sábado, 9 de julio de 2011

A Rede Subterrânea

.
Eu sempre quis conhecer um hacker. Não algum dos tarados ou assassinos citados na postagem anterior, obviamente, nem um invasor de contas bancárias com o fito de roubar gente decente. Como o texto é meu, decido pular a definição de decente, e apago do dicionário a palavra hipócrita. Os governos de pessoas que detesto invertem o sentido das palavras. Mas o amigo leitor, a amiga leitora, sabem o significado que a mãe e/ou o pai lhe passaram, ao menos os pais de alguns de nós, que gastaram o que não tinham para levar em frente a esperança.

Eu, que vos escrevo, tive a sorte de não perecer de fome (Arroz, feijão, legumes, frutas, guizado, nesta terra tudo dá), estudar em escola pública e odiar de morte a quem tentar me tocar com maldade. Melhor morrer do que levar empurrão ou tapa.

É assustador ler sobre as maldades da internet. Tem a Dark, a Deep, a Under. Nós os otários surfamos na autorizada, a Surface, e nos dizem que somos um para cada um milhão de ogros que invisíveis percorrem o espaço com olhos sanguinolentos, dentes pontiagudos, querendo nos pegar... 

"Bandidos" os há desde sempre, e sempre em insignificante minoria. Dessa minoria, a maior parte para vingar-se de um destino ingrato, burlando as estapafúrdias leis dos mais fortes. À margem, lá ficam, embrutecidos por famélicos, quando não pelo ódio impotente, neste caso se assistidos de visão que compense a ausência de mínima cultura.

Veja-se qualquer favela gigante, do Rio de Janeiro, de Porto Alegre ou de Calcutá, quantos são bandidos? Meia-dúzia de gatos pingados, mancomunados com a polícia, mas surgem nas telas dos noticiários cem vezes por dia. Servem como anestésico, enquanto os verdadeiros bandidos assaltam os lares, a televisão, o banco... A clientela dessa minoria da minoria são os filhos e amigos de quem? A massa sabe, e, que horror, tenta se espelhar.

Não falamos aqui dos artistas da globo, notórios viciados, coitados descartáveis. Falamos dos filhos do "puder" pelo roubo impune. Eu pouco estaria me dando, não fosse o terrível dano que causam ao meu Brasil, das criancinhas, humanos como eu.

Não, não quero conhecer um cracker, e sim um Hacker de verdade, criativo e original, com elevados propósitos, a tecnologia web a serviço de um mundo melhor. 

Como sabemos, hoje a alta tecnologia está a serviço da pilhagem, que eles chamam de "comércio", realizada por banqueiros e fazedores de guerras, que no fundo são os mesmos, com seus asseclas menores, como os políticos e os vilões subalternos que os elegem com a força do vil metal. Quanto aos fins, iguaizinhos aos assaltantes de bancos. Os meios é que são diferentes, os meios dos donos dos bancos, dos bancos que assaltam, sem mover uma palha, sem suar nada, são infinitamente mais poderosos.

Eles matam por dinheiro, assassinam crianças, em todo o mundo, antes pela força naval, depois pelos bombardeiros por cima. Hoje pela rede, pela tela da bolsa de valores. Se você reagir, eles mandam pessoas de empresas de "segurança", de ex-militares, provocarem o seu "suicídio". Como este blog só é lido um ano depois (deferência de Mr. Gugle, quem não o paga não aparece), ainda tenho alguns anos para me preparar para a visita.

Voltando aos bons: não sou contra os assaltantinhos de bancos, seja pela net ou cavando túneis. Até certo ponto os compreendo. Não me tornei um deles, via túnel e maçarico, sôfrego rastejando pela vingança, por exclusiva culpa da senhora minha mãezinha, desde a tenra idade com aquela conversa de que é feio roubar.

Inculcou, ignorando a máxima, a pobre velha, do "Quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão". Mamãe acreditava que se galgava altos cargos na república pelos dotes pessoais de conhecimento e seriedade. Antes, moço de 28 anos, eu ria sozinho, amargurado, da pobre velha; agora não consigo, o nojo não permite.

