escoriações generalizadas pelo corpo, desmaiei por instantes com o impacto.

Eles ouviram um barulhinho de água e deram uns dez tiros para baixo, no escuro, não enxergavam o fundo do poço, quando recuperei os sentidos. Os tiros passaram assoviando, um me riscou uma orelha, levando metade dela, outro arranhou um braço, os outros tium na água.

Com o cinto e a camisa amarrei a perna, uma dor lancinante. Imaginei a alegria deles pela maldade, por terem me assassinado, me atacando de bando. Fiquei lá umas seis horas, em dez minutos tinham me dado por morto, mas esperei mais.

Olhava para cima, a pequena claridade bem lá em cima, inatingível. 

Não tinha jeito, salvo um.

Foi quando um bicho de raiva se mexeu dentro de mim e comecei a escalar o poço com as unhas.

(...)
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