lunes, 20 de octubre de 2014

Pai, estou chegando agora

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O samba é assexuado, ai que samba, de homens para mulheres, de mulheres para homens, mulheres para mulheres, homens para homens. Almas para almas. Eu dormia numa rede cearense, lá perto da Praia do Futuro, e sonhei, me senti culpado. Fui culpado. Larguei tudo e vim para o Sul.

Cantei para o meu pai. Talvez o velho gostasse mais de um tango, ou de uma milonga, mas eu vinha da boemia... Ele entendeu... sei que sim, daquela vez em que lembro bem.

Da vez em que sozinho num entardecer de verão, quase sete da tarde ou noite, eu não achava o túmulo do pai, eu fui lá fazer não sei o quê, se ele estava morto. E não achava, não sabia o número, o escritório do cemitério já fechado. Chegado de viagem direto.

Mas queria achar, depois de cinco horas de ônibus, outras tantas antes de avião desde o Ceará, então me deu uma coisa, fechei os olhos e saí andando naquele cemitério cheio de percalços, um descidão, caí muitas vezes e fui indo, me machuquei numa queda pior, me arrastei, levantei, mas não abri os olhos. e segui feito bêbedo, bailando por entre cruzes, tropeçando, pedindo desculpas e cego voltando e as colocando em pé novamente, pelo tato, ao voltar e arrumar sentindo que os seres ali depositados ficaram meus amigos, sonho meu, como amigos, mas sentia que diziam vai em frente, nem precisa arrumar cruz velha, não mesmo, jamais, com as mãos e unhas cheias de terra eu arrumava.

Até que parei, é aqui, abri os olhos e estava na frente do seu tumulozinho. Nervoso depois contei às minhas irmãs e elas me olharam duvidosas, eu também estranharia, mas aconteceu, e sei que não sou bruxo, não quero ser, ninguém é. Mas aconteceu.

Hoje meu amigo Paulo Vicente entendeu o que falei, entenderia isso que falei acima se fosse meu amigo na época, porque ele tem o paizinho, e vai cuidar, abre mão de Porto Alegre pelo ser que, com a mãezinha que já partiu, o cuidou.

Almas. Suponho que Paulo pense algo semelhante.

Eu cantei em frente ao tumulozinho, e os funcionários do lugar não me estranharam quando vieram atraídos pela canção, ao contrário, vieram dar abraços, toques de mãos, mãos acariciando meus cabelos de passagem, não fique nervoso guri. Todos homens e mulheres feitas, de algum modo me entenderam. Então lembrei que o pai era um cara bom, simples, de dividir o pouco que tinha, e repeti a canção, agora dedicada a cruz do meu pai e a todas as cruzes que me trouxeram aqui, e pedi perdão de joelhos por não dizer seus nomes que não sabia.

Ninguém pensou que eu era louco, pai, como me achavam em outros lugares.

E desta vez os funcionários cantaram juntos, passava mais de duas horas que deveriam ter fechado o lugar, era nove e meia da noite.

Outro dia volto. Torno a lhe pedir desculpas pela incompreensão, eu era uma criança. Perdão. 

Estou chegando agora, pai, e não saio mais.

jueves, 16 de octubre de 2014

Amigos para siempre

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Hoje li que o reflexo das eleições no facebook é desastroso: é um tal de eu te excluo, tu me excluis, nós nos excluímos... O mesmo para o verbo "bloquear".

Não acho que a palavra "desastroso" seja adequada, pra mim é muito normal. Note-se que levo muito a sério a palavra "amigo", se o idealizador do espaço quisesse "conhecido" assim teria chamado aos viventes que adicionamos em nossas vidas.

Como começamos uma amizade? Alguém nos apresenta a alguém em um bar, num aniversário, em qualquer ambiente social, e começamos a conhecer a pessoa, e ela a nós, com nítida vontade de ser amigo, isto é, começo dando nota dez para a pessoa, que pode se manter ou diminuir à medida que a conheço.

Isso para desconhecidos, mas também para pessoas que não vejo há séculos, amigos de infância por exemplo. Amigos não, colegas de infância, que a lembrança da infância nos faz pensar em amigos. Amigos eram o Pato, Ivens e outros, que não por acaso eram petistas ou comunas de carteirinha, fundadores do PT os manos citados, eu era PCB na infância.

Aí que de repente me surpreendo com um amigo novo, ou de infância, defendendo a ditadura militar, por exemplo. Como ele não é analfabeto, obviamente que sabe o que se passava nos porões da Redentora. Francamente, meu amigo jamais será, daí que simplesmente o excluo do meu rol, nada mais normal. Sem raiva, naquela de fica na tua que eu fico na minha, camarada. Do mesmo modo que passaria a evitar aquele que me foi apresentado num bar ou num aniversário e no seguimento se mostrasse meu oposto, com características que desprezo.

Perdi uns cinquenta, aliás, perdi não, pois nunca os tive. Alguns, confesso, com o coração sangrando de decepção. Porém ganhei setenta.

E assim, ao fim e ao cabo, os que restarem e eu, após nos conhecermos, a cada dia mais, seremos amigos para sempre. Eles serão "dos meus", e eu serei "dos deles". Quando mencionar os seus nomes, ou eles mencionarem o meu, todos diremos com alegria e orgulho: "Esse é dos nossos!".

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Post Scriptum: Já contei isto em algum lugar, mas vem a propósito. O maior elogio que recebi na minha vida aconteceu no bar Carpe Diem, em Brasília. Estava eu e a Dora Kramer (Doramaria Tavares de Lima Kramer, a Dorucha que não é de esquerda, mais pra centro-direita, mas sempre me respeitou, sempre teve honestidade intelectual) e umas 20 mulheres de imprensa, JB, Globo News, Band, etc. 

Os machos eu mandava sentar longe, lá do outro lado do bar, eu de chapéu sou perigoso, e como ninguém queria levar um tiro, obedeciam. Uma festa: eu no meio do mulheril declamando Quintana (entre outras: "Ó, senhora minha, eu vos peço, permitais, que eu coloque aquele com que mijo, naquela com que vós mijais"), elas lá os seus, e cantando mpb, fomos do meio-dia de um sábado até a meia-noite, quebramos o boteco, tiveram que buscar mais barris de chope, foi quando provei às amigas e ao bar inteiro que Nei Lisboa dava de dez a zero no Caetano, ao cantar "Deixa o bicho". 

