sábado, 12 de febrero de 2011

De doces mãos e sensibilidade

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Com aquele jeito de caminhar de quem pensa poder enganar os amigos, devagar pela calçada, pela sombra das árvores da madrugada, Carlito Dulcemano Yanés retorna.

Kafil o reconheceu pelo chapéu, além do jeito de andar. Mas se fez de sonso, falou: Alto lá, quem vem?!

Levantando com dois dedos o chapéu respondeu: Não te faz, Negro, sabe que sou eu.

Sem Juliana Betsabé.

Acordei sabendo, pelo seu tom de voz, que haviam brigado novamente.

Da janela da palafita vi Carlos entrando, e como Kafil percebi que por por fora e por dentro estava armado até os dentes. Magnum e raiva.

Lembrei-me de Mareu Ferreira, de Hermínio Bello de Carvalho, de mim..., e antes de descer para esperá-lo coloquei uma música bem alto. Ele vai ter que esperar até amanhã para me contar. No descida das escadas peguei uma garrafa de uísque especial.

Ju Betsabé, que se mandou sei para onde, com a cachorrinha Siririca jaguariana que ganhou em Pinar del Rio (carinhos todos para uma cã, para deixar Carlos mais embravecido...), haveria de gostar da negra Clementina. Afinal, Ju tem muitos amigos afros, seu msn que o diga.

Sei não, mas algo deu em mim. Começo a apostar em Carlito Yanés. Chegou falando em Nietzsche, na Origem da Tragédia, e repetindo a poesia da fábula de Gellert: 

"Sabes, quanto a mim, que é útil
Dizer, aos falhos de entendimento,
A verdade por alegoria."

Tem cinco por dentro.

Salve, Carlito! Salve, Ju!


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