Abaixo, excelente artigo de Nick Bryant, para a BBC. O que vemos em comum com as manifestações que hoje se espalham por muitos países? Salta aos olhos, desde a primeira linha: a busca por justiça e igualdade. Os povos repudiam as "elites" de ladrões que dominam as sociedades, com as armas de sempre, religiões, mentiras ou tanques, com o falso moralismo que se dissipa em suas negociatas de escuros vãos de escada.
No Brasil a ignorância do povo também corre a seu favor, através da tela azul da lavagem cerebral que sustenta o seu poderio, os desvalidos são seus cúmplices, apenas alguns jovens esclarecidos estão nas ruas. Desarmados. É tempo de a luz vermelha se acender em seus luxuosos gabinetes, por enquanto o risco é de perda de pequena parte de seus anéis, mas dia chegará que serão todos os dedos. Ninguém deseja mais que a presidente Dilma romper os grilhões da injustiça, o roubo disseminado entre essa casta de predadores, porém imobilizada por um Congresso repleto de canalhas, o fruto mais visível da ignorância popular. Percebe-se que atualmente a moçada tenta evitar líderes todo-poderosos, sabe que podem ser comprados, ou mortos, como aconteceu com Luther King, assassinado poucos anos depois, em atentado de autoria até hoje duvidosa (a quem serve?).
Natural vir-nos à mente algumas cidades brasileiras. O despreparo e a arrogância de prefeitos e governadores faz-nos pensar que não sabem como tudo começa. No Rio de Janeiro ou em São Paulo, por exemplo, o que acontecerá no dia em que um cassetete atingir a fronte de um jovem, matando-o, e a internet for tomada pelas imagens captadas por celular?
Martin Luther King e o violento protesto que nunca aconteceu
Por Nick Bryant
Em todo o país, uma onda de protestos havia se espalhado após semanas de
disputas raciais em Birmingham, no Estado do Alabama, onde cães policiais
feriram manifestantes e potentes jatos de água foram usados em crianças.
Entre maio e o fim de agosto de 1963, houve 1.340 manifestações em mais de
200 cidades. Algumas aconteceram em comunidades por muito tempo divididas por
questões raciais. Outras nunca haviam tido episódios de violência.
A aleatoriedade dos tumultos fez com que fossem ainda mais assustadores para
as autoridades.
Com 200 mil manifestantes prestes a se reunir na capital dos Estados Unidos,
o governo tinha medo de que Washington testemunhasse o mesmo caos e
desordem.
Para o reverendo Martin Luther King Jr., o líder não-declarado do movimento
pelos direitos civis, os acontecimentos do início do verão americano haviam
transformado a luta pela igualdade racial do que ele chamava de "protesto negro"
em uma "revolução negra". Os Estados Unidos, segundo ele, tinham chegado a um
"ponto de explosão".
Mas as vozes da ansiedade também se fizeram ouvir dentro da administração
Kennedy.
"Assuntos que não se resolvam com justiça e equilíbrio, cedo ou tarde serão
resolvidos pela força e pela violência", alertou o vice-presidente Lyndon Baines
Johnson. O único conselheiro negro do presidente, Louis Martin, também alertou
para uma possível confusão iminente.
"O ritmo acelerado da inquietação dos negros", disse ele a Kennedy, em
particular, "pode provocar o estado mais crítico das relações raciais desde a
Guerra Civil". Durante uma reunião tensa na Casa Branca em maio, o
procurador-geral Robert Kennedy também alertou seu irmão mais velho do risco de
que a situação saísse de controle.
"Os negros agora estão hostis e furiosos e eles ficarão furiosos com tudo.
Não dá para conversar com eles", disse.
"Meus amigos dizem que (até) as empregadas domésticas e funcionários negros
estão hostis."
Durante boa parte de seu governo, John F. Kennedy enxergou os direitos civis
mais como um assunto político a ser administrado do que como uma questão moral a
defender.