À meia-noite elas cochichavam antes de sair, e nomearam Carmen Kozak para falar em nome de todas. O discurso foi breve, Carmen se levantou, respirou fundo, disse o básico de prazer e tal pelo dia de hoje e exclamou o recado que os cochichos combinaram: "Sala, tu é das nossas!" O burraldo aqui ficou tão emocionado que esqueceu de convidá-las, todas juntas, para um motel.
PS2: Não briguei com ninguém, só sorrisos. Apenas os machos que mandei se sumirem, aqueles babacas. Na verdade não pensava em engrossar, mas o primeiro deles se chegou metido a engraçadinho, a maldade exposta, aí... Lembrei, ele em pé diante das mulheres, procurando cadeira pra puxar naquele mundão de mesas juntas: "Dora, esgotou o estoque de Brasília e está importando gaúcho?". Teve sorte de não levar o tiro ali mesmo, por abobado e porque sou calmo, a Dora era apenas amiga. Olhei sério pro sujeito e disse: "Vou contar até dez, se não sumir morre agora". E comecei: um, sete,...

Ele viu que eu era ruim de fazer contas, perigava do sete cair no dez, e se fugou.
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domingo, 12 de octubre de 2014

E a nave vai


Felizes somos nós, que as temos, em todas as formas, como sobrinhas, como adotadas, como supostamente próprias, do jeito que Deus quiser, desde que tenhamos amor pelas criaturas.

Dia de Criança é todos os dias.

Às minhas meus sentimentos passarão despercebidos, mas elas olharão e ouvirão um dia, pois a elas vai uma música, já nem sei se posso, afinal talvez não seja do dominador ingreis, ah, deixa pra lá, vou botar sim.

Salvo o início, vai meio fora de ordem de nascimento, sei mas agora não vejo razão alguma para me esforçar, lembrar, andei bebendo.

Carmen Matamoros, Maria Helena Mendonça, Regina Lemos, VivIane Moreira, Karina Martins, Dione de Jesus, Jucilene Quiroga, Sônia Sem Nome, Catarina dos Santos, Maria Sem Nome, Luciana Dal Vitta, Vilma Conceição, Zilda Rodrigues, Lunera Paraguas, Lunera Aflición, Julia de Rosário, Carolina Herrera, Natividad Ferreira, Silvia da Silveira, Libertad del Rio, meu deus, onde botei as certidões das outras meninas, deixei na outra caixa?

Todas com o sobrenome Luna. Se não fui o pai que deveria ter sido, jamais deixei faltar comida, tentei ensina-lás a viver, a dançar rindo com o paizinho o bolero La Barca, troquei suas roupinhas, passei paninho úmido nas partes, cresceram, falei para se cuidarem com malandrinhos malcriados, comprei livros, música boa, ah, Mozart, e botei a cara e o corpo por elas com os olhos arregalados quando preciso, de punhal ou pau de fogo na mão. Dei tudo, fiz o que pude. 

Todas, negras, morenas, malaias, brancas, me saíram e eu vi ao nascer, de olho azul. Gen recessivo, seu moço de olhos castanhos, me disse uma cientista quando uma duvidosa mulher - dos seus atos - foi atrás para saber: todas minhas, DNA. Que pouco me importava, eu criei, seriam minhas ainda que o exame dissesse outra coisa.

Tem gente que pensa que é, mas não é o cara, não se pode tudo, nossos filhos não são nossos, como disse o outro.

Alguém da família, volante que encarreguei, me disse que elas, todas, em suas diferentes vivendas, choram ao ouvir o bolero. Lembram de mim.

Mal sabem, as crianças, que foram elas que me salvaram a vida.


Obrigado, minhas filhas.

(Não acho fotos... opa, achei duas)

Natividad Ferreira, doce amor.


E Carolina Herrera, esta num desfile em Saigon, peguei de uma revista quando bati os olhos, epa, está é minha.


miércoles, 1 de octubre de 2014

Bruno Contralouco e as eleições, n'A Charge do Dias

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Terça à noitinha, dia 30 de setembro, depois de longo tempo sumido apareci no Botequim do Terguino, no Beco do Oitavo, para tomar umas cangibrinas e confraternizar com a turma. Uma beleza: Salito pra cá, Salito pra lá, abraços e beijicos das mulheres, abraços e tapas nas costas dos marmanjos, eta vida boa.

Conto como se lá estivesse agora, foi assim:

Ao chegar topo com Jezebel do Cpers, Ain Cruz Alta, Aristarco de Serraria, Clóvis Baixo, Chupim da Tristeza, Gustavo Moscão, Janjão do Bongô, Jucão da Maresia, Jussara do Moscão, Lorildo de Guajuviras, Lucas da Azenha, Luciano Peregrino, Marquito Açafrão, Mirtinha, Nicolau Gaiola, Silvana Maresia, Tigran Gdanski, Walter Schiru, Wilson Schu e Zilá do Chupim em mesas reunidas. Falta muita gente ainda. Wilson Schu me sussurra que Bruno Contralouco pela manhã teve problemas no Mercado Público, o pessoal aguarda pela chegada do advogado da confraria, o notável boêmio Carlinhos Adeva, para saber dos detalhes, pois parece que enjaularam o ídolo da gurizada do bairro.

Nestas alturas do campeonato claro que falavam das eleições. Aristarco de Serraria interrompeu a sua fala para os abraços da minha chegada, o tempo de arrastar uma cadeira, amenidades e tal, depois concluiu o seu raciocínio sobre a política de coalizão de pássaros, entre estes alguns urubus, com ratos. Belo raciocínio do filósofo das ruas. Tal a saudade do ambiente que meu primeiro liso de dyabla verde (o absinto caseiro, ou pinga em conserva com losna, ó leitores) entrou num tiro só, taiaiau.

