lunes, 14 de abril de 2014

Sonhando com a deusa

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Hoje amanheci chorando, soluçando alto, quase gritos incontidos, acho que inundei o prédio de água salgada, os vizinhos tocaram a campainha, tudo bem contigo, camarada? Sim, desculpe, tudo bem, obrigado. Todo sem jeito.

Aí lavei o rosto, abri uma cerveja, e fiquei bem. Chorava de saudades da Marisa Monte. Sonho ruim, as desilusões deram de me assaltar até dormindo. Aquela droga de bebida verde, o absinto, me empanou a memória. Também, 73 graus de teor alcoólico... Mais as cervejas que a Jane me mandou, já viu.


Só agora lembrei, sem estar certo se sonhei ou aconteceu mesmo, por que não casei com Marisa: recordo que eu ia convidá-la a juntar os trapos e ela leu meus pensamentos pelos meus olhos castanhos, deveriam estar brilhando de bobice, adiantou-se, impetuosa: vai te catar, gaúcho babaca, sou monte e não montaria. E saiu batendo a porta. Só faltou me chamar de pobretão, pura verdade, pois esse foi o motivo da retirada.


Fiquei catando coquinhos sem dizer uma palavra, juro que não tinha pensado em frescuras, ela deveria andar mordida com outros caras e eu paguei o pato. Deixa assim, no sonho, será que foi sonho?, ela estava muito magra mesmo, para o meu gosto.

Pero pensando nela, a deusa-cantora, lembrei de uma jóia da nossa música popular. 


Vomito raiva de fel no banheiro, verde como a bebida. Estou nu e está frio em Porto Alegre. 

Danço sozinho no apartamento, para viver e esquentar o corpo.

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2 comentarios:

  1. Quantas vezes postou esse conto no face, né?Agora, tomei pra mim. Obrigada! Muito lindo. Parabéns sempre, Salito.

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  2. Quantas vezes postou esse conto no face, né?Agora, tomei pra mim. Obrigada! Muito lindo. Parabéns sempre, Salito.

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