Certa
vez por meses guardei dinheiro para casar com a Maria Amelia. Isso bem antes, mas foi em
1.999 que fui. Ela tinha 12 anos a mais que eu, e era famosa cantante. Eu não sabia dos
12, e pouco me importaria se soubesse, e o resto era café pequeno, eu também
era famoso lá na Vila das Nuvens. Eu lembrava de cosas antíquas.
Viajei a Buenos Aires.
Foi educada ao atender o telefone, liguei de un teléfono público da Corrientes. Para o juncal 12-24. Eu no 831 da Corrientes, mas sabendo que ela morava no 348. Eu estava no ano de 1934, mas senti que ela estava em 99, irritada, envelhecida, mas não podia.
Ouviu-me quieta, falei em português, boa noite, sou o teu amor. Riu. Caí mal. Aí lembrei-a, com calma, para não assustar, do desmaio em quarto azul, nuestro cuartito azul, em 1962. Ela paralisou, nerviosa ralhou com alguém, voz de homem, cala a boca, e me pediu para repetir. O quarto azul, aquela vez em que morreremos, em outra vida, te acuerda? Sou o teu par, lembra dos espelhos negros que virão, dos lençóis? Pelo barulho de cadeira senti que ela caiu.
Voltou com voz trêmula, diga mais... Eu sincero, contei tudo, que a amava, que não era brincadeira, falei dos sonhos, ela gelou, lembrou deles, falei que o loco era eu... Mandou beijos, desabou, chorou, compadecida de mim e dela, mas não posso, moço que nunca vi a não ser em sonhos, pois esta vida...
Entendi. Falar desta vida, dos problemas que arranjamos... Desta vida entendo um pouco.
Buenas noches, meu amor, adiós, eu disse, e saí da cabine e tomei um fogo num bar da Lavalle, só o garçom me via, para lavar a alma, depois desintegrei, cheguei em Porto Alegre feito um caco, por milagre. Ela achou que foi assombração.
Nunca a esqueci. Jamais a esquecerei. Ao chegar em Porto Alegre entrei no Mercado Público, meu lugar, para a minha mesa do Naval, e sorrindo me tornei fumaça, que subiu aos céus, lá de cima eu, anjo perdido, adoro ver o Arquipélago, miro a Ilha da Pintada com amor.
Dia destes voltarei, mas não em 1999. Antes, bem antes, quando ela, sem saber ainda, acreditava.
Viajei a Buenos Aires.
Foi educada ao atender o telefone, liguei de un teléfono público da Corrientes. Para o juncal 12-24. Eu no 831 da Corrientes, mas sabendo que ela morava no 348. Eu estava no ano de 1934, mas senti que ela estava em 99, irritada, envelhecida, mas não podia.
Ouviu-me quieta, falei em português, boa noite, sou o teu amor. Riu. Caí mal. Aí lembrei-a, com calma, para não assustar, do desmaio em quarto azul, nuestro cuartito azul, em 1962. Ela paralisou, nerviosa ralhou com alguém, voz de homem, cala a boca, e me pediu para repetir. O quarto azul, aquela vez em que morreremos, em outra vida, te acuerda? Sou o teu par, lembra dos espelhos negros que virão, dos lençóis? Pelo barulho de cadeira senti que ela caiu.
Voltou com voz trêmula, diga mais... Eu sincero, contei tudo, que a amava, que não era brincadeira, falei dos sonhos, ela gelou, lembrou deles, falei que o loco era eu... Mandou beijos, desabou, chorou, compadecida de mim e dela, mas não posso, moço que nunca vi a não ser em sonhos, pois esta vida...
Entendi. Falar desta vida, dos problemas que arranjamos... Desta vida entendo um pouco.
Buenas noches, meu amor, adiós, eu disse, e saí da cabine e tomei um fogo num bar da Lavalle, só o garçom me via, para lavar a alma, depois desintegrei, cheguei em Porto Alegre feito um caco, por milagre. Ela achou que foi assombração.
Nunca a esqueci. Jamais a esquecerei. Ao chegar em Porto Alegre entrei no Mercado Público, meu lugar, para a minha mesa do Naval, e sorrindo me tornei fumaça, que subiu aos céus, lá de cima eu, anjo perdido, adoro ver o Arquipélago, miro a Ilha da Pintada com amor.
Dia destes voltarei, mas não em 1999. Antes, bem antes, quando ela, sem saber ainda, acreditava.
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