Jacob do Bandolim (Jacob Pick Bittencourt - Rio de Janeiro, 14/02/1918 - 13/08/1969), músico, compositor e bandolinista, uma glória nacional.
Jacob atualmente é conhecido do grande público pelo espetáculo no Teatro João Caetano em 1968, com a divina Elizeth Cardoso, Época de Ouro e Zimbo Trio, que resultou num álbum com dois LP's, na época com edição limitada, mas com reedições posteriores.
Sobre esse espetáculo, diz Hermínio Bello de Carvalho, seu produtor: "Eu me lembro que quando o concerto chegou ao final, o público uivava. Foi uma coisa muito emocionante, eu atrás do palco me senti agarrado pelo Sérgio (“entra no palco, papai está chamando”) — e eu ouvia o vozeirão de Jacob me chamando para receber junto deles os aplausos, a verdadeira ovação que o público, de pé, tributava a ele, a Elizeth, ao pessoal do Zimbo e do Época de Ouro”.
Difícil achar quem nunca ouviu a Divina exclamar, lá pelas tantas em "Barracão" (Luís Antonio - Oldemar Magalhães): Dá-lhe, Jacob...
Se essa participação imortalizou-o junto ao grande público, já em círculos musicais Jacob está sempre presente, adorado por artistas de todas as tendências.
Nunca consegui andar pela noite do Rio de Janeiro sem lembrar do seu choro "Noites Cariocas". Um arraso.
Entre tantas histórias, vai uma.
Na década de 60, levado por alguém, o concertista (piano) russo Sergei Dorenski, então professor do Conservatório Tchaikovsky, esteve em Jacarepaguá, assistindo aos saraus na casa de Jacob. Acabou tocando também. Ao voltar para a Rússia, lá encontrou Arthur Moreira Lima, estudante de piano em Moscou, e lhe contou o que havia vivido e presenciado. Arthur então se comprometeu a lhe conseguir discos de Jacob. Dito e feito: em poucos meses a Rádio Moscou transmitia programas sobre um gênero desconhecido e distante, o Choro, apresentando um virtuoso intérprete, que tirava sons incríveis de um instrumento que lembrava a balalaika, espécie de bandolim russo, de nome complicado de se pronunciar - Jacob do Bandolim.
Morreu aos 51 anos, depois de passar uma tarde em Ramos, numa boa com Pixinguinha. Chegou em casa esbaforido e caiu sem vida nos braços da mulher. Coração muito sensível. .
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01/02/2011: "BRASÍLIA - O senador José Sarney (PMDB-AP) será reeleito hoje, terça-feira, para seu quarto mandato como presidente do Senado, com apoio de todos os partidos da Casa, exceto o PSOL, que decidiu lançar candidatura própria ..."
Lampedusa colocou na boca do ocioso Príncipe Fabrizio Salina a legendária frase: “É preciso que alguma coisa mude para que tudo fique como está”. Créditos para a "esquerda" brasileira, com a exceção noticiada, pela náusea do século XIX que nos invade.
Nos próximos dias Miquirina Segundo parte para Angola, desfrutar de suas merecidas férias.
Ah, Angola, por alguma razão andamos muito tempo enrabichados por lá, o que se pode perceber pelo vídeo que escolhemos para desejar felicidades a Miquirina.
Enrabichado pelas praias, claro, a Ilha.
Olhe, ouça, e relembre o que o espera, compañero Miqui.
O saxofonista é Nanutu (António Manuel Fernandes - Luanda, 03/09/1966). Um arraso.
A música "Cabinda a Cunene", cujo título é como se dizer do "Oiapoque ao Chuí" para os brasileiros, é uma mistura de semba cadenciado com o compá antilhano, dos Irmãos Mendes de Cabo Verde. O semba angolano, como todos sabemos, partilha raízes com o samba e significa "umbigada".
Após o som, vai as bem traçadas do formidável poeta José Sousa (Penacova, Portugal, angolano de corpo e alma), que acaba na última parada de Miquirina em sua viagem.
Por ter ido ao Kwanza Norte
Me enchi de tanta sorte.
Bebi água do Bengo
Agora sou mulherengo.
A mulher de Benguela
Não há outra como ela.
Na província do Bié
Uma mossa me fez café.
