Levei cinco paradas de
pôquer, uma atrás da outra, cinco sequências de paus, em baralho de cinquenta e
duas. Tomei a grana deles. Os caras alucinados, roubam e não sabem perder.
O cara mafiosão, os outros
iam por ele, encrencou, insinuando que eu estava roubando, mãos ligeiras. Eu
disse olha, prezado senhor, te mostro que não. Embaralhe, vou olhar pro outro
lado, e eu tiro uma das duas damas de copas.
Olhei para trás enquanto ele
embaralhava. Escorreu as cartas de costas na mesa, pode vir, ele disse. Olhei
para o céu, para além do teto, depois fechei os olhos, e tateando tirei a dama
de copas. A outra eu sabia que estava lá no finzinho.
O muquifo paralisou ao ver
aquilo. O sujeito perdeu o moral em Curitiba. Insistiu, tem algo errado, e eu
disse tiro de novo, traga dois, um só não dá graça.
Vieram mais dois baralhos
novos, total 104 cartas. Ele tirou o lacre e embaralhou, eu de costas. Disse
pronto, me voltei e de novo, mirei o céu, fechei os olhos e novamente com os
dedos da mão direita tirei a dama de copas.
Aí a carpeta estremeceu,
Sentiram que estavam lidando com um louco. Alguns homens me tocaram para pegar
luz. O mafioso-mor ficou de beiço caído, olhar mortiço para a dama querida.
Foi quando de novo fechei os
olhos, estendi a mão, tateando nas cartas, e tirei outra dama de copas, e
outra, e outra.
Ficaram as quatro deitadas
para cima, lindas, e eu disse é isto mesmo, senhores, não sou homem de uma
mulher só, enquanto por baixo engatilhava o 38 com a mão esquerda, pois, sendo
do naipe que sou, há muito tinha decidido mandá-los todos para o inferno.
Tá aí gostei. Ponto.
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