Nojo não dela, jamais, mãe querida, eterna luz, por ela derramo lágrimas, foi feliz por não saber, mas sabia, sentia, que não sabia, e me ajudou. Seis da manhã, aos beijos: "Tu é a salvação, meu menininho, levanta, já para a escola, depois a Biblioteca Pública". Naqueles invernos de gelo do Rio Grande do Sul.

A gente nunca aprende tudo. Eu abdiquei de ser "rico", "famoso", para não me tornar um hipócrita covarde, falso, como todos que vejo no governo do Brasil desde menino, eles e suas explicações para serem como são. Olhem o patrimônio amealhado... Não tenho dinheiro algum. Mas algo aprendi.

Aprendi que não adianta assaltar bancos. Isso é fazer o jogo do sistema, tornar-se um ladrão como eles. Se é para roubar, mais fácil criar um partido político, fundar um banco ou inventar uma seita religiosa, em nome de Christo ou de Che Guevara. Foi para isso que viemos ao mundo? Para viver como nababos enquanto nossos semelhantes morrem de fome? Para nos sentirmos "grandes" ao tratar com gente imbecilizada, cuidando para imbeciliza-la mais, como fazem silvios, gugus e faustões, animais sem cérebro e sem estômago? Que "grandeza" de covardes é essa? Foi para isso?

Isso é o que eles pensam, os animais.

Alguns não têm pudor de usar Cristo, um palestino abrasado de sol que mataram e que, quando conveio, virou romano de pele leitosa e olhos azuis. Os italianos, pelos seus papas, são perfeitos. Que o diga berlusconi.


Quase volto a falar de mussolini e  Ras Tafari, maiúsculas e minúsculas bem colocadas, então, voltando...  até que neste momento seria interessante a invasão de certas contas bancárias, desde que isso servisse para revelar  fortunas mal havidas. Já pensaram a rede mostrando tudo? "Aqui estão, senhoras e senhores, os dados das contas particulares do Sr. Ministro Antonio Homem Público Gatotti e de sua família: estas são as datas e os valores depositados, ao lado os nomes dos depositantes". A seguir os dados dos depositantes, tudo com a comparação aos rendimentos dos empregos dos meliantes.

"Logo a seguir, divulgaremos as contas dos fernandos, dos padilhas, dos eikes batistos, dos meireles bacen, dos gustavos, dos francos, danieis, mendes, gilmar, dantas, e de mais uns 8.171".

Ah, que sonho bom. Ruim por contemplar a escória, mas lindo por sonhar com justiça antes de morrer.

Pensando ainda melhor: já pensaram num hacker Robin Hood, que transfira os fundos mal havidos dos malfeitores para associações de combate à fome, para institutos comunitários de pesquisa. Pesquisa e produção de novas drogas de combate a doenças humanas e a pragas na lavoura, além da invasão e divulgação das fórmulas já existentes?

Uma revolução sem armas.

O texto A rebelião dos homens, do pensador Mauro Santayana (que diz mais do que aqui se diz, supondo a rede visível), me pôs a refletir sobre a revolução promovida pela rede mundial de computadores, já em andamento, mesmo que incipiente no sentido que imaginamos.

Os faraós embalsamados estão aterrorizados. Agora já não precisamos dos seus jornais com notícias - só as que lhes convêm - padronizadas, um flagrante 1984 do Orwell, inventando nossos amigos ou inimigos de acordo com os seus interesses de dominação. Enquanto jogo xadrez online com amigos do Azerbaijão ou da Polônia, conversamos. Em qualquer língua, há tradutores eletrônicos mais que satisfatórios.

Mesmo aqui na colônia  Brazil a blogosfera, à exceção dos grupelhos patrocinados por governos e partidos, que sempre existirão (outro dia vimos o Lula ser aclamado por um bando de blogueiros puxa-sacos, uns cadelos...), está fora do controle dos falsos reis, que obtiveram o poder pela mentira e/ou pela violência, como ocorre desde o início dos tempos. Em breve a rede chegará aos lares mais humildes. Quanto tempo levará para que o mundo mude completamente? Vinte anos? Trinta? Ou dez?

