Hoje ouvi um
som que sempre rola no Beco do Oitavo, aqui em Porto Alegre a turma não
esquece, no verão então nem se fala.
Ninguém
esquece muitas coisas. Eu também não esqueço. Saindo da Rua da Praia subo a
Rua da Ladeira pensando em ir de a pé até o Beco do Oitavo ouvir música e tomar umas e outras com o pessoal, e repentinamente lembro de Mr. Febraban, uma raiva surda me corrói o coração. O agiota facínora que, além de me fincar um processo nas costas,
agora encarregou um escravo português pra espalhar que a culpa da agiotagem é
minha, que se dependesse dele os juros seriam baixinhos, que dá desconto se eu
pagar aquele caminhão de dinheiro. Hipócrita asqueroso, vou pagar não, meu chapa, nadinha,
vou é te dar um tiro na cara.
Sei que ele contratou uns
mercenários pra me apagar caso eu não pague, eu já imaginava, conheço seus métodos, mas ele deu azar porque fiquei sabendo no mesmo dia. Antes o tiro seria nos peitos, agora será na cara, não adianta se cercar de mil
seguranças, vou disparar com bala dundum de cima de um prédio a trezentos metros de distância, com teleobjetiva acoplada no rifle. Irá para o velório, antes do inferno, de caixão fechado.
Entro
à esquerda na Rua Nova, que os viados rebatizaram de Andrade Neves, e lá
adiante resolvo fazer uma pausa e me instalo, suado, numa mesa na rua do bar
"Viene!", em frente à Travessa Acylino de Carvalho. Ao me ver o
garçom me reconhece e grita pra dentro: "Um chope torre!". Concluo a
frase em pensamento: "pra distrair", já com a cabeça em Dolores.
Ao
diabo com o Febrabo, outro dia abotôo o paletó daquele filho da puta. Saí de
casa de camiseta regata do Inter, não tinha como enrustir a Magnum no corpo.
Ah, Dolores... Vou pensar em Dolores Sierra.
Acabo
tomando seis torres geladérrimas antes de seguir em frente, com uns tirambaços
de trigo-velho para sentir aquele calorzinho na goela.
Vem!
A canção inunda a Rua da Fonte, vinda de um dos carros parados na fila da sinaleira.
A canção inunda a Rua da Fonte, vinda de um dos carros parados na fila da sinaleira.
É
dele mesmo, do pernambucano Paulo Diniz (Paulo Lira de Oliveira - Pesqueira,
PE, nascido num dia de verão como hoje, 24/01/1940), não faz muito tempo soube
que ele continua rodando por aí, distribuindo emoções vivas, agora numa cadeira
de rodas por conta de uma tal doença misteriosa que felizmente não lhe afetou a
cuca nem a voz.
Aos
amigos que agora estão pelos bares, aqui ou na praia: tomem uns trinta chopes por mim, os tirambaços
podem ser de steinhager, visto que de momento estou de recesso, até amanhã à
tardinha somente, pois também sou gente, ué.
Post Scriptum: O textinho, à exceção dos dois últimos parágrafos, ainda dará samba.
Post Scriptum: O textinho, à exceção dos dois últimos parágrafos, ainda dará samba.
*
No hay comentarios.:
Publicar un comentario