Hoje amanheci chorando, soluçando alto, quase gritos incontidos, acho
que inundei o prédio de água salgada, os vizinhos tocaram a campainha, tudo bem
contigo, camarada? Sim, desculpe, tudo bem, obrigado. Todo sem jeito.
Aí lavei o rosto, abri uma cerveja, e fiquei bem. Chorava de saudades da Marisa
Monte. Sonho ruim, as desilusões deram de me assaltar até dormindo. Aquela
droga de bebida verde, o absinto, me empanou a memória. Também, 73 graus de
teor alcoólico... Mais as cervejas que a Jane me mandou, já viu.
Só agora lembrei, sem estar certo se sonhei ou aconteceu mesmo, por que não
casei com Marisa: recordo que eu ia convidá-la a juntar os trapos e ela leu
meus pensamentos pelos meus olhos castanhos, deveriam estar brilhando de
bobice, adiantou-se, impetuosa: vai te catar, gaúcho babaca, sou monte e não
montaria. E saiu batendo a porta. Só faltou me chamar de pobretão, pura
verdade, pois esse foi o motivo da retirada.
Fiquei catando coquinhos sem dizer uma palavra, juro que não tinha pensado em
frescuras, ela deveria andar mordida com outros caras e eu paguei o pato. Deixa
assim, no sonho, será que foi sonho?, ela estava muito magra mesmo, para o meu
gosto.
Pero pensando nela, a deusa-cantora, lembrei de uma jóia da nossa música
popular.
Vomito raiva de fel no banheiro, verde como a bebida. Estou nu e está frio em Porto Alegre.
Danço sozinho no apartamento, para viver e esquentar o corpo.
Danço sozinho no apartamento, para viver e esquentar o corpo.
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Quantas vezes postou esse conto no face, né?Agora, tomei pra mim. Obrigada! Muito lindo. Parabéns sempre, Salito.
ResponderBorrarQuantas vezes postou esse conto no face, né?Agora, tomei pra mim. Obrigada! Muito lindo. Parabéns sempre, Salito.
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