Nove da noite em Porto Alegre, a Cidade Baixa em polvorosa. Andando
pela Rua da Olaria assisti a cidade toda, até os cães e gatos, tomando chope, e
eu impossibilitado. As senhoras bem-vestidas - não vi sequer uma moleca com calça de brim mostrando o rego - ao me verem passar com a camisa colorada nos seus 105 anos só
faltavam pular nela, na camisa, com os olhos dizendo vem aqui beber, meu vermelho, tem
lugar na mesa. E eu em seco. Logo eu. Pensei em beber um, mas lembrei que não
sei tomar menos de quinze. Paciência, domingo a minha vingança será terrível.
Segui em frente.
Andando no interior da imensa Mercearia Zaffurtari senti o cheiro inconfundível, maravilhoso, de bacalhau (que ninguém pense besteira aí). Não resisti, comprei cem gramas, face ao preço da mercadoria, pois se comprasse mais teria que deixar a camisa do Inter no caixa. Peguei batata rosa e um vidro de azeitonas. Vou fazer à Gomes de Sá para matar a saudade, embora hoje faça uma noite quente na capital gaúcha. Um copinho de vinho não corta o efeito do antibiótico, disse-me o meu amigo dentista, que me fez um buraco com adaga para salvar a pátria de um dente. Tenho um tinto Periquita que há dias está me provocando através do vidro do armário.
O cobra nesse prato é o portuga António Augusto Peixoto Magalhães, imigrante de Paredes de Baixo, Freguesia de Gove, Concelho de Baião, Distrito de Porto, mas não posso telefonar a esta hora, o seu bar ali no Beco do Oitavo deve estar um sufoco, superlotado, e ele correndo de um lado a outro equilibrando pizzas e cervejas.
Eu me viro: fui à receita pela internet.
MODO DE PREPARO
1. Demolhe o bacalhau, coloque-o num tacho e escalde-o com água a ferver;
Demoli o bacalhau e na falta de tacho de bugre usei uma panela comum, e finquei-lhe uma chaleira fervente em cima.
No segundo item me atrapalhei.
2. Tape e abafe o recipiente com um cobertor e deixe ficar assim durante 20 minutos;
Hesitei mas fui: remexi nos panos de inverno guardados na parte de cima do guarda-roupa e peguei um cobertor, com o qual enrolei a panela depois de tampada. Larguei-a em cima da mesa, pois no fogão perigava cair com aquele bruto cobertor desajustado.
3. Escorra o bacalhau, retire-lhe as peles e as espinhas e desfaça-o em lascas;
Essa foi mole, bem, médio, pois achei as minhas lascas meio grandes, tipo engasga-gato. Lambi as mãos, o sal me deu sede, enchi um copito de pinga com losna, assim de brinquedo, só para molhar o bico. Vai dar tudo certo, depois da pinga irei para o item 4.
4. Ponha estas num recipiente fundo, cubra-as com leite bem quente e deixe ficar de infusão durante 1 hora e meia a 3 horas;
O copo de losninha, que não era tão pequeno, somado às cervejas que tomei antes de tudo começar, me deixou meio tonto. Esqueci de comprar leite, mas achei um frasco de leite de dendê, digo, de coco, no armário, deve servir. O azeite de dendê foi junto para combinar. Nos ingredientes o sujeito falou numa folha de louro mas não disse onde meter, de modo que foi no leite de coco com dendê.
Quero ser um cão se esperar três horas, esperarei uma e meia e olha lá.
Se não der certo, no que não creio, encaro sanduíche com a amada garrafa Periquita, que traz um vinho muito simples para os entendidos, mas que corresponde ao meu bolso e me faz lembrar aquela mulher que adorava se vestir de branco transparente sem nada por baixo. Aliás, vou tomar um copinho enquanto espero a "1 hora e meia". Saco.
Andando no interior da imensa Mercearia Zaffurtari senti o cheiro inconfundível, maravilhoso, de bacalhau (que ninguém pense besteira aí). Não resisti, comprei cem gramas, face ao preço da mercadoria, pois se comprasse mais teria que deixar a camisa do Inter no caixa. Peguei batata rosa e um vidro de azeitonas. Vou fazer à Gomes de Sá para matar a saudade, embora hoje faça uma noite quente na capital gaúcha. Um copinho de vinho não corta o efeito do antibiótico, disse-me o meu amigo dentista, que me fez um buraco com adaga para salvar a pátria de um dente. Tenho um tinto Periquita que há dias está me provocando através do vidro do armário.