Tomando o pau de Cabinda
O pénis arrebita ainda.
Eu vivi no Kwanza Sul
Onde o céu era mais azul.
Tive uma paixão no Cunene
Ela se chamava “Suzene”.
Da cidade do Huambo
Saí e fui ao Lubango.
Entre a savana da Huíla
Vimos um grande Gorila.
Na capital Luanda
Andei por toda a banda.
Com amigos em Luanda Norte
Ao lado deles me senti forte.
Também fui a Luanda Sul
E comprei lá um bule.
Na noite quente de Malanje
Vi dançar um Quinganje.
Também tive de ir ao Moxico
Para ver o meu avô Chico.
Nas farras de Namibe
Todos dançavam o Caribe.
Um dos meus amigos do Uíge
Tinha o nome de Caníge.
Domingo passado, quando falamos que Carlito Yanés foi o churrasqueiro, dissemos também que ele vinha de uma briguinha com Juliana Betsabé.
De fato. O desentendimento deu-se em duas partes. Na primeira, sabendo que a Ju é um tantinho intempestiva, alguém inventou de contar a ela que Carlito foi visto de lero com La Griega, uma pintora uruguaia nascida em Atenas, uma ex..., ahn, ex-namorada dele.
Pronto, armou-se a tempestade. Ju se aborreceu e deu uma estragadinha no doce lar. Na verdade um velho apartamento que lhe servia também de atelier, num local da cidade onde os capangas de Mr. F. Febraban jamais os encontrariam. Depois juntou as suas roupas, seus livros de filosofia, os pincéis e as telas e se mandou para Havana.
Miquirina Segundo viu e fotografou um pedaço.
A segunda parte: Carlito chega em casa tranquilamente e dá de cara com a bela cena. Eletrodomésticos, tevê, som, etc, jaziam na calçada, jogados pela janela.
Foi a vez dele se enfurecer um pouco. Não pelo estado da moradia, mas por ela ir-se embora. Sentiu-se "abandonao". E não é uma boa idéia estar perto de Carlito Dulcemano, "El Gato", quando se encapeta ou se sente abandonado.
Miquirina chegou antes dos bombeiros:
Fica o registro para que nossos amigos, de lá de La Habana (claro que já no domingo ele saiu no rastro dela, como sempre), saibam que, ao retornarem de abraços e beijos, estaremos esperando ansiosos, mas que procurem outro bairro, algo nos diz que não serão bem vindos naquele.
Em outras oportunidades já abordamos o caso Cesare Battisti, principalmente AQUI.
A cada dia nos preocupamos mais, na medida em que sobe o tom das redes de rádio, tevê e alguns jornais, todos pertencentes aos múmios.
Vejamos. A parcela mais torpe da direita brasileira, aquela que defende torturadores e sente saudades da ditadura, do povo assustado, esfaimado catando restos diante das suas mansões mal havidas, que sente saudades de um Brasil ajoelhado diante dos interesses dos alienígenas com quem dividia um butim mais generoso que o atual, pois essa malta de vendilhões da pátria vem martelando, dia após dia, através dos seus cães de aluguel, estes tão irresponsáveis quanto seus chefes: querem o sangue de Cesare Battisti.
João da Noite de há muito advertiu que é clara a intenção de ferir o governo, torna-lo um desgoverno, submisso, envergonhado, desonrado diante do mundo, após ter a sua independência quebrada por uma inaceitável intromissão estrangeira, com a insana colaboração dos golpistas que não se conformam com o demolidor resultado das urnas.
Pois uma coisa os trogloditas já conseguiram. A tortura psicológica a que um homem livre que continua aprisionado vem sendo submetido surtiu efeito. O ódio do âncora da Band espanta qualquer um, imagine-se então o sentimento que causa no sujeito que está indefeso numa cela, sendo ele o objeto do desmedido rancor. Cesare parece ter desabado.
Falou, e pelas suas palavras sente-se o desânimo. Desânimo que não o impede de enxergar perfeitamente o que está acontecendo.
Sostiene Battisti:
"Virei uma moeda de troca para muitas coisas. Se o Lula tomasse essa decisão antes, iam em cima dele, porque me derrotar também é derrotar o Lula. Agora, o objetivo principal da direita brasileira, nesse caso, é afetar o governo Dilma.