Pender para a última alternativa era arriscar a fragmentação do partido
Democrata, que na época era um amálgama conturbado de liberais do norte,
segregacionistas do sul e pragmáticos, como o presidente, que tentavam manejar
as diferenças.
Kennedy, famoso por sua postura de distanciamento, tampouco tinha um
compromisso emocional forte com a luta pela liberdade. Durante a maior parte do
tempo, ele havia sido um observador da grande revolução social de sua época.
No verão de 1963, no entanto, ele percebeu que seu governo poderia vir a ser
definido por sua resposta à crise racial. A inação não era mais uma opção. Como
ele mesmo comentou durante um discurso televisivo em junho, as "chamas da
frustração e da discórdia estão queimando em todas as cidades, ao norte e ao
sul".
Controle
Para tirar os manifestantes das ruas, Kennedy havia finalmente apresentado um esperado projeto de lei que começaria a desfazer a segregação ─ sistema de apartheid racial que prevalecia na maior parte do sul dos Estados Unidos. Mas mesmo depois do pronunciamento à nação, e dado o aval da Casa Branca para a luta dos negros, os protestos e a violência continuaram. A possibilidade de uma enorme manifestação em Washington, portanto, provocava medo.
Controle
Para tirar os manifestantes das ruas, Kennedy havia finalmente apresentado um esperado projeto de lei que começaria a desfazer a segregação ─ sistema de apartheid racial que prevalecia na maior parte do sul dos Estados Unidos. Mas mesmo depois do pronunciamento à nação, e dado o aval da Casa Branca para a luta dos negros, os protestos e a violência continuaram. A possibilidade de uma enorme manifestação em Washington, portanto, provocava medo.
Quando o governo descobriu, em meados de junho, sobre os planos para a
manifestação em Washington, sua primeira resposta foi pressionar líderes negros
pedindo o cancelamento.
Em uma reunião na Casa Branca, Kennedy disse a Luther King e a outros líderes
dos movimentos de direitos civis que não queria "um grande show no Capitólio"
porque isso complicaria os esforços para transformar o projeto de direitos civis
em lei. Quando as tentativas de persuasão falharam, o governo decidiu brigar
pelo controle da manifestação.
Nesse momento, o presidente foi surpreendentemente determinado. "É provável
que eles venham aqui e defequem no Monumento (de Washington) inteiro", disse
Kennedy a assessores. "Tenho um projeto de lei sobre direitos civis para passar
e vamos fazê-lo."
Para impedir que a manifestação se transformasse em um enorme tumulto,
Kennedy ordenou uma mobilização do aparato de segurança do governo federal sem
precedentes fora de períodos de guerra.
Para começar, o FBI (a polícia federal americana) aumentou sua já vasta
operação de vigilância ao movimento dos direitos civis, que incluía escutas dos
telefonemas de Luther King. O órgão instruiu cada um de seus agentes no país a
fornecer informações de inteligência sobre a quantidade de ativistas negros que
planejavam ir até Washington e se eles tinham alguma ligação com organizações
comunistas.
Outro receio era o de que ativistas negros, que haviam rejeitado as táticas
não-violentas de grupos de direitos civis mais moderados, tomassem conta da
manifestação. Cerca de 150 agentes do FBI foram destacados para se misturarem à
multidão, trabalhando em conjunto com agentes do serviço secreto.
Outros ficavam em pontos de observação dos telhados do Lincoln Memorial, da
Union Station (principal estação ferroviária) e do Departamento do Comércio, com
vista para o Passeio Nacional - espaço a céu aberto que fica entre o Capitólio e
o Monumento de Washington.
Na sede do FBI, que o então diretor J. Edgar Hoover
temia ser atacada por manifestantes, a segurança também aumentou. Funcionários
foram instruídos a sentar longe das janelas.
Semanas antes da manifestação, a perspectiva de violência também preocupou o
departamento de polícia de Washington, que ficou em seu mais alto estado de
alerta. O órgão preparou 72 possíveis cenários de desastre e uma resposta para
cada um deles.
