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A turma do botequim há dez dias meteu-se numa van e saiu pelo mundo. A última notícia, da manhã de sexta-feira, dá conta de que saíam de Montevidéu em direção à Argentina, depois de acabarem com o estoque de bebidas dos bares da capital uruguaia, todos trajando a belíssima camisa do Peñarol. Silvana Maresia, que foi quem telefonou, disse que parecia a delegação do Peñarol, a de halterocopismo, pois até pelas ruas andavam de copo na mão.
Quando retornarem teremos muitas histórias, se bem conheço os boêmios e boêmias, e com o Contralouco junto, aí já viu, este já teria aprontado ainda no Chuí, ao vislumbrar do outro lado da rua um bar cujo nome lhe agradou, pois atravessou a rua, pisando em terras uruguaias, agora Chuy, e enfiou-se no bar La Cueva, cheio às oito da noite. Pediu una cerveza no balcão e bateu os olhos num velho fazendo o bandoneón chorar, não teve dúvida: desafiou a los hermanos para um concurso de cantoria de tango, ele mesmo abrindo a competição com Esta noche me emborracho. Começou a chegar mais gente e o bar superlotou, a notícia correu pela rua que nos separa e nos une, brasileiros e uruguaios, e logo juntou uma multidão lá fora. Fizeram-no cantar três vezes. Consta que a cada vez que chegava ao final, Esta noche me emborracho bien, me mamo, ¡bien mamao!, pa' no pensar, era ouvido em Santa Vitória do Palmar. Resulta que ficou amigo de todo mundo, não o deixaram pagar nem o cigarro. O que faz a bebida.
O filósofo Aristarco de Serraria foi um dos que preferiram ficar em Porto Alegre, devido a compromissos outros. Ontem à noite, já tarde, com somente uns dez companheiros e companheiras às mesas, mais este que vos fala que estava de visita, o sábio, excelente contador de estórias, saiu-se com uma boa.
Disse que o Burundi (a capital também começa com a letra "b", Bujumbura), país famoso pela interminável guerra civil - agora parece que estão sossegando o pito -, também o é pelas suas licitações, todas com cartas marcadas, pois ou os concorrentes
acertam-se na calada da noite ou o edital é dirigido, neste caso corre grana
por fora para ninguém abrir a boca, sua vez chegará, entre outros métodos de
assaltar os cofres da União. O povo sobrevive com a agricultura de subsistência ou escravizado pelos ruraralhos (segundo o boêmio, o nome remete para uma mistura de ruralista com um primo do carpano) nas plantações de café e banana. Isso me soou familiar.
Em algumas situações sequer fingem concorrer e se associam para o saque, despudoradamente, evitando perda de tempo, com a parte do leão para os estrangeiros, aí aparecem com proposta única. Em alguns casos são financiados com o dinheiro do próprio povo, via empréstimos subsidiados pelo BB - Banco do Burundi, ou pela Caixa Federal do Burundi, ou ainda pelo Banco Nacional de Desenvolvimento do Burundi.
Os grandes meios de comunicação lá de vez em quando denunciam algum ladrãozinho com grande estardalhaço, por superfaturar a aquisição de papel higiênico ou pasta de dente, mas nas grandes negociatas nunca dão um pio, por incompetentes, quando não coniventes.
No comando das grandes empresas nacionais, atopetadas de políticos, quem não é ladrão é cúmplice.
O povo, convenientemente desarmado em campanhas de desarmamento, vive em triste miséria, com escolas caindo aos pedaços, enquanto banqueiros, governantes, grandes empresários, lobistas e outros bichos horrendos enchem as burras em contas de paraísos fiscais. Professor é motivo de riso, ninguém mais deseja seguir essa profissão de fome. A massa ignara é distraída pela televisão, com novelas e jogos do Flamengo de Ngagara.
Se alguém ousar reclamar do preço da passagem do bonde, lá vem cassetete, infiltram ratos no movimento, para iniciarem as provocações, e saem batendo para matar, pois uma parcela dos miseráveis é armada para destruir a outra, infinitamente mais numerosa, porém, como vimos, desarmada e de cérebro contaminado pelas redes de entretenimento vulgar. Os escravagistas nunca entraram num bonde, andam de Ferrari ou de helicóptero, e cercados de seguranças mal-encarados, mas muitos tiram dos bondes grandes fortunas, arrancando a pele da plebe em conluio com os alcaides das subprovíncias.