Não existe um país no mundo onde a extradição não é decidida pelo chefe do Executivo. Sou perseguido pelo Estado italiano e pelo Judiciário brasileiro. Essa perseguição não é grátis. Não se desrespeitaria por nada uma decisão do presidente da República.
Fabricaram um monstro que não tem nada a ver comigo. É difícil falar disso, essa é a razão pela qual fiquei traumatizado e precisei de um psiquiatra. Só de ver alguma coisa (sobre a Itália) que não tem muito diretamente a ver comigo meu coração dispara, já não me controlo, fico em um estado semiconsciente".
E agora, sabendo-se de que lado está a grande imprensa, quem poderá salvar Battisti e a governabilidade?
Seja firme, Battisti. Não apenas o governo brasileiro deve estar pensando no assunto, no golpe que tenta se armar a partir de um subterfúgio onde algumas vidas nada valem. Muita gente está. Muita gente pensa além: em quem está por trás da extrema-direita brasileira, a quem mais interessa minar o governo brasileiro.
O temor é que algum verdugo resolva manda-lo para a Itália, metendo-o num avião de madrugada, sem tempo para alguma reação. Não cremos que isso ocorra, os bandidos não ousarão, o preço será alto demais para suas covardias.
23/01/2010: Caso Battisti: A moção do Parlamento Europeu para que o Brasil "reveja" a decisão de Lula foi aprovada numa sessão com 86 membros presentes, de um total de 736 que compõem o Parlamento. Dos 86, 77 eram italianos. Desmoralizado, Berlusconi mente para tentar desacreditar uma decisão soberana do governo brasileiro. E a mídia daqui se junta ao direitista governo italiano. E o caçador de garis da Band meta a alardear o pedido de... 11% do Parlamento Europeu, omitindo esse "pequeno detalhe". .
Domingo. Pensamos em repassar a semana. O novo chefe dos mercenários de Mr. F. Febraban, não o conhecemos (ainda), mas da índole não temos dúvida; o senador que emprega a norinha querida com o nosso, 6 paus por mês; o preço do quilo de picanha (R$ 50,00) no supermercado Zaffurtari de Porto Alegre (ontem fizemos churrasco com carnes do Mercado Público, Juanito Diaz Matabanquero recusou-se a ser extorquido); o rombo de mais de 500 milhões na Funasa - pontinha do iceberg do que ocorre na Saúde, por gente do temível patrunfão Michel Temer, e só mais uma, para não nos estendermos em mazelas: o PT gaúcho de amores e cargos com o citado elemento e demais patrunfos do PMDB, seus inimigos na campanha ao governo do Estado.
Conhecemos a frase: "Roubei, mas não fui eu".
Mas sabem de uma coisa? Que vão todos para o inferno, não vamos estragar o domingo. Enquanto a hora dessa gente não chega, que vão ficando com o nosso desprezo.
Hoje quem comanda os espetos é Carlito Dulcemano Yanés, que vem de uma briguinha com Juliana Betsabé, para variar.
Com cervejinhas e assados, estamos curtindo a extraordinária cantora curitibana Adriana Moreira (14/05/69), a seguir em um verdadeiro show, interpretando Oxóssi (Roque Ferreira e Paulo César Pinheiro).
Adriana jamais esqueceu o mestre Candeia, e um dia, passando pela Lapa, judiou dos boêmios apaixonados, com A Profecia. Com essa, destruo o coração do churrasqueiro.
Mais cedo ou mais tarde você vai voltar Pedindo implorando pra lhe perdoar Confesso que na hora sorri E zombei da sua profecia Nos braços de Orfeu me perdi na orgia Andei por aí, muitos sambas cantei Só mais tarde me lembrei Fiz do meu canto E o melhor dos meus versos sua profecia Mas o meu pranto correu quando nasceu o dia Confesso que chorei pelas ruas da desilusão Vagando com amor em meu coração Dos amigos nem sequer me despedi E a boemia deixar resolvi Guardei viola no saco e subi o morro pro nosso barraco Bati na janela e chamei: "Amorzinho!" A vida é tão bela, então vamos viver Hoje é coisa rara alguém gostar Tanto como gosto de você Assim falei Meu amor abriu a porta: Voltaste? Voltei! Hoje é coisa rara alguém gostar Tanto como gosto de você
E assim, abrimos mais una patricita, cerveza da buena. Salve, Carlito! Salve, Adriana!