Tigran Gdanski toma a palavra:

- Sabe, gente, depois que o Contralouco destruiu a tevê nova na semana passada, fiquei louco de curiosidade de olhar o horário político, mas ainda não tive peito para assistir, receio que me dê um treco, não tenho mais vinte anos, ninguém está livre de um AVC...".

Com os cenhos franzidos todos desaconselham cometer essa temeridade. Aí eu soube que além da antiga, quando arrebentou a coitada quebrando junto duas cadeiras do bar, o Contralouco destruiu a que a substituiu, esta das caras, uma enorme magricela chamada de Full HD, quando apareceu a fundamentalista - no dizer deles - Marina na tela. 

A turma já fez outra vaquinha e encomendou uma tevê maior ainda, de plasma ou algo assim, dividindo o preço por umas trinta ou quarenta almas não dói no bolso. O Contra disse que pagava sozinho, mas o pessoal não aceitou sob o argumento de que naquele dia ele fez o que todos queriam fazer. Combinaram que com a próxima não tem choro: somente será ligada para ver futebol, pois temem que apareça a Ana Amélia ou o Nazier na tela, aí já viu, o índio destrói de novo. Se bem que o sarcástico Clóvis Baixo pediu ao Contra para na próxima ir em casa - mora perto - pegar o 38 e dar uns tiros no aparelho, economizaria cadeiras.

Os camaradas seguem falando mal dos políticos. Tigran Gdanski pede a atenção e lê algo no jornal: a Bolsa de Valores tornou a cair diante das pesquisas a favor da Dilma. Então ele faz analogia com um dito certeiro e irrepreensível do Brizola, que falava que se a Globo é a favor, a gente é contra; se ela é contra, a gente é a favor, para dizer o mesmo quanto aos especuladores, picaretas e parasitas do mercado de capitais, isto é, os filhos da puta.

É cedo ainda, a noite avança, conversas paralelas, piadas, risos, mas percebo no ar a latente preocupação: todos sentem que o Contralouco obviamente teve problemas com os meganhas, isso é do seu jaez, como diria a boêmia Dulcinéia de Cervantes. Renovam as bebidas.

E trago não falta, como já expliquei em outra oportunidade. É um tal de "merengue", “veneno”, "repolhuda", "pré-sal", "fada verde" (o mesmo que dyabla verde), “rabo de galo”, “pau na coxa” (eca, coisa mais nojenta), "petróleo", “trigo velho” e por aí vai. Por exemplo, se o boêmio pede: "Salta um petróleo!", é uísque vagabo, o cara anda mal dos pilas. Se diz "Salta um pré-sal!", aí é mais embaixo, uísque mais caro. Petróleo e Pré-sal são invenções de Ivorix Getuliano Piazza, um italiano famoso como só, que volta e meia aparece para rever os amigos que um dia. O lendário boêmio parou com a bebida e baixou a bola depois que recebeu uma longa carta do seu figueiredo, entregue pelo médico, com graves ameaças de retaliação caso prosseguisse ingerindo litros e litros de groselha.

Lá pelas nove e meia da noite eis que enfim adentra no botequim o Bruno Contralouco, acompanhado de Carlinhos Adeva e do honorável João da Noite. O gaúcho entrou cantando: “É primavera, te amo...”. O pessoal quietinho em suas mesas, esperando o que o maluco iria dizer.

- Bah, não pensem que eu tava preso, o Carlinhos me tirou das garras da justa. Fiquei só quatro horas dentro daquela delegacia de merda, só não apareci aqui antes porque arranjei outra enfermeira do Pronto Socorro, a Daisy, ela me disse que o seu nome quer dizer Primavera em inglês, e é a primavera em pessoa, ela que me fez os curativos e depois fomos pra casa dela.

Bateu os olhos em mim, que estava meio encoberto pelo Janjão que é um armário, e correu para o meu lado me dar um abraço, dizendo:

- Bah, Salito, me disseram que tu tava empernado no Rio de Janeiro!

Gustavo Moscão, que como o Contra se irrita fácil, atropela a conversa, quer saber que diabos houve no Mercado Público pela manhã. Silêncio no bar, Bruno Contralouco emborca metade do seu pré-sal e começa a narrar a aventura. João da Noite e Carlinhos Adeva sorriem complacentes.

- Foi nada, aqueles babacas exageram as coisas. Eu fui jogar na Quina naquela lotérica da entrada e comprar charque na Banca Central, que acabei não comprando. Foi entrar no Largo Glênio Peres e voaram uns cem vagabundos em cima de mim, com papo furado e empurrando santinhos. Para o primeiro que quis me enfiar uma propaganda de um tal Onyx eu disse: “Vai tomar no teu cu”.

A Dra. Jezebel do Cpers chacoalha a cabeça e olha para o João da Noite com ar de quem diz: “O bicho segue o mesmo, não tem solução”. 

- Gostei da resposta que dei e fui distribuindo vai tomar no teu cu até o portão principal do Mercado, quando entrei na fila da lotérica. Tava pensando em quebrar a cara de alguns ali no Largo, preciso alcançar o Moscão, que já surrou uns cem cabos eleitorais desde julho, eu peguei só uns oitenta, mas eles eram muitos, e tinha milico pra todo lado. Cabo eleitoral grandudo, não os coitados que eles pagam para entregar papelzinho.

Gustavo Moscão fica todo pimpão por ter o seu feito lembrado, mas dá de ombros e acena com a mão, humildemente, a transmitir que foi cosa poca, acrescenta que até domingo pretende pegar mais uns vinte.