No Senado e na Assembléia Nacional tomam assento os mandaletes dos grandes bandidos, quando não os próprios, eleitos pelos analfabetos funcionais, isto é, por aqueles a quem eles mesmos subtraíram uma boa escola.
Concluiu o pensador: "Acho que deve ser muito triste viver num lugar assim".
Em algumas situações sequer fingem concorrer e se associam para o saque, despudoradamente, evitando perda de tempo, com a parte do leão para os estrangeiros, aí aparecem com proposta única. Em alguns casos são financiados com o dinheiro do próprio povo, via empréstimos subsidiados pelo BB - Banco do Burundi, ou pela Caixa Federal do Burundi, ou ainda pelo Banco Nacional de Desenvolvimento do Burundi.
Os grandes meios de comunicação lá de vez em quando denunciam algum ladrãozinho com grande estardalhaço, por superfaturar a aquisição de papel higiênico ou pasta de dente, mas nas grandes negociatas nunca dão um pio, por incompetentes, quando não coniventes.
No comando das grandes empresas nacionais, atopetadas de políticos, quem não é ladrão é cúmplice.
O povo, convenientemente desarmado em campanhas de desarmamento, vive em triste miséria, com escolas caindo aos pedaços, enquanto banqueiros, governantes, grandes empresários, lobistas e outros bichos horrendos enchem as burras em contas de paraísos fiscais. Professor é motivo de riso, ninguém mais deseja seguir essa profissão de fome. A massa ignara é distraída pela televisão, com novelas e jogos do Flamengo de Ngagara.
Se alguém ousar reclamar do preço da passagem do bonde, lá vem cassetete, infiltram ratos no movimento, para iniciarem as provocações, e saem batendo para matar, pois uma parcela dos miseráveis é armada para destruir a outra, infinitamente mais numerosa, porém, como vimos, desarmada e de cérebro contaminado pelas redes de entretenimento vulgar. Os escravagistas nunca entraram num bonde, andam de Ferrari ou de helicóptero, e cercados de seguranças mal-encarados, mas muitos tiram dos bondes grandes fortunas, arrancando a pele da plebe em conluio com os alcaides das subprovíncias.
No Senado e na Assembléia Nacional tomam assento os mandaletes dos grandes bandidos, quando não os próprios, eleitos pelos analfabetos funcionais, isto é, por aqueles a quem eles mesmos subtraíram uma boa escola.
Concluiu o pensador: "Acho que deve ser muito triste viver num lugar assim".
A doutora Jezebel do Cpers, que também não viajou dizendo estar muito velha para esses exageros, não se aguentou: "Então, meu caro amigo, fico um tempão lhe escutando enquanto o senhor ri da minha cara, com uma ironia grossa assim, esperava mais do seu talento, o amigo poderia ser menos óbvio".
Todos concluíram que para suportar esse tipo de assunto, em pleno sábado, só bebendo, e pediram ao Portuga a renovação das bebidas. Eu também.
Decidiram dar uma recuperada no tempo perdido, através do notibuc da Leilinha, pois faz tempo que não sai A Charge do Dias, pela ausência de muitos dos companheiros.
Ficaram com Newton Silva. Salve Caba da Peste. Salve, Fortaleza.
Mestre Nani, com Obama no divã. Aqui pedi licença para agradecer de público ao Nani Lucas pelo trabalho que teve em ilustrar meus contos, com capa e tudo, um trabalho maravilhoso. Todos aplaudiram, ao Nani, quanto aos contos eles não estão muito certos, não leram ainda, temem que novamente seja uma sangueira danada, mas em 2014 saberemos das suas reações.
Nicolielo.
Jotape.
Miss Leilinha Ferro, que escolhe a solas por ser a coordenadora da coluna, ficou com o Cazo.
Como visitante, fui contemplado com o direito a uma. Fiquei com o Samuca.
A coluna A Charge do Dias leva esse título pelo seu idealizador, o mestre Adolfo Dias Savchenko, que um belo dia se mandou para a Argentina, onde vive muito bem. Sucedeu-o na coordenação a jovem Leila Ferro, filha do Terguino, quando os boêmios amarelaram na hora de assumir o encargo. Antes eram dois butecos, o Beco do Oitavo e o Botequim do Terguino, que.., bem..., se fundiram no ano passado (veja AQUI), face a dívidas com o sistema agiotário. O novo bar manteve o nome de um dos butecos: por sorteio ficou Botequim do Terguino, agora propriedade dos ex-endividados António Portuga e Terguino Ferro.
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