sábado, 22 de octubre de 2016

MANGA E EU NA MERCEARIA

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Uma feliz sexta-feira aos amigos, no que resta dela, 17:35h do dia 21 de outubro aqui em Kabuletê.

Já contei em algum lugar, esta não é ficção. Era num boteco-mercearia desses (idêntico), lá na rua Francisco Ferrer defronte ao Hospital de Clínicas, em Porto Alegre, que eu tomava trago com o seu Manga, então goleiro do Inter. Eu habitava uma pensão naquela rua, o seu Manga um apê que o Inter lhe cedeu quando chegou do Uruguai.

Ídolo uruguaio. O Nacional de Montevideo teve seus grandes momentos com Manga no gol. O seu Manga tinha esquecido o português, só falava em espanhol, mas esta é outra história. Foi aí que o Internacional começou a sua trajetória de melhor do mundo, trazendo Manga e Figueroa, passando a espinha dorsal com auxílio da meia-cancha que eram também atacantes, muitos como Carpegiani, Batista e Falcão, com Valdomiro e Lula nas pontas, para completá-la, à espinha que tudo medeia, com um centroavante matador, Flávio em 75, Dario em 76.

Onde tem homem não morre homem, ué.

Quer dizer, eu tomava uma cervejinha vez que outra, quando tinha uns trocados, pois a vida não era fácil, vivia duro, ouvindo os mais velhos, de boca fechada nos meus 22 ou 23 anos, só abria a boca quando pediam "O que tu acha disto ou daquilo, piá?".

O seu Manga botava o liso de pinga atrás da balança, para os clientes e passantes não verem; mas quando pegava com aquela mãozona era taiaiau, tudo numa sentada. O dono da mercearia, seu amigo, discretamente servia outro lisão e botava de novo atrás da balança.

Eu ao lado do Manga, aquele homenzarrão, gentil e amoroso como só, me sentia o máximo, imaginem, um guri pé-de-chinelo amigo do grande Manga?!

Saudades, seu Manga. 

(Haílton Corrêa de Arruda, mais conhecido como Manga - Recife, 26-4-1937)




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