domingo, 12 de octubre de 2014

E a nave vai


Felizes somos nós, que as temos, em todas as formas, como sobrinhas, como adotadas, como supostamente próprias, do jeito que Deus quiser, desde que tenhamos amor pelas criaturas.

Dia de Criança é todos os dias.

Às minhas meus sentimentos passarão despercebidos, mas elas olharão e ouvirão um dia, pois a elas vai uma música, já nem sei se posso, afinal talvez não seja do dominador ingreis, ah, deixa pra lá, vou botar sim.

Salvo o início, vai meio fora de ordem de nascimento, sei mas agora não vejo razão alguma para me esforçar, lembrar, andei bebendo.

Carmen Matamoros, Maria Helena Mendonça, Regina Lemos, VivIane Moreira, Karina Martins, Dione de Jesus, Jucilene Quiroga, Sônia Sem Nome, Catarina dos Santos, Maria Sem Nome, Luciana Dal Vitta, Vilma Conceição, Zilda Rodrigues, Lunera Paraguas, Lunera Aflición, Julia de Rosário, Carolina Herrera, Natividad Ferreira, Silvia da Silveira, Libertad del Rio, meu deus, onde botei as certidões das outras meninas, deixei na outra caixa?

Todas com o sobrenome Luna. Se não fui o pai que deveria ter sido, jamais deixei faltar comida, tentei ensina-lás a viver, a dançar rindo com o paizinho o bolero La Barca, troquei suas roupinhas, passei paninho úmido nas partes, cresceram, falei para se cuidarem com malandrinhos malcriados, comprei livros, música boa, ah, Mozart, e botei a cara e o corpo por elas com os olhos arregalados quando preciso, de punhal ou pau de fogo na mão. Dei tudo, fiz o que pude. 

Todas, negras, morenas, malaias, brancas, me saíram e eu vi ao nascer, de olho azul. Gen recessivo, seu moço de olhos castanhos, me disse uma cientista quando uma duvidosa mulher - dos seus atos - foi atrás para saber: todas minhas, DNA. Que pouco me importava, eu criei, seriam minhas ainda que o exame dissesse outra coisa.

Tem gente que pensa que é, mas não é o cara, não se pode tudo, nossos filhos não são nossos, como disse o outro.

Alguém da família, volante que encarreguei, me disse que elas, todas, em suas diferentes vivendas, choram ao ouvir o bolero. Lembram de mim.

Mal sabem, as crianças, que foram elas que me salvaram a vida.


Obrigado, minhas filhas.

(Não acho fotos... opa, achei duas)

Natividad Ferreira, doce amor.


E Carolina Herrera, esta num desfile em Saigon, peguei de uma revista quando bati os olhos, epa, está é minha.


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