viernes, 4 de diciembre de 2020

INGRATIDÃO

 .(Fragmento de "Os Perturbados de Porto Alegre")

Enquanto tu brincava de bonecas da Xuxa, aquelas porcarias de plástico como ela, que me custaram os olhos da cara; enquanto tu ouvia americanos do norte, moleca, eu feito cão sem lar chupava sexos ensopados de mulheres, para te sustentar em escolas de piranhas rosários e montessoris, caríssimas, de olho neles, e levava frutas, arroz, feijão, massa e carne, tudo do bom e do melhor. O melhor que podia, abrindo mão de mim.

Lembra do dentista que arrumou os teus dentinhos saltados, coelhinha? Quase o matei. Mas correu tudo bem, não é? Quem perdeu a vida fui eu. Matei-me por ti, e nem sonhe que lidar com puta é fácil, são pessoas, almas, muitas raivosas, em geral psicologicamente abaladas como a maioria das pessoas.

Quando tu ficou mocinha eu já tinha chamado um governador de covarde. A ele e a sua tropa, gritando "Venham, filhos da puta, se forem bem homens". Agora, que tu é mulherzinha, querida filha, nem sonha com o que fiz depois, coisas que jamais saberá.

Perdôo tudo, menos ingratidão. 


(Ilustração da rede mundial)

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