Hoje falaremos um pouco do Reino Unido. Curiosidades também há por lá.
Arnold George Dorsey é um cantor nascido (02/05/1936) em Madras, na Índia, de pais britânicos.
Chegou à Inglaterra com dez anos, quando os invasores foram mandados para casa, vencidos pela resistência não-violenta de Mahatma Gandhi.
Logo aprendeu a tocar saxofone, depois os amigos a muito custo o convenceram a cantar. Depois de algumas chuvas e trovoadas na vida, com apenas um disquinho gravado em 1958 (que ninguém notou), de repente, aos 25 anos, quase morreu de tuberculose, da brava. Mais tarde, recuperado da doença, tentou recomeçar. Doce ilusão: se antes já era difícil, agora então parecia impossível.
Mas o índio não se entregou. Andou se dando bem na Bélgica e seguia lutando. Em 1965 o nosso Arnold, depois de algumas lágrimas, decide apagar o passado e começar tudo de novo. Bateu cabeça e acabou seguindo o conselho de um camarada, para arranjar um nome artístico, algo mais chamativo, o povo gosta. Assim foi feito: para a sua segunda carreira veio com um pseudônimo, adotando o nome do famoso compositor alemão Engelbert Humperdinck (01/09/1854 - 27/09/1921).
O verdadeiro Engelbert foi um premiadíssimo músico, estudante e professor nos Conservatórios de Barcelona, Colônia, Frankfurt, etc... Por ser amigo de Richard Wagner, acompanhou na íntegra a primeira produção de Parsifal. Inscreveu seu nome para sempre no cenário musical principalmente pela sua ópera Hänsel und Gretel, baseado na obra dos Irmãos Grimm. Enfim, o homem era mesmo famoso.
E a mudança deu certo para o Arnold, agora Engelbert Humperdinck.
Sem ser "cantor", e sim um intérprete estilizado, como se definiu, já em 1967 emplacou nos dois lados do Atlântico.
Começou quando ele foi convidado para substituir outro artista, adoentado, num programa de variedades na TV inglesa, o Sunday Night at the London Palladium. Ali cantou a sua última gravação, a canção Release Me (Eddie Miller, Robert Yount e Dub Williams), de 1946, um antigo hit já gravado nos Estados Unidos por muitos artistas.
Essa regravação pôs fim à supremacia dos Beatles. Foi para o topo das paradas, lá ficando por 6 semanas, em detrimento dos lançamentos Penny Lane/Strawberry Fields Forever dos Reis da época. Permaneceu nas paradas de sucesso por 56 semanas consecutivas. No período em que era a primeira da lista de sucessos, "Release Me" vendia 85 mil cópias por dia.
Quem diria, desbancar os Beatles com uma velha balada country norte-americana. Por essa nem o seu EdwardMonroe"Eddie"Miller(Camargo, Oklahoma,10 de dezembro de 1919, Nashville, Tennessee, 11 abril de 1977), esperava, pois depois da música pronta ele e os parceiros não conseguiam quem a gravasse, o que ele mesmo teve que fazer nos idos de 40.
Os donos de gravadoras tiraram (não entendo esses caras). Mas alguém colocou outra.
Aí foi um abraço, Engelbert Humperdinck definitivamente era outro cara. Nesse mesmo ano relançou o disquinho frustrado de 1958, "I'll Never Fall in Love Again", e todos sabem no que deu. Que mundo.
Em seguida veio com outras duas baladas, "There Goes My Everything" e "The Last Waltz".
Em Las Vegas tornou-se amigão de Elvis Presley, quando Elvis copiou as suas costeletas.
A canção, esta caseira, de autores ingleses, "The Last Waltz" (John Barry Mason - Leslie David Reed) posteriormente foi grande sucesso na voz da espetacular francesa Mireille Mathieu: La Dernière Valse. Aqui para nós, A Última Valsa.
Antes da década de 60 acabar, teve sucesso com "Am I That Easy to Forget", "A Man Without Love," "From Here To Eternity," "Les Bicyclettes de Belsize", "The Way It Used To Be, "A Place in the Sun", "I'm A Better Man," e "Winter World of Love".
