Até por aqui de Londres, Big Ben, pubinhos, eca... a origem da águia cega do terrorismo imperialista, enfim caio no Brasil.
Caio numa Londres pequena, uns 650.000 habitantes. LONDRINA, nosso Paraná.
Depois de telefonemas trocados rapidamente, ao sair do bosque que há bem no centro da cidade, bosque mesmo, mato fechado, um terço do Campo da Redenção, porém preservado, enfim vejo ao longe o caminhar de Carlito Dulcemano Yanés na esquina da rua São Paulo com Pará, dando as costas à lancheria linda onde as mulheres o veem com interesse. Ele veio.
Eu desço a rua sem olhar. Ele segue pela outra calçada, 30 metros atrás. Dou voltas e voltas e enfim acho um bar mais ou menos confiável, entro e peço dois chopes. A Magnum aquece o lado esquerdo do paletó, e o meu coração, mas ainda assim não estou no meu dinheiro. Sem chapéu fico enervado.
Carlito vai e volta do fim da outra quadra, mas então entra como se fosse mais um otário no bar, para caçar mulheres solitárias, senta-se na mesa ao lado, bem do meu lado. Digo: acho que esquentou...
Olha o chope, empunha e bebe tudo de uma só vez. Levanta a mão e pede outros.
Mais umas miradas pelo recinto, pela rua, e digo senta aqui. Na minha frente.
Silêncio. Toma os dois, eu espero ele falar. Eu bebo rasgão em absinto, com tranquilidade de acácias.
Tartamudeia: mejor seria un nombre...
Puta que pariu, portunhol cubano-oriental. Que nombre, Carlos?
Pués si... el blôco de carnaval, "Epancándo la periquita" seria mejor, nosotros solamente...
Entendi. Leu no blog sobre o bloco que pensou falido e tratou de batizar outro, para 2.012: Espancando a periquita. Boa idéia.
Nâo vou perguntar sobre Betsabé, anda em ruas trocadas com sombras, me disseram. Um dia volta, mas hoje o assunto é sério, tesão de apavorados não combina com homens. Nem com mulheres.
Cuando?
Carlito responde: no carnaval.
Sabemos que carnaval é marcado pelos bandidos que assessoram banqueiros, carros fortes, dozes, uns mortos de fome, mas armados até os dentes, os escravos, tremendo de medo mas submissos para defender a propriedade dos ladrões. Deus lhe pague.
Não perguntei a Carlito Dulcemano a razão de se expor, pois durante a farsa para eleger presidente do Brasil fui eu quem gritou Escravos de banqueiros! Vamos pegá-los!
Carlito resolveu que iria morrer no carnaval. Assaltar dez pontos do Itaú enquanto Momo e os múmios engordam mais, os últimos ajoelhados diante do seu deus, o Juro assassino. Ah, o Momo. Saudades de Zé Keti.
Talvez uma semana antes, ou depois. De qualquer maneira um dia iria assaltar mesmo, a tentação sempre foi muito grande, mas a notícia da exorbitância dos lucros de 2010, o horror dos horrores, e ve-los festejando... foi demais.
Se é assim, vamos morrer todos, Carlito, eu disse. Proponho deixar para o equinócio de outono. Em duas horas examinei os papéis todos, naquele canto de bar. As vias de acesso em celeste, as rotas de fuga em verde, as delegacias a serem rendidas em preto, a troca de carros, o campo de aviação. Ao terminar falei: vai precisar de muita sorte.
Ele insistiu para que lhe desse autorização para fazer uma visitinha ao dono. Tem dono, sim, tudo tem dono, isso de acionistas é papo para comprar presidentes deslumbrados, covardes que envileceram e de tão idiotas ainda se acham o cara. Faz-me rir. Convidando Mr. Gerdau para Ministro, Mad Madam Mim? O que é isso, perdeu a vergonha? Ou era uma artimanha para mexer no ovo da serpente? Acha que eles são tolos? Você é muito ingênua, doçura, e eles vão seguir tomando tudo.
Neguei o pedido, de nada adiantaria. Isso é pior que o maldito tráfico de drogas, a linha sucessória está pronta. E em cima sempre teremos Mr. F. Febraban e seus lacaios dentro do governo, se gritar não fica um, e muitos fora.
Enfim, Carlos chegou ao ponto: explicou o motivo da sua premeditada ausência na Rua do Perdão no sábado, o bloco na rua não o terá de copo na mão, estará longe, em festejos outros. De tão acabrunhado, tentou remediar com um nome para o bloco do ano que vem. Talvez dessa vez a moçada tope, Espancando a Periquita não é tão mau, embora eu prefira a sugestão do meu carioca Ricardo Ramos (alô, altos de Santa Teresa, aquele abraço!), que, com sua agudíssima presença de espírito homenageia os Filhos de Ghandi: Filhos da Glande.
Ah, o carnaval. Ao lambusar os ferros, olear, ao catapultar o ódio que me manteve vivo, ao decidir ir para o inferno levando alguns, por um instante lembro de uma dama azul.
E volto a ser o menino que acreditava em bondade e sinceridade, braços abertos pela vida, como a lenda de Jesus, deixo de um lado os ferros. E ofereço a uma namorada que nunca tive, dizendo que me perdoe, tente, pois há muito, muito, muito, eu sei que o bordel em que morei de favor, que me ensinou tanto, também me fez muito mal.
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