martes, 17 de noviembre de 2020

VIAJANTE

Morei anos no Rio de Janeiro, em temporadas a trabalho. Houve tempo em que somando ficava lá metade do ano, anos a fio, vivi a Tijuca, Estácio, Leblon, Botafogo, no Cosme Velho quase me enrosquei com risco de morte, e a "Cidade", meu Deus, tudo, vindo de lá dos outros lados até Santa Cruz, ao lado de Itaguaí, para não falar em Caxias e São João de Meriti, etc., sempre de táxi para ir e vir de terno e gravata. O único pedido que eu fazia para a firma era que me botassem num hotel da Barata Ribeiro, pertinho da Santa Clara, onde eu já era de casa. Sempre cumpriram. Uma festa quando eu chegava de viagem naquele hotel, um pequeno Othon, era um familiar chegando: vinham atendentes, cozinheiras e todo mundo me abraçar.

Mais um tempo de cada ano em Maceió, Sampa, Belém, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Floripa, Salvador, João Pessoa..., em tudo. Detestava Brasília, mas ia. Em Porto Alegre vinha em alguns fins de semana, antes que as meninas esquecessem de mim. Trabalho duro, o chefão dono da empresa para as boas não me escalava. No caso do Rio quando chegava a sexta-feira e não tinha que avançar noite adentro trabalhando, ah, coisa mais boa, ia furar onda e logo tomar chopes no La Maison em Copa, depois caía na noite, até sábado à meia-noite me liberava. Domingo não, neste à base de água mineral, no dia seguinte a coisa não iria prestar, o domingo era para rever a semana anterior, mexer em papéis perigosos no hotel, em como me defender e tal. A passeio ao Rio fui somente uma vez, saído de Belo Horizonte, uma semana em apartamento de aluguel.

Todas as cantoras do Rio de Janeiro que gosto são sortudas, bem casadas, muitas amigas em rede social, maravilhosas... não tiveram o azar de topar de frente comigo. Numa dessas sextas-feiras, ou sábado, vi a moça cantando, eu lá no fundo escuro do bar musical. Em pensamento depois lhe escrevi umas cem cartas de amor. Mundo que gira: Rosana Sabença hoje me honra com a sua amizade. Grato, Rosana!


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