Depois as baladitas sairam um pouco de moda, e somente em 1976 voltou a brilhar, com a balada "After the Lovin", que lhe valeu uma indicação ao Grammy. Daí em diante, com o advento do rock demência e outros sons equivalentes, rotularam as suas canções como "xaropes", desinteressantes no que diz respeito à massa popular, o mercado mais cobiçado pelas gravadoras.
Seguiu a vida, gravou, regravou, realizou sem parar shows pelo mundo todo, e hoje é um cidadão feliz aos 74 anos, muito considerado pelos colegas, pois dizem que trouxe da Índia, ainda menino, a sinceridade e a paz de Mahatma dentro de si.
Uma cruz de 10 metros na subida da Serra das Araras (Piraí-RJ), no local conhecido por Ponte Coberta, marca o início de um enorme cemitério construído pela natureza. Lá estão cerca de 1.400 mortos (fora os mais de 300 corpos resgatados) vítimas de soterramento pelo temporal que atingiu a serra em janeiro de 1967. Foi a maior tragédia da história do país, superando o número de mortos da atual tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, hoje acima de 500.
No episódio da Serra das Araras, suas encostas praticamente se dissolveram em um diâmetro de 30 quilômetros. Rios de lama desceram a serra levando abaixo ônibus, caminhões e carros. A maioria dos veículos jamais foi encontrada. Uma ponte foi carregada pela avalanche. A Via Dutra ficou interditada por mais de três meses, nos dois sentidos.
A Revista Brasileira de Geografia Física publicou, em julho do ano passado, a lista das maiores catástrofes por deslizamento de terras ocorridos no país. O episódio da Serra das Araras, com seus 1700 mortos estimados, supera de longe qualquer outro acidente do gênero no país.
Para se ter uma idéia do que ocorreu na Serra das Araras basta comparar os índices pluviométricos. A atual tragédia de Teresópolis ocorreu após um volume de chuvas de 140mm em 24 horas. Na Serra das Araras, em 1967, o volume de chuvas chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro de água em um oitavo do tempo.
Mas o episódio da Serra das Araras parece ter sido apagado da memória do país e, especialmente, da imprensa. O noticiário dos veículos de comunicação enfatiza que a tragédia da Região Serrana do Rio superou o desastre de Caraguatatuba em março de 1967 (ver abaixo). O caso da Serra das Araras, ocorrido em janeiro daquele mesmo ano, sequer é citado.
Até a ONU embarcou na história e colocou a tragédia atual entre os dez maiores deslizamentos de terras do mundo nos últimos 111 anos.
O texto acima é a parte inicial de matéria do jornalista Aurélio José Fernandes de Paiva, publicada no dia 14/01/2010 no jornal Diário do Vale, do Sul Fluminense. Veja AQUI.
Os 44 anos da catástrofe mostram o perfeito retrato da incompetência e do descaso das autoridades, da politicalha.
O filme "Scent of a Woman" (Perfume de Mulher) norte-americano é de 1992, um água com açúcar fantasiado com pseudos implicações psicológicas, adaptação do original italiano "Profumo di Donna", de 1974, este melhorzinho.
Com os costumeiros zilhões gastos em propaganda, a alma do negócio, fez muito sucesso junto ao distinto público, então com boa vontade e em respeito direi que é de sétima categoria, ahn, nona, em escala até dez.
Mas deu-me o que pensar: por que diabos meteram o tango "Por una cabeza" (Gardel/Le Pera) na fita? O tango é muito bonito, porém não tem nenhuma conexão com a lenda do ex-milico cego do abacaxi.
Recordemos a adaptação ianque: o tal milico planeja se matar por sentir-se culpado pela morte de um soldado, colega de terrorismo, mas como não é assim tão bobinho, antes resolve cair na gandaia, divertir-se, sorrir, eta vida boa, viva!