O fato de que três lados do Lincoln Memorial eram próximos da água facilitava
a situação para a polícia. Mas cada esquina de Washington também foi protegida.
Na colina do Capitólio, uma fila de policiais, distantes 1,5 metro uns dos
outros, rodeava o Congresso.
Um policial ou um membro da guarda nacional estaria posicionado em cada canto
do centro financeiro para garantir a segurança em caso de saques. Para reforçar
a presença da polícia, centenas de oficiais extras foram trazidos de forças de
áreas vizinhas, e foram especialmente treinados para lidar com os protestos.
Apesar da grande mobilização, cães de guarda permaneceram em seus canis.
Várias imagens dos protestos de Birmingham em maio, nas quais fotógrafos de
jovens manifestantes foram mostrados sendo atacados por cães agressivos,
chocaram tanto os americanos brancos, que a presença dos animais poderia
facilmente incitar uma má reação da multidão.
Por causa das muitas prisões esperadas para o dia, um time de juízes locais
foi mantido nas salas das cortes da cidade. Na prisão do distrito de Columbia,
350 detentos foram evacuados para criar espaço para os possíveis manifestantes
presos. Cirurgias que estavam agendadas na região metropolitana de Washington
foram canceladas para que 350 leitos ficassem disponíveis para
emergências durante os manifestos. O hospital geral da capital chegou ao ponto
de decretar um "plano nacional de desastres".
Aparato militar
A vida em Washington foi completamente interrompida com a possibilidade de protestos. Repartições públicas fecharam e funcionários federais foram recomendados a ficar em casa. Também foi decretada uma "lei seca", não permitindo a venda de bebidas alcoólicas pela primeira vez desde do chamada "Prohibition" (Proibição) - decreto do governo americano que proibiu a venda de álcool entre os anos de 1919 a 1933, em um movimento para garantir a "saúde pública e moral" da população.
Aparato militar
A vida em Washington foi completamente interrompida com a possibilidade de protestos. Repartições públicas fecharam e funcionários federais foram recomendados a ficar em casa. Também foi decretada uma "lei seca", não permitindo a venda de bebidas alcoólicas pela primeira vez desde do chamada "Prohibition" (Proibição) - decreto do governo americano que proibiu a venda de álcool entre os anos de 1919 a 1933, em um movimento para garantir a "saúde pública e moral" da população.
O receio de uma marcha possivelmente violenta também preocupava seus próprios
organizadores. O movimento era liderado pelo carismático Bayard Rustin, que
decidiu atuar bem de perto da organização para garantir que ele fosse um
movimento pacífico.
Os organizadores concordaram em antecipar o horário de início da marcha para
que os manifestantes não ficassem nas ruas depois de escurecer. Ainda mais
difícil foi a decisão de mudar o local da concentração da marcha. O plano
original para o protesto em massa nas escadarias do Congresso americano foi
engavetado. Em vez disso, eles escolheram o Lincoln Memorial , uma área mais
fácil de organizar as pessoas com menos tensão política.
Mesmo depois de quatro semanas de planejamento meticuloso, os oficiais da
administração de Washington não puderam descartar o risco de violência. Assim,
no dia da marcha, no distrito de Columbia, o presidente ordenou que fosse
estabelecido um centro de operações militares - o maior da história dos EUA em
tempos de paz. Logo no início da manhã do dia 28 de agosto, cinco bases
militares montadas em áreas afastadas do centro da cidade já estavam com grande
atividade, com veículos pesados de guerra e 4.000 soldados organizados na
operação batizada de "Inside", pronta para atuar.
Para os fortes de Myer, Belvoir, Meade, além da base marinha de Quantico e da
estação naval de Anascotia, foram trazidos 30 helicópteros com rápida capacidade
de decolagem. No forte Bragg, na Carolina do Norte, 15 mil homens da força
especial denominada STRICOM foram posicionados em sobreaviso, prontos para serem
levadas à área dos confrontos pelo ar.