Nesse contexto, penso que a Rede Subterrânea, como prefiro chamá-la, tem um papel muito grave a cumprir. Se eles nos reprimem com bombas, pelos céus ou pelos bairros das cidades, com o inútil revide de alguns grupos humanos, isso vai acabar.

A silenciosa união das populações de bairrros, de cidades, de países, será possível. Poderemos nos defender através da rede, unidos, com pouco ou nenhum sangue derramado. Sem detectar os movimentos, não terão como usar as "classes armadas", como referiu Joracy Camargo em 1932, isto é, usar o povo contra o povo, armando uma parcela em troca de um salário de fome para combater a outra, anos-luz mais numerosa, igualmente com fome porém desarmada, submissa, temerosa. Desorganizada pela propaganda. Não terão como exterminar populações inteiras unidas, imunes à lavagem cerebral promovida pelas suas redes de comunicação.

É sonhar alto demais? Talvez. Uma vozinha me sussurra que surgirão os "guias" messiânicos do Subterrâneo. Ao derredor os josés dirceus da vida, os delatores, os gatunos infiltrados, os prepotentes, os que se acham "o cara", teremos muitos desentendimentos e tal. Sim, haverá tudo isso. Entretanto, se mantida a idéia inicial da teia, a partição dos recursos em grau planetário, ao menos nos livraremos do aparato de guerra e do maldito sistema financeiro tal como é concebido, e da meia-dúzia de gatos pingados que o controla amparados nas classes armadas, como ocorre nas favelas. 

Não é por nada que os múmios tanto falam em "mecanismos de controle" da rede. Não é à rede, pela rede, que querem controlar, naturalmente. É a nós que exigem seguir controlando. A que pretexto? Ora, o de eliminar os "bilhões" de inexistentes criminosos subterrâneos...

Conseguirão?

Por enquanto só sei que desejo ardentemente, mucho, mucho, conhecer um Hacker. Talvez acabe encontrando algum na aula de criptografia. Quem sabe ele até ensine, a este velho náufrago da era da máquina de escrever, a navegar seguro pelo espaço cibernético, reinventando o mundo.

Sonhar sempre nos é permitido. 


viernes, 8 de julio de 2011

A rebelião dos homens

.
Por Mauro Santayana, em 3/7/2011.


Imagine o leitor que em fevereiro de 1848 já houvesse a rede mundial de computadores. Vamos supor que, em lugar de imprimir os primeiros e poucos exemplares do Manifesto Comunista, Marx e Engels tivessem usado a internet, de forma a que todos os trabalhadores europeus e norte-americanos pudessem ler o texto. Qual teria sido o desenvolvimento do processo? Como sabemos, o ano de 1848 foi de rebeliões operárias na Europa, reprimidas com toda a violência.

O capitalismo selvagem de então, um dos filhos bastardos da Revolução Francesa, sentiu-se animado pela derrota dos trabalhadores. Na França a burguesia tomou conta do poder e, derrotada a monarquia, assumiu-o sem disfarces e sem intermediários, em um período que os historiadores denominam de “A República dos homens de negócios”. Os trabalhadores e intelectuais tentaram, mais tarde, em 1871, logo depois de a França ser derrotada pelos alemães, criar um governo autônomo e igualitário em Paris. Com a ajuda dos invasores, o Exército de Thiers executou 20.000 parisienses nas ruas.

As manifestações populares dos países árabes, que os governos e a imprensa dos Estados Unidos e da Europa saudaram como o fim dos tiranos e o início da democratização do mundo islâmico, entram em nova etapa, ao atingir os países ricos. Os analistas apressados são conduzidos a rever suas conclusões. O mal-estar que levou os povos às ruas não se limita ao norte da África: é fenômeno mundial. Uma das contradições do capitalismo, principalmente nessa nova etapa, a do imperialismo desembuçado, no qual os governos nacionais não passam de meros servidores dos donos do dinheiro, é a de sua incapacidade em estabelecer limites. Hoje, nos Estados Unidos – que foram, em um tempo, o espaço para a realização de milhões de pessoas mediante o trabalho – a diferença entre os ricos e os pobres é maior do que durante toda a sua História, incluído o tempo da escravidão. Um por cento da população norte-americana detém 40% de toda a riqueza nacional. A mesma situação se repete em quase todos os paises nórdicos.

