sábado, 10 de marzo de 2018

FUI MAS NÃO FUI

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Eu lá deitado no meio da capela 6 do São Miguel e Almas, deixando o tempo passar, curtindo a experiência nova. Alguns choros no entorno, de lágrimas e instrumentos musicais. Bem belo, despreocupado, chega de problemas, pra mim deu. Com padreco não preciso esquentar a cuca, minhas filhas não deixarão pisar no ambiente, muito menos abrir a boca.

Brigaçada de mulheres, ele era meu, sua vagabunda, teu coisa nenhuma, era meu, tapas, gritos, tinha umas trinta se agredindo verbal e fisicamente, até garrafada saiu. Eu quietinho na minha, não sou bobo. Acalmaram as onças, por enquanto.

Imaginei as minhas 37 filhas roxas de vergonha pelo gritedo das tiangas. Ouvi alguém dizer a elas: deem uma saída, meninas, fazer um lanche, descansar um pouco. Lá se foram elas, pois parou o choro lacrimal que tinha do meu lado esquerdo.

Chega um amigão, me olha e diz: "Enfim parou de beber e fumar, né, loco, vai com Deus, meu irmão, não demora estaremos novamente juntos". Até políticos apareceram, nunca fizeram nada por mim e vem fazer média, os filhos da puta.

Foi então que um sujeito que não ia com a minha cara inventou de dar discurso, exaltando as minhas supostas qualidades. "Um gênio, teria ganho um Nobel de Literatura se fosse jornalista e as editoras publicassem os seus livros...".

Foi demais, não aguentei, sentei no caixão: "Deixa de ser hipócrita, meu chapa, tu fez de tudo para me prejudicar na vida!".

Foi uma correria danada. Ficou só a nega Zilda, com os olhos arregalados. Desci de lá, quase derrubei o esquife, e perguntei: "Onde é o bar mais próximo, minha nega, tou com sede, vamos juntos?".

(A ilustração é do Edra Amorim)
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