domingo, 5 de abril de 2020

FUGINDO DO COVIL-69 NA MÁQUINA DO TEMPO

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Bar fechado. O Terguino se mandou pro mato em férias sem data para voltar, mas a gente sabe que foi para escapar do bicho que chamamos de Covil-69, que era o nome de um apartamento em que morei com quatro alegres mulheres. Baseado nisso é que a turma resolveu convencer o Portuga de que cinco é bom, não dá problemas com as autoridades sanitárias, imploramos que abrisse o botequim. O Portuga andava aborrecido por ficar trancado em casa e encarou o batente. Mas com o bar de porta e janela fechadas, para todos os efeitos não tem ninguém lá dentro, é residência particular, e não deixa entrar mais de cinco. Então por sorteio formamos quatro grupos de cinco boêmios e boêmias. A gente se reveza: num dia vai o grupo 1, no outro o grupo 2 e assim por diante até o grupo 4, somos em 20. Depois mudamos a composição dos grupos, para ninguém se perder de vista por muito tempo. O Portuga lá atrás do balcão, ouvindo os papos e dando opinião. Serve as mesas quando a gente pede algo e volta pra lá.
Chega a ser engraçado: um sentado em cada mesa, estas dispostas a três metros umas das outras, de um modo mais ou menos circular, uma das mesas no meio, esta com a cadeira de rodinhas. Obviamente que quando está presente quem ocupa a do meio é o Rei da Cidade Baixa, Bruno Contralouco. E ficamos lá, bebericando e jogando conversa fora.
Na sinuca lá nos fundos tem três mesas oficiais. Afastamos duas para um canto e ficamos com todo o salão para a mesa que julgamos melhor, com espaço para a gente se movimentar sem passar uns pelos outros a menos de dois metros. Temos regras: se alguém espirrar, tossir seco ou molhado, tá fora, pode ir embora e não volte mais. O Bruno vive se queixando de febre ao chegar, mas rindo. Um vai vai dar a tacada e os outros ficam cada um no seu canto, bebericando enquanto espera a sua vez.
Somos todos apegados, mas parece que em tempos ruins a gente se aproxima mais, sai cada papo... Outro dia, entre um trago e outro lá nas mesas da frente, falou-se de humanismo e de nazismo. Eu, num atraso daqueles, pensava em mulher.
- Se eu tivesse uma máquina do tempo, entraria nela e iria para Brasília, em 1º de janeiro de 2003, dar uns conselhos pro Lula, começaria dizendo pra ele liquidar com a Vênus Platinada, que a cobra iria picá-lo um dia, ela já tinha feito isso com Getúlio, com Jango e com ele próprio. - Disse o decano Aristarco.
- Se eu tivesse uma máquina do tempo mandaria o Bozo para Berlim em abril de 1945. - Respondeu Bruno.
- Em 1946 eu o mandaria para Nuremberg para ser julgado. – Disse Luciano, que estava de pouca conversa.
- Se eu tivesse uma máquina do tempo em 1964 iria para Paris, conhecer o Alain Delon, quem sabe ter um caso. – Disse Jussara.
Aí tomei conta do campinho: - Eu iria para a Alexandria, em 30 a.C., no início de agosto, direto para os aposentos da Cleópatra, já chegaria esmagando a cabeça de uma naja chamada Globo, aquela tinha um veneno mortal, depois me empernaria com a rainha, logo mataria todos os romanos e viraria faraó.
A turma ria muito da ideia de cada um. A conversa tomou outro rumo, mas fiquei matutando sobre as mulheres da História. Meu Deus, a máquina iria rodar mundo, eu salvando as damas só para depois vê-las peladas. Em 48 d.C. comigo por perto ninguém tocaria num fio de cabelo da Messalina. Em 1793 eu os faria engolir a guilhotina e fugiria com a Maria Antonieta. Tantas... De repente voltaria a 45 d.C para levar um lero com a Salomé... pensando bem, melhor não. Não apenas para admirar a nudez das mulheres, antes de tudo por um abraço e um beijo de amor. Absorto custei a perceber que me chamavam lá para a sinuca, ia sair uma matadinha a dez pilas. Puf, meus sonhos de amor viraram fumaça.
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