- Da fila da lotérica ouvi um discurso esganiçado muito vulgar de um elemento metido a interiorano, querendo poetizar um esperto mandalete da RBS para levar o povão no lero naquela de "semos igual a tu". Os berros do cara me incomodaram e gritei de lá: “Sai, puxa-saco de merda, vai dar pra quem te come!”. O cara ouviu e se enrolou, mas seguiu na lenga-lenga, acho que estavam gravando pra engambelar a massa no horário político, se é que pode passar maranduva. A fila andou e fiquei quieto, já tinha dito o que tinha que dizer. Pois não é que de repente os caras invadiram a lotérica, fotógrafos, filmadores, puxa-sacos e o próprio candidato? E o tal candidato vinha puxando assunto com os boca-moles como eu, um por um na fila. O cara da minha frente quase chupou o pau do sujeito, todo encantado, eta povinho bem desgraçado, aquilo terminou de me aborrecer. Quando veio em mim armei a maior cara feia que pude, o elemento me olhou, sentiu o drama, mas ainda ousou falar, político é foda: “O senhor já tem candidato?”. Fui cortês, não o mandei tomar no cu, afinal não veio me empurrando santinho, mas respondi: “Não é da tua conta, não te conheço, meu, que conversa é essa de vir tomando liberdades?”. O careca empalideceu e resolveu seguir seu caminho, sentiu que comigo só teria desgosto. Porém o puxa-saco esganiçado metido a declamador, que vinha na comitiva se fazendo de um popular, resolveu tomar as dores e disse: “Mas como tem gente mal-educada...”. Respondi tranquilo: “Mal-educado é o teu pai, filho da puta!”. Aí fechou o tempo. Enroscou o pelego quando meti o braço num milico, veio por trás e pensei que era um deles. Aí fudeu tudo, vieram uns dez e me algemaram. Enquanto me arrastavam para a viatura ainda tive tempo de gritar para aquele bando de abobados: “Vou de Olívio, otários, que não precisa se fingir de gaúcho!”.

A conversa segue, todos têm algo a perguntar ao herói, mentalmente me distancio. Pela janela vejo que cai uma chuva fina sobre o Beco do Oitavo. Propícia a recuerdos de uma morena... mas isto é impressão pessoal. Cícero do Pinho entra no Botequim se desculpando pela demora, logo desencapa o violão.

A noite de ontem acabou cedo, às três da manhã de hoje, pois muitos logo teriam que pegar no basquete. Na saideira como de praxe cantamos juntos “A volta do boêmio”. Ao final, quando chegamos no "É de mim que você gosta mais", o Bruno Contralouco emendou a mil: “É primavera, te amooooo”.


Sabendo-me de volta aos pagos, hoje os beberantes que não são chegados ao basquete, e não são poucos, se apressaram em mandar as charges que acabam de escolher. Arguindo que há muito a coluna sumiu, mandam quatro obras, três pelos cantineiros, mais a da coordenadora Leilinha Ferro, filha do Terguino. Aceito.

Aroeira, no Brasil Econômico. Nesta, informa Leilinha, os psicólogos de bar mandam dizer que está provado cientificamente que o sujeito que discrimina homossexuais tem lá suas razões, dentre estas uma bruta coceira num lugarzinho, mas como é um covarde preconceituoso sufoca o instinto e fica julgando e criticando quem não o é. 



Mariano.

Myrria, de A Crítica (Manaus).



E miss Leilinha Ferro, a luz que ilumina os olhos dos camaradas, provocou muitos risos aqui na palafita, com o S. Salvador, do Estado de Minas.

A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que..., bem..., se fundiram em 2012 (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.
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miércoles, 24 de septiembre de 2014

Perfídia (22) - Manuel João Vieira

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Voltamos com a música mais tocada no mundo em todos os tempos, agora com gravação vinda de Portugal.  A versão do espanhol para o português é de Lamartine Babo, o Lalá (Lamartine de Azeredo Babo, Rio, 10/01/1904 - 16/06/1963)

"Corações de Atum" foi o terceiro projecto de estúdio de Manuel João Vieira, carismático líder dos Ena Pá 2000, Irmãos Catita, artista plástico, actor e eterno candidato à Presidência da República. Em 1999, o projecto desenvolveu-se em colaboração com o entretanto desaparecido Maestro Shegundo Galarza (falecido em 2003).

Assim que temos Manuel João Vieira (Manuel João Gonçalves Rodrigues Vieira, nascido em Lisboa, 1962), com grupo musical liderado pelo maestro Shegundo Galarza. O João Manuel, até onde sei, além de louco de bom, belo cantor e agitador cultural, segue sendo professor da Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, até a próxima eleição presidencial, quando será o presidente de Portugal, oba!




domingo, 21 de septiembre de 2014

Aos madrugantes de Madre Teresa

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Por gentileza, eventual madrugador de noite perdida, ao voltar para casa de porre e desacompanhado pela manhã, avise a Sra. Ana Amélia e seus aspones, chefes, da judéia, se tiver a infelicidade de topar com um deles pedindo votos no Brique da Redenção, que não esperem uma cartinha aqui deste bloguinho. A propósito, se encontrar o Padilhão ou outro grandudo de malas do pmdb, fuja em disparada, segurando os bolsos para evitar que a carteira caia em alta velocidade, ainda que lhe prometam cargo em comissão, como o daquela, para não fazer nada. Vai por mim, um dia dá cadeia.

Recomendo umas derradeiras cervejinhas ao chegar ao lar, janelas abertas e disco do Waldir Azevedo no som. Na falta do Waldir, pode ser Elizeth e Jacob do Bandolim, outros chorinhos ou samba bom, e se também estes faltarem, então o amigo não tem discos em casa, tente ligar na Rádio Clube de Canela, FM 88.5, do meu camarada Pedro Dias, em música a melhor do mundo, isolada desde que os pastores destruíram a música da Guaíba, que empatava, abstraída a preponderância dos gêneros. Considere a nossa amizade abalada se colocar no prato pagodaços e sertanojos.

Depois dê uns telefonemas, combinando o churrasco mais tarde com a turma, não há nada melhor que vozes amigas em situações assim, de bebedeira, de volto para casa abatido, apartamento vazio, e de encontrar logo quem pelo caminho. Derruba qualquer um.

E relaxe, estique as pernas no sofá, beba, ouça a música, pense com esperanças, fervor, naquela mulher, a ideal, que nunca aparece mas que um dia vai aparecer, ah, vai, linda, com olhos só para ti.

Esse ritual muitas vezes já me salvou o dia, afinal é sábado, à noite tem mais, e há que se compensar o desgosto do encontro matinal, já experimentei em eleições passadas.

E nada de brigar! Vamos em paz.

