jueves, 10 de marzo de 2011

Roberto Roena y salsa

Desde sua Porto Rico, Roberto Roena (16/01/1940) e a fantástica salsa progressiva da sua banda Apollo Sound.

Roberto, além de alma da orquestra, é grande percussionista, sendo um dos maiores do mundo com um bongö nas mãos.

miércoles, 9 de marzo de 2011

Mestre Marçal em madrugada de cinzas

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Sei lá se foi aquele  negócio de Mestre Marçal cantar Agora é Cinza, emocionado lamentando a partida do seu querido pai, sem saber que dentro de poucos anos (4?) iria ao seu encontro, ou se foi pelo seu modo doce de dizer o samba do velho e do Bide, mas fiquei com Marçal na cabeça. Talvez pela sinceridade, e simplicidade, que somente os homens de bem possuem.

Então ouço com Chico, num samba de Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro, Sem  Compromisso. Ajude-me a ouvir, quem passar por aqui.



Agora, falando um pouco... depois de dizer um samba que mulheres hoje não mais entendem.

Vista assim do alto, a Rua do Perdão

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Vista de telefone de mão, a rua dos iludidos, a rua do amor. Um céu no chão, como diria Hermínio Bello de Carvalho.



Carlito Dulcemano Yanés

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Carlos Yanés caiu nesta madrugada, em San Pablo. E viajou.

Vai uma foto antiga. Valeu, Carlito. E mais não posso dizer. E o carnaval acabou. Enterro dos Ossos não existe mais, como o carnaval. Eles venceram.
Refugio-me na Quinta de Mahler, até o ano que vem, na Rua do Perdão.

martes, 8 de marzo de 2011

Brincadeira tem hora...

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Chargista Frank, do jornal A Notícia (SC)

Rua do Perdão na terça gorda, 8 de março de 2011

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Hoje, finalmente ao que parece com algum apoio dessa droga de Prefeitura de ricaços, a Rua do Perdão (Rua da República, entre José do Patrocínio e João Alfredo) terá seu auge. Realização do Movimento Quilombista Contemporâneo, com o sempre eterno Pernambuco à frente. As homenageadas? As mulheres. Ui.

Programa:

10 h (já foi) mas segue - Concentração
15 h - Baile Infantil (prestes a começar)
19 h - A festa é nossa, é de todos.

Eu vou levar um banho de cheiro das negras baianas, ver o piano na rua e dançar com o Grupo Tabu e Areal da Baronesa do Futuro.

E estou com sede!


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Madureira chorou

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Ao falar de Mestre Marçal, sem querer escrevi "Madureira chorou", pois Marçal, mesmo nascido em Ramos e tendo morado em São Cristovão, Olaria, Estácio, Inhaúma e Pilares, em Madureira era onde deixava seu coração.

Pois bem, "Madureira chorou" também é um clássico da música brasileira, autoria de Carvalhinho e Júlio Monteiro, pelos idos de 1958.

O samba foi composto em homenagem a atriz e vedete Zaquia Jorge (Rio de Janeiro, 06/01/1924 - 22/04/1957), mulher de Júlio Monteiro, que morreu afogada ao despencar em um perau durante um banho de mar na Barra da Tijuca, que na época era um deserto e a turma aproveitava para banho como se veio ao mundo. A fantástica Celeste Aída, sua grande amiga, quase foi junto tentando salvá-la, e quando os homens chegaram correndo, por estranharem de longe o desespero de Celeste, era tarde demais, perau muito fundo. Em poucas horas, milhares de pés pisaram condoídos a areia branca da Barra virgem, pés de pessoas que dariam tudo para ter chegado a tempo.

A sua morte trágica, naquele distante abril de 1957, causou grande comoção na comunidade que a amava, e aqui fico a imaginar os soluços do Júlio quando em seguida compôs com Carvalhinho o que seria o maior sucesso do carnaval de 1958.

Abraço, Zaquia. Abraço, Júlio. Abraço, Celeste. Abraço, Carvalhinho. Abraço, Madureira!

Em tempo, pelo comentário abaixo: Abraço, Olavo Drummond!

lunes, 7 de marzo de 2011

Refresco com Mestre Marçal

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Nesta segunda-feira de leve ressaca, reverenciamos a memória de Mestre Marçal (Nilton Delfino Marçal, Rio de Janeiro, 1930 - 9 de abril de 1994), cantor  e ritmista brasileiro, que por mais de vinte anos foi diretor de bateria da Portela (também dirigiu a Estação Primeira de Mangueira), de onde a politicagem o afastou para ser bamba na Unidos da Tijuca.  Mestre Marçal tocava todos os instrumentos de percussão, do ganzá ao tímpano, passando pela cuíca, pandeiro e tudo o mais.


Um cara de uma categoria impressionante, e tinha lá suas histórias: “Arrumei uma preta num morro, lá em Brás de Pina, mas a preta tinha um boxeur. O crioulo parecia um duplex. Fui lá ver a preta. Subi o morro e encontrei o crioulo em pé na porta, parecia um guarda-vestido. Aí, eu vi que sujou e fui embora. Fui saindo, não vi o arame farpado, escorreguei, encarei o arame, mourão, vim caindo, embolado com aquilo tudo e vim parar no asfalto. Todo arranhado, meu terno rasgado. Mas não tem nada, perdi aqui, mas vou ganhar lá na frente. Me arrumei todo e me dei bem com outra preta, pois coração de sambista tem sempre vaga pra mais um”, contava às gargalhadas.


