jueves, 14 de abril de 2016

Sifdoendo-se

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Revendo aqui o livro "Chove em Belo Horizonte" já com ponto final, me deu vontade de escrever as palavras que seguem, no contexto de uma história lá dentro. Deixei pra lá, fica para outro.

É mais, como dizia Aracy de Almeida: "Tem mais coisas", mas encurto o relato.

Conheci vagabundos, criminosos, pobretões, ricaços poucos, que eram unânimes em apenas uma coisa: 

"Guampa ninguém merece, malandro, larga do cara e vai sifdoer com quem quiser".

O mesmo para o sujeito que trai a mulher. Sei, tem as crianças, é complicado, aquela de eu era muito bobinho quando casei, mas ainda assim. Os cabarés andam cheios de gente assim, que no outro dia posam de moralistas na sociedade.

Já contei em outro lugar: pelo furinho da parede de um quarto de bordel eu as outras mulheres espiávamos, a pedido da que estava lá dentro, um dirigente de um grande clube dizer para a nossa colega: 

"Caga no meu peito, vagabunda, quero sentir o fedor da tua merda".

Tara é tara, todas respeitáveis. Dessa não gostei nadinha.

Ela, que estava avisada com antecedência da sua visita, tinha tomado um comprimido, aí se abria toda por cima e defecava escorrido.  Gosto é gosto, mas ele tinha uma bela mulher em casa, eu ficava me perguntando se a esposa o conhecia mesmo, depois de tantos anos juntos. Por que não pedia para ela, se se amavam?

Taí, por erro de digitação acabo de inventar outro verbo, sifdoer. Mistura de se foder com se doer, para acabar doendo em alguém, só pode.

Só eu sei o que vi e passei. Hoje, há décadas, não minto pra nenhuma, Se quiser é assim. Se não, vai sifdoer, arranjo outras. Levei sim, mas chegou um dia que resolvi começar a ensinar as mulheres a viver, bola nas costas não, nega. E dei o exemplo, contando tudo. Bola nas costas me perde, se não der morte.

Se não mentir, sifdoa-se como quiser e com quem quiser, cuidado com doença apenas, remédio está caro hoje em dia, hospital nem pensar.

De lá pra cá comecei a ser feliz. Moro com 27 não mais doídas, a mais velha é ex-mulher daquele dirigente, taradinha como só. 

Cada um sai e transa com quem quiser, sem culpa, a vida é uma só. Pode parecer estranho, mas ninguém sai buscar porcaria na rua. A gente se diverte, fazemos comida, contamos piadas, jogamos cartas, nos bastamos. Temos amor. Confiança.

Mentir, esse é o imperdoável crime, jamais, aí não vai. Tem gente que pensa que o crime é dar pra outro ou outra, ora, dar o que é seu? Cada um de nós, humanos, é dono do seu corpo e da sua mente.

Não, o crime, pela ignorância mútua, é mentir. Aí, como dizem os aprisionados da Penitenciária de Charqueadas, qualquer um sai do sério.

Ou vira manso, motivo de riso pelas costas.
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