Quando redigíamos este texto, milhares de pessoas se encontravam acampadas no centro de Madri, em continuidade ao movimento Democracia Real, Já, que se iniciou em 15 de maio, com protestos em todas as grandes cidades espanholas. A Espanha hoje está dominada pelos grandes banqueiros e companhias multinacionais, que não só exploram o trabalho nacional, como vivem de explorar os paises latino-americanos. Bancos como o Santander – cujos resultados mais expressivos ele os obtém no Brasil – dividem com os dois partidos que se revezam no poder (os socialistas e os conservadores) o resultado do assalto à economia do país. É contra esse sistema odioso que os espanhóis foram às ruas, e nas ruas continuam.

Não são apenas os jovens desempregados que se indignam. São principalmente as mulheres e homens maduros, os que estimulam o movimento. Eles sentem que seus filhos e netos estarão condenados a um futuro a cada dia mais tenebroso e mais violento, se os cidadãos não reagirem imediatamente. Os espanhóis estão promovendo a articulação internacional de movimentos semelhantes, que ocorrem em outros países, como a Islândia, a França, a Inglaterra e mesmo os Estados Unidos. Se o sistema financeiro se articulou, com o Consenso de Washington e os encontros periódicos entre os homens mais ricos do planeta, a fim de dominar e explorar globalmente os povos, é preciso que os cidadãos do mundo inteiro reajam.

Marx queria a união de todos os proletários do mundo. O movimento de hoje é mais amplo e seu lema poderia ser: Seres humanos do mundo inteiro, uni-vos.

jueves, 7 de julio de 2011

Wilson Batista - Louco

.
Hora do recreio. Esqueçamos a bandidagem. Lembremos o grande Wilson Batista de Oliveira (Campos, RJ, 3/7/1913 - Rio, 7/7/1968), com seu Louco (Ela é seu mundo), que compôs com Henrique de Almeida.

Do Wilson, diz Ricardo Cravo Albin no seu monumental Dicionário da MPB:

(...) Nesse ano (1933), Sílvio Caldas gravou na RCA Victor o samba "Lenço no pescoço", que iniciaria uma famosa polêmica musical travada com Noel Rosa. Com letra que fazia a apologia da malandragem, o samba traçava o retrato perfeito do malandro carioca daquele período: "Meu chapéu de lado/ Tamanco arrastando/ Lenço no pescoço/ Navalha no bolso/ Eu passo gingando/Provoco desafio/ Eu tenho orgulho de ser vadio/ Sei que eles falam desse meu proceder/ Eu vejo quem trabalha andar no miserê". Também nessa época, atuou como crooner de um conjunto de subúrbio, a Orquestra de Romeu de Malaguta. Nesse período, era um assíduo freqüentador da "Esquina do Pecado", reduto dos sambistas em início de carreira, uma espécie de Café Nice dos pobres. Ele era um sambista da vertente da malandragem, da vadiagem, da orgia, da gandaia. Os freqüentadores do Café Nice representavam o sambista respeitável, boêmio, mas, profissional. (Veja mais AQUI).

Por falar no Café Nice, o dos "ricos", Mário Lago dá uma ideia da irreverência da figura: conta que, na época, o famoso poeta Orestes Barbosa, autor dos versos de Chão de Estrelas, "... pisavas nos astros distraída", e de tantos clássicos, era habitué do Nice, como todos os boêmios de ponta. O Orestes, respeitável, serião, tinha uma corcovinha, e Wilson não teve dúvida, tascou-lhe o apelido de O Corcunda de Notre Nice. O próprio "malandro" Mário Lago ri muito ao lembrar (há vídeo na rede, veja AQUI, vale a pena, Mário Lago é único).

Da sua célebre polêmica com Noel Rosa, estranhamente só as músicas de Noel eram gravadas, as respostas do Wilson apenas tocavam ao vivo em rádios, quando tocavam, e em butecos.

