Foi um choque no meu íntimo
quando a mulher que eu nunca tinha visto na vida, nesta madrugada num bar da
Rua João Alfredo, acendeu o cigarro e me olhou com aquele olhar número oito da Lauren
Bacall. Senti o drama, quase me derramei, a filha da mãe me pegou.
Disse pra ela aquilo que
vivo dizendo de brincadeira, agora de verdade: escolha a religião se quiser
religião, o cartório se quiser cartório, marque horário e data, eu compareço e
caso contigo, meu amor, só me diz com que roupa que eu vou.
Se depender de mim vou de terno
de linho branco, chapéu da Lapa. A festa deixa comigo, irão todos os meus
afetos, levo músicos amigos e muito mais, incendeio a cidade, mato meio mundo
se for preciso.
Ela esquentou ainda mais os
olhos e respondeu: vou marcar, tu agora é meu e de mais ninguém, só preciso de
um tempinho para me livrar do meu marido, dono deste bar. Nada a ver com ele há
anos, se tu quiser saio daqui contigo agora.
Vou ali e já volto, moça, me
dá uma hora, falei cheio de pé atrás, eu hein, pelo espelho tava vendo os leões de chácara
me olhando de lá.
Saí fazendo cara de inocente, não sou bobo. Peguei um táxi e fui em casa me
armar, é hoje que eles morrem se tentarem dificultar o nosso casamento.
(segue)
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