Ainda criança aprendi com a minha bugra velha, sabedoria vinda da taba, que a gente só briga, consciente ou inconscientemente, e só de boca - arma é uma desgraça para defesa em último caso - com quem a gente gosta. A variável é se pouco ou muito, mas gosta. Como familiares e amigos, uns mais próximos, outros menos, cada um com seus defeitos, como todos nós filhos de Deus, mas com inegáveis pontos positivos. Gente que, ao nosso ver, sempre tem chances de recuperação por méritos próprios. Gente que não erra por querer errar.

Eu não gosto daquela outra gente, nunca gostei. Recalque, oba, que bom. Poesia a turma do bonfa inventou, felicidade de meia-dúzia de ricos, com professor de música e tal. Era um inferno. E atrapalhavam a gente, chamando a atenção da polícia, se injetando sei lá o que nas veias ou dando a bunda, bem na hora, a única hora, de poucos guardas, em que podiámos pescar um peixe do lago da Redenção, às 4 da matina para matar a fome.

Está certo, não fizeram por mal, mas pensando em seu bem estar fiquei mais dois dias com fome, ao ponto de desmaiar. Não fizeram por mal mas me controlei para não dar um facada na goela daqueles merdas eleitores do fogaço. Não dei porque não sou hijito de pápi como eles, eles me dariam, vindo de turma porque sozinhos são nada. Então não adianta escola boa, caríssinha, pura picaretagem, se a educação não vir de casa.


Aliás, sobre o assunto de não querer errar, creio que terei de conversar com certas pessoas que nem me conhecem. Sei não, mas tem gente em Brasília que não entende. Eu jurava, e a carioca Doramaria Tavares de Lima Kramer me ouviu naquele sábado em que bebemos todo o bar Carpe Diem em Brasília, que ele, sinistro desde menino (sinistro de canhoto, amigos da Patagônia, o contrário de destro, esquerda como eu, nada a ver com vampiro) ia ao menos centro-endireitar aqueles que chamo de nazis - que bobinho eu, como diz a modelito Anahí - mas temo que eles o estejam extrema-nazistando. Depois de deixar entrar a cabeça, bem, meu, azar é no teu.

Que pena, cantei, José Serra, em poucos anos serás um morto. Bem, estás podre de rico, e se assim deseja que seja, que seja, Saravá. Quatro anos se passaram?

Onde andará a Dorucha, escrevendo em jornal, certamente, é boa de pena. Que figuraça, outro dia contarei do suco de laranja que ela tomou com as amigas na Bahia, sem açúcar.

A gente briga sim, por vezes no calor da discussão diz coisas que não quer dizer, mas um dia passa, o mundo lá fora, o sofrimento, a condição humana, reduz a pó as nossas pobres vaidades. Disso entendo um pouco, muito brigaram e brigam comigo, pela extensa lista de mancadas. Sem querer. Eles guardam rancor, talvez pelo medo de que não tivéssemos dito tudo, o pior ainda por vir, é defesa prévia, e maldosa. Eu sempre disse tudo.

Pera...

(...)

O telefone. Gonzalo Matabanquero de lá do Ecuador, depois de me perguntar sobre uma cantante uruguaya, de passagem me disse que fedeu no Rio Grande, um negócio no banco estatal. Estranhei, anos atrás li sobre um estouro que levaria a todos para o xilindró. Creio que equivocou-se, ele entende mal o português, deve ser no Rio Grande do Norte, ou o rolo é nacional. Mas também já houve nacional. Ué. O quê, Gonzalo, a privataria? Tá louco, meu, quase me assustou, isso tem mais de dez anos, olhe a data do jornal que estás lendo na prisão. E ainda não deu nada.

Toda publicidade estatal é pilhagem explícita, divisão pelo sistema árabe rachid, palavra que todos sabem que significa honesto, bem aplicada no caso, uma divisão honesta do butim: meio a meio. Falei para o Lula em 1988, expliquei como funcionam os esquemas, até nomes dei. O que ele fez? Tornou-se fã dos caras.

No Brasil não é nada, não prendem os pilantras por que não querem, pior os que não são estelionatários declarados, como aquele colombiano, o Augusto Monteblanco, do Instituto Bol Pitón, el Ibopi, dá de mil a zero no baiano ladravaz que o elegeu Lulinha Paz e Amor.

Mas hoje não quero pensar nisso, Gonzalo fica na dele, aqui o sábado está lindo, faremos churrasco, vou tentar aprender com Juanito o assado à moda da terra.

Deixa ver... Ah, tem a convivência: a gente passa a amar até gatos, imagine pessoas com quem se dividiu pão seco em trincheira molhada, inverno gelado. Gatos, esclareço, refiro-me ao animalzinho doméstico, não aos caras do Itaú, hoje irmãos de sangue da Marina você se pintou.

Até a distância nos une, saudade da língua. Certa vez, fugindo de Mr. F. Febraban e seus mercenários, encontrei um morador de Horizontina no centro de Cracóvia (na Polônia, para evitar trabalho de pesquisa à rapaziada do Chaco). Nunca tinha visto o cara mais gordo, mas ficamos 15 minutos nos abraçando, depois nos encharcamos de wino proste e nos tornamos amigos para sempre. Grande cara, o Tigran Gdanski. Logo que chegar em Porto Alegre darei um jeito de tomar uma dúzia de pré-sal com ele e Walter Schumacher no antigo Pampulha, hoje boteco O Porto. Mesmo sem divulgar a data do encontro, meus seguranças de arremetida terão de fechar o Beco do Oitavo, a rua André da Rocha, mas o que fazer, com Febraban e Daniel Mendes, ou Dantas, não dá para descuidar. Pensando bem, melhor levar o bar inteiro para o bunker. A ver.

E tem aqueles de quem se gosta mesmo de longe. Podem ter um trapo de vida pessoal, traços de loucura, fobias, não importa. Possuem virtudes que justificam o fato de termos vindo ao mundo. Madre Teresa, Mandela, Muhammad Ali, para ficar só em três na letra eme, sem fobias e loucuras, que eu saiba. Coragem e despreendimento. Se formos lembrar dos admiráveis beberrões, faltará espaço.