Se a violência se disseminasse, a rapidez com que as tropas chegassem a
Washington seria essencial. Todas as proclamações presidenciais, ordens
executivas e cartas de instrução militar foram preparadas antecipadamente. Se os
protestos começassem, a Casa Branca emitiria uma proclamação presidencial
exigindo que os manifestantes se dispersassem imediatamente.
Se a violência persistisse, o presidente assinaria uma ordem executiva
autorizando o Pentágono (o departamento de segurança nacional dos EUA) a tomar
"todas as medidas necessárias" para dispersar a multidão. Um memorando
confidencial, demonstrava bem isso: "(A) intenção de utilizar a mínima força não
deve prejudicar o fim da missão".
Em resposta ao possível deterioramento da situação, tropas utilizariam
primeiramente rifles não carregados como forma de intimidação, com baionetas
acopladas (parte cortante fixada às armas).
Se isso falhasse, gás lacrimogênio poderia ser utilizado, assim como rifles
carregados com munição. A missão ganhou o nome de Operação Washington. Tão
pesado era o arsenal militar, que um repórter observou à época que "a cidade foi
transformada da capital da nação em tempo de paz para uma nação em guerra".
Dia 28 de agosto
Dia 28 de agosto
Em toda a manhã do dia 28 de agosto, enquanto manifestos ganhavam forma do
lado de fora de sua janela, o Presidente Kennedy permanecia seguro dentro da
Casa Branca liderando uma reunião com estrategistas em política internacional
para discutir a guerra do Vietnã. Antecipadamente à marcha, ele tinha resistido
às exigências de Martin Luther King e demais líderes das chamadas "Big Six"
(grandes seis) organizações de direito civil de recebê-los em audiência naquela
manhã, já que ele não gostaria de ser identificado como um líder muito próximo
das manifestações que poderiam se tornar violentas.
Seus conselheiros também estavam preocupados com a possibilidade de que os
líderes negros chegassem à Casa Branca com uma lista de requisições nada
razoáveis, impossíveis para o presidente realizar. Se eles deixassem o salão
oval da casa presidencial sem um acordo, toda a demonstração nas ruas poderia
mudar drasticamente.
Para desapontamento dos organizadores da marcha, Kennedy
decidiu ser contra a iniciativa de enviar aos manifestantes uma mensagem
presidencial, temendo que isso pudesse provocar manifestações contra ele no
"Mall" - área pública que circunda a Casa Branca. Em vez disso, ele concordou em
receber uma delegação de líderes negros na Casa Branca somente depois que a
marcha terminasse, com a esperança de que isso abrandasse a retórica contra
ele.
Como precaução extra contra pronunciamentos inflamados - e também para
prevenir os subversivos de tomar o controle do sistema de anúncio presidencial -
um oficial da administração foi posicionado do lado direito do Lincoln Memorial
com um interruptor para desligar o equipamento de som e também com uma vitrola
de tocar discos. Se os manifestantes conseguissem tomar o palanque do microfone,
o som seria cortado e a música "Ele tem o mundo todo em suas mãos", cantada por
Mahalia Jackson, seria tocada no lugar.
O discurso histórico
Às 13h40, a asa oeste da Casa Branca acomodava uma pequena televisão no salão oval por meio da qual Kennedy começou a assistir King pouco antes de ele começar a falar. De pé e posicionado bem no meio da escadaria do mais magnificente púlpito que a América poderia oferecer, o orador pairou o olhar sobre o imenso "mar" de 200 mil manifestantes que se aglomeravam nos dois lados do espalho d'água até além dos limites do Mall, chegando ao Monumento Washington.
O discurso histórico
Às 13h40, a asa oeste da Casa Branca acomodava uma pequena televisão no salão oval por meio da qual Kennedy começou a assistir King pouco antes de ele começar a falar. De pé e posicionado bem no meio da escadaria do mais magnificente púlpito que a América poderia oferecer, o orador pairou o olhar sobre o imenso "mar" de 200 mil manifestantes que se aglomeravam nos dois lados do espalho d'água até além dos limites do Mall, chegando ao Monumento Washington.