Segundo nos conta Luiz Américo, "Em 1956 a Odeon presta uma homenagem ao dois grandes compositores e convida dois intérpretes que faziam muito sucesso na época, Francisco Egydio e Roberto Paiva, para juntos gravarem todas as músicas da famosa polêmica, mais o samba canção de Noel Rosa "João ninguém" - erroneamente atribuído a uma referência a Wilson Batista. Tudo foi reunido num esquema de revezamento, como se um tivesse realmente respondendo ao outro e obedecendo a cronologia das canções. O disco fez um enorme sucesso e resgatou para o grande público as músicas que não haviam sido gravadas na ocasião e que eram desconhecidas da grande maioria das pessoas. Os arranjos obedecem fielmente os padrões da época da feitura das músicas, e o disco ainda traz na capa um belo trabalho de Antonio Nássara, um dos maiores caricaturistas brasileiros, que atuava também como compositor e que ainda assina o texto na contra-capa".

Aqui com o Samba do Baú.



Solidariedade um caralho, Ideli!

.
O nosso querido governo novamente se manifesta, pela voz da honesta Ideli Salvatti, chefete das Relações..., relações do que mesmo?, ah, Institucionais:

“Estamos bastante solidários, inclusive ao trabalho que o ministro Nascimento prestou durante tanto tempo à frente do Ministério dos Transportes”.

Não nos surpreende tal solidariedade. Afinal, quem foi que o colocou lá?

E as ilusões estão todas perdidas

.
Brizola partiu em 2004. Cazuza bem antes, em 1990, num 7 de julho como hoje (21 anos passados, não pode...).
O mensalão estourou em 2005.
Há pouco comentávamos com Ana Cláudia, amiga de Bagé (no blog consta no antipático título de Seguidores, que é o que os caras colocaram para definir o que seria Amigos), sobre o que eles agora diriam, diante da colossal roubalheira, todos os limites pisoteados, a honestidade, ética, palavras motivo de riso das hienas deste país de banqueiros e asseclas.


Ideologia (Cazuza - Frejat).

miércoles, 6 de julio de 2011

A Náusea

.
"Rapaz, tu não tá nem no partido e já tá conseguindo arrancar as coisas daqui, imagina quando estiver no partido! (diz, dirigindo-se ao deputado Davi) (risos)".

Trecho do diálogo do ex-ministro Alfredo Nascimento, ao cooptar um deputado em troca de liberação de verbas. O elemento caiu hoje à tarde, apesar da promessa de "apoio" da presidente Dilma.

Caiu somente porque as reportagens apertaram o cerco, tem até o filho do indivíduo no meio (apodreceu de rico de uma hora para outra), e passaram a expor o descalabro. Em reportagem de hoje, a revista ISTOÉ (AQUI), com vídeo e áudio, não deixa a menor dúvida de como funcionavam as coisas no ministério que Lula doou, ou melhor, trocou pelo apoio da gangue.

Comandando as operações, nada menos que o Valdemar Costa Neto, o nojento mensaleiro, que a gente aqui da palafita jurava estar preso.

O insulto final: quem vai indicar o nome do sucessor, sempre representando a gangue, é o próprio Alfredo Nascimento, por trás o Valdemar Costa Neto. Precisam de alguém que defenda seus interesses.
.

martes, 5 de julio de 2011

Dança da Solidão

;
A pedido de Ju Betsabé, e do João da Noite que não perderia essa, vai de novo aquele samba do seu Paulinho da Viola.
Com ela, a Marisa Monte, Rainha Morena, e o Época de Ouro.
Dizer o que.

SÉRGIO JOCKYMANN

.
Bem que vimos aqui do blog a notícia da morte do Sérgio Jockymann, da Vila Velha. Não sei se é com um ou com dois enes, não importa. É com H.

Do Sérgio ao final vai um precário resumo do que foi, e será por muito tempo ainda, quiçá para um sempre que não sabemos onde começa nem termina, se as borregards e monsantos da Amazônia permitirem.

Se os maus admitirem. Se os gananciosos calarem. Se as flores insistirem em brotar.