O sentimento de culpa?, entendo: certa vez derramei meia de conhaque em cima de uma plantinha, sem querer, e matei-a. De outra vez levantei a voz 0,01 decibelímetro com um amigo querido. Entendo o sentimento de culpa. Pero suicídio é matéria grave demais. Ninguém planeja uma coisa dessas e sai a meter o pé na jaca. Não me convenceu, decididamente. Bobagem do roteirista de Óliúdi para hacer la cabeza de las colonias, incluindo a colônia do Brazil, cumprindo ordens do Pentágono. Mais uma bobagem, entre as centenas que mandam todos os dias. Política de dominação, como sempre, bandeira e farda. Pelo retrospecto isto não deveria, mas ainda me espanta a desfaçatez com que aplicam rústicas inverossimilhanças, insultando a inteligência dos escravos, eu junto.
Bem, na estória tem um soldado do império morto, o soldado, não o império, muito lamentável... das centenas de milhares de crianças vietnamitas, para ficar com as vítimas de apenas uma de suas sangrentas estrepolias pelo mundo, nem um pio? Em homenagem a elas o camarada saiu festejar em restaurantes caríssimos, dirigir bólidos e se pendurar em mulherões?
O fanfarrão (sei tudo, guri) é vivido por Al Pacino (excelente profissional, faz bem o que treinou a vida inteira, grande ator, talentoso, e é isso que importa nos artistas, o que é como ser humano não se sabe nem interessa), que fez horrores por baixo dos panos para levar aquele Óscar para os piores cegos, os que não querem ver. Bem, essa é outra estória.
Em razão da dancinha do gorila cego, com uma mulherzinha que parecia a sua neta, subitamente o velho tango, clássico, tornou-se um sucesso maior do que quando foi gravado por Gardel. O "puder" da máquina é conhecido.
"Por una cabeza" fala de um apostador viciado em corridas de cavalos, obviamente deprimido por perder os tubos numa carreira, por una cabeza, num dia em que está com uma bruta dor de cotovelo por causa de uma pinguancha mui vagaba e maleva, como ele, possivelmente com o agravante de ter sido contemplado com um sombrero de vaca, naqueles anos de boemia duvidosa. Hoje poucos argentinos sabem o significado de "la via", no verso: "... cuando estés bién en la via, sin rumbo, desesperao", do Discepolín (Yira, yira), mas sabemos que "la via" era um beco sem saída atrás do hipódromo viejo, lá no fundão, no escuro, longe, onde os loucos iam se matar depois de perderem tudo em patas de cavalos. Mas aqueles pobres homens, que se embriagavam antes do tiro fatal na cabeça, não eram em nada assemelhados ao covarde americano do filme. Discépolo cuidou para não colocar na última estrofe, pois era um homem de amor, e pegaria mal, mas colocou antes: "Qué importa perderme, mil veces la vida, para qué vivir". Pou! Nada a ver, certamente os "autores", os que escrevinharam o besteirol, nem sonham com essa parte, desconhecida, hoje, de grande parte dos próprios argentinos. Como eu sei? Ora. Um clássico, por retratar certo momento da história e da boemia de Buenos Aires, os sentimentos da classe sofrida, um retrato daquele tempo, de boêmios sexualmente agressivos, corajosos, ao som lamentoso do tango-milonga, mescla de canyengue, sincopado en doble compás, a morir. Pensando bem, até que o patrunfo Alfredo James Pacino (NY, 25/04/1940) leva jeito para encarnar o chifrudo na telona, vai de graça a idéia (sim, prefiro idéia com o agudo, brilha como pensamento fértil).
Nunca entendi o porquê desse tango, especificamente, ser escolhido pela grande indústria cinematográfica para o milionário besteirol. Para o bailado com a garota, destacando a "sensibilidade" da referida e do gorilão, melhor seria o pegajoso, para uns, lindo, para outros, "O Barquinho" (Menescal/Bôscoli). Se o filme mostrasse em flashback o lado obscuro de suas guerras, do seu guerreiro deprimido, a trilha sonora de Apocalypse Now, "Die Walküre", do Wagner, cairia como uma luva.
Até que um dia, ah, um dia... enquanto olhava no tabuleiro de xadrez uma Inglesa Simétrica que pendia para o lado das brancas de Carlito Dulcemano Yanés, ele reclamou da indústria do uísque, não eram mais as mesmas, o preço era o mesmo mas a qualidade havia caído. Eu mirava a arena, pensando em me jogar de bispos para cima dele, e num repente a palavra "indústria" estourou na minha cabeza. Indústria... Indústria cinematográfica.