Milhares também formavam uma multidão nas áreas laterais do gramado, enquanto
outros se mantinham na água da piscina com água até os joelhos para amenizar o
calor. Outros ainda cantarolavam amontoados nas árvores expostas à brisa de fim
de tarde. Eles não estavam apenas cantando, mas rezando, se abraçando, dando
risadas e aplaudindo.
Com a imponente estátua de Abraham Lincoln pairando sobre ele, King então
começou a falar para os manifestantes que sua presença à sombra simbólica do
"grande emancipador" oferecia uma prova maravilhosa de que uma nova ordem estava
se espalhando pelo país. Por muito tempo, ele reclamou do fato de os americanos
negros serem exilados na sua própria terra, "paralisados pelas amarras da
segregação e das correntes da discriminação".
Seria fatal para a nação "não vislumbrar a urgência do momento e subestimar a
determinação do negro".
Sofrendo com o calor sufocante, a primeira reação dos manifestantes foi o
silêncio. O discurso não estava indo bem.
"Fale para eles sobre o sonho, Martin", gritou Mahalia Jackson, se referindo
ao já conhecido artifício de discurso utilizado por King muitas vezes. A
mensagem não havia entrado no discurso planejado por ele, porque seus assessores
insistiram em material novo. Mas King decidiu deixar de lado suas anotações e
adentrou espontaneamente no refrão pelo qual ele será lembrado para sempre na
história.
"Eu tenho um sonho de que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o
verdadeiro significado de sua crença", gritou King com seu braço direito
levantado para o céu. Rapidamente, ele já estava ganhando seu ritmo vigoroso
pela coro emocionado da multidão. "Sonhe!", gritavam eles. "Sonhe!"
Com sua voz alcançando toda a extensão do Mall, King imaginou um futuro em
que crianças poderiam "viver numa nação onde eles não seriam julgados pela cor
de sua pele, mas pelo conteúdo de seu caráter". Foi assim que ele alcançou seu
caloroso final.
King ainda pediu à multidão para sinalizar se estavam ouvindo bem.
Assistindo na Casa Branca, o presidente Kennedy estava imóvel. Como muitos
americanos, esta foi a primeira vez que ele ouvira o discurso de um orador de 34
anos em sua totalidade - pela primeira vez ele avaliou seu método e ouviu sua
cadência. "Ele é bom", disse Kennedy para um de seus assessores. "Ele é muito
bom". Entretanto, o presidente parecia ter se impressionado mais pela qualidade
da performance de King do que pelo poder de sua mensagem.
Mas a mensagem era vital. King fez um poderoso discurso pela mudança racial
de forma não-violenta. E fez isso com tanta eloquência e poder que a mensagem
reverberou não apenas no Mall de Washington, mas também na sala de estar dos
americanos. Dias terríveis e violentos se seguiram. Ainda assim, mesmo com toda
a preocupação com a segurança antes do manifesto, 28 de agosto de 1963 foi um
dia incrivelmente belo.
Sem confrontos, a marcha provou-se um alívio para a polícia. Até o cair da
tarde, houve apenas três prisões, todas envolvendo brancos. No evento, a única
ameaça para a polícia não veio de um manifestante desordeiro, mas do frango
distribuído mais cedo naquela manhã, que não havia sido refrigerado
adequadamente. Pouco depois das 16h, o chefe da polícia emitiu sua mais
importante ordem do dia: nenhum dos oficiais deveria, sob qualquer hipótese,
tocar no frango que fora preparado para o jantar.
Aos pés do Lincoln Memorial, Martin Luther King e seus colegas foram
colocados em uma caravana de limousines oficiais que bem devagar cruzaram por
entre a multidão no trajeto até a a Casa Branca.
Kennedy então recebeu os líderes negros com cumprimentos e repetiu o sonoro
refrão que elevou o movimento de direitos civis a um novo plano espiritual: "Eu
tenho um sonho".
E assim, ele encaminhou todos ao salão oval.
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