Aqui o lembramos com um texto bem humorado. Divertindo-se (nos) da credulidade. 

OS CAUSO DAS ESCRITURA

Pois não sei se já les contei os causo das Escritura Sagrada. Se não les contei, les conto agora. A história essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério. De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por tomá banho pelado numa sanga.

Naqueles tempo, esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu. O primeiro índio a botá cerca de arame foi um tal de Abel. Mas nem chegou a estendê o primeiro fio porque levou um pontaço no peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão. O Caim, entonces, ameaçado de processo feio, se bandeou pro Uruguay. Deixou o filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância.

A estância essa ficava nas barranca de uma corredera e o Noé, uns ano despois, pegou uma enchente muito feia pela frente. Cosa munto séria. Caiu uma barbaridade de água. Caiu tanta água que tinha até índio pescando jundiá em cima de cerro. O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio velho. A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta a balsa tava atolado num banhado chamado Dilúlvio.

Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atoleiro. Bueno, aí com aquele desporpósito, as família ficaram amiga. A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo do Moisés e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica. Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando se chegou um correntino chamado Golias, com mais uns trinta castelhano do lado dele. Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dançá uma milonga.

Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e deu-se o entrevero. Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de vamos, já se foi e degolou de um talho só o Noé e o velho Moisés. E já tava largando planchaço em cima do mulherio quando um piazito carretero, de seus dez ano e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do infeliz que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto. Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano. Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego do facão. Foi uma sanguera danada. Tanto que até hoje aquele capão se chama capão do Mar Vermelho.

Mas entonces foi nomeado delegado um tal de major Salomão. Homem de cabelo nas venta, o major Salomão. Nem les conto! Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se bateram em cima dum guri de seus seis ano que tava vendendo pastel. O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um talho só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí.

Mas, por essas estimativas, o major Salomão, o que tinha de brabo tinha de mulherengo.

Eta índio bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordância. Só que quando Deus nosso Senhor quer, até égua véia nega estribo. Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho. Uma vergonhera pra família. Mas ela puxou à mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomo jeito na vida. O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano.

Mas, vejam como é a vida. Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano despois com um tal de coronel Ponciano Pilatos. Foi ele que tirou ela da vida. Eu conheço uns três caso do mesmo feitio e nem um deles deu certo. Como dizia muito bem o finado meu pai, mulher quando toma mate em muita bomba, nunca mais se acostuma com uma só. Mas nesses contraproducente, até que houve uma contrapartida. O coronel Ponciano Pilatos e a Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de aposto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram. Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que despois foi santa muito afamada. A tal de Santa Ceia.

Pois era uns tempo muito mal definido. Andava uma seca braba pelos campo. São José e a Virge Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no potrero, chamada Samaritana. Um rico animal, criado em casa, que só faltava falá. Pois tiveram que se desfazê do pobre. E como as desgraça quando vem, já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução.

Os maragato, chefiado por uma tal de coronel Jordão, acamparam na entrada da Vila. Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lazo aquele mesmo que por duas vez foi dado por morto. Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pros maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam numas várzeas, e ocuparam a Vila.

Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e muito feio chamado Calvário. Pois vejam como é a vida. Esse mesmo preto Calvário, degolador muito mal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinheira da Virge Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato. Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário, um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis. Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio.

Mas aí veio uma força da Brigada, comandada pelo coronel Jesus Além, que era meio parente do homem por parte de mãe e com ele veio mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragatos. Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento. Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala.

Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor e salvou-se o índio. Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos Romano, o César Romano, na altura das costela. Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paixão. Mas aí, Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na Cruz, disse adeus pros amigo e se mandou-se de volta pro céu. Mas deixou os dez mandamentos, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois: não se mata home pelas costa, nem se cobiça mulher dos outros pela frente.


