sábado, 9 de julio de 2011

A Rede Subterrânea

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Eu sempre quis conhecer um hacker. Não algum dos tarados ou assassinos citados na postagem anterior, obviamente, nem um invasor de contas bancárias com o fito de roubar gente decente. Como o texto é meu, decido pular a definição de decente, e apago do dicionário a palavra hipócrita. Os governos de pessoas que detesto invertem o sentido das palavras. Mas o amigo leitor, a amiga leitora, sabem o significado que a mãe e/ou o pai lhe passaram, ao menos os pais de alguns de nós, que gastaram o que não tinham para levar em frente a esperança.

Eu, que vos escrevo, tive a sorte de não perecer de fome (Arroz, feijão, legumes, frutas, guizado, nesta terra tudo dá), estudar em escola pública e odiar de morte a quem tentar me tocar com maldade. Melhor morrer do que levar empurrão ou tapa.

É assustador ler sobre as maldades da internet. Tem a Dark, a Deep, a Under. Nós os otários surfamos na autorizada, a Surface, e nos dizem que somos um para cada um milhão de ogros que invisíveis percorrem o espaço com olhos sanguinolentos, dentes pontiagudos, querendo nos pegar... 

"Bandidos" os há desde sempre, e sempre em insignificante minoria. Dessa minoria, a maior parte para vingar-se de um destino ingrato, burlando as estapafúrdias leis dos mais fortes. À margem, lá ficam, embrutecidos por famélicos, quando não pelo ódio impotente, neste caso se assistidos de visão que compense a ausência de mínima cultura.

Veja-se qualquer favela gigante, do Rio de Janeiro, de Porto Alegre ou de Calcutá, quantos são bandidos? Meia-dúzia de gatos pingados, mancomunados com a polícia, mas surgem nas telas dos noticiários cem vezes por dia. Servem como anestésico, enquanto os verdadeiros bandidos assaltam os lares, a televisão, o banco... A clientela dessa minoria da minoria são os filhos e amigos de quem? A massa sabe, e, que horror, tenta se espelhar.

Não falamos aqui dos artistas da globo, notórios viciados, coitados descartáveis. Falamos dos filhos do "puder" pelo roubo impune. Eu pouco estaria me dando, não fosse o terrível dano que causam ao meu Brasil, das criancinhas, humanos como eu.

Não, não quero conhecer um cracker, e sim um Hacker de verdade, criativo e original, com elevados propósitos, a tecnologia web a serviço de um mundo melhor. 

Como sabemos, hoje a alta tecnologia está a serviço da pilhagem, que eles chamam de "comércio", realizada por banqueiros e fazedores de guerras, que no fundo são os mesmos, com seus asseclas menores, como os políticos e os vilões subalternos que os elegem com a força do vil metal. Quanto aos fins, iguaizinhos aos assaltantes de bancos. Os meios é que são diferentes, os meios dos donos dos bancos, dos bancos que assaltam, sem mover uma palha, sem suar nada, são infinitamente mais poderosos.

Eles matam por dinheiro, assassinam crianças, em todo o mundo, antes pela força naval, depois pelos bombardeiros por cima. Hoje pela rede, pela tela da bolsa de valores. Se você reagir, eles mandam pessoas de empresas de "segurança", de ex-militares, provocarem o seu "suicídio". Como este blog só é lido um ano depois (deferência de Mr. Gugle, quem não o paga não aparece), ainda tenho alguns anos para me preparar para a visita.

Voltando aos bons: não sou contra os assaltantinhos de bancos, seja pela net ou cavando túneis. Até certo ponto os compreendo. Não me tornei um deles, via túnel e maçarico, sôfrego rastejando pela vingança, por exclusiva culpa da senhora minha mãezinha, desde a tenra idade com aquela conversa de que é feio roubar.

Inculcou, ignorando a máxima, a pobre velha, do "Quem rouba de ladrão tem cem anos de perdão". Mamãe acreditava que se galgava altos cargos na república pelos dotes pessoais de conhecimento e seriedade. Antes, moço de 28 anos, eu ria sozinho, amargurado, da pobre velha; agora não consigo, o nojo não permite.

Nojo não dela, jamais, mãe querida, eterna luz, por ela derramo lágrimas, foi feliz por não saber, mas sabia, sentia, que não sabia, e me ajudou. Seis da manhã, aos beijos: "Tu é a salvação, meu menininho, levanta, já para a escola, depois a Biblioteca Pública". Naqueles invernos de gelo do Rio Grande do Sul.

A gente nunca aprende tudo. Eu abdiquei de ser "rico", "famoso", para não me tornar um hipócrita covarde, falso, como todos que vejo no governo do Brasil desde menino, eles e suas explicações para serem como são. Olhem o patrimônio amealhado... Não tenho dinheiro algum. Mas algo aprendi.

Aprendi que não adianta assaltar bancos. Isso é fazer o jogo do sistema, tornar-se um ladrão como eles. Se é para roubar, mais fácil criar um partido político, fundar um banco ou inventar uma seita religiosa, em nome de Christo ou de Che Guevara. Foi para isso que viemos ao mundo? Para viver como nababos enquanto nossos semelhantes morrem de fome? Para nos sentirmos "grandes" ao tratar com gente imbecilizada, cuidando para imbeciliza-la mais, como fazem silvios, gugus e faustões, animais sem cérebro e sem estômago? Que "grandeza" de covardes é essa? Foi para isso?