Era filho do consagrado Armando Vieira Marçal, que se notabilizou ao fazer músicas com outro marcante compositor, Alcebíades Barcellos, o Bide.


Em 2000 emocionados acompanhamos o show  Enredos e Terreiros, no Teatro Rival, quando Nei Lopes, Xangô da Mangueira, Tantinho e Nilton Campolino o homenagearam pelo que seria os seus 70 anos. Madureira chorou.


Saudades, Mestre Marçal!

Na casa de Antonio Magallanes

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Miss Dolores Sierra,  nos braços de Jamil Saladino, o mouro.

sábado, 5 de marzo de 2011

Banda DK na Rua do Perdão

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Enfim, sábado de carnaval. 

A Festa de Carnaval da Rua do Perdão, na Cidade Baixa, em Porto Alegre, daqui a pouquinho vai agitar a comunidade. A Festa foi criada em 1972, como uma manifestação popular contra a ditadura da milicada da época.
Ela foi interrompida entre os anos de 1985 e 2007. Sem os ridículos gorilas para provocar, a gente acabou indo um para cada lado.

Pela primeira vez, o evento será realizado na Rua da República, entre a José do Patrocínio e a João Alfredo. Teremos um palco em frente ao Teatro de Câmara Túlio Piva (saudades, Túlio!).

A novidade é a participação da minha banda, a DK, nome dado em contraposição à  formidável Banda Saldanha Marinho, que era a "de lá", em amistosa rivalidade. Por alguma estranha razão, eu gostava mais das mulheres de lá, mas sem abrir das de cá. Eu menino de má e  injusta fama, matando cachorro a grito, era injustiçado: as de lá, como as de cá, nem me olhavam. Snif. Na verdade era muito novinho.

A DK está parada há 22 anos. Hoje a festa rola a partir das 17 e até às 23 h, segundo o calendário oficial, mas a turma vai mais longe, conheço essa raça da boemia...

A última vez em que a DK saiu foi pela Saldanha Marinho. Explico: a DK havia cerrado as portas, e no ano seguinte muitos de nós nos infiltramos na "de lá", de fora da zoeira é que não iríamos ficar. Com a Saldanha, era para termos aberto o carnaval  oficial  na avenida,  cedo da noite, a  cambada de malucos deveria passar por lá às 20 h, quando o desfile ainda era ali pertinho, na Perimetral. Lá se fomos nós,  homens de odaliscas, mulheres de terno preto e chapéu Bogart, pierrôs, os pirados e muitos ébrios do Vicente Celestino. 


O carro-chefe (único) da banda da Saldanha era um auto velho caindo aos pedaços, do nosso presidente de honra, o jornalista Melchíades Stricher (saudades, Mel!) por sinal o autor do nosso "samba-enredo":

(refrão)
Nada pessoal
Vou te currar
neste carnaval

Com este teu jeitinho
Nesse fio dental
Com essa bundinha
e etecetera e tal

Que legal!

E toma refrão. Uma obra-prima, como os amigos podem notar. O pessoal da bateria  e dos sopros (desde pistão até trombone e tuba) era uma junção de boêmios de todas as escolas de samba de Porto Alegre, negada, brancada, a DK até japa tinha, todos tinham que evoluir na avenida, mais tarde, mas nunca entendi como pudemos imaginar  conseguir esse feito, abrir o carnaval, depois de horas zanzando pelo Menino Deus e  pela Cidade Baixa, arrastando o povo ao passar. Com todos aqueles litros de pinga quente. Fora as geladas que pintavam pelo caminho, sem perder a marcação.


Lembrar do Mel... Fui admitido na confraria quando entrei no buteco que servia de concentração às 3 da tarde, de camisa do Inter, saia roxa e o salto dez da minha baixinha, já arrebentados pelos modestos 39/40, mas contra 35. A pequena de chapéu e dentro de um velho paletó todo fudido, rasgado, de ébria, com os pés boiando dentro do meu sapato preto de casamento.

Se não me engano o bar era na Av. Érico Veríssimo, esquina com a Marcílio Dias ou Botafogo. Entramos fugindo de um sol danado lá fora. Perguntei em voz alta, que saiu como eu não queria, emocionada, por eu ter sobrevivido até ali e pela coragem de entrar: "Como é que me inscrevo na Banda, meus irmãos". A tigrada me olhou e virou os olhos em direção a um velhote (o Mel) num canto, cercado de gente e em frente a um tonel de cachaça. Encheu um copão e respondeu: "Se tomar tudo, tá na irmandade, neguinho". Tomei. E este brancão ganhou muitos irmãos queridos.

Que hoje espero rever.

Bem, naquela última vez, 22 anos atrás, não abrimos o carnaval.

Às 8 da noite a maioria mal parava em pé, mas lá se fomos com o carango do Mel à frente, ele numa água dos diabos deitado sobre o capô, em pose sensual, todo lúbrico, com uma garrafa de Amansa Corno na mão. Nessas alturas éramos muitos, centenas, sonho com cinco mil, sei lá, pois a gente invadia os prédios na passagem e puxava o pessoal, com a vó e o vô junto, numa boa.

O carro quebrou para sempre duas quadras antes da Perimetral.


E chegou a hora, fui, à República, não perco por nada deste mundo.
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