.
Sérgio Jockymann nasceu em 1930, em Palmeira das Missões - RS.
Jornalista, romancista, poeta e teatrólogo, Jockyman teve, em 1955, o seu primeiro texto montado em Porto Alegre: Caim. No ano seguinte publicou Poemas em Negro. O sucesso chegou em 1962 com a peça Boa Tarde Excelência, ganhando projeção nacional. Vieram outros sucessos teatrais: Marido, Matriz e Filial, Lá, Treze. Em 1969 estreou na televisão escrevendo os episódios de Confissões de Penélope, na TV Tupi, com Eva Wilma. No mesmo ano escreveu sua primeira novela: Nenhum Homem É Deus. Com O Machão, Jockyman atingiu o sucesso na TV, podendo apresentar sua linguagem popular - predominante em suas peças - para satirizar situações da ordem estabelecida. Ainda escreveu para vários jornais gaúchos, como o Zero Hora, a Folha da Tarde e o Vale dos Sinos, e foi candidato a prefeito de Porto Alegre em 1985, pelo Partido Liberal. (Fonte: sítio www.nossosaopaulo.com.br) * (JOCKYMAN, Sérgio. Os Causos das Escrituras, in BARBOSA LESSA, Luiz Carlos. Almanaque dos Gaúchos. Porto Alegre: Martins Livreiro Editor, cuja publicação do Causo I deu-se na edição do 2. Semestre/1997, p. 47; a dos Causos II e III nas edições do 1. e do 2. Semestre/1998, p. 51 e 57, respectivamente, e o causo IV - a conclusão – com publicação realizada no 1. Semestre/1999;





viernes, 1 de julio de 2011

Amapola

.
Enfim, um som vindo do norte da América.

Uma das melodias mais tocadas em todos os tempos. Só no Brasil são incontáveis as pessoas que gravaram, entre cantores, solistas e orquestras.

José Maria Lacalle é o autor. Espanhol (Cádiz, Andalucía, 15/8/1860), clarinetista, compositor e diretor de orquestra, que se transferiu para Nueva York e lá terminou seus dias (11/6/1937).

Em Nueva York, como sabemos, algo em torno de 80% da população não é nascida nos Estados Unidos.

Japoneses, alemães, irlandeses, hindus, brasileiros, austriacos, argentinos, marfinenses, angolanos, chineses, marcianos, pirados, Aldires, sul-africanos, belgas..., todos, o mundo todo lá representado, andando pelas ruas com suas vestimentas e hábitos tradicionais.

A capital do mundo. Jamais um lar para gente da laia do Bush et caterva.

Escolhemos uma versão de Amapola de dentro de um filme, obra-prima do italiano Sergio Leone (Roma, 3 de janeiro de 1929 - 30 de abril de 1989), baseada num livro do Harry Grey, Once Upon a Time in America. A trilha sonora é do maravilhoso Ennio Morricone (Roma, 10/11/1928).

José Maria a compôs em 1924.

Vê, Ju Betsabé, vê, a alma do Brooklyn na interpretação, sublime... Entra lá pelos 2m30seg.




Quem não viu... o filme está na rede, legendado, em tela cheia dá para ver até no notibuc.
O filme narra a história de um grupo de amigos de ascendência judaica que crescem juntos cometendo pequenos crimes nas ruas do Lower East Side, na Gran Manzana de 1920. Aos poucos, estes crimes vão assumindo maiores proporções e os amigos se tornam respeitáveis mafiosos. Bandidos. A traição é o mote. 35 anos depois do último ato, o  sobrevivente do bando volta ao bairro para descobrir o que realmente aconteceu. Aí, dá de cara com uma pessoa igual àquelas que vivemos a falar aqui no blog. Hoje D. Juventina falou.

Amapola, lindisima amapola
Sera siempre mi alma
Tuya sola
Yo te quiero amada nina mia
Igual que ama la flor la luz del dia
Amapola, lindisima amapola
No seas tan ingrata
Amame
Amapola, amapola
Como puedes tu vivir tan sola
Yo te quiero amada nina mia
Igual que ama la flor la luz del dia
Amapola, lindisima amapola
No seas tan ingrata
Amame
Amapola, amapola
Como puedes tu vivir tan sola.

O grande cantor popular italiano gravou:

Alceu Valença

.
Hoje Alceu Paiva Valença (1/7/1946, São Bento do Una, PE) completa 65 aninhos. Um guri. Aqui com sua "La belle de jour".
Abraço, Alceu! Tintim!