Isso é o que eles pensam, os animais.

Alguns não têm pudor de usar Cristo, um palestino abrasado de sol que mataram e que, quando conveio, virou romano de pele leitosa e olhos azuis. Os italianos, pelos seus papas, são perfeitos. Que o diga berlusconi.


Quase volto a falar de mussolini e  Ras Tafari, maiúsculas e minúsculas bem colocadas, então, voltando...  até que neste momento seria interessante a invasão de certas contas bancárias, desde que isso servisse para revelar  fortunas mal havidas. Já pensaram a rede mostrando tudo? "Aqui estão, senhoras e senhores, os dados das contas particulares do Sr. Ministro Antonio Homem Público Gatotti e de sua família: estas são as datas e os valores depositados, ao lado os nomes dos depositantes". A seguir os dados dos depositantes, tudo com a comparação aos rendimentos dos empregos dos meliantes.

"Logo a seguir, divulgaremos as contas dos fernandos, dos padilhas, dos eikes batistos, dos meireles bacen, dos gustavos, dos francos, danieis, mendes, gilmar, dantas, e de mais uns 8.171".

Ah, que sonho bom. Ruim por contemplar a escória, mas lindo por sonhar com justiça antes de morrer.

Pensando ainda melhor: já pensaram num hacker Robin Hood, que transfira os fundos mal havidos dos malfeitores para associações de combate à fome, para institutos comunitários de pesquisa. Pesquisa e produção de novas drogas de combate a doenças humanas e a pragas na lavoura, além da invasão e divulgação das fórmulas já existentes?

Uma revolução sem armas.

O texto A rebelião dos homens, do pensador Mauro Santayana (que diz mais do que aqui se diz, supondo a rede visível), me pôs a refletir sobre a revolução promovida pela rede mundial de computadores, já em andamento, mesmo que incipiente no sentido que imaginamos.

Os faraós embalsamados estão aterrorizados. Agora já não precisamos dos seus jornais com notícias - só as que lhes convêm - padronizadas, um flagrante 1984 do Orwell, inventando nossos amigos ou inimigos de acordo com os seus interesses de dominação. Enquanto jogo xadrez online com amigos do Azerbaijão ou da Polônia, conversamos. Em qualquer língua, há tradutores eletrônicos mais que satisfatórios.

Mesmo aqui na colônia  Brazil a blogosfera, à exceção dos grupelhos patrocinados por governos e partidos, que sempre existirão (outro dia vimos o Lula ser aclamado por um bando de blogueiros puxa-sacos, uns cadelos...), está fora do controle dos falsos reis, que obtiveram o poder pela mentira e/ou pela violência, como ocorre desde o início dos tempos. Em breve a rede chegará aos lares mais humildes. Quanto tempo levará para que o mundo mude completamente? Vinte anos? Trinta? Ou dez?

Nesse contexto, penso que a Rede Subterrânea, como prefiro chamá-la, tem um papel muito grave a cumprir. Se eles nos reprimem com bombas, pelos céus ou pelos bairros das cidades, com o inútil revide de alguns grupos humanos, isso vai acabar.

A silenciosa união das populações de bairrros, de cidades, de países, será possível. Poderemos nos defender através da rede, unidos, com pouco ou nenhum sangue derramado. Sem detectar os movimentos, não terão como usar as "classes armadas", como referiu Joracy Camargo em 1932, isto é, usar o povo contra o povo, armando uma parcela em troca de um salário de fome para combater a outra, anos-luz mais numerosa, igualmente com fome porém desarmada, submissa, temerosa. Desorganizada pela propaganda. Não terão como exterminar populações inteiras unidas, imunes à lavagem cerebral promovida pelas suas redes de comunicação.

É sonhar alto demais? Talvez. Uma vozinha me sussurra que surgirão os "guias" messiânicos do Subterrâneo. Ao derredor os josés dirceus da vida, os delatores, os gatunos infiltrados, os prepotentes, os que se acham "o cara", teremos muitos desentendimentos e tal. Sim, haverá tudo isso. Entretanto, se mantida a idéia inicial da teia, a partição dos recursos em grau planetário, ao menos nos livraremos do aparato de guerra e do maldito sistema financeiro tal como é concebido, e da meia-dúzia de gatos pingados que o controla amparados nas classes armadas, como ocorre nas favelas. 

Não é por nada que os múmios tanto falam em "mecanismos de controle" da rede. Não é à rede, pela rede, que querem controlar, naturalmente. É a nós que exigem seguir controlando. A que pretexto? Ora, o de eliminar os "bilhões" de inexistentes criminosos subterrâneos...

Conseguirão?

Por enquanto só sei que desejo ardentemente, mucho, mucho, conhecer um Hacker. Talvez acabe encontrando algum na aula de criptografia. Quem sabe ele até ensine, a este velho náufrago da era da máquina de escrever, a navegar seguro pelo espaço cibernético, reinventando o mundo.

Sonhar sempre nos é permitido. 


2 comentarios:

  1. Salve, Salito. Isso mesmo, agora a "ameaça comunista" não cola mais. Será esse o pretexto, ó nobre anarquista. Lutaremos!

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