Ao falar de Mestre Marçal, sem querer escrevi "Madureira chorou", pois Marçal, mesmo nascido em Ramos e tendo morado em São Cristovão, Olaria, Estácio, Inhaúma e Pilares, em Madureira era onde deixava seu coração.
Pois bem, "Madureira chorou" também é um clássico da música brasileira, autoria de Carvalhinho e Júlio Monteiro, pelos idos de 1958.
O samba foi composto em homenagem a atriz e vedete Zaquia Jorge (Rio de Janeiro, 06/01/1924 - 22/04/1957), mulher de Júlio Monteiro, que morreu afogada ao despencar em um perau durante um banho de mar na Barra da Tijuca, que na época era um deserto e a turma aproveitava para banho como se veio ao mundo. A fantástica Celeste Aída, sua grande amiga, quase foi junto tentando salvá-la, e quando os homens chegaram correndo, por estranharem de longe o desespero de Celeste, era tarde demais, perau muito fundo. Em poucas horas, milhares de pés pisaram condoídos a areia branca da Barra virgem, pés de pessoas que dariam tudo para ter chegado a tempo.
A sua morte trágica, naquele distante abril de 1957, causou grande comoção na comunidade que a amava, e aqui fico a imaginar os soluços do Júlio quando em seguida compôs com Carvalhinho o que seria o maior sucesso do carnaval de 1958.
Abraço, Zaquia. Abraço, Júlio. Abraço, Celeste. Abraço, Carvalhinho. Abraço, Madureira!
Em tempo, pelo comentário abaixo: Abraço, Olavo Drummond!
Em tempo, pelo comentário abaixo: Abraço, Olavo Drummond!
Parabéns pelo excelente artigo.
ResponderBorrarApenas um adendo: Madureira Chorou foi efetivamente criado por Carvalhinho (música) e Olavo Drummond (letra) durante um encontro no bar do Hotel Ouro Verde, no Rio de Janeiro no dia da morte da atriz. Dias mais tarde, Carvalhinho ligou para Olavo e, comentando as dificuldades financeiras por que então passava, perguntou se poderia ficar com os direitos da música completa para si, incluindo a letra. Olavo Drummond concordou, e Carvalhinho incluiu então Julio Monteiro, o marido da musa - possivelmente uma maneira inteligente de alavancar a canção de forma a alcançar o carnaval no ano seguinte.