O maldito substrato material. É produção em série, linha de produção, nada a ver com arte. Além de fazer a cabeça visa lucro, muito lucro. Fazem o possível e o impossível para cortar custos. E com esse pensamento fui atrás de uma explicação. Bingo!
"Por una cabeza" já não tinha direito autoral a ser pago, havia caído no domínio público em 1985, quando se completaram 50 anos da morte dos autores. Mais alguns aninhos para o processo de partilha, e em 1990 estava na mão. De graça. O grande uruguayo Carlos Gardel e o paulista Alfredo Le Pera, como todos sabemos, tragédia que abalou o hemisfério, morreram juntos numa queda de avião em Medellín num Dia de São João, em 24 de junho de 1935. Compañeros hasta la muerte.
Depois, passei a refletir: pero, e se quisessem mesmo um tango naquela patranha? Para sugerir amor, solidão, tristeza, sofrimento, havia tantos tangos disponíveis... Bem, melhor não pensar mais nisso, arte não se produz em indústria.
Mudando de conversa (onde foi que ficou...), vai um tango para Maurício Tapajós, onde quer que esteja, e Hermínio Bello de Carvalho.
Um tango plangente, a vida desfilando nua em rotação 78, um dos mais belos de todos os tempos, que encantou e ainda encanta o planeta.
Como todos sabem, Discepolín morreu em 1951, porém Marianito Mores, para felicidade de todos quantos amam música de qualidade, está vivíssimo e feliz em Buenos Ayres, prestes a comemorar 93 veranos. Se quiserem colocar essa maravilha em filmes, Mariano Alberto Martínez está pronto para as negociações.
Canta ele, Roberto "El Polaco" Goieneche, com a Orquestra Típica de Anibal "Pichuco" Troilo (Anibal Carmelo Troilo, Buenos Aires, 11/07/1914 - 18/05/1975). A plantinha (Comigo Ninguém Pode) renasceu, milagrosamente, após uma semana, e nunca mais lhe derramei nada além de água. O meu amigo recuperei no mesmo dia: levantei a voz às duas da manhã e às nove eu estava sentado no muro em frente à sua moradia, para me desculpar. Ele saiu às onze e caiu para trás ao me ver, dizendo que já sabia, não precisava, seu bobo. Caí de joelhos igual e pedi. Quase ficou de mal comigo por me ver assim nervoso. Saímos tomar um chope às onze da manhã de um sábado, depois de ele certificar-se de que eu estava desarmado, pois entrou numa de que eu queria matar o Delfim Netto por algo que eu teria visto. Bobagem dele, se fosse sair matando pelo que vi, aquele senhor seria um dos menores. Bons tempos. Saudades, Patinho.
. A obra pictórica é da artista rosarigasina Patricia Vidour. .
Na foto, em desleal campanha (como todas o são) para a presidência da Câmara dos sem-vergonhas, o patrunfo Sr. Marco Maia é aplaudido por patrunfos do RS, a dita base-geléia de apoio, todos fazendo cara de homens sérios e felizes. Na ocasião, o intrépido patrunfo diz palavras de..., bem, de... hummm..., deixa ver, ah, conversa mole de patrunfo, alguma patrunfada para iludir o povo.
Sim, o patrunfão Sarnoso Ney, proprietário do cabaré da energia elétrica, é grande apoiador do indivíduo.
Sim, sabemos que os patrunfos de direita são ainda piores, mas estão fora da disputa, ou melhor, estão apoiando (!) a "esquerda" patrunfante.
A postagem vai a propósito da inauguração formal do verbo patrunfar, bem como, especificamente, do adjetivo "patrunfo", que pode virar substantivo (e me socorram os admiráveis co-velhos da Academia), última invenção do João da Noite. O significado, diz ele, é de acordo com a cabeça de cada um. Nós pensamos em algo bem feio.
(Foto: Marcelo Bertani)
14/01/2010: {João da Noite: "Execrado publicamente por corrupção de menores e muitos outros bichos, a um passo de ser defenestrado do governo, cadeia à vista, surgem agora mais de duas mil italianas na campanha 'Basta!', dizendo ao patife do Berlusconi que nem todas as jovens italianas são prostitutas". (Pois é, parece que a tentativa de desviar o foco das atenções com a cabeça de Cesare Battisti não está funcionando...)}