Como
profissional tem um treco me incomodando desde o primeiro traque no caso
Petrobrás. Finalmente alguém da imprensa se tocou, pois lá adiante em sua
coluna no Estadão em 1º de fevereiro a senhora Eliane Cantanhêde diz:
"Um
parênteses doloroso, constrangedor: nunca tantas pessoas - dos governos, da
área privada e principalmente dos quadros da empresa - lavaram as mãos,
fecharam olhos e ouvidos e calaram diante de tamanho descalabro. Ninguém via
aquilo tudo?! Durante tanto tempo?!"
Pois
é, auditores internos, auditores externos, conselho fiscal e, principalmente, o
quadro funcional, este lotado de gente que é do ramo, ninguém viu nada, ninguém
pressentiu nada? Em parte relevo a auditoria externa, mas somente no caso de
ter sido realmente formado um grande cartel envolvendo todos os grandes
fornecedores, pois aí a comparação de preços vai para o brejo, mesmo contando,
como deveria ser o caso, com engenheiros especializados no grupo de auditores.
Em
estatal conselho fiscal não conta, são apadrinhados políticos, quando não
políticos não reeleitos, que estão lá, numa reunião trimestral de um dia,
mensal quando muito, com passagens aéreas, hotel, diária e mordomias pagas pela
"fiscalizada", para receber polpudos honorários e dizer Sim aos
números apresentados, num teatrinho de péssima qualidade, como o Sr. Tesoureiro em Itaipu, um que dizem que logo estará preso, pois não é bem de usina hidrelétrica que ele entende. Quem o colocou lá na tesouraria e em Itaipu?
Pois
hoje leio que a minha confrade Dilminha, hoje Vossa Excelência, e aqui quem
abre parênteses sou eu: melhor chamar de ex-confrade, pois desde que se mandou
para Brasília nunca mais me deu o ar de graça, não sei ao certo a razão, se por
refém dos notórios de São Paulo ou para evitar briga feia, pois ela sabe
muito bem que caso fosse convocado a ajudá-la ao primeiro sinal de 171
desbarataria a tapa a tropa de ladrões que a cerca, antes de chamar a polícia,
pois o caminho das pedras é fácil de encontrar para quem quer ver, nem se
precisa conhecer rengo sentado e cego dormindo. Gritacéu com holofotes, pois
como sabemos há que se fazer barulho como proteção, para evitar que mandem te
matar na calada da noite, sabemos como é, pois não?, um assalto por encomenda,
onde a vítima reagiu e tal, a armação de sempre, salve Celso Daniel, temo que
aquela assombração acabe saindo de lombo liso e sem dar com a língua nos
dentes. Esta mania de ir mudando de assunto...
Bem,
dizia que hoje leio que a nossa presidente - que reputo uma pessoa
inteligente, séria e honesta - deseja o balanço da Petrobrás com o aval
dos auditores independentes. Como se dizia lá na velha Palmeira das Missões:
quero ser um cachorro se o Parecer - que os ilustres agora chamam de Relatório
em inútil tentativa de tirar o seu da reta - dos nobres auditores não vier com,
no mínimo, uma bruta ressalva, maligna na medida que será sem quantificação,
isto é, colocando em dúvida todos os números, os ativos, passivos e patrimônio
líquido, como também ao resultado do exercício, onde sabe Deus o quanto o custo
do produto vendido está inflado pela grana que foi parar no bolso dos assaltantes.
Tenho mesmo curiosidade de ver como virá o tal "Relatório", visto que
a múlti europeia em 31/dez/2013 emitiu o seu parecer limpinho da silva, está
tudo certinho, escreveu.
Por
mi parte a última vez que botei o pé numa estatal, talvez a mais sensível da
esfera federal, acompanhado de cinco colegas - desses cinco quem corria menos
voava - caiu o presidente, "indicado" político, obviamente, antes da
entrega do nosso Parecer. Se antes meu nome tinha sido riscado aí que apagaram
de vez. Sobrevivi, ó nobres políticos, malgrado seus esforços pelo contrário, mas reconheço que não foi mole.
De
observar que por alguma razão desconhecida as nossas estatais tem verdadeira
paixão por empresas de auditoria multinacionais, pródigas em escândalos mundo
afora, enquanto temos auditorias nacionais muito mais competentes. Aliás, não apenas as
estatais como todos os grandes conglomerados empresariais amam falar
"ingreis", o velho complexo de vira-latas.
Lembro de um banco que
explodiu no século passado, onde o seu Contas a Receber era de 10 bilhões,
sendo 9 bilhões falsos, simplesmente os devedores não existiam, e os tetéios
dos auditores múltis "não viram". Ninguém foi preso, à época nada se
investigava seriamente, o poder político desses que agora são oposição impedia
qualquer medida nesse sentido, o governo assumiu o preju e botaram uma pedra em
cima do assunto. Enfim, europeus e norte-americanos agradecem penhoradamente a
distinção, pois seus governos ficam sabendo, antes do nosso, de nossos números,
quando não de segredos estratégicos.
Y
así pasan los días.
(A charge é do Aroeira)
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