sábado, 5 de febrero de 2011

JACOB, ... SÉRGIO!

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Sérgio Freitas Bittencourt (Rio, 03/02/1941 - 09/07/1979), segundo a Wikipédia, foi um compositor e jornalista brasileiro.

Acrescenta o que outros disseram: que era filho de Jacob do Bandolim, que foi criado em volta dos chorões e das rodas de choro. Que na escrita seu estilo era duro e desaforado, mas que era por todos considerado sentimentalista.

Que abalado com a morte de Jacob, compôs o samba-choro-alma "Naquela Mesa", que deu para a divina Elizeth gravar.

A Wiki diz muito e nada. Não era sentimentalista, era muuuuuuito sentimental, amoroso, com um bicho morando dentro, raivoso com a condição humana, com o roubo descarado de vidas que Mr. Febraban e Sarneys et... caterva promovem, e "sentia", sabia, que morreria cedo. E valente, nisso doido de atar, como os melhores homens deste mundo.

Compôs "Modinha", única, clássico de amor e carinho.

Sobre seu pai, Jacob do Bandolim, escreveu:

"(A mãe)... e soube segurá-lo até o dia 13 de agosto (sempre insano agosto!), de 1969, quando dirigindo sozinho seu carro, Jacob chegava à sua casa, em Jacarepaguá, vindo da residência de um de seus poucos ídolos, Pixinguinha, já ofegante, avisando que estava morrendo, sendo recostado pela mulher e o sogro no chão da grande varanda — onde morreria. Era 6 horas da tarde. Diagnóstico: infarto e edema pulmonar.

(...)

Já estava fumando seis maços de cigarros por dia. (...). Não jogava, não bebia, em futebol seu time chamava-se “Zizinho Futebol Clube”. Fumava. Apenas.

O que fiz por ele, fiz e não digo. O que fez por e de mim, foi um tudo. Me lembro: jamais me mentiu. Era capaz de esbofetear um mentiroso, apenas pela mentira. Fosse qual fosse a gravidade.

Repito e gosto de repetir: jamais me mentiu. Mas, nos momentos em que estive “cara a cara” com a morte, ele também não me mentiu. E, como nas outras ocasiões, não me mentiu, mas soube, sempre, me estender a mão. Quando eu agarrava, mordia, deixando naquelas mãos santas de datilógrafo e músico, as marcas incuráveis da minha dor.

De tudo que me ensinou, certo ou errado, hoje, dentro dos meus já então parcos e paupérrimos preconceitos, retiro, inapelavelmente, uma solução, uma saída, uma parada para pensar, um pouco de coragem para enfrentar, muita coragem para não “aderir” — na última das hipóteses, um sofisma, uma frase feita — estamos conversados!

Admirava a cultura musical de Lúcio Rangel e de Tinhorão. Era um radical. Sempre foi, um radical que se anunciava “tradicionalista”. Mas, que, numa certa noite de 1969, no Teatro João Caetano, ao lado de Elizeth e do Zimbo Trio, tocou de tudo — e quando resolveu executar o “Chega de Saudade”, ficou estabelecido que, realmente, ninguém mais poderá tocar alguma obra de Tom e Vinícius! Uma noite! Uma loucura!

Hoje, sinto pena de seus amigos, da sua mulher e de minha irmã. Todos viram-no morto. Eu, não. Cumpri sua ordem.

Toda vez que ele me vem à mente — e me vem sempre — ou é discutindo contra um cassetete na mão e um 32 na outra, ou é interrogando, com a carranca fechada, um punguista da Central, ou é me ensinando naquela mesa, o que, para ele, significava “viver melhor” — ou tirando do seu bandolim, o som liberto e puro do coração. Do coração

(Eu), aos 37 anos de idade, descrente e exausto, sem Deus nem diabo, é que posso afirmar: Jacob Pick Bittencourt foi mais do que um pai. Do que um amigo. Do que um Ídolo. Foi e é, para mim, um homem.

Com todas as virtudes, fraquezas, defeitos e rastros de luz que certos homens, que ainda escrevemos com “agá” maiúsculo, souberam ou sabem ser. E homem com H maiúsculo, para mim é Gênio.

Tenho certeza e assumo: não sou nada, porque, de fato, não preciso ser. Me basta ter a certeza inabalável de que nasci do Amor, da Loucura, da Irrealidade e da Lucidez de um Gênio.
(Texto completo AQUI)

O depoimento seria a pedido de um jornalista, para publicar nos dez anos da morte de Jacob.

Sérgio não viu a publicação, hemofílico, morreria antes, aos 38 anos. Já não tinha aquela voz naquela mesa incentivando-o a viver, já não tinha aquelas mãos para morder na dor.

Ah, esses dias de julho...

Ao escrever sobre seu pai, gênio de cordas, partituras e coração, sem sentir Sérgio Bittencourt descreveu a si mesmo, igualzinho, sem tirar nem pôr (sim, com circunflexo). Um Homem, com as lágrimas e enganos de seu tempo, gênio de letras, partituras e coração de amor.

Antes de partir deixou obra inacabada, a injustiça dos céus?,  trinta e poucas músicas, mas lamentosos sinais, aos berros para surdos. Tem uma, "Azar". que é... mas, vamos ver outra.

Outra de suas composições que também é lição de vida que só louco.

Chama-se "Acorda Alice" (que a ditadura militar ainda impune do Boris Casoy proibiu sem entender direito a letra...), que aqui mandamos para Dolores, homenageando a memória do Sérgio. Vendo o lado do amor, do crescimento pessoal, pois a ditadura morreu, embora os assassinos sigam entre nós.

Vai com a cantante e dona de bar da velha boemia do Rio de Janeiro, Waleska. (Alô, Waleska, eu aos 9 anos te amava tanto, e ainda amo, sua doida).

Alô, Sérgio!, o Brasil um dia acordará. Que pena, rapaz, você tá... faltando aqui.




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