Feliz Dia das Mães! Estou lejos mas
me sinto aí junto da senhora.
(...)
Sim, mãe, prometo ficar calminho
doravante, ontem foi a última vez que me incomodei pra valer, mas a senhora
sabe que faz tempo que não ando armado, então não deu nada, pois não sou
moleque para andar de briga de mão. Quem lhe contou isso?
Tinha que ser aquele otário, vai me
pagar.
Sim, entreguei todas as armas pros
palhaços do desarmamento, bem..., sim, todas. O quê, a Marília viu uma
automática? Só uma? Deve ter sido esquecimento, amanhã mesmo entrego aos
palhaços, junto o silenciador que é proibido para pobres, como as armas o são,
eles podem...
Não tive culpa, a senhora me conhece:
primeiro foi aquele vizinho corno, depois uns abobados naquele teatrinho
nojento do São Pedro, antro de gigolôs do povinho, depois aquele médico
asqueroso, pedófilo, no Beco do Oitavo.
Estou calmo, mãe, é que dá raiva só
de lembrar. O quê, por me conhecer? Manhe, eu mudei, sou adulto, e aquela gente
merecia um tiro. Óbvio que não vou mais.
Sim, tou dizendo, não entro mais em
baile de cobra. Como? Ora, mãe, essa estória de ter 26 mulheres é brincadeira
com os amigos, no meu apartamento nem caberiam tantas.
Claro que estou procurando namorada,
mãezinha. Sei que já estou moço, 62, hora de criar juízo com uma boa
companheira, a senhora me diz isso todos os dias.
Sim, uma mulher culta, sincera.
Peraí, essa parte, se vai ser alemoa,
nega ou marciana, eu é que resolvo.
Tá... me cuido sim, meus créditos vão
acabar, de noite ligo de novo.
Beijos, a senhora é a luz da minha
vida. Carpe diem, nunca esqueça que o Toninho lhe ama. Ó, espera, não esqueça
de tomar os remédios!
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