viernes, 19 de diciembre de 2014

Gatolino é um mão de gato

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Tem algo errado aqui em casa. Saí às cinco da manhã buscar as mulheres no trabalho. Viemos em seis táxis, elas tomaram seu suco de couve com laranja, e casca de maçã, gengibre, uma guarapa. Tomei um pouco daquela droga. Depois comeram os sanduíches naturais que também deixei na mão. Mato-me trabalhando por elas, e ainda tenho que ficar fiscalizando aquela negra gostosa, gostosa nada, um terror de boa, que vem tirar o pó e lavar o chão do apartamento, de quatro com aquela bunda chacoalhando, roupinha diminuta e me olhando com ar de..., deixa pra lá. Homem sofre.

Dormiram, as tadinhas, cansadas de uma noite trabalhosa na boate. Botei um bolero no som e contei a grana que deixaram em cima da mesa da sala. Doze mil. Cada uma, em média, ganhou quinhentos paus. Uma miséria, mas pra fim de ano tá bom. Separo os mil e duzentos delas, os 10% de suas pequenas despesas, camisinha, batom, calcinha, e embolso o restinho que é meu, nosso, mas sou o responsável, depois vou depositar na poupança da CEF, em nossos nomes, 25 pessoas, mas que só eu posso tirar a grana, tá lá escrito na ficha, ninguém toca, só eu, sou de confiança. Na verdade ta só no meu nome, mas para não deixá-las nervosas outro dia eu trouxe umas fichas de papelaria e mandei que assinassem, dizendo que era da Caixa.

Tudo certinho até aqui.

Aí procuro a garrafa de uísque que ganhei de presente de uma amigona, de aniversário (meu Deus, preciso retribuir, me esqueço das pessoas que lembram de mim), um Ballantine's de cinema, uns 120 anos de idade, eu com água na boca. Nada. Achei a caixa linda que lhe servia de embalagem embaixo do sofá na salinha dos computadores.
Meia hora me batendo atrás e achei o casco atirado no piso da sacada, atrás da minha plantinha "Comigo Ninguém Pode" que carrego há anos, deixo tudo, roupas, cacos, mas ela nunca, vai junto. O casco vazio, claro.

Como as mulheres não bebem uísque concluo que foi o Gatolino que bebeu. Esse gatinho me paga: a Academia de Samba Praiana terá tamborim novo, natural, no carnaval. Ano passado ele se salvou por um triz, as mulheres entraram numa de que eu que fiz algo, e não ele, mas desta vez será diferente.

Peguei minha adaga missioneira e saí atrás dele, rosnando hoje te pego seu fiadaputa, vasculhei o apartamento, e quem acha? Sumiu, tu chama e nada, culpado é assim.

Que vida. Homem sofre. Vou tomar uma vodka com guaraná, é o que tem.

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