O cobra nesse prato é o portuga António Augusto Peixoto Magalhães, imigrante de Paredes de Baixo, Freguesia de Gove, Concelho de Baião, Distrito de Porto, mas não posso telefonar a esta hora, o seu bar ali no Beco do Oitavo deve estar um sufoco, superlotado, e ele correndo de um lado a outro equilibrando pizzas e cervejas.
Eu me viro: fui à receita pela internet.
MODO DE PREPARO
1. Demolhe o bacalhau, coloque-o num tacho e escalde-o com água a ferver;
Demoli o bacalhau e na falta de tacho de bugre usei uma panela comum, e finquei-lhe uma chaleira fervente em cima.
No segundo item me atrapalhei.
2. Tape e abafe o recipiente com um cobertor e deixe ficar assim durante 20 minutos;
Hesitei mas fui: remexi nos panos de inverno guardados na parte de cima do guarda-roupa e peguei um cobertor, com o qual enrolei a panela depois de tampada. Larguei-a em cima da mesa, pois no fogão perigava cair com aquele bruto cobertor desajustado.
3. Escorra o bacalhau, retire-lhe as peles e as espinhas e desfaça-o em lascas;
Essa foi mole, bem, médio, pois achei as minhas lascas meio grandes, tipo engasga-gato. Lambi as mãos, o sal me deu sede, enchi um copito de pinga com losna, assim de brinquedo, só para molhar o bico. Vai dar tudo certo, depois da pinga irei para o item 4.
4. Ponha estas num recipiente fundo, cubra-as com leite bem quente e deixe ficar de infusão durante 1 hora e meia a 3 horas;
O copo de losninha, que não era tão pequeno, somado às cervejas que tomei antes de tudo começar, me deixou meio tonto. Esqueci de comprar leite, mas achei um frasco de leite de dendê, digo, de coco, no armário, deve servir. O azeite de dendê foi junto para combinar. Nos ingredientes o sujeito falou numa folha de louro mas não disse onde meter, de modo que foi no leite de coco com dendê.
Quero ser um cão se esperar três horas, esperarei uma e meia e olha lá.
Se não der certo, no que não creio, encaro sanduíche com a amada garrafa Periquita, que traz um vinho muito simples para os entendidos, mas que corresponde ao meu bolso e me faz lembrar aquela mulher que adorava se vestir de branco transparente sem nada por baixo. Aliás, vou tomar um copinho enquanto espero a "1 hora e meia". Saco.
Pensando bem, é melhor sair e comprar mais algumas
garrafas. Na volta trago uma das mulheres, preciso de uma louca, qualquer uma, nem que seja gremista.
A receita segue assim, que Deus me ajude:
5. Entretanto, corte as cebolas e o dente de alho ás rodelas e leve a alourar ligeiramente com um pouco de azeite
6. Junte as batatas, que foram cozidas com a pele, e depois peladas e cortadas às rodelas
7. Junte o bacalhau escorrido
8. Mexa tudo ligeiramente, mas sem deixar refogar
9. Tempere com sal e pimenta
10. Deite imediatamente num tabuleiro de barro e leve a forno bem quente durante 10 minutos
11. Sirva no prato em que foi ao forno, polvilhado com salsa picada e enfeitado com rodelas de ovo cozido e azeitonas pretas
Nota: Esta é a verdadeira receita de bacalhau à gomes de sá , tal como a criou o seu inventor, que foi comerciante de bacalhau no porto.
.
A receita segue assim, que Deus me ajude:
5. Entretanto, corte as cebolas e o dente de alho ás rodelas e leve a alourar ligeiramente com um pouco de azeite
6. Junte as batatas, que foram cozidas com a pele, e depois peladas e cortadas às rodelas
7. Junte o bacalhau escorrido
8. Mexa tudo ligeiramente, mas sem deixar refogar
9. Tempere com sal e pimenta
10. Deite imediatamente num tabuleiro de barro e leve a forno bem quente durante 10 minutos
11. Sirva no prato em que foi ao forno, polvilhado com salsa picada e enfeitado com rodelas de ovo cozido e azeitonas pretas
Nota: Esta é a verdadeira receita de bacalhau à gomes de sá , tal como a criou o seu inventor, que foi comerciante de bacalhau no porto.
.
No hay comentarios.:
Publicar un comentario