Morro de medo de quem não bebe, não transa (lembram da pesquisa sobre os políticos e outros bichos? Pois é...), não isso, não aquilo, não mais aquilo, olhares repreensivos e orelhas de abano do bicho que mal sabe o que faz neste mundo. Interminável sequência de não. A Agnes Gonxha Bojaxhiu (agora entendi a mudança de nome, Madre Teresa) era uma dessas que não bebia e não transava, ao que tudo indica, mas parava por aí a negação, consciente de si mesma a ninguém repreendia, só auxiliava, linda, todos conhecem essa história.

Se os políticos lembrassem dela num sábado pela manhã, de coração, uma vez por ano, não teríamos essa mortandade em porta de hospital.

Ah, dizia que meus amigos e eu não somos de sair esbravejando com aquele paraguayo que vai passando no outro lado da rua, não conhecemos o sujeito. A gente não briga com quem não conhece.

E, principalmente, a gente nunca briga com quem sinceramente a gente não gosta, destes dicen que la distancia es el olvido.

Y así pasan los dias.

Me voy a la carnicería.

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viernes, 19 de septiembre de 2014

Boa noite e adeus, querido vizinho

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Ah, esta cervejinha sim, gelada, obrigado, Mariana.

Mariana hoje está de folga, passando umas camisas pra mim, sou bom de lavar, na máquina, mas passar...



De modo que, como ela está ocupada, eu mesmo vou comprar mais umas cervejinhas. 

- Leve a arma, ela diz.
- Ora, mulher, tenho amigos lá embaixo.
- Leve, ela insiste.

Sentei de novo. 

- Que medo é esse, guria? Não vou morrer por andar na rua.

- Nunca se sabe, Salito, na rua não, mas de repente no elevador, nas escadas, a gente nem conhece os vizinhos...

Acendeu o alarme.

Larga o ferro e vai pentear o Gatolino no sofá grande da sala, procurando pulga que ele não tem. E se tiver azar. As outras estão trabalhando no cabaré da Olavo Bilac. Se não quer que eu saia, não saio. Tudo bem, sei que se revezam agora pra mim não ficar sozinho depois que atirei o dono da boate, errei mas arranquei uma orelha do sem-vergonha, mas ainda não estou contente, tem uma coisa me incomodando.

- É isso que estou pensando, mulher?
- É, mas também não quero que tu faça bobagem.

Só olhei pra ela e envermelhou, ora fazer bobagem, a gente faz o que é preciso. Elas andam encucadas pelo tiro que dei no patrão. E o jurei, vai levar mais se demitir ou tratar mal as minhas mulheres. Ele levantou um monte de negão bandido, mas eu trouxe cinquenta ex-moradores do presídio central, tudo gente fina. Então as mulheres trabalham e ele não mexe com elas.

O gestor da empresa, como ele se diz, igualzinho às múltis que exploram o Brasil, diz que a firma é boa, lenocínio é melhor que investir na Bolsa, alega que ofendeu a Sibylle em briguinha caseira, não foi por mal, a haitiana foi pro salão com uma camiseta da Dilma, e se a Dilma perder ficarão mais ricos, e me pede desculpas, o sem-orelha, todo santo dia, perdão e mais perdão. Menti que perdoei, não se preocupe, orelha só, tá perdoado, esqueci aquele assunto. Ele morre antes da eleição. Como se eu não soubesse que estão me caçando, o brabo é passar pelos meus negos lá na frente do prédio.

- Marianita, não te ocorre nada melhor pra fazer do que ficar penteando esse gato de merda?

- Ai, o que houve, meu amor, só tou...
- Tá nada, me dá esse gato aqui, vou atirar na rua!

Aí foi aquele puxa, larga e pega o Gatolino. A abobada achou que eu ia atirar mesmo o Gatolino aqui de cima. Mais fácil atirar a ela, que Deus me livre. Mas nesse larga e puxa saiu um calor, terminamos em beijinhos, digamos assim, ela pedindo tapa na cara e na bunda, ai meu Deus.


Agora, toda molinha, está penteando o LF, o gatinho novo, batizado por uma amiga assim para minimizar o impacto do nome por extenso, Louco de Fome, o magricelo é um funil.


- Tu me mentiu, morena, no que eu estava pensando antes. Não era no dono do puteiro.

- Eu quis falar daquele aqui do prédio, achei que era isso que tu tava pensando, disse miudinho, olhos pregados no pentinho do gato.

Enjoei da cara da Mariana e dos gatos, vou descer, vai que de repente encontre o vizinho do 309, um andar abaixo, ando doido pra dar um tiro no todo metido a fortão, outro dia deu um tapa no moleque guardador de carros que mora na rua, já arrumei pouso e dentista pra ele. O bem-bom foi educado demais com Dolores Sierra, e pelo que sente Mariana de Rosário o filho da puta foi mais longe. Inventou de dizer que Mariana de Rosário, a minha índia da Serra do Caverá, vai mudar de dono.

- Hoje não, Salito, mas mate ele.

Adoro a Mariana, que além de ler pensamentos tem um bom coração. Ela pediu pra deixar pra outro dia e saiu para o quarto juntar suas coisas, a pequena me conhece.

Desço as escadas pedindo a Deus que ele saia também. Pensando melhor, vou tocar a campainha da casa dele e elogiar o bucho que tem como mulher, oi, gostosa, pra ele ver como é bom elogiar a mulher dos outros. Não, isso não, a sua senhora não tem nada a ver com isso. Que nada, duvido que um bosta desses tenha mulher.


Volto para o meu apê. Telefono para a moçada lá de frente: vai sujar, subam quatro. Já com eles em casa dou breves instruções: um acompanha a mulher e os gatos, os demais levarão os objetos pequenos e apagarão as digitais, o aluguel é com nome falso mesmo, é só sair, limpem direito, precisarão ser rápidos, não esqueçam de levar junto o lixo. Falei por falar, a turma conhece o ritual. 

Botei as luvinhas de cirurgião, acho ridículo isto, mas é preciso. Abro uma cervejinha e espero duas horas, até a operação terminar. Saem todos, o apartamento se transformou num esqueleto, só restaram os móveis. Espero mais meia hora.

