Eu lá deitado no meio da
capela 6 do São Miguel e Almas, deixando o tempo passar, curtindo a experiência
nova. Alguns choros no entorno, de lágrimas e instrumentos musicais. Bem belo,
despreocupado, chega de problemas, pra mim deu. Com padreco não preciso esquentar
a cuca, minhas filhas não deixarão pisar no ambiente, muito menos abrir a boca.
Brigaçada de mulheres, ele
era meu, sua vagabunda, teu coisa nenhuma, era meu, tapas, gritos, tinha umas
trinta se agredindo verbal e fisicamente, até garrafada saiu. Eu quietinho na
minha, não sou bobo. Acalmaram as onças, por enquanto.
Imaginei as minhas 37 filhas roxas de vergonha pelo gritedo das tiangas. Ouvi alguém dizer a elas: deem uma saída, meninas, fazer um lanche, descansar um pouco. Lá se foram elas, pois parou o choro lacrimal que tinha do meu lado esquerdo.
Imaginei as minhas 37 filhas roxas de vergonha pelo gritedo das tiangas. Ouvi alguém dizer a elas: deem uma saída, meninas, fazer um lanche, descansar um pouco. Lá se foram elas, pois parou o choro lacrimal que tinha do meu lado esquerdo.
Chega um amigão, me olha e
diz: "Enfim parou de beber e fumar, né, loco, vai com Deus, meu irmão, não
demora estaremos novamente juntos". Até políticos apareceram, nunca
fizeram nada por mim e vem fazer média, os filhos da puta.
Foi então que um sujeito que
não ia com a minha cara inventou de dar discurso, exaltando as minhas supostas
qualidades. "Um gênio, teria ganho um Nobel de Literatura se fosse
jornalista e as editoras publicassem os seus livros...".
Foi demais, não aguentei,
sentei no caixão: "Deixa de ser hipócrita, meu chapa, tu fez de tudo para
me prejudicar na vida!".
Foi uma correria danada.
Ficou só a nega Zilda, com os olhos arregalados. Desci de lá, quase derrubei o
esquife, e perguntei: "Onde é o bar mais próximo, minha nega, tou com
sede, vamos juntos?".
(A ilustração é do Edra Amorim)
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