(Fragmento)
Certos jogos são para homens e
mulheres de alma nobre, de palavra, fibra e respeito. Assim é o xadrez, como
também é o por extensão chamado de “xadrez da vida”.
Na imagem a posição após o lance 83 das brancas, na célebre partida entre José de Jesús Nogueiras
Santiago e Maikel Gongora Reyes, jogada em 4 de abril de 2001 em Las Tunas, Cuba,
no torneio de onde sairia o campeão nacional. O tabuleiro é visto pelo ângulo
de visão das brancas de Santiago, como é praxe nas imagens de livros sobre o
jogo-ciência.
As negras estão em zugzwang, que
no xadrez diz-se da posição em que qualquer movimento feito pelo bando a quem
cabe jogar é perdedor. No caso é mortal, pois as peças negras tem apenas um
lance possível, perdedor: leva o xeque, mais um lance e a resposta é fatal, xeque-mate.
Como no Brasil em muitas ocasiões
e principalmente agora. Esquerda x Direita. A Direita atual (Fiesp, Fascistas,
Judiciário, Banqueiros, Agronegócio, Mídia, Entreguistas, etc., EUA como pano
de fundo), ciente de que com Lula levaria um histórico xeque-mate dos
humanistas e nacionalistas, gritou “Não jogo mais com essas regras!” e derrubou
o tabuleiro violentamente, impedindo o final da partida de modo legal, com a
plateia do mundo todo estupefata.
Fugiu da batalha com as calças
caindo, rasgando o contrato social, apelando para um “xadrez” infame, abjeto,
torpe, lance desesperado pensado também num 4 de abril, executado dia 5. É
muito difícil, mas talvez perca igual com qualquer regra que imponha, o tempo
não para, a ferida não sara e os ludibriados à força aglutinam energias.
Naquele ano de reis em Las Tunas
Maikel Gongora Reyes foi homem, não um covarde traiçoeiro: deitou o seu Rei,
admitindo a derrota: “Abandono. Gens una sumus”, e apressou-se a apertar a mão
do adversário.
No xadrez da vida, quando não há
perfídia, traição nem maldade, os erros não são tão grandes que não possam ser
corrigidos. Reyes iria procurar melhorar o seu desempenho, errar menos, com
honra, para no futuro... quem sabe?
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