Com a turma já longe, enrosco o silenciador na Magnum, desço pelas escadas e toco a campainha do indivíduo. Não se pode ter 22 mulheres que os caras ficam se escalando. Vou descarregar a arma na cara dele, sem papo. 

*

O meu amor por Luciana Genro

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Confesso que eu era, ainda sou, apaixonado pela Luciana Genro. Certa vez desci do morro com carta na mão, em três vias, uma pro tribunal, outra pro partido e uma minha, a minha para voltar cheia de carimbos, pra me desfiliar, e no caminho ouvi no rádio do táxi que ela também ia sair... eu chorando por dentro, não acreditei, mas sim, eu não estava sozinho, ela ia sair e saiu. A guria tem o coração parecido com o meu, pensei.

Chovia a potes em Porto Alegre, comigo sempre é assim, abaixo de chuva quando é algo importante. Eu precisava entregar a carta de desfiliação. 

Mandei o táxi parar, desci, vou pegar uma cerveja, duas da tarde em Porto Alegre. Estava desde sábado sem dormir, era segunda, mas sem tomar trago, queria matar o josé dirceu e o lula e mais uns vinte. Eu com a semana que vinha de folga, claro, cheguei sexta meia-noite, depois de três meses no Rio, aguentando números de empresas do governo. Vou pegar a maldita cerveja, sob chuva, amo chuva, depois eles vão me pagar; E me fui e sobreveio o desastre... deixa pra lá.

Acidente. Ivens Biancón de Almeida me ajudou.

Soube quatro dias depois que ela realmente se desfiliou moralmente, eticamente, a mil, desafiadora, ladroagem não admito. Depois os canalhas a expulsaram, tava atrapalhando mensalões daquela gentalha de São Paulo e uns poucos de outros estados. Na minha carta sobrou pro Olívio ter que receber, ele que nunca se corrompeu com os canalhas dos paulistas. Mas na época achavam que eu era louco. Louco?, mas queria mesmo era encontrar a moça. Que nada, rei do peso, nunca encontrei porque nunca procurei, sonhava com ocasião, acontecer pelo destino. Vai atrás, bobinho. Enquanto eu pensava isso os carinhas que sabiam tudo de nada a beijavam e pá, anel.

Era casada, pra mal dos pecados, adeus para mim, por causa da apressadinha. Dias depois guardei uma cópia de volta, protocolada, do Tribunal, o PT nunca declarou minha saída, embora eu pedisse.

Sobrou para o Olívio, que depois daquela nunca mais gostou de mim, por essa ou por conversa mole do Roni. Não importa. Eu era "gurizinho". Só não sabiam que... deixa pra lá.

Com o perdão dos amigos, vai uma música, hoje a incomodação aqui foi de desasar o gaúcho. Então me relevem.

Gravação de 1947, seu Nelson, gaúcho amigo da minha infância, dizendo: Marina, morena Marina, você se pintou...

Lamento, moça itaú, a Dilma fala sério comigo, sozinhos, sentados em cadeiras sobre a grama, tomando mate, com calma olhando os bichos no pátio. A Luciana, se me visse, não pararia de me dar abraços.

E prefiro papear com mulher mais carnudinha, mulher com mundo, sem frases decoradas, dá ar de saúde mesmo tendo sofrido horrores, e que reze de outro jeito, por todos. A Lu é rápida, não é múmia, sua alma sente todas as dores do mundo, como muitos de nós. É o meu amor. 


Fanática seca não sabe nem chupar cana. Bah, me lembrei, certa vez inventei de me casar, mas na católica tinha que fazer curso de noivo, e um padre punheteiro, candidato a estuprador de crianças, seria o professor, meu professor, eu um agnóstico que tinha comido até a mãe do viado, imaginem se tolerei, deu um banzé na primeira reunião, uns dez tiveram que me segurar.

Não quero ter malafaia de ministro, nem um monte de pastor de mentira, muito menos rezas dentro de prédios públicos, patrimônio de todos os brasileiros, como a senhora fazia quando ministra do lula, se o cara não rezar se fodeu, ora vai à merda, dona, vai arrumar um pau para engordar. Os seus pastores são uns ladrões sujos, todos com palacetes e jatinhos.

Sou agnóstico com sérias tendências ao ateísmo, se me permite o seu fanatismo, dona Marina.

E a Dilma me respeita, como respeita a todos. Passa o vizinho, ele sorri e exclama: Saravá. Ela sorri de volta e vai: Saravá. O respeito aos seus iguais, ainda que possa não ser a sua religião. 

A Luciana é melhor ainda, como a Dilma não é atriz, é o que é, e Lu diz na cara, e melhor, não é presa ao câncer chamado pmdb, essa sujeira que macula a bandeira nacional, estão em todas. E, quando fora da briga, é doce e querida, ui, bem, assim imagino. Meio teimosinha, mas isso também sou, e bem pior, e ela é bonita, ã, mania de mudar de assunto, a seguir nesse passo daqui a pouco estaria transando com a candidata, o que é isso, ã, me perdi, onde estava...

Ah.

E assim o respeito com todas as crenças, Islã? O Corão é tão lindo quanto a Bíblia, pois têm a mesma origem, que vem de longe, milênios mais longe do que sugerem malfeitores que curam em nome de Jesus. Vi piadas, dona Marina, amargas para o meu gosto, que estive muitas vezes com a vida em risco, para mandar seus curandeiros para a África curar o ébola, vírus que está, junto com a Aids, devastando o continente africano; Se são tão bons esses escroques, por que não vão? Envie junto o canalha do seu curandeiro, vamos ver se esse covarde tem colhões.

A Dilma, como a Luciana, só não responde saudação de nazista. Que hoje alguns judeus teimam em supremacia racial, que mundo que gira, quem diria. Aqui no Sul não vão levar, com cobras-mandadas de Nazier e de uma velha empregada, ambos da ditadura, me esqueço o nome da louca, e se levarem será o horror.

E sigo pensando na certinha que era casada quando eu desci do morro, dizendo pras mulheres: não volto mais. Que acabei voltando para os altos da Cefer, levado pelo Ivens, todo enfaixado.

Daqui vai meu apoio à Luciana, pelo Brasil. E se alguém não gostou, meu nome é Bruno, fácil me achar, estou doido que me achem.

*

NE: Apóio o Bruno, pra tocar nele terão que passar por mim, embora ele não precise de ajuda, esse sabe o que faz. 

jueves, 18 de septiembre de 2014

A "VEJA" QUE O HITLER VÊ E O POVO NÃO VÊ

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A "Veja", que quer sangue para levar vantagem lá dos seus palacetes. A Veja de mentirosos como o ex-mandalete da RBS, Augusto Nunes, que destila maldade, mas não por extraterrestre, ele quer é dinheiro para o seu partido, o partido dele é a sua conta bancária. 

(Com o perdão de palavras como putas, bundas, cus, etc, que nada tem a ver, é treino)

(Treino é treino)

Certo que para eleger ladrões cheios de grana - municipais, estaduais e federais - todos bem alimentados, filho do doutor e tal, todos não, andaram aparecendo uns PTs e outros iguais que atrapalharam os planos dos gatos gordos, depois que a ditadura caiu sozinha, aqueles assassinos, e alguns componentes destes novos se tornaram gatos também, os malditos petistas de São Paulo, mafiosos do Paraná, Rio... tantos, covardes que justificam que se use o número de canalhas, ricaços e tiriricas do Congresso como parâmetro para dar tempo aos candidatos na tevê e no rádio.

Outro jeito não parece ter, na democracia por que tanto lutamos. Que seja. 

Isto vi na infância, tive que fugir. Isso de os bons prosperarem é mentira, não é assim que funciona em cidades pequenas. Mediram meu quociente de inteligência mil vezes, anos depois em Porto Alegre, o mais baixo transformaria o Amaralzinho num símio de óculos escuros. Eles mentem. 

Ou chupa o pau de quem manda, ou te fode. Não chupei nem me fodi. Eu fugi, sozinho, quase morri de fome, mas não era hora, nunca tinha lhes feito nada, e era muito moço, mais uns aninhos e teria sido torturado, desaparecido, sem o corpo que até hoje a mãe andaria atrás, como tantas mães morreram sem achar os corpos dos seus meninos.

Se os vadios têm 200 parlamentares e tal, como racharão tempo com o PSTU, PSOL, PV, que tem poucos, o PSTU aliás nenhum, como? A cada vez que falam em reforma os animais querem calar as vozes minoritárias. Mas, vá lá. 

Briguei no Galeão com o famoso deputado do PCB, que depois se vendeu, virou PEPSI, iam me matar a pau os polícias quando eu disse a ele que não era justo. Não era ruim o Roberto Freire. Mal comecei a raiva e ele saltou botando o corpo em frente ao meu, o baixinho: ninguém toca nele. Sobrevivemos, antes de sair lhe cuspi no rosto. 

Então, o Câncer do PMDB, a quem Roberto também se aliou em busca de "puderr", como ele dizia com seu sotaque pernambucano, ele sabia bem: essa tropa de sujos, se tem 72 cadeiras no Congresso Nacional, é justo que, como "representantes" de grande parte do povinho desgraçado e ignorante do Brasil, comprado a quilo de arroz, tenham mais tempo na tevê, O PT hoje tem um pouco mais, solito, mas é nada diante da associação do Câncer com fascistas, filhos da puta, cadáveres, somados com a  turma de nazistas do bolsonaro, deste a maioria de eleitores jovens, das Escolas de milicadas do Rio, porque o governo democrático ainda não mexeu no currículo da escola, fábrica de nazistas e viados dos EUA, mas armados pelas armas que o povo paga.

Eu, nós, cidadãos, andamos desarmados, tendo família em casa.

Aí o governo se arrisca a se perder, não governar, salvo se comprar alguns filhos de uma puta. O doutor de Palmeira das Missões, um bosta, que por rico (ladrão? Ou me me explique alguém como as pessoas ficam ricas em cidade pequena? É pior, matando? Contem-me) e comprar voto na aldeia vira deputado, senador.

Ninguém tenta explicar isso ao povinho, à ralé, como eles dizem: que quem decide tudo é o Congresso Nacional. Não é o presidente ou a presidente. A culpa sempre cai na presidenta, uma mulher honrada. O PT, como os demais partidos, hoje é antro de canalhas, mas o PT muito menos, nem assim o perdôo, e me coloco no pelo da Dilma, que estou certo que pensa assim: por discordar de alguns larápios nossos, entregarei o poder aos que são vampiros desde que o mundo é mundo? JAMAIS.

Para ter um Bolsa Família, ela precisa agradar deputado ricaço eleito em Palmeira e em todos os lugares pelos chefões de sempre, em cidades pequenas são os donos. Uns canalhas, mas mandam. O povo os teme. Sei bem. Eu fugi mas não por os temer, e nunca me tocaram, teriam que me matar.

 Vá lá.

Outro jeito não há. Que se distribua o horário eleitoral de acordo com as bancadas  e vendas de bunda, coligações de roubo. Tudo bem, e não saiu Reforma Eleitoral porque adivinhem quem não quer?

Tudo bem. Tudo, tudo bem, a gente engole.

Agora, para PRESIDENTE, não tem justificatica. No horário de levar coitados no lero o mínimo de democracia que se poderia esperar eram tempos iguais. Que se aperte a lei, tirando pastor nojento, com o tempo, e outros. 

Mas tinha que ser tempos iguais, um limite de dez partidos, quem sabe, em rede nacional os debates, rádio e TV. Nada de uma rede nazi passar novela enquanto rola o debate na outra. A sujeira de comprar nanico criado para venda, para vender tempo, sumiria. As "otoridades" sabem demais disso. Não foi o Lula, que detesto, quem inventou isso. Não mesmo. Foram eles, e a sociedade, que,  mesmo com grandes homens lutando, não consegue mudar.

Lula somente se adaptou, cansado de perder. sob meus gritos de protesto.

Reforma política JÁ! 




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